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densa, [...] da matéria, é vivenciado por intermédio do sistema físico e
psíquico do conhecedor como sendo sólido e permanente. [...]
Nesse estado de consciência, a separação entre sujeito, conhecimento e
objeto é a sua característica epistemológica principal. Disso decorre o
princípio de “objetividade” científica [...].
Segundo estado: É o estado de consciência conhecido como hipnagógico e
onírico, sendo que o primeiro corresponde ao de relaxamente profundo e
constitui a porta de entrada para o segundo.
Nesse estado predominam as funções intuitivas, a criatividade, a
imaginação e os sentimentos e emoções de toda ordem. Além disso,
aparecem as funções PSI identificadas pelo casal Rhine, da Universidade de
Duke, com dois subfatores: o de percepção extra-sensorial (PES) e de
psicocinésia (PK).
Aqui, a realidade vivenciada é a do mundo psíquico. O sistema psíquico da
pessoa está “em contato” com o sistema psíquico de todos os seres viventes
intra ou extracorpóreos e com o campo informacional do universo.
Terceiro estado: Trata-se do estado conhecido como o de sono profundo,
sem sonho, e que se traduz, fisiologicamente, tanto por ondas Delta,
extremamente lentas, como pela ausência de reflexo óculo-motor.
Tal como no estado anterior esse se traduz pela ausência de contato com o
mundo físico; além disso, esse estado está cortado do mundo psíquico. A
mente se encontra no seu estado original, primordial [...].
Quarto estado: É conhecido em todas as culturas, épocas e tradições
espirituais, sob nomes diferentes. Só recentemente, através da psicologia
transpessoal e também da antropologia cultural das religiões, é que ele tem
sido levado a sério, em parte, pelo mundo científico.
Nesse estado inexiste a separação entre sujeito, conhecimento e objeto.
Nirvana (ioga budista indiana), satori (Japão), samadhi (ioga hinduísta),
devekuth (judaísmo hassídico), reino do Céu (cristianismo), Nefs-i-Kamile
(Islã), Tao (Taoísmo) e, na modernidade, consciência cósmica, experiência
transcendental, vivência ou estado transpessoal, são, entre outras expressões
que traduzem o quarto estado de ser (WEIL, 1993, p. 51-54).
Pierre Weil (1995, p.30) especifica que no quarto estado de consciência, R=C, ou seja,
a Realidade é igual à Consciência (considerando a Realidade última, como sendo O Real). A
fórmula VR = f(EC), está para os outros três estados anteriores.
A identidade (relação biunívoca) entre as zonas de não-resistência do Sujeito (níveis
de percepção ou Consciência) e do Objeto (níveis de realidade do Sagrado) transdisciplinares
é necessária para que haja a comunicação entre ambos. “Ao fluxo de informação que
atravessa de maneira coerente os diferentes níveis de realidade corresponde um fluxo de
consciência atravessando de maneira coerente os diferentes níveis de percepção.”
(NICOLESCU, 2008, p. 64).
À unificação transdisciplinar do Sujeito e do Objeto, Weil acrescentou o
conhecimento, formando mais uma relação com três elementos, transcendendo deste modo a
separação clássica entre sujeitos e objetos. Nicolescu supera esta dualidade, e aponta para uma
relação entre as palavras “três” e “trans”: