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EPAGRI que realizou, e por sua vez a EPAGRI utiliza o crédito como estratégia para repassar
tecnologias aos agricultores, até porque segundo ele,
Existem empresas de planejamento que são credenciadas para fazer projetos, mas
aqui no município não tem nenhuma.Aqui em Luís Alves o agricultor nem imagina
que outro profissional fora da EPAGRI pode fazer o projeto. Como é que se orienta
o produtor para tomar crédito? Primeiro ele tem que ir ao Banco ver o cadastro
dele, pra ver se ele tem condições de tomar esse dinheiro, porque o banco precisa
de garantia. Bom, se ele tem essa garantia e tem a linha de crédito específica, ele
procura a EPAGRI para fazer o projeto técnico. Lógico que acontece o contrário.
Primeiro ele vai a EPAGRI, aí a gente orienta pra ir ao banco, e fazer o cadastro. A
gente mais ou menos sabe se tem aquela linha de crédito ou não. Aí se tá ok vamos
fazer o projeto. Acontece dessa forma. Não é obrigação da EPAGRI, para ela é uma
ferramenta que ajuda repassar tecnologia. Quando tu elabora o projeto, tu acaba
levando tecnologia, oferecendo tecnologia. Mas não obrigatoriamente, precisa ser
pela EPAGRI. Você só faz um projeto se naquela avaliação da propriedade você
acha que o produtor precisa recurso para investir. Mas não é a função principal
pegar dinheiro para emprestar porque o Banco faz isso. O objetivo principal é a
formação de renda.
Quanto aos critérios ou prioridade de atendimento em relação ao crédito e a demanda
por projetos, o Técnico I diz não existir critérios. Conforme seu depoimento:
Quem chega vai sendo atendido e o atendimento é individual. Tem uma demanda
grande e nós não conseguimos, às vezes, fazer o serviço que tem que ser feito.
Vamos dizer fazer todas as supervisões com todas as visitas obrigatórias do crédito
rural. Nós temos muita dificuldade de fazer isso. Que às vezes não dá tempo. Tem
ano que dá 200, 300 projetos, são 400 visitas, isso dá duas por dia e dependendo do
caso, meio dia ou no mínimo duas horas cada visita. Não tem como tu fazer uma
assessoria sem ir lá na lavoura. A gente deixa a desejar. A EPAGRI fazia 100% dos
projetos, hoje a CRESSOL faz alguma coisa, não existe outro profissional. Das
casas de embalagens especificamente foram feitos 8 a 9 projetos na faixa de l00 até
l50 mil reais, senão normalmente é 20, l5 e 30 mil.
Este técnico evidencia a dificuldade em relação à falta de profissionais para atender os
agricultores do município, fato que já foi destacado anteriormente pelos agricultores.
Já em relação à prestação de assistência técnica, a prioridade dos atendimentos da
EPAGRI, segundo o Técnico I, é o trabalho em grupo. De acordo com ele:
Primeiro se atende grupos, a idéia é trabalhar em grupos, não individual, sempre em
grupos. A prioridade é formar grupos, se eles já existirem é trabalhar com esses
grupos, sempre procurar a organização. Quando não há organização, mesmo assim
se deve dar prioridade para grupos com palestras, reuniões, dia de campo, ou outro
evento, sempre em grupo. A idéia é essa. Agora se conseguir fazer formal melhor.
Essa é a idéia pode ser informal, mas quanto mais formal melhor. Essa é uma linha
da empresa. Mas alguma prestação de serviço você não pode fazer em grupo, por
exemplo, um projeto técnico tem que ser individual.
Podemos ressaltar, ainda, a relação entre a assistência técnica e o crédito rural. No
depoimento do Técnico III, verifica-se o incentivo aos agricultores para tomarem crédito,
desconstruindo o receio de contrair o empréstimo e depois não conseguir quitar as dívidas.