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logo no princípio da carta estava escrito: “A voz dos irlandeses” e
enquanto eu recitava o princípio da carta, pareceu-me naquele
momento ouvir as vozes daqueles que estavam perto da floresta de
Uocluti que fica perto do mar ocidental, e ainda exclamavam como se
fosse uma só voz: “Nós te rogamos, santo jovem, venha e caminhe
novamente entre nós” e eu estava tão profundamente tocado no meu
coração que nem pude ler mais e assim despertei. Graças a Deus,
porque depois de muitos anos, o Senhor concedeu-lhes a sua súplica”.
(Confissão, 23).
possuímos e outros que consultamos pela internet acerca dos assuntos envolvendo a patriciologia e as
traduções de documentos relacionados a Patrício, percebemos que existe uma tradição de manter em latim os
nomes: Bannavem Taberniae, Voclut, Victoricus, Calpurnius, Potitus e Coroticus. Isso ocorre em Bieler,
Hanson, Thompson, De Paor, Bury e outros estudiosos do tema. Assim, temos em inglês, por exemplo: “Saint
Patrick- Letter to Coroticus” (tradução de Ludwig Bieler); em francês: “Livre des épitres de Saint Patrick
évêque- Livre II: Lettre aux soldats de Coroticus” (tradução de Hanson). Todos os outros nomes próprios
encontrados nas duas cartas de Patrício são traduzidos para os idiomas em que as traduções estão sendo feitas:
Jesus Cristo, Elias, Bretanha, Irlanda, Abraão, Isac, Jacó, Oséias, Gália, Eva etc. Vale também ressaltar que
não encontramos nenhuma tradução em que o nome de São Patrício fosse mantido em latim. Assim como fez
Hanson, podemos encontrar uma possível explicação para esta opção de não se traduzir os nomes que
mencionamos na obra Codices Patriciani Latini de Ludwig Bieler. Nesta obra, Bieler seleciona, classifica,
enumera e analisa os vários manuscritos que contém a Confissão e a Carta aos soldados de Coroticus. Ele
divide as cartas de acordo com os manuscritos em que foram encontradas e com isso chega a 7 grupos: 1)
Oriundas de Armagh; 2) Encontradas nas Vitae Sanctorum mensis Martii; 3) Retiradas dos manuscritos do
British Museum (Londres); 4) Escritas nas últimas folhas de um manuscrito sobre vida de santos encontrado
no século XI que pode ser consultado na Biblioteca municipal de Roeun; 5) Retiradas de um manuscrito
escrito no século XII provavelmente em Salisbury; 6) Encontradas igualmente em um outro manuscrito
escrito em Salisbury também no século XII; 7) Retiradas de um manuscrito do século XII que fazia parte das
Vitae Sanctorum encontradas em Arras, que pode ser encontrada atualmente na Biblioteca municipal de Arras.
Em cada um destes manuscritos, os nomes: Bannavem Taberniae, Voclut, Victoricus, Calpurnius, Potitus e
Coroticus aparecem da mesma maneira. Assim encontramos, por exemplo, as variações: Uictoricus;
Uictoricius; Uictricius; Uictoricum etc; Temos ainda: Coroticus, Ceredig, Cerdic, Caradock etc. Na tradução
que Hanson fez, por exemplo, ele manteve as formas em latim e apenas mencionou que seguiu a
classificação
de número 1 proposta por Bieler (Victoricus-Coroticus) que é oriunda do manuscrito de Ferdomnach escrito
em Armagh no ano de 807. Não encontramos tradução para estes nomes em nenhum idioma moderno, em
todos os documentos que consultamos eles estão em latim, talvez pela falta de unanimidade entre os
manuscritos, o que causaria uma dificuldade na hora da tradução. Nossa opção então foi por mantê-los
também em latim conforme esta tradição. Assim sendo, esta escolha está em conformidade com a obra de
Thompson, Hanson e principalmente de Bieler, sem dúvida um dos maiores eruditos quando o assunto é São
Patrício e o cristianismo irlandês. Uictoricus aparece na Vita Patricii de Muirchu como um anjo. Na Vita
Patricii de Tírechán, há um Uictoricus que Patrício enviou como um bispo para Domnach Maigen. Em
algumas biografias mais tardias Uictoricus foi mudado para Uictor (Bury: 1905,296). Alguns autores
acreditam que Uictoricus pode ser um homem que Patrício conheceu na Irlanda (Thompson, 1986; Hanson,
1968).