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Em suma, pois as três décadas [1960-1989] analisadas dão guarida a
que se possa inferir, enfaticamente, que o estilo de desenvolvimento
adotado no país não engendrou mecanismos que pudessem promover
uma melhor distribuição regional do desenvolvimento nacional,
reverter o processo de concentração de renda e diminuir a incidência de
pobreza entre os brasileiros. É necessário, pois, que se tenha convicção
de que o atual modelo de desenvolvimento é inapropriado aos
requisitos básicos da sociedade e extremamente excludente na sua
essência, sendo inadmissível que perdure por mais tempo.
( ROMÃO, 1991, p.118).
Todavia, é a teoria do desenvolvimento endógeno que focaliza, com toda atenção, a
questão regional, apresentando as maiores contribuições para a problemática das desigualdades
regionais e os melhores instrumentos de políticas para sua correção. Para Tenório, (2007, p.
44), “o desenvolvimento local procura reforçar a potencialidade do território mediante ações
endógenas, articuladas pelos seus diferentes atores: sociedade civil, poder público e o
mercado”.
Baquero elucida essas afirmações complementando que:
...a reforma das instituições precisa vir acompanhada de políticas de
estímulo ao envolvimento político dos cidadãos por meio de
mecanismos que complementem os dispositivos formais de mediação
política. O desenvolvimento social necessita de uma base política social
de longo prazo que garanta a inclusão, diminua as desigualdades sociais
e produza equidade. Tal esforço implica em ter de mudar a prática
política contemporânea que desloque a ênfase da dimensão meramente
econômica para a área social. Falar em democracia orientada para o
social significa inserir na pauta de discussões não só o tema do
desenvolvimento tradicionalmente considerado um problema técnico,
mas incorporar temas tais como coesão social, qualidade democrática,
cultura política e integração para gerar um círculo virtuoso que produza
estabilidade econômica e social, desenvolvimento, inclusão e
democracia orientada para o social. (BAQUERO, 2008, p. 36)
Assim, quando as comunidades locais conseguem fortalecer sua capacidade
organizacional adquirem condições de evitar que organizações externas limitem suas
potencialidades de atuação. É justamente esta capacidade de liderar o próprio processo, aliada à
mobilização de seu potencial, que torna possível o desenvolvimento endógeno. Carmo e
Falcoski, citados por Tenório (2007), exemplificam este viés de metodologia participativa em
que a relação de poder público e sociedade civil deve produzir um plano de ações para alcançar
objetivos desejáveis pela comunidade local, levando em conta as vulnerabilidades e
potencialidades da base econômica, social, cultural e ambiente local.