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Outro índice proposto por Herculano (2000) é o índice de qualidade de vida – IQC:
Os estudos sobre indicadores enfatizam a sua utilidade para a formulação de
política nacional e de acordos internacionais. Entendemos, porém, que os pontos
indicativos de qualidade de vida devem ser desagregados, isto é, mensurados,
sobretudo localmente, a partir da identificação de micro-espaços minimamente
homogêneos (a favela, o bairro, os distritos municipais). Essa ênfase no micro é
muito importante, pois possibilita tomar medidas contra a estratificação espacial, o
que repercutirá na luta contra a desigualdade sócio-econômica, bem como para
salientar a necessidade de políticas preservacionistas. Até aqui, a noção equivocada
do que é qualidade de vida tem sido eminentemente metropolitana e, neste sentido,
as políticas de desenvolvimento local entre nós têm provocado uma razzia nas
amenidades locais e a expulsão de sua população, caracterizando verdadeiras
guerras de ocupação. Um IQV local contribuirá para nortear políticas: locais, em
um esquema comparativo da alocação de recursos (Herculano, 2000 sp).
A proposta do autor é agregar em uma única metodologia, o cálculo do índice de
qualidade de vida, reunindo assim o IDH e o ICV. Neste índice o autor propõe que sejam
usados parâmetros como:
qualidade habitacional: média de pessoas por m2 domiciliar; quantidade de
domicílios ligados às redes de abastecimento de água, de eletricidade, de esgotos,
de telefonia; extensão dessas redes e das vias urbanas calçadas;
qualidade educacional: matrículas escolares/ população em idade escolar; nível
médio de escolaridade; nível médio de escolaridade feminina (considerada como
fator alavancador de desenvolvimento); número de professores secundários/
população em idade escolar; número de jornais e de livros vendidos; número de
livrarias disponíveis; número de centros culturais/ população;
qualidade da saúde: expectativa de vida; mortalidade infantil; morbidade materna;
número de leitos e de médicos à disposição da população; relação de mortes por
pacientes hospitalares; quantidade de proteína animal distribuída à população de
menos de 15 anos, pela rede pública de ensino e pelas creches;
condições de trabalho: quantidade de acidentes de trabalho/ população trabalhadora
industrial e agrícola; extensão das jornadas; níveis salariais médios por setor;
presença de mão de obra infantil/ total da população trabalhadora; o grau de
diferença entre as rendas mais altas e mais baixas advindas do trabalho assalariado;
diversidade e horizontalidade na comunicação social: número de aparelhos de
rádios e televisões; número de estações emissoras; número e tiragens de jornais
impressos; quantidade de salas para cinemas e teatros; número de horas semanais
de programas de rádio e tv por cidade com informativos sobre saúde, meio
ambiente, cidadania e educativos em geral; comunicação comunitária (quantidade
de jornais, emissoras de rádio e tv por bairro); quantidade de bibliotecas por cidade
e bairro; relação de emissoras, jornais e revistas por proprietário; número de
computadores ligados à Internet;
qualidade do transporte coletivo: assentos/hora disponíveis.sobre trilhos para a
população urbana e interurbana; assentos/hora por veículo coletivo; tempo médio
de deslocamento entre a moradia e o local de trabalho;
qualidade ambiental urbana: área verde e/ou áreas amenas urbanas per capita;
distância média das moradias a essas áreas; níveis de emissão de CFC
(clorofluorcarbono), de dióxido de carbono e de outros dejetos químicos; volume e
qualidade da água potável disponível; destino dado ao lixo; valor de equipamentos
industriais anti-poluição existentes/valor da produção;
qualidade ambiental não urbana
: níveis de acidificação e de contaminação tóxica
dos solos; evolução da área de desertificação em relação à área total agrícola e de