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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Cirlei Izabel da Silva Paiva
A Ação Social dos Bahá’ís no Brasil
DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
SÃO PAULO
2008
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Cirlei Izabel da Silva Paiva
A Ação Social dos Bahá’ís no Brasil
DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
Tese apresentada à Banca Examinadora como
exigência parcial para obtenção do título em
Doutor em Ciências Sociais, pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, sob a
orientação da Profª Doutora Maria Helena Villas
Boas Concone.
SÃO PAULO
2008
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Banca Examinadora
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________________________________
Para Victor Luís, meu primeiro filho,
cujo jeitinho manhoso e o sorriso
carinhoso reclamando da ausência
materna que a elaboração desta tese
impediu que passássemos juntos uma
fase tão preciosa de sua vida. Você é a
luz que ilumina meu caminho e dá
sentido ao meu viver.
Para Thaliê, minha caçula, que com seu
carinho e doçura diariamente me
acalenta e alimenta, renovando-me
enquanto ser e dando-me forças para
continuar.
A Luiz, meu marido, que caminha ao
meu lado todos os dias estendendo a
mão amiga e carinhosa.
AGRADECIMENTOS
Eu sou uma destas pessoas abençoada por Deus e que tem na vida o privilégio de
estar convivendo com pessoas que acreditam em mim, no meu trabalho, no meu
ser. Por isso, tenho muito a agradecer e a tantos.
Meu agradecimento inicial é para a Professora Maria Helena Villas Bôas Concone,
pela paciência e a orientação que possibilitou a concretização desta tese,
sobretudo por ter aceito o trabalho no decorrer do processo e dado continuidade
até o fim. Obrigada.
À Professora Dra. Beatriz Muniz de Souza, primeira orientadora desta tese.
Obrigada pelo acolhimento inicial e o incentivo a iniciar uma nova etapa de minha
vida acadêmica.
O companheirismo, a amizade, a parceria, o carinho, as conversas dedicadas a
mim por meu amado irmão Sandro devem ser agradecidos a todo instante.
Obrigada, Sandro, pelas correções por ouvir-me pela dedicação e carinho que
leu e releu meu texto, para realizar correções e ajudar-me a encontrar o melhor
caminho. Você simboliza o amor e carinho com que fomos criados e cuidados
pelos nossos pais.
Preciso agradecer aos meus pais, pela confiança, pela presença verdadeira,
constantes nos momentos de alegria e naqueles em que as dificuldades
apareceram, mas, com a força que me irradiaram foram superadas. Obrigada,
meus queridos pais, por fazerem parte de minha vida.
À comunidade Bahá’í do Brasil, pela atenção e disponibilidade com que me
atenderam ao longo de todo o processo de pesquisa.
Aos meus colegas e alunos da Faculdade Anchieta, que com carinho, amizade e
paciência souberam me ouvir e ajudar-me a refletir frente a tantas dúvidas e
medos que me acompanharam nessa caminhada.
À Faculdade Anchieta pelo auxílio financeiro inicial para o desenvolvimento desta
tese.
Ao CNPq que, por meio do apoio financeiro, possibilitou a concretização de um
sonho.
RESUMO
Este trabalho traz como tema central a religião Bahá’í, mais especificamente a
ação social desta no Brasil, com o objetivo de verificar qual o espaço que a
Bahá’í ocupa na sociedade brasileira.
Para atingirmos este propósito, nosso estudo fundamentou-se num primeiro
momento em Max Weber, Clifford Geertz, Peter Beger, na busca da compreensão
do fenômeno religioso e da visão de mundo e do ethos enquanto forma de
construção da identidade religiosa. Num outro momento, estão presentes as ideais
de Paulo Freire, Pablo Gentili, John Dewey, Álvaro Vieira Pinto, vislumbrando uma
reflexão sobre as questões educacionais que permeiam a ação social da Fé
Bahá’í.
Utilizamos a abordagem qualitativa de pesquisa, sendo utilizados dados coletados
em análise documental, entrevistas, observação participativa, além da pesquisa
bibliográfica.
Os resultados da pesquisa indicaram que o espaço ocupado pela Fé Bahá’í é o
da Educação,que, de acordo com os princípios Bahá’ís constitui-se na
possibilidade de transformação do comportamento social e da construção de um
mundo mais harmônico, em que prevalece a unidade do gênero humano.
Palavras-chaves: Religião, Educação e Visão de mundo
ABSTRACT
This work brings the mainly theme the religion Bahá i, more specifically the social
action of it in Brazil, with the objective to check which is the space that the Bahá i
faith occupies in Brazilian society.
To get this intention, our study based itself in first moment with Max Weber, Clifford
Geertz, Peter Beger, looking for the understand of religious phenomenon and the
vision of the world and of the ethos being feature of construction of religiously
identity. In another moment, are present the ideas of Paulo Freire, Pablo Gentili,
John Dewey, Álvaro Vieira Pinto, glimpsing a reflection about the education
questions that based the social action of the Bahá i faith.
Using the qualitative quotation of research, being used collected data in document
analyze
Interviews, participative observation, besides of bibliographic research.
The results of the research indicated that the space occupied by Bahá i faith is
the one of Education, that, according to the principles Bahí I formed itself in the
possibility of transformation of social behavior and the construction of a world more
harmonious, that prevails the unit of human gender.
Key Word: religion, education, vision of the world.
SUMÁRIO
Pág.
INTRODUÇÃO.................................................................... 01
1. Os porquês do tema ................................................ 02
2. Problemas e questões .............................................. 05
3. Caminhos metodológicos ......................................... 09
CAPÍTULO I – Quem são os Bahá’ís ................................ 14
1.1. Os Bahá’ís por eles mesmos ................................... 32
1.2. A Fé Bahá’í no Brasil................................................ 54
1.3. A doutrina Bahá’í...................................................... 60
CAPITULO II – Educação: um valor Bahá’í ...................... 76
2.1. Educação: algumas reflexões ................................... 76
2.2. A Educação na perspectiva Bahá’í ........................... 89
CAPITULO III – A Associação Monte
Carmelo: um exemplo da ação social
dos Bahá’ís....................................................................... 98
3.1. Sua História, sua localização e peculiaridades .......... 99
3.2. Proposta Pedagógica ................................................. 108
3.3. A Associação no olhar dos familiares dos alunos ...... 118
3.4. A Associação no olhar de seus educadores ............... 134
CONCLUSÃO ...................................................................... 141
REFERÊNCIAS ................................................................... 149
ANEXOS
LISTA DE ABREVIAÇÕES
AMC – Associação Monte Carmelo
CDI – Comitê para Democratização da Informática
EIC – Escola de Informática e Cidadania
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais
ONG – Organização não Governamental
LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social
SUAS – Sistema Único da Assistência Social
- 1 -
INTRODUÇÃO
Todo texto, todo trabalho de pesquisa tem uma história singular,
única. É fruto de um processo constante de escolhas e conflitos que fazem nascer
uma idéia. O presente texto desta tese de doutorado é fruto de um caminho
trilhado, de uma experiência vivida, de uma pesquisa desenvolvida ao longo de
cinco anos, de 2003 a 2007, os quais foram dedicados a compreender, a desnudar
a prática social dos Bahá’ís no Brasil; cinco anos de experiências vividas e
observadas no seio da comunidade pesquisada.
Paradoxalmente, o presente texto caracteriza-se por plural e único.
Plural por trazer em seu bojo pensamentos, reflexões e contrastes durantes esses
anos de pesquisa, por ter em seu construto um pouco de cada sujeito pesquisado,
seja por meio de entrevistas, seja através de observações. Único, uma vez que
especifica parte de uma realidade social desenvolvida no cotidiano de uma parcela
de nossa sociedade, por ter historicidade intrínseca, retratando assim uma
realidade vivida, experenciada.
Durante o tempo de construção desta tese, envolvendo o
levantamento bibliográfico, a pesquisa de campo e o registro de nosso estudo,
deparamos com uma série de modificações, fruto dos caminhos percorridos, e
dos confrontos com diferentes sujeitos que encontrou ao longo desse percurso,
das leituras realizadas. A pesquisa tornou-se, dessa forma, interdisciplinar e
intertextual, pois é fruto da (re)construção constante de reflexões influenciadas por
diferentes discursos e diálogos que se constituíram em um processo ininterrupto
de troca de experiência, de busca por soluções muitas vezes conflitantes.
A tessitura do texto foi se constituindo no entrelaçamento das
múltiplas visões, percepções dos sujeitos que participaram direta ou indiretamente
- 2 -
do processo de construção deste trabalho. Fomos transformando-nos através das
redes e conexões realizadas no período de pesquisa. A tese torna-se, dessa
maneira, um conjunto de idéias, elaboradas a partir do diálogo, no sentido que
Paulo Freire dá a essa palavra.
Segundo esse educador, o diálogo constrói-se no respeito da
possibilidade de se aprender com o outro, de se construir as idéias a partir do
encontro com outros sujeitos cognitivos, que carregam sua historicidade, que
trazem em sua essência um discurso que revela a sua identidade enquanto ser
social e único do mundo ao qual pertence. Em uma permanente ação reflexiva e
dialógica com o mundo cognitivo, intelectual e cotidiano que cerca o ser humano,
a autora deste trabalho, em um movimento dinâmico de trocas, abre-se em busca
da percepção da realidade cotidiana pesquisada.
1. Os porquês do tema
A tese que aqui se apresenta está ligada à nossa trajetória de vida,
trajetória pessoal, profissional e intelectual. Esse texto concretiza nossas escolhas
e vínculos intelectuais, nossa percepção de que uma nova jornada deveria se
iniciar. Sentíamos a necessidade de desenvolver nosso espírito de pesquisa;
precisávamos de novos desafios, de novas buscas, de dar continuidade ao
processo de pesquisa que fora iniciado no mestrado; sentíamos a necessidade
da produção de novos conhecimentos que possibilitassem vislumbrar novos
horizontes no campo do saber.
- 3 -
Nesse sentido, o objetivo desta parte inicial do texto é explicitar
alguns pontos responsáveis pela construção do mesmo. Para isso, revisitar os
caminhos percorridos com um olhar renovador se faz necessário.
Primeiramente, o encontro casual com as Ciências Sociais, no final
dos anos 90, mais especificamente 1997, ocasião em que nasce a paixão por
estudar e entender as teorias sociológicas, de percebê-las na “práxis” cotidiana. O
fascínio inicial pelas idéias de Karl Marx, a compreensão da epistemologia de
Marx Weber, a admiração da sociologia do conhecimento de Bourdieu foram
amadurecendo o desejo de adentrar no universo deste campo do saber permeado
pelas Ciências Sociais. Um Universo em que estávamos inseridos dentro da
carreira docente e que vislumbrávamos desvelar enquanto pesquisadora.
A escolha em estudar o fenômeno religioso, portanto em trilhar de
certa forma o caminho da Sociologia da Religião está diretamente relacionada à
preocupação em realizar um trabalho de pesquisa comprometido com uma
vertente social, ou seja, uma reflexão a partir da realidade em que o ser humano
está inserido em seu dia-a-dia. Na experiência adquirida no decorrer do mestrado,
criou-se a convicção de que uma pesquisa para ser desenvolvida precisa de um
interesse genuíno do pesquisador com o tema, de um comprometimento total.
a necessidade de um envolvimento verdadeiramente preocupado e, sem dúvida, a
existência de uma paixão. É necessária uma sintonia entre o pesquisador e o
objeto de sua pesquisa para que esta possa ocorrer de forma plena. Neste
reconhecimento de si mesmo na pesquisa está a garantia de uma ação consciente
e responsável.
A partir dessa consciência, buscou-se na trilha da história de vida da
pesquisadora encontrar o fio condutor do estudo realizado. Nessa busca, foram
revistos os passos e as preocupações da pesquisadora na produção do
conhecimento e no próprio exercício profissional na docência superior. Percebeu-
- 4 -
se que algo que a seduzia e, ao mesmo tempo, a incomodava: o fenômeno social
da religião.
É inegável ser a religião um fato social universal, que está presente
em todas as sociedades e em toda parte desde tempos mais remotos.
Observamos que, ao longo da história da humanidade, a manifestação religiosa
existiu nas mais diversas formas de organização social. Algumas das religiões
desapareceram e outras estão presentes em nossa sociedade ainda hoje,
congregando milhões de fiéis.
Como parte integrante da realidade social, o fenômeno religioso
ocupa um espaço social significativo na vida humana; portanto, produz o seu
próprio tipo de relações sociais, uma dinâmica especifica. As relações sociais no
espaço religioso são diferentes das que ocorrem em outros espaços, assim como
cada espaço religioso, cada instituição religiosa, cada igreja e comunidade trazem
no bojo de sua dinâmica social uma particularidade: uma realidade vivida e
experimentada pelos diferentes sujeitos sociais que fazem parte desse espaço.
São espaços singulares, mas que possuem um elemento comum, uma vez que
são compostos por sujeitos sociais movidos pela necessidade de compreender a
si mesmos e ao outro, impulsionados pela crença no sobrenatural, no divino.
A crença em algum tipo de divindade e o sentimento religioso são
fenômenos generalizados em todas as sociedades, que marcam as mais variadas
culturas e ligam o homem ao sobrenatural que, muitas vezes, apresenta-se como
fator de estabilidade social e de obediência às normas sociais.
consenso de que a religião é uma instituição essencial para a
vida humana e que, segundo Weber, constitui-se em um fator importante para
determinar o comportamento social. Esta constatação tornou o tema ainda mais
- 5 -
atraente, principalmente frente à nossa história de vida e ao contexto
contemporâneo da sociedade brasileira, que aponta um crescimento significativo
de vários movimentos religiosos pertencentes a diferentes vertentes: japonesas,
protestantes, católicas, muçulmanas etc.
Ao escolher a Religião Bahá’í como objeto de pesquisa da tese que
se apresenta, entrelaça-se o fato de termos acompanhado desde a década de 80
a trajetória dessa religião, em especial no Brasil. Primeiramente enquanto uma
jovem que buscava novos conhecimentos no campo religioso e, por um
significativo espaço de tempo, como membro ativo da comunidade Bahá’í e, ainda,
este desejo de compreender o fenômeno religioso no Brasil, como fora
apontado anteriormente.
No decorrer dos anos, assistimos ao florescer de diferentes
tendências religiosas. Percebe-se neste fato um movimento, um processo social
intenso, no qual se notam os diferentes indivíduos, das diversas camadas da
sociedade em busca da religiosidade. Pesquisar a Religião Bahá’í e procurar
entender o papel social dos Bahá’ís no Brasil se abria como possibilidade de
equacionar as relações entre o discurso religioso e a ação social dos sujeitos que
abraçam a ideologia contida em sua fé.
2. Problemas e questões
A primeira problemática que surgiu para a realização desta pesquisa
surge no tocante à escolha de uma Religião, uma comunidade religiosa, pouco
conhecida pela sociedade brasileira. As múltiplas possibilidades de análise e
- 6 -
estudo tornaram difícil a delimitação da pesquisa, pois constitui um campo de
estudo ainda pouco explorado; portanto, rico em possibilidades de pesquisa, de
análise e, conseqüentemente, de produção de conhecimento numa perspectiva
científica. Ainda não existem estudos na área de Ciências Sociais que se propõem
a compreender essa religião, o que proporciona a este trabalho relevância
acadêmica e social, tendo em vista seu caráter inédito.
O fato de ser este um estudo pioneiro dentro das ciências sociais fez
com que as dúvidas fossem muitas; havia a consciência de que o campo a ser
explorado era vasto. Surgiram, então, as primeiras questões levantadas e que
foram o fio condutor da primeira fase da pesquisa:
Que importância real tem a religião Bahá’í na sociedade brasileira?
Até que ponto as normas de conduta existentes dentro da ética Bahá’í
representam uma relação com a construção da cidadania?
Como se situa a religião Bahá’í no contexto das religiões no Brasil?
Como a religião Bahá’í atua no processo geral de mudança da
sociedade brasileira?
Quais as parcelas da população brasileira são seduzidas por esse
movimento religioso?
Levantamos três hipóteses frente a essas indagações iniciais:
- 7 -
Primeiramente tínhamos como hipótese que a ética existente nesta
religião colabora para construção da cidadania, mesmo que seus membros não
possam se envolver com política partidária, uma vez que um envolvimento
significativo com órgãos das Nações Unidas em prol da luta pela paz e pela
eliminação de qualquer forma de preconceito.
Nossa segunda hipótese era que, sendo sua proposta religiosa,
estruturada de certa forma na racionalidade, não traz em seu bojo a solução
imediata a problemas materiais ou espirituais e, assim, não tem na sua prática
nenhum tipo de culto ou magia. Ela ocupa, na verdade, um espaço social restrito,
no qual pessoas que se tornam adeptos a ela são aquelas que têm interesse de
trabalhar pelo outro, de procurar trazer mudanças a longo prazo para sociedade.
A primeira fase da pesquisa, na qual realizamos entrevistas semi-
estruturadas com Bahá’ís de diferentes partes do Brasil, a fim de verificar a
veracidade de nossas hipóteses iniciais e responder às nossas primeiras
indagações, nos apontou o caminho a ser seguido. A partir das respostas dos
sujeitos entrevistados e das observações da pesquisa de campo realizadas,
delimitamos melhor nosso campo de estudo. Os questionamentos tomaram rumos
diferentes e passamos a questionar:
Qual é a ação social dos Bahá’ís no Brasil?
Em que medida a ação social da comunidade Bahá’í provoca
mudança no comportamento social das pessoas?
Tínhamos como tese que mesmo sendo um grupo (comunidade)
pequeno numericamente, os Bahá’ís possuem uma ação social significativa em
uma parcela da sociedade brasileira.
- 8 -
Na medida em que a pesquisa desenrolava, encontrávamos o fio
condutor do texto apresentado: o caminho escolhido se alicerça na nossa
experiência na área da Educação e no fato de ser a Educação um dos pontos
centrais da doutrina da religião objeto de estudo. Isso se evidencia nas diferentes
experiências educacionais desenvolvidas pela comunidade mundial Bahá’í.
A questão central de nossa tese é compreender a ação social
dos Bahá’ís no Brasil. Para isso, buscamos compreender sua história e sua
doutrina, pois acreditamos que podemos entender sua ação se a
compreendermos em diferentes aspectos.
O objetivo geral desta tese é mostrar “como” e “de que forma” a
comunidade Bahá’í vem desenvolvendo uma ação social voltada para a
Educação, a qual visa ao aprimoramento do comportamento social dos membros
da comunidade em que atua por meio de seus projetos. Trata-se, em primeiro
lugar, de um trabalho na área da Sociologia da Religião, o qual procura identificar
a ação da Religião Bahá’í no Brasil. Ressalte-se que esta pesquisa tem como
preocupação central desvelar a base da doutrina instituída por esta Religião e o
Projeto Educacional implantado por ela na comunidade onde atua, em especial, na
região de Porto Feliz, interior de São Paulo, por meio do trabalho desenvolvido na
Associação Monte Carmelo.
Analisar e compreender a ação dos Bahá’ís no campo da Educação,
estudar uma Associação voltada para a Educação fundada e mantida pela
Bahá’í apontaram como caminho mais frutífero e interessante dentro da área das
Ciências Sociais, em especial, da Ciência da Religião.
Estudar a ação social dos Bahá’ís no Brasil, com o enfoque na
Educação, possibilitou o estudo de um momento específico de análise social, um
- 9 -
caminho para compreensão da religião Bahá’í como um fenômeno vivo na
sociedade brasileira. Com isso, há uma espécie de complementaridade teórica
entre Sociologia da Religião e Sociologia da Educação, na medida em que cada
uma dessas áreas contribuiu, à sua maneira, para a compreensão do nosso objeto
de estudo.
O foco, portanto, desloca-se para a Religião Bahá’í. Mais
precisamente para uma discussão e reflexão a respeito da atuação dessa religião,
de sua comunidade em uma sociedade em que prevalece a ideologia capitalista,
estruturada em uma lógica de mercado, onde o “ter” se contrapõe ao “ser”, e que o
homem neste contexto se pressionado pelas necessidades materiais. Observa-
se a atuação na área de Educação desenvolvida pela comunidade Bahá’i com um
trabalho voltado para a “Educação de valores”, o qual vai na contramão dos
valores da sociedade “pós-moderna”.
A construção deste trabalho contou com o diálogo entre vários
autores. O texto foi tecido a partir de uma intertextualidade e interdisciplinaridade
entre estudiosos desta área do conhecimento. Foi no confronto das idéias, no
entrelaçar dos discursos que fomos construindo e reconstruindo este estudo em
um processo contínuo de reflexão e análise do conhecimento aqui explicitado.
Desde o projeto inicial, Max Weber foi eleito como teórico principal,
pela pertinência de sua Sociologia da Religião e sua epistemologia para os
objetivos propostos na tese. Ao seu lado, Clifford Geertz a partir da sua concepção
de visão de mundo e ethos.
Utilizamos outras referências bibliográficas, tanto de forma direta
como indireta, escolhidas para fazer parte de nossas reflexões e do corpo do
trabalho, tendo em vista a proposta deste.
- 10 -
Dentre os autores utilizados e que contribuíram de forma ímpar para
a construção desta tese, destacam-se, sobretudo, Peter Berger, Paulo Freire,
Pablo Gentili.
3. Caminhos metodológicos
A escolha da abordagem qualitativa se tornou essencial à nossa
pesquisa, pois esta nos possibilitou interpretar o fenômeno objeto de estudo de
forma mais completa e humanista. Optamos por essa abordagem, pois ela
apresenta um grande respeito do pesquisador pelos pesquisados, estabelecendo
uma relação de sujeito e sujeito, a qual Chizzotti (1995) enfatiza ser determinante
para a construção de um conhecimento coletivo. O fato dessa abordagem ter uma
preocupação acentuada com o processo em si e não meramente com os
resultados a tornou mais atraente a nossos olhos.
Dentre as várias possibilidades da abordagem qualitativa, a escolha
foi pelo estudo de caso, uma vez que nosso interesse incide em estudar a ação
social dos Bahá’ís no Brasil. Sendo um estudo de caso, tivemos a possibilidade de
utilizar diferentes formas de coleta de dados, os quais foram obtidos em diferentes
momentos e em várias situações ao longo do processo de pesquisa.
O levantamento de dados para esta pesquisa ocorreu em diferentes
etapas: primeiramente, foi realizada pesquisa bibliográfica. A partir daí, buscamos
conhecer a religião Bahá’í, ressaltando sua história, sua organização e sua
doutrina. Nesta primeira etapa, contamos com uma bibliografia bem específica, da
- 11 -
própria comunidade pesquisada, pois como salientamos não trabalhos ou
estudos voltados à compreensão dessa religião que se faz presente no Brasil.
Cabe esclarecermos ainda que a pesquisa bibliográfica não se restringiu à
literatura Bahá’í, sendo utilizada a leitura de obras de diferentes matrizes teóricas
relacionadas às Ciências Sociais e à Educação, as quais foram responsáveis pelo
confronto de idéias que tornou possível o construto dessa tese.
A pesquisa bibliográfica compôs a primeira fase exploratória de
nossa pesquisa, seguida por uma pesquisa de campo realizada no decorrer de
2004 que contou com a observação das atividades Bahá’ís desenvolvidas na
região do grande ABC paulista. Entrevistas individuais realizadas em junho de
2004 em uma conferência Bahá’í na cidade de Mogi Mirim, interior paulista,
também contribuíram para a obtenção de dados. Nesta ocasião tivemos a
oportunidade de não só entrevistar Bahá’ís de diferentes partes do país, mas
também de realizar observações de reuniões de jovens Bahá’ís e verificar a visão
de mundo e o ethos Bahá’ís que se evidenciavam no encontro entre os pares.
Para a realização das entrevistas, utilizamos como critério de escolha dos sujeitos
o fato de serem Bahá’ís que não haviam nascido em famílias Bahá’ís. A partir
desse critério, convidamos as pessoas a participarem deste processo e entre os
convidados, 14 participaram como sujeitos da pesquisa por meio de entrevista.
Essa entrevista foi realizada também com Bahá’ís da região do
ABCD paulista, utilizando os mesmos critérios de escolha. Neste momento, cinco
sujeitos participaram dessas entrevistas.
Os registros foram realizados com o uso de gravador, tornando
possível dispor de uma maior atenção aos entrevistados no momento da
realização deste processo, para posteriormente analisar as mensagens que muito
contribuíram para a compreensão do material pesquisado. Estas entrevistas foram
cuidadosamente transcritas, objetivando fidelidade na interpretação das mesmas.
- 12 -
As entrevistas realizadas neste momento seguiram um roteiro que foi
elaborado pela pesquisadora, a fim de orientar as discussões, dando aos
entrevistados plena liberdade para responderem.
Este primeiro instrumento de pesquisa de campo ofereceu subsídios
que nos ajudaram a desvelar a identidade do Bahá’í, além de indicar a experiência
desenvolvida na área da Educação como uma ação social de grande importância
não só para a comunidade Bahá”í, como também para a comunidade local em que
se desenvolvem as atividades. Além disso, a partir dessas entrevistas observamos
a forma que a doutrina Bahá’í influencia na conduta de seus adeptos: ocorre uma
influência não apenas religiosa, mas essencialmente social, e ainda como a visão
de mundo e o ethos Bahá’ís são assimilados tanto no discurso como na “práxis” .
A partir dessas entrevistas, trilhamos um novo caminho em nossa
pesquisa. Escolhemos para isso a Associação Monte Carmelo, pois esta
instituição Bahá’í, localizada no interior paulista, foi citada por praticamente todos
os entrevistados como exemplo de projeto sócio-econômico desenvolvido pelos
Bahá’ís.
A partir de 2004, fizemos uma intensa observação participante
durante as atividades religiosas e conversamos com Bahá’ís e simpatizantes desta
religião, sobretudo com aqueles pertencentes à região do ABC paulista, sem
desconsiderar os que residem e atuam em outras partes do Brasil.
Também foi utilizada a análise documental como forma de coleta dos
dados. Esta forma de coleta de dados foi escolhida como metodologia
complementar, que se concretizou por meio da utilização da proposta pedagógica
(Anexo II) e do estatuto da Associação Bahá’í escolhida para ser estudada,
Associação Monte Carmelo (Anexo III). Utilizamos esses documentos visando à
- 13 -
obtenção de maiores informações da instituição objeto deste estudo, buscando
uma maior abrangência que envolveu todo o processo educacional da Associação.
Desta documentação foram extraídos dados sobre o histórico da escola, seus
objetivos, seus alunos e a relação com a religião Bahá’í.
Feita a análise documental, seguimos para a segunda etapa da
pesquisa de campo, em que procuramos adentrar na realidade da Associação
Monte Carmelo e perceber a verdadeira relação dela com a religião Bahá’í como a
forma de seu projeto educacional influenciar na transformação do comportamento
social dos sujeitos que nela estão inseridos. Para isso, utilizamos entrevistas
(Anexo I), que foram realizadas de maneiras diferentes, como a entrevista
individual com a coordenadora pedagógica e a entrevista em grupo com os pais
das crianças.
Cabe salientar que as entrevistas com os pais foram realizadas em
um sábado, quando eles participavam de um curso para pais
1
oferecido pela
Associação Monte Carmelo.
Além das entrevistas, utilizamos um questionário (Anexo I) para os
professores, pois encontramos dificuldades de entrevistar pessoalmente esses
sujeitos, tendo em vista as diferentes atividades que eles exercem foram da
Associação.
Ao longo do percurso que nos conduziu à compreensão da
Associação Monte Carmelo, realizamos quatro visitas, quando tivemos a
oportunidade de fazer observações no cotidiano da instituição, além da
observação de dois cursos de pais. No decorrer do processo de pesquisa
1
O curso para pais constitui-se em um projeto da Associação Monte Carmelo, que será explicado
posteriormente no trabalho.
- 14 -
mantivemos contatos telefônicos tanto com a Coordenação, como com Vice
coordenação e o Administrador Geral da instituição estudada.
Utilizamos ainda uma entrevista dada pelo administrador do Monte
Carmelo dada a um jornal da região de Porto Feliz, em 20 de fevereiro de 2004.
(ANEXO I).
Ao retratar a experiência de Educação Bahá’í, realizada dentro da
Associação Monte Carmelo, analisando seus processos, seu projeto de trabalho
com virtudes com crianças, procuramos compreender e interpretar como a visão
de mundo Bahá’í está sendo inserida em parcelas da nossa sociedade a partir de
uma ação educativa que visa à transformação do comportamento social e a
construção de um ethos estruturados nos valores Bahá’ís.
De posse dos dados coletados iniciamos outra etapa da pesquisa, a
qual teve como primeiro passo a organização de todo o material pesquisado.
Realizada a organização do material, iniciamos a análise do mesmo, que exigiu de
nós um trabalho sistemático de leituras e releituras, de avaliações e reavaliações,
para que pudéssemos perceber todo o tipo de mensagem, as explicitas e as
implícitas do material coletado, tendo em vista nosso problema de pesquisa e seus
objetivos.
Evidentemente que os dados obtidos em todo o processo de coleta
não esgotam o assunto. Mas, sem dúvida, trazem importantes reflexões sobre a
visão de mundo e o ethos Bahá’ís e a ação social dessa religião em nossa
sociedade.
- 15 -
A pesquisa foi, portanto, realizada, tendo como referencial a
abordagem qualitativa que nos possibilitou respeitar, indiscriminadamente, os
diversos sujeitos que participaram de todo o processo e, ao mesmo tempo,
desvelou-nos a religião Bahá’í e a experiência educacional que ela desenvolve na
Associação Monte Carmelo em diferentes aspectos, levando-nos à compreensão
da ação social dessa comunidade no nosso país.
Como apontamos, estudar a ação social da religião Bahá no
Brasil é o objetivo proposto neste trabalho de doutoramento. Para atingirmos a
proposta e para fins didáticos, dividimos o trabalho em três momentos.
Em um primeiro procuramos compreender quem são os Bahá’ís.
Para isso, buscamos na sua história sua doutrina, a fim de analisar a visão de
mundo e o ethos Bahá’ís e o processo de construção da identidade de seu adepto
objetivando a compreensão da sua ação social.
No segundo momento, realizamos algumas reflexões sobre o
significado da Educação em um contexto geral para discutirmos a Educação
enquanto um importante valor Bahá’í, tendo como objetivo analisar como os
adeptos desta religião utilizam da Educação como forma de inserir sua visão de
mundo e colaborar para a mudança do comportamento social de uma parte da
população brasileira.
No terceiro momento analisamos a Associação Monte Carmelo, a fim
de mostrar como ocorre a ação social dos Bahá’ís no Brasil por meio de um
projeto sócio-educativo com crianças em situação de risco social.
- 16 -
CAPÍTULO I - Quem são os Bahá’ís
Tendo em vista o tema central desta tese, que é compreender o
real espaço que a religião Bahá’í ocupa na sociedade brasileira, o presente
capítulo tem por objetivo traçar um perfil dessa religião e suas peculiaridades.
Cabe ainda ressaltarmos que serão discutidos o ethos e visão de mundo Bahá’í,
de acordo com a teoria de Clifford Geertz (1989) e os Bahá’ís por eles mesmos, a
partir da sua própria literatura, a fim de primeiramente compreendermos como os
Bahá’ís pensam, organizam-se e qual é a sua identidade. Acrescente-se, ainda, o
fato de buscamos entender no que eles acreditam, para que essa compreensão
leve-nos a entender os espaços em que atuam e ocupam em nossa sociedade.
Preliminarmente, então precisamos esclarecer quem são os
Bahá’ís, para que seja possível conhecermos o perfil daqueles que seguem esta
fé. Para atender a este propósito, buscamos o significado da palavra Bahá’í.
Segundo a literatura pertinente a esta religião, “Bahá’í” significa “seguidor da
glória”. Portanto, o Bahá’í é todo aquele que não apenas aceitou e reconheceu
Bahá’u’lláh
2
como o mensageiro de Deus, mas que baseia sua conduta diária nos
princípios deixados por ele, ou seja, na doutrina Bahá’í.
A partir das considerações feitas acima, infere-se que para ser
e/ou para se tornar um Bahá’í, deve ocorre uma internalização. Tal como definido
por Berger (1985), segundo esse autor, a internalização como um momento do
processo dialético, o qual o mundo vem sendo reintroduzido na consciência
humana mediante a dinâmica da socialização. Por socialização entende-se então
o processo que ocorre ao longo da vida humana, (também como um movimento
dialético) no qual, o homem aprende e interioriza os elementos sócio-culturais do
seu meio e os integra na estrutura de sua personalidade. Constitui-se em um
2
Bahá’u’lláh é um dos fundadores da Fé Bahá’í e significa, Glória de Deus, os Bahá’ís acreditam
ser ele o mensageiro de Deus para essa época.
- 17 -
processo que se de forma dinâmica e que é fruto de experiências vividas a
partir do contato com diferentes sujeitos sociais e que colabora para que o homem
se adapte ao ambiente social em que vive.
Conforme elucida Berger (1978), o indivíduo não nasce
“culturalizado” ele nasce numa sociedade mas ainda não faz parte dela. Para isso,
precisa passa por vários processos de socialização e de internalização da cultura
como apontam entre outros, Geertz.
O processo, denominado por Peter Berger de socialização
primária que é único e imprescindível na vida do indivíduo. Esse momento que
acontece na infância corresponde exatamente a uma fase de interiorização com a
apreensão ou interpretação das primeiras coisas do mundo com que a criança
depara; os agentes desse processo primário são representados geralmente pelos
pais e outros indivíduos com os quais ela se relaciona.
É esse o processo de socialização, ou seja, de interiorização,
compreensão, interpretação e adequação pela qual a criança passa para, enfim,
chegar a fazer parte efetiva da sociedade. A partir daí, o indivíduo passa a ter
consciência de si próprio, dos outros e do mundo. Assim, a socialização primária
que acontece na infância é a constituição do primeiro mundo do indivíduo e, na
maioria das vezes, essa concepção é mais forte e dominadora do que todas as
outras. Peter Berger (1978) ressalta que a socialização primária, assim como as
regras sociais, variam de sociedade para sociedade (ou, diríamos de cultura para
cultura); não é única, total e permanente, pois a sociedade apresenta distinções
internas , tem divisões de trabalho e distribuições de conhecimento e, portanto, um
indivíduo o pode saber tudo e fazer tudo. O adensamento dos conhecimentos e
da pertença vem com a socialização secundária, na qual ocorrem as
internalizações de “submundos sociais”.
- 18 -
A socialização secundária corresponderia, então, à internalização
e a aquisição de novos conhecimentos relacionadas às funções específicas
decorrentes da divisão de trabalho, das distinções de gênero e outras, que podem
acontecer nas mais diversas esferas sociais, desde instâncias escolares até as
militares e religiosas. Nelas, os indivíduos internalizam novas regras sociais
próprias daquele grupo ou segmento em especial.
A socialização secundária, de acordo com Berger (1983) se inicia
quando a pessoa entra em contato com outras realidades exteriores à família, os
chamados submundos institucionais, que necessitam ser interiorizados. Através
deste contato que se de forma menos emocional que na socialização primária,
a pessoa introjeta outros papéis sociais, entre os quais o religioso.
A aprendizagem destes papéis sociais envolve desde rituais até
os componentes normativos, cognitivos e os afetivos, ligados ao seu desempenho.
Na socialização secundária os “outros significativos” se ampliam, podendo ser
outros indivíduos, grupos, organizações e instituições. Habermas (1990) acredita
ser neste momento que a “identidade coletiva” aparece de maneira importante,
pois ela dará sentido de continuidade para os indivíduos, por adotarem papéis,
normas e valores válidos para todos os componentes do grupo, o que reafirma
constantemente a realidade objetiva e subjetiva. Deve haver uma relação positiva
entre condições subjetivas e objetivas, que permite o sucesso da socialização
secundária.
Aproximando este quadro do nosso tema, podemos dizer que o
Bahá’í não nasce Bahá’í. Segundo afirmações deles, “se tenta ser Bahá’í” através
de suas atitudes: é uma aprendizagem constante, que ocorre por meio da
socialização, da convivência com outros sujeitos sociais, que procuram seguir as
mesmas regras de conduta, as mesmas normas sociais, ou seja, aquelas contidas
na doutrina Bahá’í. Podemos dizer então que os próprios adeptos reconhecem
que um caminho, um processo constante de socialização e um esforço da
aprendizagem trazido pelo convívio com outros Bahá’ís. Caminho esse que de
- 19 -
acordo com as entrevistas realizadas os levam para uma transformação
significativa em seus comportamentos transformação individual que acreditam ser
um caminho para a transformação coletiva. Isso fica claro a transcrição abaixo:
Como Bahá’í, uma pessoa religiosa, eu tenho a
consciência que eu preciso me transformar, não é
mais o estar é o ser, é uma coisa diária, uma reflexão
diária seu eu estou melhorando, no sentido de se
transformar com a prática da oração, a prática da
meditação, a prática da leitura e como então internalizo
esse conceito e como eu na minha ação diária reflito
esse ensinamento que é o que reproduz então uma
grande onde de transformação, partindo da
transformação individual para a transformação coletiva.
(16 )
Cabe ao indivíduo apreender e assumir os diversos elementos do
mundo objetivado. Para que esta assunção do mundo objetivado seja realizada
com sucesso, é necessário que o mesmo seja dotado de sentido para o sujeito.
Isso acontece por meio dos processos de socialização primária e secundária que
conseguem traduzir de forma consistente e ampla a inserção de um individuo no
mundo objetivado de uma sociedade ou de um setor dela (BERGER,1978).
Neste sentido, o Bahá’í é aquele que internalizou a
doutrina/dogmas deixados por Bahá’u’lláh e guia sua vida nesses princípios. É
aquele que encontra sentido nos princípios que estruturam a religião Bahá’í e
transforma seu comportamento diário a partir da aceitação da doutrina que
abraçou. A aceitação simplesmente não o faz Bahá´’i, tampouco é o conhecimento
da conduta que deve ter por se declarar Bahá’í. O que o torna Bahá’í é o
significado que esse conhecimento à sua vida, a forma em que ele se identifica
com esses princípios, a maneira em que seu comportamento é transformado pelo
processo de socialização gerado através da participação nas atividades do grupo,
tudo isto e que faz do individuo um Bahá’í. Na linguagem do antropólogo Geertz, o
Bahá’í é aquele indivíduo que desenvolve de modo coerente e interligado o ethos
e a visão de mundo da doutrina .
- 20 -
O processo de internalização ocorre na dinâmica de socialização
presente nas diferentes atividades desenvolvidas pelos Bahá’ís, as quais norteiam
e estruturam a religião objeto deste estudo e servem de elo entre os diferentes
sujeitos que dela fazem parte. São atividades que servem para a formação da
“identidade coletiva”, ressaltada por Habermas (1999) como significativa no
processo de socialização secundária. Elas ocorrem regularmente e servem como
mecanismos de internalização dos valores Bahá’ís e ao mesmo tempo como
marca de pertencimento.
Essas atividades são inúmeras. Podemos citar algumas, como
festas de 19 dias, casa aberta, ciclo de estudo, reuniões devocionais, além da
comemoração dos dias sagrados. Podemos dizer que a vida do Bahá’is é intensa
socialmente, pois o inúmeras as atividades de que ele deve participar e que vão
delineando a sua identidade como Bahá´’i, que vão dando a ele o sentimento de
pertencimento. Nos depoimentos dados pelos entrevistados citam as atividades
desenvolvidas pelas comunidade e indicam que essas atividades são também
uma forma de difundir os princípios Bahá’ís, de realizarem ensino. De acordo com
a fala de um dos entrevistados as comunidades Bahá’ís “Desenvolvem reuniões
devocionais, festas de dezenove dias, aulinhas Bahá’ís, horque shop de dança,
agente meche muito com artes. Nos divulgamos a através das artes(29) fica
evidenciado nesta fala que as atividades são utilizadas tanto para consolidação
dos Bahá’ís dando a eles a oportunidade de maior convívio com os membros de
sua comunidade quanto para divulgar de forma indireta a visão de mundo Bahá’í.
É relevante ressaltarmos neste momento que ao longo de nossa
pesquisa constatamos que existe em diferentes comunidades do Brasil atividades
voltadas a transmitir os valores e a visão de mundo Bahá’í para diferentes
parcelas da população, esse trabalho é realizado conforme constatamos nas
entrevista por meio de atividades artísticas, culturais e educacionais levar os
valores Bahá’ís que consideram ser universais (tais como justiça, igualdade,
- 21 -
eliminação de preconceito, veracidade, despreendimento) a crianças e jovens e a
partir do resultados obtidos por essas ações atingir as famílias e a sociedade de
forma mais ampla.
Nas entrevistas foram citadas diferentes ações : em Vitória “tem
um projeto educar brincando nas praças, projeto que atinge muito as famílias” (51)
Em Curitiba projetos de Educação de virtudes nas escolas públicas que
segundo depoimento dado “foi o melhor caminho que nos achamos para atingir o
aluno e depois nos atingirmos os pais e depois os professores”. (73). Existe no
interior paulista uma atividade bastante interessante que se desenvolve em
escolas públicas e particulares a partir da ação de um grupo criado por jovens
Bahá’ís, denominado de Exército de Luz, esse grupo tem por objetivo “o ensino
da Baháí através da dança, e levar para as pessoas a mensagem de
Bahá’u’lláh através da dança, a arte é o instrumento..” (Anexo I). Através de
apresentações de dança e teatro os “Exército de Luz”
3
tem a finalidade de “levar a
reflexão sobre problemas que a sociedade passa e apresentar uma solução. Essa
solução está dentro dos princípios Bahá’ís”. (Anexo I) Nessas apresentações
trabalham diferentes temas tais como: igualdade entre homens e mulheres,
eliminação de preconceito familiar, extremo de pobreza e riqueza e drogas,
sempre dentro da visão de mundo Bahá’í e apresentando o ethos Bahá’ís como a
solução para esses problemas.
As atividades desenvolvidas por eles são compostas por dois
momentos distintos. Primeiramente por um momento especificamente religioso,
constituído por orações e leitura de textos sagrados, e depois por um segundo
momento social, no qual os diferentes membros da religião interagem e têm
oportunidade de estabelecer elos de amizade.
3
Esse grupo foi criado em 2002 e é composto por jovens Bahá’ís e não Bahá’ís.
- 22 -
As festas de 19 dias, conhecidas assim, por ocorrerem de 19 em
19 dias, seguindo o calendário Bahá’í, o o momento em que os Bahá’ís trocam
informações sobre as atividades realizadas por eles e consultam sobre o
desenvolvimento de outras atividades. Estas festas o o alicerce da sua vida
comunitária e são realizadas 19 ao longo do ano.
Para essa religião existem nove dias sagrados Bahá’ís ao longo
do ano e estes são observados em reuniões, em que se celebram datas
históricas relacionadas com as figuras centrais da história Bahá’í.
As reuniões de casa aberta são realizadas com o objetivo de
ensino; são convidados não Bahá’ís, geralmente pessoas que entraram em
contato com as idéias da fé Bahá’í e se interessaram por elas. Essas pessoas são
denominadas pelos Bahá’ís de simpatizantes. Nesses encontros são discutidos
diferentes assuntos dentro da visão de mundo Bahá’í, como casamento, igualdade
entre homens e mulheres, manifestantes de Deus, morte entre outros. É a
oportunidade para o não Bahá’is conhecer melhor a doutrina Bahá’í e para
conhecer melhor os membros da comunidade Bahá’í. Nestas reuniões, se
estabelecem elos de amizade tanto entre os diferentes sujeitos de fazem parte da
comunidade quanto com os simpatizantes.
Pertencer a uma religião significa modificar sua postura não
apenas com relação ao mundo religioso, mas também ao não-religioso, do qual o
sujeito social faz parte. Assim, ao se tornar Bahá’í, todas as esferas da vida do
adepto são afetadas pela mudança de comportamentos causados pela nova
doutrina abraçada. Por exemplo, um indivíduo que abraçou essa religião deve ter
seu comportamento alterado por seus princípios não unicamente no espaço
religioso, mas nos diferentes espaços sociais.
Dentro da doutrina Bahá’í, a veracidade é a base de todas as
virtudes; portanto, ele não deve mentir em nenhum espaço, seja em casa, na
escola ou no trabalho; nenhum motivo justifica perante a doutrina Bahá’í a mentira.
Uma jovem Sra. Bahá’í contou-nos informalmente o seguinte evento que a
- 23 -
dimensão ética do verdadeiro adepto. Seu filho um jovem de 19 anos, estudante
de engenharia realizou um trabalho em grupo para a confecção de um robô que
disputou uma “luta”, esse jovem não compareceu no dia da apresentação do seu
robô, pois estava envolvido com uma reunião de jovens Bahá’í, seu robô foi
apresentado pelos outros integrantes do grupo, venceu a competição e todos os
participantes vencedores foram convidados a fazer parte de uma seleção para ir
apresentar seu robô na Tailândia em um campeonato mundial, esse jovem fez
todas as etapas para participar da competição e se destacou, sendo o provável
vencedor, quando ficou sabendo que quem não estava presente no dia da
competição não poderia participar, ninguém havia percebido sua ausência, este
jovem foi até a professora responsável e contou o que ocorreu e foi
desclassificado da competição não mais concorrendo para ir a Tailândia. Segundo
sua mãe ele não ficou temeroso ou triste por ter perdido a oportunidade, mais
teve a certeza de que dizer a verdade era o melhor caminho para ele.
O sentimento de pertencimento à religião Bahá’í se constrói a
partir da vida na comunidade. Nela, os diferentes sujeitos têm “garantida” a
sensação de segurança tão necessária e buscada no mundo atual, segundo
Bauman.
Pertencer à comunidade Bahá’í, fazer parte desta religião,
significa pactuar com seus valores e aspirações, submeter-se às suas regras e
reconhecer-se parte do todo. Realmente as marcas de pertencimento, os sinais de
pertencimento a essa religião não são externas, ou seja, não existe nenhum tipo
de roupa, corte de cabelo ou tatuagem que distingue o Bahá’í de qualquer outra
pessoa.
Os sinais de pertencimento estão consubstanciados na
participação das inúmeras atividades existentes, no grau de envolvimento que a
pessoa tem com a vida da comunidade. Quanto mais participa e faz parte das
atividades desenvolvidas, maior é o sentimento de pertencimento. O sentimento
- 24 -
de pertencimento está estritamente relacionado à sua fidelidade ao “convênio”
4
.
Assim, por exemplo, se um Bahá’í deixa de fazer suas orações obrigatórias ou
jejuar no período de jejum obrigatório, ele está rompendo o convênio.
Não também nenhum tipo de ritual específico que marque a
passagem de não Bahá’í para Bahá’í. O processo é mais interno, ou seja, não
nenhuma espécie de “batismo”. Se o indivíduo quer ser Bahá’í, basta declarar-se
Bahá’is e procurar viver de acordo com os princípios que orientam e norteiam a
ação dessa religião.
Comunidade...
Uma particularidade da religião Bahá’í é a importância dada à
comunidade. Tal afirmação se sustenta no fato de que, ao longo da pesquisa,
através da observação e das entrevistas realizadas, os sujeitos afirmam que a
comunidade é o que fortalece e dá a identidade de um Bahá’í
Vale dizer que estamos entendendo aqui Identidade como os
sinais, as marcas e características que constituem um indivíduo. Marcas e sinais
que se formam a partir de sua vida social e cultural. Do contato que cada indivíduo
realiza em seu cotidiano e que de uma forma ou outra são internalizados por ele.
Como Beger, entre outros, acreditamos que a religião é uma das formas de se
construir a identidade de um sujeito. Por meio da religião a que um homem
pertence, pode-se saber como ele pensa, o que ele acredita e a forma que ele
percebe e vive o mundo. O Bahá’í tem uma percepção de homem, de mundo, um
comportamento próprio da religião a qual pertence, tal como o judeu, o cristão ou
o budista.
4
O convênio é uma das marcas mais fortes da religião Bahá’í. Ele implica no acordo entre Deus,
que através da figura de Seus Manifestantes trouxe ensinamentos para a humanidade seguir, e o
homem, que tem a responsabilidade de observar as leis que Deus deixou para salvaguardar a
dignidade humana e possibilitar a implantação de uma sociedade mais justa.
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A comunidade é entendida por eles como um elo capaz de manter
viva sua fé e sua ação enquanto Bahá’í. A identidade do Bahá’í se faz no seio de
sua comunidade; é nela que ele internaliza os valores, moldando sua vida, por
meu de sua ação nos diferentes ambientes sociais do qual faz parte. Os laços
comunitários servem de guia para o comportamento e possibilita vislumbrarem e
inspirarem utopias de mudanças na sociedade. A força do Bahá’í está na
comunidade, nos laços de solidariedade criados entre os membros, na troca e no
diálogo constante realizado através da “consulta”.
Nas entrevistas com eles realizadas ouvimos:
Pessoas que vivem e trabalham de diferentes modos,
exercendo seus diferentes talentos com liberdade de
expressar os próprios pensamentos em um propósito
maior” (162)
Uma associação de pessoas que deveriam prestar atos
de serviços umas as outras, e se ajudarem para um
constante progresso. Mantendo o encorajamento e
apóio contínuo. Se os indivíduos são fortalecidos, toda
a coletividade é elevada.
Seguir uma visão unificada de crescimento ter foco.
(208)
Baseado no príncípio de unidade na diversidade, assim
está organizada a comunidade Bahá’í, dentro de uma
estrutura administrativa própria, na qual participa
ativamente por meio da consulta ( Mulher, 50 anos)
Uma grande família de pessoas diferentes, mas que
busca a unidade do gênero humano(175)
Eu acho interessante na comunidade Bahá’í e o
respeito pela diversidade de cada pessoa. E a
oportunidade de estar aqui e poder conversar com
pessoas diferentes, brasileiros,estrangeiros....Você se
sente parte de um todo, de uma que é
mundialmente diversificada. (94)
....Eu acho que a comunidade é a expressão da vida
Bahá’í. Não é a comunidade no sentido comum da
palavra,uma coisa fechada, mas são pessoas que
- 26 -
participam de u m mesmo propósito, que comunhão de
um mesmo propósito .... A comunidade é como uma
família,com os mesmos problemas...A comunidade é
uma ordem social, um plano social que Bahá’u’lláh traz
e se materializa nessa comunidade. A comunidade é
como uma família, com os mesmos problemas que as
pessoas tem, tem pontos diferentes de vista, mas você
não consegue viver sem , por mais incipiente que uma
comunidade seja ela tem isso de você depositar sua
confiança seu amor ela te desperta e difícil um Bahá’í
desconectado da vida comunitária sobreviver dentro de
sua fé Por outro lado a comunidade não é um clube,
nem um grupo de terapia onde você vai falar de seus
problemas e vai resolver seus problemas. A
comunidade e uma ordem social, um plano social que
Bahá’u’lláh traz e se materializa nessa comunidade. O
primeiro ponto e esse a idéia que o Bahá’í tem dois
processos o processo de desconstrução de uma
sociedade que perdeu seus paradigmas de valores e o
processo de construção de uma nova sociedade e o
exemplo é a comunidade Bahá’is para nos é o reino
de Deus na terra , o Reino de Deus na terra não é a
perfeição absoluta das coisas mas é um mundo que
tem um parâmetro de justiça. Os baha´ís tem um
sentimento de comprometimento com o destino da
humanidade e eles se comprometem socialmente para
isso . A maneira que os Bahá’ís agem no mundo e
dentro da sua escala , a comunidade é relativamente
pequena não tem condições de fazer grandes obras, e
um trabalho de base, é um trabalho de interação social
de base que parte da mudança de consciência das
pessoas em relação a vida e essa mudança de
consciência baseada estritamente na religião , a
religião é um ponto primordial para se transformar a
vida. De mudar todas as relações , mudar a forma de
se e perceber o homem. De maneira embrionária ,
um pouco pequena ela vai transformando . (103)
Um outro elemento importante na vida Bahá’í é a consulta,
considerada por eles como o requisito básico da vida comunitária, consiste na
tomada de decisão em grupo, em que os diferentes sujeitos que fazem parte da
comunidade trocam de opiniões, visando a chegar a um consenso. A doutrina
Bahá’í enfatiza a importância do princípio da consulta estar presente nas
diferentes instituições tanto do mundo Bahá’í quanto na sociedade sem esquecer
- 27 -
a vida familiar, pois acreditam que através da consulta há a possibilidade de se
estabelecer uma sociedade mais harmoniosa.
Quando se fala em comunidade Bahá’í deve-se ter em mente que
para eles haveria uma grande comunidade mundial e depois as locais. Os Bahá’ís
se organizam em comunidades espalhadas pelo mundo. Hoje comunidades
Bahá’ís em todos os continentes e, segundo dados estatísticos fornecidos pelos
órgãos oficiais Bahá’ís, o cinco milhões de Bahá’ís vivendo em 100.000
localidades no mundo. No Brasil, 55.000 Bahá’ís declarados, espalhados por
todo o território nacional. No Estado de São Paulo, por exemplo, 3.608 Bahá’ís
declarados, mas apenas de 1472 se tem o endereço conhecido, ou seja, são
pessoas que estão cadastradas corretamente pelos órgãos oficiais da religião e
participam ativamente da vida da comunidade Bahá’ís.
Instituições
As instituições religiosas, como uma instituição social são um
espaço de relações sociais, espaço com mecanismos próprios de coerção do
comportamento social. Como qualquer instituição elas não estão livres das regras
que determinam o seu funcionamento. No universo religioso, os diferentes
sujeitos sociais que dele participam, de acordo com Berger (1981), tem uma
programação de conduta individual a seguir, programação esta imposta e
reforçada por um grupo. Peter Berger (1981) afirma ainda que as instituições são
experimentadas como algo dotado de realidade exterior, ou seja, a instituição é
alguma coisa situada fora do indivíduo, alguma coisa que, de certa maneira, difere
da realidade formada pelos pensamentos, sentimentos e fantasias do indivíduo.
Elas existem independentemente da vontade do indivíduo; apreciando-as ou não,
elas existem.
A instituição tipicamente Bahá’í é a Assembléia Espiritual. As
Assembléias Espirituais constroem através das relações que as constituem,
papéis sociais para os diferentes atores. Portanto, a religião Bahá’í organiza-se
através de instituições chamadas de Assembléias Espirituais, que podem ser
- 28 -
locais e nacionais. Dentro da organização Bahá’í somente as instituições estão
investidas de autoridade, não há, portanto, nenhuma autoridade individual,
nenhuma chefia personalizada. As assembléias espirituais são, na verdade, a
força motriz da vida da comunidade. São elas responsáveis pela comunidade nos
seus diferentes aspectos. Dentro dos princípios que orientam essa comunidade,
não existe a idéia de liderança espiritual individual, a quem os seus membros
devam obediência como a um mestre, um bispo ou um guru ou papa. Somente as
instituições estão investidas de autoridade e poder. De acordo com os Bahá’ís,
essa forma de organização administrativa não permite que um indivíduo tome para
si o poder e que tudo gire em torno de uma única pessoa.
Podemos dizer que as assembléias espirituais Bahá’ís constituem
a pedra fundamental da ordem administrativa e como toda instituição ela tem suas
responsabilidades, seu papel a desempenha frente a comunidade.
As Assembléias Espirituais Locais têm diversas tarefas que
incluem a supervisão de todas as atividades Bahá’ís local, tais como ensino da Fé,
administração de programas educacionais, tratamento da publicidade local e da
literatura em geral, condução das atividades devocionais, administração dos
fundos Bahá’ís, aconselhamento dos crentes sobre requisitos específicos das leis
e dos ensinamentos Bahá’ís e outras responsabilidades.
A Assembléia Espiritual Nacional tem responsabilidades
semelhantes às das Assembléias Espirituais Locais, porém com uma maior
complexidade, uma vez que é responsável pela comunidade de todo um país.
Além de ter a responsabilidade de supervisionar os corpos locais e quais os
assuntos, devem ser tratados no plano nacional ou regional.
Podemos dizer que elas são responsáveis em “zelar” pela
comunidade e pela a religião Bahá’í que representam, assim, por exemplo,
quando um indivíduo que faz parte da comunidade Bahá’í transgride os princípios
Bahá’ís e isso coloca a “imagem” da Baha’í em exposição negativa. A
- 29 -
assembléia espiritual deve intervir, ajudar para o indivíduo se manter fiel ao
convênio. Um dos princípios sociais Bahá’ís é a monogamia e fidelidade conjugal.
Se um membro da comunidade Bahá’í é infiel, ou seja, mantém relações
amorosas fora do casamento, a assembléia, ao tomar conhecimento deste fato, o
chama e estabelecem uma conversa e, se necessário, tomam medidas “punitivas”,
as quais consistem em perder os direitos administrativos. Os Bahá’ís sem esses
direitos não podem fazer parte de órgãos oficiais e não podem participar das
festas de 19 dias, uma vez que nestas festas se trata de questões administrativas;
perdem também o direito de contribuir para os fundos Bahá’ís.
O poder coercitivo desta instituição revela-se tanto na manutenção
de sua ordem interna quanto no regulamento do comportamento dos adeptos,
mesmo se dando de forma tênue e sendo legitimada por todos os Bahá’ís, pois há
o reconhecimento social de sua existência e de suas atividades no universo social
Bahá’í. Os Bahá’ís têm as assembléias espirituais como uma instituição de caráter
sagrado, pois elas foram estabelecidas por Bahá”u’llah em seus escritos sagrados.
Quem são os Baha´’ís que compõem essas assembléias? Como
dissemos a instituição Bahá’í existe em dois níveis diferentes: os níveis locais e
os nacionais. Os membros das assembléias espirituais locais são eleitos por todos
os Bahá’ís,homens e mulheres que fazem parte de uma comunidade e que tem
idade igual ou superior a 21 anos, elas são eleitos anualmente e todos são
candidatos naturais. Em cada cidade que possua 9 ou mais Bahá’ís é eleita uma
assembléia, assim por exemplo existem várias assembléias, a comunidade de São
Bernardo do Campo, tem a sua Assembléia Espiritual local, assim com Santo
André, São Caetano, o Paulo etc. os membros das assembléias espirituais
nacionais, são eleitos por delegados de todo o país.
No caso da Assembléia Nacional o processo da em dois
estágios de votação. Primeiramente, são eleitos delegados em cada distrito. A
quantidade de delegados a serem eleitos depende do tamanho e âmbito da
comunidade Bahá’í naquela região. Após esse primeiro estágio, os delegados de
- 30 -
todo o país se reúnem em uma convenção nacional, anualmente, e elegem os
nove membros da Assembléia Espiritual Nacional.
No âmbito mundial, os Bahá’ís têm a instituição conhecida como
Casa Universal de Justiça, esta eleita em cada 5 anos pelos membros das
Assembléias Espirituais Nacionais do mundo Bahá’í. A eleição é realizada no
Centro Mundial Bahá’í, localizado em Haifa, Israel.
Hatcher (2006), escritor Bahá’í, enfatiza que a organização dessa
comunidade Bahá’í é estruturada em torno de dois tipos básicos de instituições.
Primeiramente aquelas designadas a tomar decisões relativas à vida e às metas
da comunidade; que se consubstanciam nas Assembléias Espirituais Locais e
Nacionais e na Casa Universal de Justiça. E aquelas que funcionam para
proteger a comunidade Bahá’í e contribuir para a propagação da Fé, que são as
Mãos da Causa de Deus, os Corpos de Conselheiros e Seus Auxiliares.
duas diferenças principais entre as instituições que formam
esse dois ramos da Ordem Administrativa Bahá’í, segundo Hatcher (2006),
enquanto as Assembléias são instituições corporativas estabelecidas a partir de
eleição e funcionam pelo processo de decisão majoritária. Os Conselheiros e seus
auxiliares são designados pela Casa Universal de Justiça e pelos Corpos de
Conselheiros e atuam primariamente como servos individuais da Causa de
Bahá’u’lláh. A segunda diferença está na natureza da autoridade que cada uma
das instituições possui.
As Assembléias Espirituais têm o poder de tomar decisões
referentes à vida da comunidade; os conselheiros e os membros do Corpo
Auxiliar aconselham as Assembléias Espirituais e estimulam. A responsabilidade
final e autoridade para tomada de decisões repousam sobre as Assembléias
Espirituais. Podemos citar um exemplo sobre a responsabilidade e o papel das
Assembléias Espirituais, se um casal de Bahá’ís estiverem tendo conflitos graves
- 31 -
no seu casamento e quiserem se separar, a assembléia espiritual local é
responsável em verificar o que está ocorrendo e realizar um trabalho no decorrer
de um ano com esse casal a fim de colaborar para que eles tomem a melhor
decisão. Se acaso estiver ocorrendo qualquer tipo de atitude entre eles que viola
os princípios Bahá’ís, como o uso de droga ou violência física, a assembléia deve
intervir e levar o caso para a Assembléia Espiritual Nacional que tomará as
devidas providências. E importante frisar aqui que não existe expulsão da
comunidade Bahá’í o que ocorre em casos onde o comportamento social do
indivíduo esem desarmonia com os valores Bahá’is e prejudica a sociedade e a
própria imagem da religião na sociedade ele perde seus direitos administrativos,
ou seja, não poderá fazer parte das Assembléias Espirituais, da Festa de 19 dias
e não poderá contribuir para o fundo Bahá’is.
Segundo Weber (2001), a religião conforma um modo de vida.
Nela são originados certos impulsos e disposições psicológicas contribuintes para
a ação. Dessa forma, a religião é capaz de proporcionar a formação de formas de
compreender e agir no mundo. Possuidora de uma ética própria que abarca e
atende a interesses das camadas sociais que a ela aderem, permitindo a
reelaboração destes mesmos interesses nos contextos da ação.
De acordo com a concepção weberiana, a filiação a uma seita ou
religião é garantida pela adequação do converso a uma série de critérios religiosos
moralmente veiculados. A vida social e todas as suas nuanças são tratadas como
um processo contínuo e dinâmico de construção de sentido. A religião é dotada de
uma natureza específica, e não deve ser tomada puramente como existindo em
função da conjuntura social na qual está inserida ou simplesmente como seu
reflexo.
Toda religião inscreve uma ética peculiar, fruto do conteúdo de
suas próprias anunciações e promessas. Sendo assim, a religião Bahá’í é fruto do
- 32 -
legado deixado pelo seu fundador Bahá’u’lláh, (que se auto intitulou como o
prometido de todos os tempos) tem toda sua doutrina, toda visão de mundo
estruturadas nos ideais delineados por ele, ideais que fundamentam a ação de
cada indivíduo que adere a essa religião.
Clifford Geertz (1989) destaca que a religião, enquanto um
sistema cultural, atua como um modelo de referência para a ação na medida em
que induz o sujeito a certas disposições, ou seja, a execução de certos tipos de
ações, a experiência de determinados sentimentos ou estados de ânimo em dadas
ocasiões . Desse modo, inscrevendo um sistema de crenças e um universo
simbólico próprio, a religião opera como agente ordenador e significador do mundo
e, ao mesmo tempo, inculcador de um ethos e de uma visão de mundo. Ethos e
visão de mundo entendidos aqui, tal como Geertz (1989) define:
Ethos de um povo é o tom e a qualidade de sua vida,
seu estilo moral e estético, e sua disposição e a atitude
subjacente em relação a ele mesmo e ao mundo que a
vida reflete. A visão de mundo que esse povo tem é o
quadro que elabora das coisas como elas são na
simples realidade, seu conceito da natureza, de si
mesmo, da sociedade. Esse quadro contém suas
idéias mais abrangentes sobre a ordem. (Geertz, 1989,
p. 93)
O ethos Bahá’í enfatiza as qualidades morais que devem ser
expressas no comportamento social do homem, a forma de ser gentil e veraz,
desprendida, marcada por uma visão de mundo sem preconceito e discriminação
que eleve o ser humano a uma posição divina. Dentro do ethos Bahá’í, o estilo de
vida que se deve ter é estruturado na calma, no desprendimento das coisas
materiais, pois o verdadeiro sentido da vida está em servir a Deus através do
serviço à humanidade. Dessa forma, a atitude do Bahá’í perante a vida deve ser
sempre positiva, pois acreditam ser essa vida uma das etapas no processo de
evolução do “espírito” humano.
- 33 -
Para os Bahá’ís, a vida deve ser estruturada em uma ética que
valorize a “unidade”, princípio básico e fundamental dessa religião. Para atingi-lo
nas diferentes esferas da vida, o Bahá’í deve ter uma forma de agir, um modo de
vida caracterizado pela moderação.
5
Os Bahá’ís o encorajados a viverem de
forma que tragam a unidade, nunca podem fazer parte de movimentos sociais ou
políticos que se contraponham à ordem vigente; devem em suas ações trabalhar
para a implantação da justiça social e da paz, mas nunca se oponho ao sistema
ou ao governo para isso.
Parafraseando Geertz (1989) dentro da visão de mundo Bahá’í, o
homem esclarecido e evoluído espiritualmente tem em sua ação um profundo
equilíbrio psicológico e um comportamento elevado caracterizado por um padrão
de comportamento sereno, justo, no qual tanto em seus trajes, como em seus
gestos, fala, postura frente à vida, a si mesmo e ao outros sejam caracterizados
pelo profundo amor . O homem sábio tem confiança nos designo divino e é
desprendido das coisas desse mundo; vive em um estado de servidão.
A servidão não é apenas uma qualidade, mas um valor de suma
importância no seio da doutrina Bahá’í. A identidade do Bahá’í, aquilo que o
distingue dos demais indivíduos, se estrutura entre outras coisas mencionadas
na sua capacidade de servir a Deus através do serviço à humanidade. Os Bahá’ís
acreditam na implantação de uma sociedade mais justa, baseada nos valores
deixados por seu fundador e servem a humanidade trabalhando para a
implantação desses valores. Evidenciamos isso na fala dos adeptos entrevistados
que afirmam que ser Bahá’í é:
Ser Bahá’í é pensar no bem do mundo..... é o
comprometimento com o bem do outro , da
humanidade.. (105)
Ser Bahá’í você serve a toda a humanidade.” (33)
5
A moderação como característica da vida de um Bahá’í foi observada ao longo da pesquisa de
campo, pois em diversas vezes no decorrer das observações a moderação é citada e mencionada
como fundamental na ação cotidiana do homem para se atingir o equilíbrio na vida em sociedade.
- 34 -
Ser Bahá’í significa amar a todos e trabalhar para a
construção de um mundo melhor né. Pela paz mundial
tão esperada.” (54)
“Ser Bahá’í é você ter uma consciência voltada para a
humanidade. Não é ter uma consciência apenas
voltada para você . E voltar suas energias para o
próximo e trabalhar para transformar a humanidade. Se
esforçar o máximo para mudar a terra, melhorar o
mundo em sua volta e você gastar suas energias para
isso.” (90)
Eu não consigo dissociar a identidade Bahá’í a servir a
humanidade. E trabalhar para o bem das pessoas e
motivar a mudança dos homens, com um espírito de
amor ao próximo. E amar a humanidade e se você ama
você quer o bem e quer fazer alguma coisa para ela
(83)
Dentro da visão de mundo Bahá’í ser desprendido não significa
viver em estado de pobreza, isolamento social. Nesta concepção tudo que existe
foi criado por Deus; as boas coisas devem ser aproveitadas, o que deve ser
compreendido e que não se pode ser escravo das coisas desse mundo, pois são
passageiras.
Pode-se afirmar que a religião Bahá’í tem como princípio
fundamental a Unidade. Esse princípio norteia toda a visão de mundo e o ethos
Bahá’í. A partir desse princípio, o Bahá’í guia sua vida diária. Um dos
entrevistados afirmam que “o princípio maior é a unidade” (112 ) e afirma ainda
que devemos levar em consideração a unidade, não na minha comunidade,
mas mundial. Pensar que esse princípio pode mudar o mundo.(112)
O princípio da unidade é tão forte dentro da concepção de mundo
e do ethos Bahá’ís que um de seus símbolos é a estrela de 9 pontas. Essa estrela
simboliza a unidade religiosa, uma vez que cada ponta simboliza uma das nove
religiões que os Bahá’ís acreditam terem sido reveladas por Deus, sabeísmo,
hinduísmo, budismo, zoroastrismo, judaísmo, cristianismo, islamismo, babí e
Bahá’í. A arquitetura Bahá’í também é influenciada por esse princípio. Todos os
templos Bahá’ís espalhados pelo mundo têm 9 portas, simbolizando que
independente da religião Deus é único, simbolizado a unidade religiosa.
- 35 -
Podemos afirmar que a religião Bahá’í é mística. Dentro de sua
perspectiva, existe um único Deus, que é a Causa Suprema e o Criador de todas
as coisas. Para os Bahá’ís Deus é incognoscível em Sua essência. A realidade
divina é infinita santificada acima de ascensão, descida ou encarnação na forma
de um ser mortal. Acreditam que o homem pode alcançar o conhecimento de
Deus através de Sua Criação, como também através de seus profetas escolhidos,
os quais, para eles, são como espelhos polidos que refletem os atributos divinos e
revelam Sua vontade e sabedoria para os homens.
A visão de mundo Bahá’í estrutura-se, portanto, na idéia de que
uma única verdade religiosa, uma única religião, ou seja, a religião de Deus e,
assim como no plano material, o homem evolui; existiram transformações nesse
processo de evolução. No plano espiritual, Deus acompanha a evolução material,
enviando de tempos em tempos um mensageiro, para trazer a mensagem
específica para nova realidade humana.
A perspectiva religiosa Bahá’í’
6
se afasta de alguns pontos
existente na perspectiva religiosa cristã, não nega a Cristo
7
, mas não pactua com
idéias que estão inseridas no universo cristão. Para os Bahá’ís, não pecado,
não há redenção, nem purgatória, inferno ou paraíso. o existe a idéia de
punição ou recompensa. Dentro da visão de mundo Bahá’í, o mal não existe, pois
tudo o que foi criado por Deus é bom. o faz parte dessa crença a existência de
“forças malignas”; acreditam que o mal nada mais é que a ausência do bem; é a
imperfeição. Acreditam que os Bahá’ís devem procurar desenvolver-se
espiritualmente, através de uma vida livre do orgulho, pois, dentro da visão de
mundo Bahá’is, o egocentrismo é considerado um dos maiores obstáculos ao
progresso espiritual. Dentro desse ensinamento, o homem deve procurar conhecer
6
Seguindo a concepção de Geertz (1989) entende-se por perspectiva religiosa, como modo de ver,
no sentido mais amplo de “ver” como significado “discernir”, “aprender” e “compreender”.
7
Os Bahá’í devem amar e aceitarem Cristo como um mensageiro de Deus, que trouxe importantes
mensagens para humanidade em seu período histórico.
- 36 -
a si e dessa forma saber o que pode elevá-lo espiritualmente e o que atrapalha
essa evolução. Nesse contexto, o conhecimento de Deus libertará o Homem do
cativeiro de sua natureza inferior e lhe mostrará caminho para a felicidade.
É preciso levar em consideração que a visão de mundo de um
povo, seu ethos, sua identidade são construídas também pelo seu passado
histórico. É importante remeter-se à história Bahá’í para sua melhor compreensão.
1.1. Os Bahá’ís por eles mesmos
Faz-se necessário um estudo que vise compreender a ação social
dos Bahá’ís no Brasil, a fim de entender como a doutrina e os dogmas da
Bahá’í influenciam alguns segmentos da sociedade brasileira. É necessário então
traçar a história não há como entender sua ação, sem ir à gênese de sua
formação e entrar na biografia de seus fundadores.
Para traçar essa história, optamos por trazer o discurso de
intelectuais da própria Bahá’í por isso o subtítulo acima. Através deles será
descrita a História dos que os Bahá’ís denominam Manifestantes Gêmeos, Báb e
Bahá’u’lláh, mostrando a trajetória de vida de cada um e os caminhos percorridos
por eles enquanto fundadores da religião Bahá’í. Eles são denominados figuras
centrais dessa religião. Será mostrado como a mensagem deixada por eles
conseguiu, no decorrer dos séculos XIX e XX, superar as perseguições e ser
difundida por todos os continentes.
Em um segundo momento deste texto, procuramos mostrar como
ficou a religião Bahá’í após a morte das figuras centrais. Optamos em descrever
inicialmente quem foi Abdu’l-Bahá e a importância dele para a consolidação da Fé
- 37 -
Bahá’í e sua expansão para o Ocidente. O passo seguinte foi abordar o período
conhecido por Guardiania, quando a Religião Bahá’í entra em uma nova fase
administrativa e procurou expandir para todos os continentes.
ainda uma parte dedicada ao estudo da Religião Bahá’í no
Brasil, em que evidenciamos como aqui chegou a Fé Bahá’í na década de 20 (séc.
XX) e os principais acontecimentos registrados pelos seus seguidores ao longo do
tempo em que vem se desenvolvendo a História da Fé Bahá’í neste país.
Na perspectiva Bahá’í, Educação significa aprimoramento do
comportamento humano, uma forma de levar o homem a construir uma sociedade
mais harmoniosa por meio de um processo contínuo de desenvolvimento. Ao
mostrar o desenvolvimento histórico da religião Bahá’í, objetivamos evidenciar que
essa religião, ao longo de sua História, procura desenvolver uma cultura de paz e
que, especificamente no Brasil, ela está envolvida em projetos sócio-econômicos,
os quais não têm como finalidade exclusiva à divulgação de sua doutrina, mas que
se estrutura na idéia de engendrar, por meio da Educação, uma nova postura
frente à sociedade, uma postura mais ética e mais humana.
O discurso presente em toda literatura Bahá’í e nas próprias
escrituras deixadas por seus fundadores, desde a mais tenra época de seu
surgimento aponta a cultura e a Educação para paz. Esta linha foi reconhecida
pelos intelectuais da sua época como a marca dos fundadores.
A História da religião Bahá’í é composta pelo que os Bahá’ís
denominam das Revelações Gêmeas. Bab e Bahá’u’lláh o considerados pelos
Bahá’ís manifestantes gêmeos, pois em um curto intervalo de tempo, ou seja,
entre 1844 e 1863, no mesmo período histórico, ambos se auto-manifestaram
como fazendo parte da mesma revelação religiosa; eles são considerados, pelos
seus crentes, como fundadores de uma nova era religiosa. Segundo a literatura
Bahá’í, essa “Nova Era” religiosa é caracterizada pela idéia de unidade religiosa e
- 38 -
pela crença de que a religião evolui da mesma forma que a sociedade e, assim, de
tempos em tempos, é enviado um Mensageiro de Deus para “educar” os homens
através de seus ensinamentos.
A História dos manifestantes gêmeos inicia-se quando, no ano de
1844, mais precisamente no dia 23 de maio, Mirzá’Ali Muhammad se auto intitulou
como sendo o Báb, o mensageiro que abriria o caminho para que uma outra
Revelação ocorresse. Assim, o primeiro dos manifestantes Gêmeos surge para
deixar preparada a Humanidade para o “outro” se manifestar. A revelação do Báb
é considerada como de extrema relevância, pois acreditava-se que suas palavras
e a força da daqueles que o seguiam deixariam “o caminho preparado” para
que, em 1863, Bahá’u’lláh revelasse sua missão.
Dentro da literatura Bahá’í, ele é citado como o canal que ligaria a
humanidade a uma nova Era. Segundo os ensinamentos Bahá’ís, é uma Era
marcada pela unidade do gênero humano, em que toda a forma de preconceito
seria eliminada do coração humano; uma nova Era estruturada na “Paz Suprema”,
em que os homens viveriam guiados por princípios éticos elevados e trabalhariam
em prol da unidade e harmonia social. A chamada “Nova Era” é um modelo de
sociedade baseado nos princípios enunciados por Bahá’u’lláh,”. Mais além
analisaremos esses princípios.
Cabe salientar que no período da declaração de Báb, na Pérsia,
havia a expectativa e a crença de que o Prometido de Deus viria. Uma seita do
Islã que esperava a vinda do Prometido de Deus, denominado por eles de Qá’im
8
.
Um dos personagens dessa seita denominada na época de doutrina Shaykhin,
Siyyid Kázim, destacou-se por difundi-la por toda a Pérsia e pela enorme que
carregava no advento de um novo profeta. Dentro seus seguidores, ele deposita
confiança especial em um jovem chamado Mullá Husayn Bushrú’í e, após sua
morte, este jovem saiu à procura do Prometido.
8
A palavra Qá’im significa Aquele que se levanta.
- 39 -
Dizem os textos Bahá’ís que Mirzá’Ali Muhamad declarou ser o
mensageiro divino, para esse jovem que tinha plena confiança na aparição de
novo mensageiro de Deus.
Conforme aponta Esslemont (2001), a data exata da declaração
do Báb, segundo registros no livro sagrado Bayám, foi a véspera do quinto dia do
mês de Jamádiyu’l-Avval, 1260 A. H., isto é, 23 de maio de 1844 d.c, duas horas e
onze minutos depois do pôr-do-sol.
Rezam as tradições e os escritos Bahá’ís que Mullá Husayn não
aceitou imediatamente a idéia de ser aquele jovem Mirzá’Ali Muhamad, de apenas
25 anos, o prometido, aquele por quem ele procurara. Porém, após alguns dias de
investigação e rigoroso estudo, ele se convenceu da veracidade da declaração de
ser ele o mensageiro de muito esperado pelos xiitas. A partir dessa
constatação, ele compartilhou com vários amigos e a maioria dos shaykhís aceitou
o Báb, tornando-se conhecidos por bábis.
Os dezoitos primeiros discípulos do Báb foram denominados
“Letras do vivente”, sendo ele próprio a décima nona. Estes discípulos foram
enviados a diferentes partes da Pérsia e do Turquestão para anunciarem a
chegada do Báb, enquanto ele mesmo empreendeu uma peregrinação à Meca,
onde em dezembro de 1844 declarou abertamente sua missão.
Esses dezoitos primeiros discípulos foram enviados para sua
região de origem, com a missão de proclamar a nova mensagem. As Letras do
Vivente foram:
1. Mullá Muhammad –Alíy-I Bárfurúshí
intitulado Quddús.
2. Mullá Husayn-i-Bushrú’í, , intitulado Bábu’l-Báb
- 40 -
3. Mírzá Muhammad-Hasan-i-Bushrú’í, irmão de
Mullá Husayn.
4. Mírzá Muhammad-Báqiryn, sobrinho de Mullá
Husayn.
5. Mírzádo Muhammad-‘Alíy-i-Qazvíní, cunhado
de Táhirih.
6. Mullá Ahmad –i-Ibdál-I-Marághi’í.
7. Mullá Yúsuf-i-Ardibílí.
8. Mullá Jalíl-I-Urúmí.
9. Mullá Mahmúd-i-Khu’í.
10. Mullá ‘Alíy-I-Bastámí.
11. Qurratu’l-‘A m Táhirih, cujo nome original era
UmmSalamih.
12. Siyyid Husayn-i-Yazdí, conhecido como Kátib
(o Amanuense) e também ‘Azíz.
13. Shaykh Sá’íd-i-Hindú ( o Hindu).
14. Mulláh Báqir-I- Tabrízí.
15. Mírzá Hádíy-i-Qazvíní.
16. Mírzá Muhammad Rawdih-Khán-i-Yazdí.
17. Mullá Khudá-Bakhsh-i-Qúchání.
18. Mullá Hasan-í-Bajistání.
Dentre as Letras do Vivente, é importante ressaltar que havia uma
mulher, que passou para a história como Táhirih, a Pura. Faz-se relevante
enfatizar a presença feminina dentre os primeiros discípulos, pois aponta um dos
princípios que norteará toda a conduta e “ética” da religião objeto deste estudo, ou
seja, a igualdade entre homens as mulheres. Elas não são vistas como iguais,
mas ocupam posição de destaque por serem elas responsáveis pela formação e
criação das novas gerações.
- 41 -
Contam os textos Bahá’ís que com a divulgação do movimento por
esses dezoitos discípulos e a própria ação do Báb, fez com que o movimento Bábi
se difundisse rapidamente entre as diferentes camadas da população.
A mensagem do Báb e a religião fundada por ele foram
consideradas por parte dos doutores xiitas como sendo uma heresia. De acordo
com os relatos da época, relatos esses inseridos dentro da extensa bibliografia
Bahá’í, a eloqüência de suas palavras, o prodígio de Seus escritos pidos e
inspirados, com Sua sabedoria e conhecimento extraordinários, com sua coragem
e Zelo despertavam grande entusiasmo entre Seus discípulos, dando-lhe força e
certeza de que Suas palavras também traziam um grande efeito àqueles que O
consideravam um reformador herege.
Esses o denunciaram com veemência e persuadiram o
governador de Fárs, chamado Husayn Khán, um tirano fanático, a que
empreendesse a supressão da nova heresia. Começa, então, para o Báb uma
longa série de encarceramentos, deportações, interrogatórios diante de tribunais,
açoites e indignidades, que terminaram com Seu martírio em 1850, na cidade
de Tabriz, localizada no oeste da antiga Pérsia.
O fato dele ter se declarado como sendo o Báb provocou muita
hostilidade no meio islâmico. Porém essa hostilidade aumentou significativamente
quando o jovem reformador declarou ser Ele próprio o Mihdí (Mahdi, cuja vinda
Maomé predissera). Cabe esclarecer que esse Mihdí era identificado pelos xiitas
como o décimo segundo Imame, que, segundo suas crenças, desaparecera
misteriosamente entre os homens havia cerca de mil anos. Acreditavam que ele
ainda estivesse vivo e devesse reaparecer no mesmo corpo, e interpretaram em
seu sentido material as profecias relativas ao seu domínio, à sua glória, às suas
conquistas, e aos “sinais” de seu advento, justamente como fizeram os judeus no
tempo de Cristo com referência às profecias similares sobre o Messias.
- 42 -
Relatam os Bahá’ís que as acusações de ser Báb um herege e um
impostor ampliaram, quando ele se auto intitulou de “Nugtiviúlá” ou “Ponto
Primordial”, título esse aplicado ao próprio Maomé pelos seus discípulos. Até os
Imames tinham menor relevância em relação ao “Ponto Primordial”. Ao se auto
intitular “Nugtiviúlá”, ele se colocava entre os grandes fundadores de religião e,
dentro do contexto histórico da época, foi visto como impostor e, portanto,
perseguido.
Báb inaugurou um novo calendário, restaurando o ano solar e
indicando o ano de sua declaração como o início de uma “Nova Era”.
A literatura Bahá’is relata que as declarações do Bab e a rapidez
com que as pessoas de diferentes camadas sociais, ricas e pobres, doutoras e
ignorantes aceitavam Seus ensinamentos e passavam não apenas a segui-lo, mas
a proclamá-lo entusiasticamente fez com que uma onda de perseguições abatesse
os babis na tentativa de supressão do movimento. As autoridades Persas
lançaram uma impiedosa perseguição.
Conta a história que lares foram pilhados e destruídos, mulheres
agarradas e levadas embora. Adeptos foram executados em grande número em
Teerã, Fãrs, Mázidarán e outros lugares da Pérsia. Muitos eram decapitados,
enforcados, arremessados das bocas de canhões, queimados ou retalhados.
Essa tentativa de reprimir e conter o movimento babi o só falhou, como fez com
que seus adeptos tivessem mais convicção de que estavam no caminho certo.
Contrariamente do esperado pelos perseguidos, o Movimento progredia, pois
muitos homens da época viam naquele contexto histórico cumprir-se literalmente
as profecias a respeito da vinda do Mihdí.
- 43 -
O ano de 1850 foi marcado, de acordo com os textos Bahá’ís, por
uma violência e crueldade sem precedente contra a comunidade babí. A política
voltada a disseminar o movimento ganhou neste período um caráter mais trágico.
A violência era significativa na extensão, pois atingiu todas as regiões da antiga
Pérsia, como também nas atrocidades e injustiças cometidas.
Contam os textos Baháís que, neste mesmo ano, o próprio
fundador da nova religião, foi martirizado, no dia nove de julho, quando contava
com trinta e um anos de idade. Seu martírio se deu através do fuzilamento. Para
que se concretizasse o martírio, conta a narrativa Bahá’í, foram necessários dois
regimentos. O primeiro após descarregar 750 rifles diante de uma multidão de
cerca de dez mil pessoas não conseguiu cumprir sua tarefa, pois as balas apenas
soltaram o prisioneiro, Báb e um jovem de 18 anos, escolhido a morrer com ele.
Diante desse fato, os soldados desse regimento se recusaram a tirar novamente;
foi então chamado um novo regimento para levar em frente a execução.
De acordo com a literatura Bahá’í, os corpos dos dois foram
jogados num fosso do lado de fora da cidade e vigiados para impedir que algum
dos seguidores do Báb fosse retirá-los. Porém, apesar das sentinelas, os Babís
conseguiram retirar os corpos desse local e os restos mortais do Báb, depois de
guardados durante muitos anos em depósitos secretos na rsia, foram levados
para a Terra Santa e se encontram hoje enterrados numa sepultura situada no
declive do Monte Carmelo.
A outra figura da história desta religião, que compõe o quadro dos
Manifestantes Gêmeos, conforme mencionado acima, foi anunciado pelo Báb. Ele
ficou conhecido pelo título de Bahá’u’lláh, que significa “Glória de Deus”.
Teceremos algumas considerações biográficas sobre ele neste momento.
- 44 -
Nascido em 12 de novembro de 1817 ( 2 de Muharram, 1233 A H),
em Teerã, capital da Pérsia, Mírzá Husayn ‘Alí pertencia a uma família nobre. Seu
pai, Mírzá ‘Abbás de r, era um Vizir ou Ministro de Estado. Sua família era rica
e distinta, sendo que grande parte de seus membros ocupava cargos importantes
no governo e nos serviços civil e militar da Pérsia.
Segundo a literatura Bahá’í, ele era descendente por parte do pai
de Zoroastro, um Profeta de Deus, da Pérsia e Sua mãe era descendente do
Profeta Abraão, através de sua esposa Cetura. Ele também descendia de Jessé,
pelo lado de Seu pai, sua família era uma das mais antigas e famosas da Pérsia.
Ocupando dentro da sociedade da época uma situação privilegiada e tendo um
status elevado.
Aos vinte e sete anos de idade, tomou contato com as idéias e a
proclamada por Báb, através de um pergaminho escrito pelo Báb e,
instantaneamente, acreditou na veracidade da Revelação do Báb e tornou-se um
de seus seguidores, destacando-se por ser um grande difusor da mesma. Sofreu
perseguições e exílio por professar seguidor de Báb. O fato de ele ser membro de
uma das famílias mais nobres da época fez com que muitas outras pessoas
importantes ficassem interessadas e tornaram-se crentes. Ao mesmo tempo em
que ele atrairá pessoas para a Nova Revelação, o fato de ser um seguidor ativo do
Bab fez dele prisioneiro por duas vezes. A primeira se deu por ajudar a Táhirih e a
segunda quando estava a caminho do Forte Shaykh Tabarsí, onde os babís
estavam sendo atacados.
Conforme enuncia Johnson (1989), Sua fidelidade à Nova
Revelação, antes e após o martírio do Báb, agregado ao fato Dele ajudar os
discípulos do Báb a escaparem das perseguições, atraiu contra ele o ódio dos
clérigos fanáticos que passaram a vigiá-lo dia e noite.
- 45 -
Explicita a literatura Bahá’í que, no ano de 1852, um jovem
seguidor do Báb, conhecido por Sádiq, cometeu um atentado contra a vida do
e por conta desse episódio ocorreu uma nova onda de perseguição contra os
babís. Foi ordenado que todos os seguidores do Bab fossem punidos. Sádiq foi
capturado e executado e oitenta outros foram mortos em Teerã. Muitos outros
capturados e aprisionados. Nesta ocasião, Bahá’u’lláh foi preso e permaneceu por
quatro meses numa prisão denominada Síyáh-Chál, localizada em Teerã, que era
anteriormente utilizada como esgoto para a água suja vinda dos banhos públicos.
Esteve nesta época permanentemente acorrentado ao pescoço, mãos e pés.
Ressaltam os textos Bahá’iss que cinco outros babís estavam
acorrentados a ele noite e dia e, quando um deles se movia, as correntes
cortavam mais profundamente a todos. Nesta fossa escura, era impossível
qualquer forma de descanso e a pouca alimentação dada a Ele era envenenada
pelos guardas, fato esse que tornou precária a sua saúde por muitos anos. Foi em
meio as condições de adversidades que segundo a literatura Bahá’í, “Bahá’u’lláh
veio a saber que ele fora escolhido por Deus para levar avante o trabalho
iniciado pelo Báb. Assim foi Bahá’u’lláh designado como a Manifestação de Deus
para esta era. A data exata não é conhecida, mas isto ocorreu em algum momento
durante os meses finais de 1852.
Relatam os Bahá’ís que no período que Bahá’u’lláh esteve na
prisão, suas propriedades foram confiscadas pelo Xá e sua casa em Núr foi
completamente destruída. Sua casa em Teerã saqueada e seus móveis valiosos
foram roubados.
Contam os textos Bahá’ís que, após quatro meses na prisão, ele
foi liberado, mas recebeu ordem de deixar a Pérsia dentro de um mês. Não
revelou a ninguém naquele momento que era ele o manifestante de uma “nova
revelação religiosa”, aquele que Báb havia anunciado. Viveu exilado grande parte
de sua vida. Primeiramente foi para Aráq-íÁrab na Mesopotâmia e, em 12 de
- 46 -
janeiro de 1853, partiu para Bagdá. A viagem ocorreu durante o inverno, durou até
8 de abril de 1853. Após um ano que estava no exílio em Bagdá, no dia 10 de abril
de 1854, retirou-se para as montanhas do Curdistão, a nordeste de Bagdá, onde
permaneceu isolado durante dois anos. Esse isolamento voluntário ocorreu para
evitar discórdia entre os fiéis, pois neste período havia no seio de nova ões
dissidência, que se dava principalmente por parte de Mirzá Yahyá, que queria ser
o sucessor do Báb.
Esclarece a literatura Bahá’í que durante os sete anos que
permaneceu em Bagdá após o seu retiro, não revelou Ser o Mensageiro de Deus
que b havia anunciado. Nesta época, restabeleceu a unidade entre os bábis e
difundiu vigorosamente os ensinamentos e trabalhando intensamente para difundir
novos interesses aos bis. Nestes anos, ficou muito famoso e Seus
ensinamentos entusiasmavam pessoas de diferentes origens religiosas, como
Judeus, cristãos, zoroastrianos e maometanos. Sua fama chamou a atenção dos
mullás, que passaram a adotar uma postura hostil contra Ele, acusando-o de
prejudicar a religião islâmica e de exercer má influência devendo ser exilado
novamente para algum lugar distante.
Enfatizam os textos Bahá’ís que as perseguições de seus inimigos
não terminaram com exílio, fato esse que acabaram fazendo com que Ele fosse
banido do Iraque e de acordo com Taherzadeh
Os inimigos de Bahá’u’lláh, entre os quais se
encontrava o Cônsul Geral da Pérsia em Bagdá e
determinados sacerdotes, acabaram conseguindo fazer
com que Ele fosse banido novamente. Como
conseqüência de suas maquinações junto aos
Governos persa e otomano, o decreto do Sultão foi
emitido e Bahá’u’lláh solicitado a partir para
Constantinopla. Nas vésperas de Sua partida do
Iraque, em 1863, Bahá’u’lláh, nas cercanias de Bagdá,
declarou Sua missão a Seus companheiros, revelando-
se “Aquele que Deus tornará Manifesto”, Aquele
predito pelo Báb e tão esperado por Seus seguidores.
(2001, p. 20)
- 47 -
Dizem os Bahá’ís que após saber que seria novamente exilado,
Bahá’u’lláh permaneceu doze dias nos jardins de Najíb Páshá, localizado fora da
cidade de Bagdá, e foi entre os dias de 21 de abril e 2 de maio de 1863 que ele
declarou ser o enviado de Deus, o Prometido pelo Báb. Esses jardins passaram a
ser conhecidos como “Jardim de Ridván” e nesse período a comunidade Bahá’í do
mundo celebra o Festival do Ridvám, o mais significativo e sagrado de todos os
Festivais Bahá’ís.
Depois de permanecer por cinco meses na capital do Império
Otomano, seus inimigos novamente fizeram tudo para bani-lo. Conseguiram, desta
vez, para Adrianópolis, a cidade por ele denominada de “Prisão remota”. Lá, o Sol
de sua revelação ascendeu ao seu zênite e ele proclamou sua mensagem para o
mundo inteiro. Tendo suportado cinco anos de tribulações nesta cidade,
Bahá’u’lláh foi finalmente exilado para a cidade-prisão de ‘Akká, na Terra Santa.
De acordo com os documentos e a historiografia Bahá’í Missão de
Bahá’u’lláh, sua proclamação conheceu três estágios diferentes: o primeiro se deu
no calabouço de Síyáh-Chál em Teerã, quando o Espírito Divino revelou-se a
Bahá’u’lláh, anunciando-lhe ser ele o portador da Mensagem de Deus para essa
época.
Acreditam os Bahá’í que embora o nascimento de sua revelação
permanecesse desconhecido por uma década, como a alvorada, despertou almas
adormecidas, gradualmente despertando a em almas receptivas e preparando-
as para reconhecerem a Bahá’u’lláh.
O segundo estágio iniciou-se no Jardim do Ridván, onde Ele
declarou Sua Missão a alguns dos discípulos que se reuniram para Dele se
- 48 -
despedir. Agora, um pequeno número de almas privilegiadas estava ciente de Sua
posição.
O terceiro estágio foi a proclamação universal de Sua missão que
começou em Constantinopla. Ganhou considerável momento em Adrianópolis, e
alcançou seu ponto culminante de poder em Akká, último lugar de Seu exílio.
Bahá’u’lláh viveu setenta e cinco anos, tendo passado quarenta
destes na prisão ou exilado. Morreu em 29 de maio de 1892, às três horas da
manhã. A nova Fé, estabelecida por ele, que nascerá em uma região de conflitos,
onde por séculos o homem vem lutando em nome de Deus, traz como proposta a
Unidade Mundial, a Unidade Religiosa e a Unidade do Gênero Humano que
deverá ser alcançada através de uma Educação para paz, estruturada na crença
de que se pode transformar a mundo a partir das ões humanas, e os Bahá’í
acreditam que um dos caminhos para isso é a Educação.
Educação, como veremos, estruturada em princípios éticos e
espirituais, voltados para implantação de uma sociedade que tenha como meta a
convivência harmoniosa entre as diferentes culturas.
A segunda fase da religião Bahá’ í começa após a morte de
Bahá´u’ lláh, quando ele deixa, em seu testamento, seu filho ‘ Abbás Effendi, como
o responsável em levar adiante a fé por ele criada. Abbás Effendi, que mais tarde
adotou o título de Abdu’ l- Bahá
9
. Foi o filho mais velho de Bahá’ u’ lláh, que
coincidentemente, nasceu em Teerã, em 23 de Maio de 1844, naquela mesma
noite em que o Báb anunciou a Sua Missão a Mulla Husayn.
De acordo com a literatura Bahá’í, a partir do exílio em
Adrianópolis, ‘Abdu’l-Bahá começou a assumir um papel cada vez mais visível
junto de Bahá'u'lláh e a ganhar o afeto de todos os que o cercavam. Muitas vezes
9
‘Abdu’Bahá significa servo de Bahá, ou seja, servo da glória.
- 49 -
lhe eram delegadas responsabilidades, e muitos o viam como o “braço direito” de
Bahá'u'lláh; por vezes ele era um “escudo” para seu pai, e o raramente tinha de
ser representante dos Bahá’ís perante outras entidades políticas e religiosas.
Caracterizam os escritos Bahá’ís pelo profundo desapego às
coisas desse mundo e pela extrema generosidade para com o próximo, conforme
observou Balyuzi (2006). Suas ações eram nobres e marcadas por um profundo
amor a humanidade para com os pobres, doentes e todos os que necessitavam.
Durante toda sua vida, ele procurou cuidar dos necessitados,
incapaz de proferir uma palavra que ferisse o coração de quem quer que seja;
foi admirado pela sua nobreza de caráter. Procurou Servir a Humanidade, através
de ações marcadas pelo altruísmo e voltadas para implantar uma sociedade mais
harmoniosa estruturadas nos princípios Baha’is.
Segundo se observou nos documentos da história da religião
Bahá’í, ele fez de sua vida um exemplo a ser seguido por todos aqueles que
vislumbram um mundo melhor, um mundo em que a cultura da paz fosse
implantada. Ele é considerado o único exemplo de Bahá’í, o modelo a ser
seguidos por todos os crentes dessa religião.
De acordo com os Bahá’ís, Bahá’u’lláh designou-o como único
intérprete autorizado dos ensinamentos Bahá’ís e o dirigente da religião Bahá’í
após sua morte. Acreditava que dessa forma garantiria a unidade da religião. Ele
passou a ser o centro do convênio
10
Bahá’is, aquele que levaria adiante a religião
Bahá’is, difundindo-a no oriente e no ocidente.
10
O convênio é uma das marcas mais fortes da religião Bahá’is. Ele implica um acordo solene
entre duas partes, um pacto, no convênio de Bahá’u’lláh,há um acordo entre Deus, que através da
figura de Seu Manifestante trouxe ensinamentos que tem a capacidade de transformar as
condições tanto interiores como exteriores da vida na terra. Segundo a literatura Bahá’í o Convênio
de Bahá'u'lláh afeta-nos em todos os níveis da existência, das organizações sociais a vida
individual, pois seu propósito é estabelecer uma Nova Ordem Mundial, estruturada na Unidade e
na Cultura da Paz.
- 50 -
Afirmam os textos que Bahá’í, Bahá’u’lláh deixou um intérprete
autorizado para evitar uma compreensão de seus ensinamentos e, ao mesmo
tempo, garantir o estabelecimento de instituições, cuja meta é a realização da
unidade não só da religião Bahá’í mais do gênero humano.
‘Abdu’l-Bahá, ao ser nomeado como o centro do convênio, passou
a ter a responsabilidade de não apenas interpretar as escrituras deixadas por
Bahá’u’lláh, mas de executar os propósitos da nova no estabelecimento da
ordem administrativa Bahá’í . Relatam os escritos Bahá’ís que o fato de ser ele o
centro do convênio concede-lhe, dentro da História da religião Bahá’í, um papel
ímpar. Como sucessor de Bahá’u’lláh, ‘Abdu’l-Bahá tornou-se o centro tangível de
unidade em torno do qual o desenvolvimento da comunidade mundial Bahá’í viria
a girar.
Toda a literatura Bahá’í afirma que a grande diversidade da
comunidade Bahá’í deve seu impulso maior ao amor irrestrito com o qual ‘Abdú’l-
Bahá acolhia pessoas de todas as origens, interesses e personalidades, e a
maneira com que ele pacientemente nutria os que se mostravam sensíveis a seu
amor. Rezam a tradição Bahá’í que a vida de ‘Abdu’l´-Bahá foi a manifestação
perfeita de todos os ensinamentos morais, éticos e sociais deixados por
Bahá’u’lláh.
‘Abdu’l-Bahá, assumiu, portanto, em 1892, a liderança da religião
fundada por seu pai e demonstrou no período de seu ministério, que durou 29
anos, enorme conhecimento e capacidade de liderança. Foi prisioneiro de 1892 a
1908, fato esse que não o impediu de se dedicar para a divulgação da religião
Bahá’í.
No período em que se encontrava prisioneiro do Império Otomano,
com residência fixa na Palestina, 'Abdu'l-Bahá dirige as suas atenções para a
divulgação da religião Bahá’í na Europa e nos Estados Unidos. Nos últimos anos
do séc. XIX, são enviados vários Bahá’ís para esses continentes e formam-se os
- 51 -
primeiros grupos de crentes em Londres, Paris e em várias cidades americanas.
Fruto dessa divulgação e do entusiasmo que a mensagem de Bahá'u'lláh
despertou, em 1898, um pequeno grupo de peregrinos ocidentais viajou até à
Palestina e visitou 'Abdu'l-Bahá pela primeira vez.
No ano de 1908, aos 64 anos de idade, foi definitivamente
libertado. A partir dessa data, realizou viagens para o Egito, Europa e Estados
Unidos com o objetivo de divulgar a religião fundada por seu pai. Contam os
escritos Bahá’ís que essas viagens constituíram um momento importante, pois
nelas ele realizou encontros com políticos, jornalistas, escritores,diplomatas e
artistas e palestras em diferentes cidades.
Os temas das Suas palestras abordavam essencialmente os
princípios da Mensagem de Bahá'u'lláh: a independente pesquisa de verdade, a
unidade da raça humana, a unidade de todas as religiões, a condenação de todas
as formas de preconceito, a igualdade de direitos entre homens e mulheres, a
necessidade de Educação escolar obrigatória para todas as crianças, a adoção de
uma língua auxiliar internacional, a criação de uma comunidade mundial de
nações, o elogio do trabalho como uma forma de serviço, a glorificação da justiça
com princípio regedor das relações humanas, a defesa da religião como baluarte
na proteção do bem-estar de povos e nações e o estabelecimento da paz
universal como objetivo supremo de toda a humanidade.
Pouco depois de seu regresso à Palestina, rebenta a Primeira
Guerra Mundial, ‘Abdu’l-Bahá ficou novamente prisioneiro do governo turco.
Durante o período de guerra, ele organizou o armazenamento e distribuição de
alimentos para a população mais desfavorecida, fato esse que o levou a receber
em 27 de abril de 1920 o título de Knight (Cavalheiro) do Império Britânico.
Passou os últimos anos da sua vida na Palestina, recebendo
crentes e trocando correspondência com muitos outros. Faleceu na manhã de 28
de Novembro de 1921, após passar por uma breve enfermidade; no seu funeral
estiveram presentes milhares de pessoas de todas as religiões. No seu
- 52 -
testamento, nomeou sucessores à frente da Comunidade Bahá’í, o Seu neto
Shoghi Effendi
11
e a Casa Universal de Justiça
12
.
A importância histórica de ‘Abdu’l-Bahá dentro dos anais da
religião Bahá’í é inegável, pois não só realizou as obras do Sepulcro do Báb, como
foi o responsável pela consolidação dos alicerces dessa religião, mantendo a
unidade entre os crentes e divulgando-a para o Ocidente. Foi essencial para que
os Bahá’ís do mundo trabalhassem juntos com amor e unidade na estruturação de
sua religião. Ele é dito entre os Bahá’í como o único exemplo perfeito de Bahá’í,
modelo de vida e comportamento a ser seguido por todos aqueles que abraçam a
religião Bahá’í.
É relevante observarmos que, após a morte de ‘Abdu’l-Bahá, a
liderança da comunidade Bahá’í entrou em uma nova fase, pois evolui do estágio
de um único indivíduo para uma ordem administrativa baseada nos “pilares
gêmeos”, como é chamada pela historiografia Bahá’í, da Guardiania e da Casa
Universal de Justiça.
Esta ordem administrativa, da qual Shoghi Effendi era o lider, foi
concebida originalmente por Bahá’u’lláh e posteriormente detalhada por ‘Abdh’l-
Bahá em sua última vontade e testamento, no qual ele designou como Guardião
da Bahá’í, seu neto mais velho Shoghi Effendi, e que também mencionou à
futura eleição da Casa Universal de Justiça, um corpo legislativo do qual o
Guardião seria o "sagrado chefe e membro proeminente vitalício”.
Shoghi Effendi, contava com apenas 25 anos, quando foi
chamado a assumir a liderança da Fé Bahá’í. Nesta época, estava estudando no
Balliol College, na Universidade de Oxford. De acordo com relatos da época, ficou
transtornado ao saber da morte do avô e não esperava ser o escolhido a assumir
11
Shoghi Effendi é conhecido pelos Bahá’í como o Guardião da fé Bahá’í.
12
A Casa Universal da Justiça é a instituição Bahá’í que orienta os Bahá’í do mundo , ela é
composta de 9 membros e se localiza em Haifa, Israel.
- 53 -
a direção da Bahá’í. Para se preparar para tal responsabilidade e ao mesmo
tempo superar a dor pela perda do ‘Abdú-l-Bahá, passou vários meses em
reclusão. Esse período em que esteve afastado deixou sua tia-avó,
Bahíyyih Khánum responsável em cuidar sobre os assuntos da Fé.
Este jovem nascido em de março de 1897 procurou ao longo
dos 36 anos que esteve à frente da religião implementar a Ordem Administrativa
Bahá’í e desenvolver a religião fundada por seu bisa internacionalmente,
difundindo os ensinamentos Bahá’ís por todos os continentes. O período em que
esteve no comando da Fé Bahá’í é conhecido como Guardiania.
Dentro da história da Bahá’í, a Guardiania tem um papel de
extrema relevância, pois, de acordo com a extensa bibliografia Bahá’í , ela é o
instrumento de Bahá’u’lláh para possibilitar a continuação da interpretação infalível
de sua palavra, a instituição teve como responsabilidade não apenas difundir os
ensinamentos de Bahá’u’lláh em todos os continentes, mas também de organizar
a estrutura administrativas seguidas pelo Bahá’ís do mundo todo atualmente.
Dizem os escritos Bahá’ís que Shoghi Effendi deixou clara a
existência de uma interconexão entre a Guardiania e a Casa Universal de Justiça,
instituições que ele atribuía como sendo de origem divina e essenciais em suas
funções e complementares em seus fins e propósitos. Ambas tinham o propósito
comum de salvaguardar a unidade dos Bahá’ís e manter a integridade e
flexibilidade dos ensinamentos deixados pelos fundadores da Fé Bahá’í.
Faz-se necessário esclarecer que, apesar da existência dessa
interconexão entre a Guardiania e a Casa Universal de Justiça, essa última foi
constituída no de 1963, após 5 anos que Shoghi Effendi havia morrido. Durante
sua Guardiania, ele trabalhou de forma incansável para estabelecer e desenvolver
os corpos legislativos nacionais da ordem administrativa Bahá’í, tendo por meta a
- 54 -
eleição da Casa Universal de Justiça e o pleno desenvolvimento em todos os
aspectos, da ordem instituída por Bahá'u'lláh.
Segundo os Baha’ís, o período da Guardiania foi extremamente
rico para o desenvolvimento da Fé Bahá’í, pois o legado deixado por Shoghi
Effehdi, de acordo com Araújo (1999) foi inestimável. Além de ter sido o intérprete
e expositor autorizado dos ensinamentos deixados pelos fundadores da Fé Bahá’í,
levou avante os planos globais para expansão mundial de sua fé, indicando
territórios e localidades onde os Bahá’ís deveriam ser pioneiros e levar a
mensagem de Bahá’u’lláh; traduziu volumes das escrituras sagradas Bahá’ís dos
originais em persa e árabe ao inglês, além de escrever um relato histórico do
primeiro culo da Bahá’. Dedicou-se também a desenvolver e embelezar as
propriedades do Centro Mundial Bahá’í em Haifa e Acre, na Terra Santa.
Uma das maiores preocupações do Guardião era com o
crescimento e a consolidação das comunidades Bahá’ís tanto locais, nacionais e
internacionais. Nesta época, Shoghi Effendi mantinha correspondência com
muitos crentes e comunidades, estimulando as atividades e incentivando a cada
crente individual a seguir como pioneiro. De certa forma ele convocava a cada um
a servir e os orientavam quanto à nova estrutura administrativa que estava sendo
construída e que deveria ser seguida por todos os Bahá’ís do planeta.
De acordo com Rabbani (2003), ele delineava as condições
necessárias ao estabelecimento de Assembléias Espirituais Locais e Nacionais e
estabelecia as diretrizes para as eleições de Assembléias, assim como descrevia
os parâmetros de seu funcionamento. Ele foi o alicerce para a construção da
ordem administrativa Bahá’í. Através do seu trabalho o funcionamento dessa
ordem, ele encontrou um caminho seguro, harmonioso e eficiente em todo o
mundo Bahá’í.
- 55 -
Para os Bahá’ís, assim como ‘Abdu’l-Bahá, Shoghi Effendi
salvaguardou a unidade da Bahá’í, através de um árduo trabalho de
administração. Foi o construtor de uma ordem administrativa baseada nos escritos
de Bahá’u’lláh e ‘Abdu’l-Bahá, que o guiaram para a estruturação da nova fase da
Bahá’í, onde foi estabelecida a instituição que até hoje organizam todos os
assuntos da comunidade Bahá’í levando enfrente os ideais que fundamentam a
existência dessa Fé, ou seja, a formação de uma sociedade mais justa,
estruturada na paz e na fraternidade e na unidade humana.
Paralelamente ao desenvolvimento da ordem administrativa, ele
coordenava uma série de planos de ensino traçados para a expansão sistemática
da comunidade Bahá’í ao redor do globo. Homens e mulheres, voluntários Bahá’ís
conhecidos como “pioneiros”
13
espalharam-se em diferentes regiões do mundo
para divulgar a Fé Bahá’í e fundar comunidades Bahá’ís.
E importante esclarecer que os planos de ensino continuam sendo
usados pela Casa Universal de Justiça até os dias de hoje. Por meio deles são
traçadas as metas da comunidade Bahá’í em todo o mundo. Eles são, de certa
forma, diretrizes para que seja garantida a expansão e consolidação da Fé Bahá’í.
Durante o período da Guardiania, os Bahá’ís dos Estados Unidos
levantaram-se entusiasmados para servirem como “pioneiros” Bahá’ís em
diferentes partes do mundo, foi neste momento que duas mulheres pioneiras
foram levar a mensagem de Bahá’u’llah para o Brasil, portanto a história da
Bahá’í no Brasil esta intrinsecamente ligada as ações de Shoghi Effendi em prol
do crescimento da Fé Bahá’í.
Quando Shoghi Effendi foi designado Guardião da Bahá’í, não
havia nenhum corpo administrativo nacional dentro da comunidade Bahá’í. Ao
tempo de seu passamento, havia 26 e ao término do Plano de Dez Anos, criado
13
Os pioneiros foram os responsáveis para o estabelecimento da religião Bahá’í em diferentes
partes do mundo, inclusive no Brasil. Eles tem dentro fé Bahá’í um valor inestimável, pois
abandonam seus lares e seguem a um lugar desconhecido com o objetivo de ensinar.
- 56 -
por ele para expansão e consolidação global da Fé Bahá’í que se deu entre os aos
de 1953 e 1963 , havia 56 Assembléias Nacionais Bahá’ís.
Shoghi Effendi faleceu inesperadamente em 4 de novembro de
1957, após 36 anos de serviços à “Causa de Deus”, conforme Rabbani (2003),
que através de incansável espírito de servitude conseguiu não apenas estruturar a
ordem administrativa Bahá’í, mas levar o movimento religiosa Bahá’í para todas
as partes do nosso planeta e transformá-lo em uma comunidade religiosa de
caráter multiétnico e multicultural.
1.2. A Fé Bahá’í no Brasil
A História da Bahá’í no Brasil está intrinsecamente relacionada
com a ação do Guardião durante o tempo em que esteve à frente da
administração da Fé Bahá’í, pois os primeiros Bahá’ís a pisarem em solo brasileiro
na condição de pioneiro, com o objetivo de difundir sua religião, vieram
estimulados pelas palavras de Shoghi Effendi em prol do serviço como pioneiros.
É importante enfatizarmos que a primeira Bahá’í a trazer para o
Brasil a Mensagem de Bahá’u’lháh, foi uma jornalista norte americana, Martha
Root, que logo após a convenção anual Bahá’í de 1919, em Nova Iorque, decidiu
partir para a América do Sul, a fim de ensinar a Bahá’í nesta parte do
continente. O período em que permaneceu no Brasil fez contatos em jornais,
bibliotecas e em diferentes tipos de associações. Percorreu diferentes cidades
como Belém, Fortaleza, Recife, Maceió, Salvador e Santos.
Após sua visita ao Brasil, continuou a manter contatos regulares
através de correspondência com os primeiros simpatizantes em Santos e
- 57 -
enviando-lhes materiais, assim como animando a Bahá’ís de outras partes do
mundo a virem para o Brasil. Martha Root, segundo a historiografia Bahá’í, lançou
as sementes das palavras de Bahá’u’lláh no Brasil, sementes estas que foram
posteriormente semeadas com a Chegada da primeira pioneira Bahá’í no ano de
1921.
De acordo com os documentos e textos Bahá’í Leonora Stirling
Armstrong, uma jovem norte-americana embarcou de Nova Iorque com destino ao
Brasil, em 15 de Janeiro de 1921, sem conhecer uma palavra de português.
Sozinha e com poucos recursos financeiros, chegou para iniciar sua vida como
pioneira no Brasil. Passou alguns dias no Rio de Janeiro e de partiu para
Santos, cidade onde havia um contato de Martha Root, Sr. Ângelo Guido Gnocchi,
que a acolheu no período em que esteve em Santos.
A primeira fase de pioneirismo foi extremamente difícil para esta
jovem: participou de um Congresso Nacional de Esperanto e fez uma
apresentação a respeito da Bahá’í. Conseguiu publicar artigos em Jornais e
revistas e ensinou a Bahá’í a todos os que conheciam. Permaneceu pouco
tempo em Santos. No ano de 1922, decidiu voltar para Nova Iorque, porém, antes
de sua partida, fez uma viagem pelas principais cidades do país, divulgando a
Bahá’í. Nesta viagem, fez muitos contatos importantes e encontrou nos diferentes
lugares em que passava pessoas interessadas em conhecer a Fé Bahá’í.
De acordo com Marques (2006), Leonora, nos diferentes portos
por que passava entre o Rio e Belém, como Vitória, Aracajú, Maceió, Cabedelo,
Natal, Fortaleza e São Luiz, embora fosse curta a permanência, houve tempo para
visitar editores de jornais e, em algumas cidades, contatar espiritualistas e outros
grupos e, em certa ocasião, foi dada uma palestra em uma loja Maçônica.
Retornou a Nova Iorque no final de 1922, mas retorna ao Brasil
em dezembro de 1923, desta vez na companhia de sua irmã e de Maude Mickle.
- 58 -
Em abril de 1924, chegou a Salvador, onde serviu como pioneira por muitos anos
e elegeu a primeira Assembléia Espiritual Local dos Bahá’ís da Bahia e da
América do Sul no ano de 1940, após quase 20 anos de dedicação e esforços de
Leonora e de todos os que a cercavam. A primeira Assembléia foi composta pela
Srª Worley, Leonora, Antonia Miranda, Manoel Antonio dos Santos, Eugenio
Miranda, Maria Rocha Santos, Hortência Monteiro Sacramento e Hilda Rocha
Santos.
Após a Assembléia Bahá’í da Bahia, foi eleita em 1946 a
Assembléia Espiritual Local dos Bahá’ís do Rio de Janeiro, e em 1947 a
Assembléia Espiritual Local dos Bahá’ís de São Paulo. Nesta primeira fase da
Religião Bahá’í no Brasil, toda a atenção se voltava em realizar um proselitismo
junto a brasileiros, objetivando a formação das Assembléias e o crescimento da
comunidade Bahá’í entre a população originária da “terra”, ou seja, os nativos.
Dessa forma, a religião Bahá’í se insere na categoria de religião universal; não se
enquadra em hipótese alguma na categoria de religião de preservação de
patrimônio étnico-cultural.
A segunda fase da História da Religião Bahá’í no Brasil está
interligada à história da nos países da América do Sul e à Cruzada Espiritual
Mundial Bahá’í de 10 anos. Esse fato se evidencia, entre outras coisas, com a
realização de congressos e conferências de ensino de forma regular em diversos
países da América do Sul e participavam deles delegados dos diferentes países.
E, a partir da eleição em Abril de 1951 da primeira Assembléia Nacional do
Continente Sul americano, manteve-se durante cinco anos, quando em 1956
passaram a ser duas, uma dos 05 países do Sul Chile, Argentina, Uruguai,
Paraguai e Bolívia e outra dos 05 países do Norte Venezuela, Equador,
Colômbia, Peru e Brasil.
Nesta segunda fase ou etapa da história da no Brasil,
começaram a chegar os primeiros pioneiros Bahá’ís iranianos. A primeira família
- 59 -
iraniana a chegar ao Brasil foi a família Taherzadeh no ano de 1955. Após ela,
chegaram as famílias Sihihí, Soltani, Eghari e muitas outras. As famílias se
dirigiram para o sul e sudeste do país, locais onde seria mais fácil a adaptação e
encontrar trabalho. Quando as famílias iranianas aqui chegaram havia Bahá’ís
brasileiros, frutos do trabalho pioneiro da norte-americana que aqui havia vindo
ensinado a Fé Bahá’í.
A chegada das famílias iranianas intensificou as atividades
Bahá’ís pelas diferentes regiões do país: Rio de Janeiro, São Paulo, São Vicente,
ABC Paulista, Curitiba, Porto Alegre, são algumas das cidades onde os pioneiros
se dirigiram e passaram a realizar um trabalho de ensino através da divulgação da
em jornais, palestras e reuniões nas casas onde eram convidadas as pessoas
a participarem.
O ano de 1957 contou com a fundação da Editora Bahá’í no Brasil;
o Sr. Djalal Egrari a fundou e foi seu gerente por 26 anos. A importância dessa
editora no processo de desenvolvimento da Fé Bahá’í no Brasil é significativa, pois
por meio de suas publicações os Bahá’ís poderiam tanto se aprofundar nos
ensinamento Bahá’ís, como divulgarem as idéias de Bahá’u’lláh. A Editora Bahá’í
do Brasil, hoje.
No início da década de 60, o quadro de desenvolvimento da
comunidade Bahá’í no Brasil era de Comunidade com Assembléias Espirituais
Locais em Salvador, Niterói, Rio de Janeiro, o Paulo, São Caetano, Campinas,
Curitiba e Porto Alegre. Grupos de Bahá’í em Recife, Belo Horizonte, Cachoeira
Dourada (Goiás) Mogi Mirim, Poços de Caldas e Santos, Bahá’ís isolados em
Belém (PA) Jacareí (SP), Amargosa (BA), Petrópolis (RJ), Cruzeiro (SP) e
Martinhos (PR) , nesta época não possuíam Bahá´’ís os Estados do Amazonas,
Maranhão, Piauí, Ceará Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe e
Espírito Santo.
- 60 -
No ano de 1961, foi eleita a primeira Assembléia Espiritual
Nacional dos Bahá’ís do Brasil, a qual foi composta por Edmund Miessler, Habib
Taherzadeh, Rangvald Taetz, Ildemir Lima, Vivaldo Ramos, Dr. Mário Dantas, Sra.
Margot Worley, Muriel Miessler e Nilza Taetz.
A partir dos anos 70, iniciou-se o período de consolidação da
Bahá’í no Brasil, seguindo as orientações da Casa Universal da Justiça e o Plano
de Nove Anos. Procuraram dirigir-se para as capitais brasileiras em que ainda não
havia Bahá’ís e estabelecerem nelas Assembléias Espirituais Locais. A grande
preocupação dos Bahá’ís era o ensino. Assim em diferentes partes do Brasil eram
realizadas palestras com temas voltados para os princípios Bahá’ís da Igualdade
entre o Gênero Humano, Paz Mundial, Eliminação de Preconceito e sobre a
própria Bahá’í, reuniões e exposição em praças objetivando levar a mensagem
de Bahá’u’lláh ao maior número de pessoas possível.
Os Bahá’ís procuravam divulgar as idéias de Bahá’u’lláh em
jornais de cada região onde serviam como pioneiros e, de acordo com depoimento
dado pela Sra. Shoghi, procuravam nas diferentes regiões do país fazer contato
com os jornais e escrever artigos. Isso ocorreu no ABC paulista, na cidade de
Santo André, onde a comunidade Bahá’í manteve durante algum tempo uma
coluna em que faziam artigos sobre temas de interesse do público e divulgavam
ao mesmo tempo os ideais Bahá’ís. Nesta época, muitos brasileiros de diferentes
regiões do país passaram a sair como pioneiros ou instrutores viajantes,
procurando “servir” a Fé nas diferentes regiões do país.
Servir a significa, na verdade, dedicar-se ao ensino de seus
ensinamentos ao maior número de pessoas possível e ao mesmo tempo trabalhar
para que os propósitos de Educação para paz, de igualdade na diversidade,
eliminação de preconceitos sejam estabelecidos na sociedade. Ao servir a Fé,
acredita-se estar servindo a humanidade, uma vez que o propósito fundamental da
Bahá’í é a estruturação de uma sociedade mais harmoniosa. Neste processo
- 61 -
de pioneirismo, a mensagem de Bahá’u’lláh foi levada para diferentes
comunidades indígenas.
Os anos 80 foram marcados por uma acentuada preocupação
com projetos sócio-econômicos, voltados mais especificamente para a Educação.
Assim, foram criadas diferentes instituições de cunho educacional, objetivando ao
mesmo tempo difundir as idéias Bahá’í e colaborar para a formação de uma
sociedade mais harmoniosa e implantar uma cultura de paz estruturada na idéia
de que a Educação é um dos pilares fundamentais para a transformação social.
Criou, assim, em diferentes regiões do país, instituições voltadas para a
Educação.
Em Brasília (DF), criou-se a Escola das Nações, que propicia uma
Educação voltada para conceitos de unidade da humanidade e de cidadania
mundial; em Manaus (AM), possui a ESCOLA VOCACIONAL MASSROUR; em
Iranduba (AM) estabeleceu o INSTITUTO POLITÉCNICO RURAL; na Ilha do
Marajó, em Salvaterra (PA), ofereceu àquela coletividade o CENTRO
EDUCACIONAL DE SALVATERRA; no interior do Estado de São Paulo dirige a
ASSOCIAÇÃO MONTE CARMELO, destinada a educar crianças carentes e tem o
seu CENTRO EDUCACIONAL BAHA’Í SOLTANIÉH. Na Bahia, existem diversos
projetos de desenvolvimento para as populações carentes na periferia de
Salvador, dentre outros mais.
Segundo os Bahá’í, a Comunidade Bahá’í foi a primeira
organização não-governamental formalmente acreditada junto às Nações Unidas,
cerca de 50 anos, apoiando todas as ações das Nações Unidas para o
estabelecimento da paz mundial, tolerância e o entendimento entre os povos do
mundo. Seu envolvimento com projetos voltados para a implantação de uma
cultura de Paz e de uma Educação voltada para resgatar a essência do homem,
trabalhando princípios éticos e a cidadania mundial, está relacionada à própria
- 62 -
doutrina deixada por Seu Fundador Bahá’u’lláh. Nos anos 80, a comunidade
Bahá’í brasileira se envolveu efetivamente em um movimento pela Paz e em
diferentes regiões e cidades brasileiras foram realizadas passeatas, palestras em
diferentes instituições civis.
Vale ressaltarmos que, em 1986, designado pelas Nações Unidas
como sendo o Ano Internacional da Paz, a Comunidade Bahá’í do Brasil recebeu a
máxima distinção daquele importante Ano Internacional como "Mensageira da
Paz", em documento oficialmente expedido pelo Secretário-Geral das Nações
Unidas, Dr. Javier Perez de Cuéllar.
Os Bahá’ís do Brasil participaram efetivamente da Eco 92 e dentro
de sua política de implantação da Paz durante a realização da Conferência
Mundial para Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Comunidade Bahá’í dirigiu a
palavra a todos os Chefes de Estado e Governo na Conferência Oficial e ofereceu
à cidade do Rio de Janeiro e a todos os que promoveram a Conferência Mundial,
o belo monumento em forma de ampulheta, dedicado à Paz Mundial, estabelecido
no Aterro do Flamengo, e concebido pelo renomado artista Siron Franco, que
também é um membro da Comunidade Bahá’í. Na cintura do monumento, foram
colocadas porções de terra de 85 países, exemplificando a conhecida frase de
Bahá’u’lláh de que "a terra é um só país e os seres humanos seus cidadãos".
1.3. A doutrina Bahá’í
Marx Weber mostra que a religião é uma forma particular de agir
em comunidade. Dessa forma, cada movimento religioso traz em seu bojo
determinadas orientações para seus seguidores, orientações de conduta, uma
- 63 -
forma de agir na comunidade que garantem de certa forma o vínculo social entre
os diferentes sujeitos sociais que se inserem em uma determinada realidade
religiosa.
Neste momento do trabalho, mostraremos a forma particular de
agir dos Bahá’ís, evidenciando a doutrina Bahá’í
14
. Por ser uma religião
independente, possui suas próprias leis e escrituras sagradas. Seu livro mais
sagrado, aquele que contém todas as orientações sobre o modo de vida que deve
seguir cada Bahá’í, é o Kitáb-l-Aqdas. Neste livro, segundo os Bahá’ís, estão
inseridas todas as leis e determinações que eles devem seguir em suas vidas. É a
partir dele que cada “crente” procura agir no seu cotidiano. E a partir dela que se
podem compreender o ethos e a visão de mundo Bahá’í analisadas no inicio
deste capitulo.
Os Bahá’ís possuem um calendário próprio, que se inicia na data
de 1844. Esse calendário tem 19 meses de 19 dias com 4 ou 5 dias adicionais
conhecidos por “Dias Intercalares”. O dia Bahá’í é contado a partir do pôr-do-sol e
o ano começa em 21 de março. Os 19 meses possuem nomes que ressaltam os
atributos de Deus. O ultimo mês do ano, conhecido como Sublimidade é o período
de jejum.
Os meses Bahá’ís são:
Bahá que significa Esplendor e inicia-se em 21 de março;
Jalál; que significa Glória é inicia-se em 9 de abril;
Jamál que significa Beleza é inicia-se em 28 de abril;
‘Azamat que significa Grandeza é inicia-se em 17 de maio;
Núr que significa Luz é inicia-se em 5 de junho
14
Entende-se por doutrina Bahá’í o conjunto de orientações que existem dentro desta religião e
que procuram orientar a vida espiritual, social, individual e comunitária de seus seguidores.
- 64 -
Rahmat que significa Mercê é inicia-se em 24 de junho
Kalimát que significa Palavra é inicia-se em 13 de julho;
Kamál que significa Perfeição e inicia-se em 1 de agosto;
Asmá’que significa Nomes e inicia-se em 20 de agosto;
‘Izzat que significa Força e inicia-se em 8 de setembro;
Mashíyyat que significa Vontade e inicia-se em 27 de setembro;
‘Ilm que significa Sabedoria e inicia-se em 16 de outubro;
Qudrat que significa Poder e inicia-se em 4 de novembro;
Qawl que significa Discurso e inicia-se em 23 de novembro;
Masá’il que significa Perguntas e inicia-se em 12de dezembro;
Sharaf que significa Honra e inicia-se em 31 de dezembro;
Sultán que significa Soberania e inicia-se em 19 de janeiro
Mulk que significa Domínio e inicia-se em 7 de fevereiro;
‘Alá’ que significa Sublimidade e inicia-se em 2 de março.
Os Bahá’ís são monoteísta e acreditam que Deus, para se fazer
conhecido, tem de ser manifestado através de inspirados profetas, chamados
pelos Bahá’í de manifestantes de Deus
15
. São eles os fundadores das grandes
religiões mundiais que para os Bahá’ís são: O Hinduísmo através de Krishna, O
Judaísmo através de Moisés, o Cristianismo através de Jesus Cristo, o Budismo
através de Buda, o Islamismo através de Maomé, a Babi através de Báb e a
própria Bahá’í através de Bahá’u’lláh
16
. O conhecimento de Deus tem sido
contido, portanto, nos livros sagrados da humanidade: o Pentateuco ou Antigo
Testamento (Judaísmo), o Bhagavad-Gita ( Hinduísmo) , o Tri-Pitakas ( Budismo),
o Novo Testamento ( Cristo), o Alcorão ( Maomé), o Kitáb-i-Aqdas ( Bahá’u’lláh).
15
Para os Bahá’ís os manifestantes de Deus é o elo que liga o criador ( Deus) a criatura (homem).
16
Dentro da concepção dos Bahá’í Báb e Bahá’u’lláh fazem parte da mesma revelação religiosa.
- 65 -
Aponta a literatura Bahá’í que uma característica comum a todas essas etapas
religiosas: o seu perfil de progressividade e o seu caráter profético. Um traço
comum em todas essas mensagens é justamente o de lançar profecias e também
de cumprir as profecias do passado.
Os Bahá’ís acreditam que a Palavra de Deus está contida nestes
livros sagrados e estas devem ser reputadas como verdadeiras e capazes de
proporcionar a maior revolução de todos os tempos: o aprimoramento do caráter
humano. Portanto, podemos apontar como um dos princípios fundamentais da
Bahá’í o aprimorar do caráter humano. Para isso, os Bahá’ís dizem que não se
deve esperar uma vida melhor em outro plano espiritual apenas, mas é
necessário transformar o mundo em que se vive; eles pensam que o mundo
será transformado com a mudança no caráter humano, com o homem tendo
ações estruturadas na unidade do gênero humano e livre de qualquer forma de
preconceito. E forte a idéia de que os Bahá’ís devem procurar ter ações que leve a
mudança do mundo hoje, o estruturam sua visão de mundo na predestinação,
ou na esperança de uma salvação em outra vida, mas na consciência de que não
salvação individual. A fala de um dos entrevistados deixa esse ponto bastante
claro:
Dentro da fé Bahá’ínão existe salvação individual, não
há salvação individual na fé Bahá’í, quando seu vizinho
não estiver também salvo, e a salvação coletiva, o fato
de eu ser Bahá’í e acreditar que Bahá’u’lláh ´e o
mensageiro de Deus não me faz salvo de nada, se eu
não me dedicar para desenvolver no mundo ao meu
redor de mudar esse mundo com ações. (87)
Conforme foi visto no inicio deste capítulo, a unidade e a
eliminação dos preconceitos marcam de forma acentuada o ethos e a visão de
mundo Bahá’í. Cabe salientar que segundo os Bahá’í para se “aprimorar o caráter
humano” destaca-se o papel da Educação. Com essa visão, os Bahá’ís em todo
mundo desenvolvem projetos sócio-econômicos e educacionais voltados para
- 66 -
atingir esse objetivo e difundir sua fé. Um dos instrumentos utilizado por eles para
isso são os institutos
17
.
Dentro a visão de mundo Bahá’í e segundo os ensinamentos de
Bahá’u’lláh, “o objetivo fundamental que anima a de Deus e Sua Religião é
proteger os interesses da humanidade e promover a unidade, e nutrir o espírito de
amor e amizade entre os homens.(ESSLEMONT,2001, p. 114).
Os textos sagrados Bahá’ís afirmam que o homem ingressou em
um novo estágio civilizatório, em um tempo de maturidade, tempo que será
marcado pela unidade.
Observamos dentro de toda a literatura Bahá’í a existência de três
princípios básicos e fundamentais na Bahá’í: A unidade de Deus, a unidade da
humanidade e a unidade da religião. Verificamos que a unidade é, portanto, a
palavra chave dessa doutrina. Primeiramente a idéia de unidade de Deus, que traz
em seu bojo o conceito de paz e harmonia religiosa, pois se um único Deus,
não importa a religião que se segue.
A unidade da Humanidade, enquanto segundo princípio básico da
Bahá’í, se estrutura na idéia de que a raça humana é uma espécie unificada, e
que enquanto única a ter a consciência e o conhecimento de Deus deve
compreender que todos os povos têm as mesmas capacidades essenciais
concedidas por Deus e que independente das diferenças físicas, a humanidade
constitui, portanto, uma raça, onde a cor da pele e a textura do cabelo são
diferenças superficiais e nada tem a ver com qualquer suposta superioridade de
um grupo étnico sobre outros.
17
Os institutos Bahá’ís são um programa de capacitação de recursos humanos utilizados por eles
em todo o mundo.
- 67 -
Estruturada no princípio de que a humanidade constitui uma
mesma espécie, os ensinamentos Bahá’ís abominam e rejeitam todas as teorias
de superioridade racial, por serem baseadas em falsa imaginação e ignorância.
Cabe enfatizar que o princípio da Unidade do Gênero Humano é o eixo no qual
giram todos os ensinamentos de Bahá’u’lláh e visto pelos Bahá’ís como um
princípio que representa consumação da evolução humana e que, de acordo com
Shoghi Effendi ( 2003 ), implica uma transformação na estrutura de nossa
sociedade que veio evoluindo desde seus primórdios no despontar da vida em
família, a solidariedade tribal, a cidade-estado e a expansão para as nações
independentes. Assim, o princípio a Unidade do Gênero Humano abrange mais
uma etapa, a etapa final desse processo de evolução.
Dentro desse segundo princípio, os Bahá’ís acreditam ainda que a
unidade da humanidade implica, além de uma nova consciência individual, o
estabelecimento da unidade das nações, de um governo mundial e de uma
civilização planetária. Crêem ser esta a meta determinada por Deus para a
evolução social da humanidade. Assim, o Shoghi Effendi afirma que o objetivo da
vida de um Bahá’í é promover a unidade mundial, é unir estreitamente as vidas de
todos os seres humanos; não a salvação pessoal, mas sim universal. O propósito
da Bahá’í é gerar umas civilizações mundiais, que por sua vez terá que ser
feito sobre o caráter humano.
Outro ponto importante a ser enunciado é que a unidade, na
perspectiva Bahá’í, é uma unidade na diversidade e não na uniformidade.
implícito um respeito às diferenças, uma visão multicultural, em que não se almeja
a soberania de uma cultura sobre a outra, mas o respeito ao valor de cada cultura
em particular, de cada indivíduo. Um exemplo dessa visão Bahá’í é o depoimento
que transcrevemos abaixo:
E importante também deixar claro que apesar da
unidade ela respeita a cultura de cada um, de cada
povo e a unidade na diversidade, a aceitação
incondicional da identidade de cada povo, cada nação.
- 68 -
As hierarquias de cada cultura, respeito é a base dessa
comunidade. (82)
O terceiro princípio básico da Bahá’í, o da Unidade Religiosa
se estrutura na idéia exposta acima, de que existe uma única religião, e cada
um dos diferentes sistemas religiosos em particular representam o estágio
corrente na evolução da religião. Dentro desse princípio, retomam, portanto a
idéia de que a história religiosa é uma sucessão de revelações de Deus, de
revelação progressiva. De acordo com os Bahá’iss, a revelação progressiva é a
força motriz do progresso humano e a Manifestação de Bahá’u’lláh é a mais
recente etapa da revelação. Enfatizam, que existe uma única religião, a religião de
Deus.
Para os Bahá’ís, o verdadeiro objetivo da religião é promover a
evolução moral e espiritual do homem, para que ele possa tornar-se inspirado com
o amor para seu criador e seus semelhantes, reconhecer a si próprio como um ser
espiritual e alcançar o verdadeiro propósito da vida. Consideram ser o progresso
espiritual ilimitado e infinito, que desta experiência física, material, podem-se
apreender atributos divinos, qualidades espirituais e, uma vez ocorrendo o que se
chama de morte física, o espírito humano alçará seu vôo por incontáveis mundos
de Deus. Os textos Bahá’ís afirmam que é uma evolução. Portanto, a idéia de
reencarnação não está presente na visão de mundo Bahá’í.
Um dos entrevistados deu um depoimento bastante interessante e
que exemplifica bem a visão Bahá’í quanto ao objetivo da religião:
Primeiro que a doutrina Bahá’í traz uma transformação
completa na visão de ser humano, frente a vida, frente
a própria religião, frente a seu papel como individuo na
transformação de si mesmo, de sua família, da
sociedade e do outro. Ou seja, existe na fé Bahá’í , nos
escritos Bahá’ís uma visão muito clara de que nos
estamos aqui com dois propósitos,um de fazer com
que a civilização avance e para isso existe a
necessidade de um aprofundamento e
- 69 -
desenvolvimento da ciência de uma maneira gera,com
base na visão daquilo que os escritos revelam, para
dar um exemplo mais claro vou citar o exmplo de
Abdu’l-Bahá, ele diz qe a civilização material é como
uma lâmpada muito bonita, mais sem luz, é que a
religião é a luz dessa lâmpada, e o que da significado a
essa lâmpada, ou seja, a luz para se manifestar
precisa de um instrumento,a luz precisa da lâmpada
então o papel da religião é o da transformação do
individuo no contexto dos valores. (16)
Na doutrina Bahá’í, acredita-se que o céu e inferno o são
lugares, mas graus e condições de consciência e percepção espirituais. Para eles,
o céu é a proximidade com Deus e a capacidade de usufruir dons espirituais e as
graças de seu reino. E o inferno é o estado de imperfeição e incapacidade de
sentir alegria espiritual.
Portanto, os Bahá’ís acreditam que a razão espiritual é a
evolução, para eles a vida é um período de crescimento de nossa alma imortal e o
homem deve se esforçar para desenvolver virtudes, pois delas dependerá sua
evolução. Como forma de desenvolver essas virtudes na sociedade os Bahá’ís
realizam projetos sociais. Entre eles destaca-se a Associação Monte Carmelo,
objeto de nossa pesquisa, que, como se visto, destina-se à formação de
crianças de 5 a 15 anos.
Os textos sagrados Bahá’ís destacam o poder da oração e da
meditação. A oração é vista por eles como sendo “conversação com Deus”, como
a “água da vida” e um importante componente para alcançar a elevação espiritual.
Os Bahá’ís são orientados pelo Kitáb-l-Aqdas a realizarem orações diariamente.
Existem as orações obrigatórias
18
e centenas de outras orações para todos os
momentos da vida.
18
São três as orações obrigatórias, cada Bahá’í fica livre em escolher uma delas para serem
realizadas no decorrer do dia, porém há a necessidade de seguir as direções específicas que
acompanham cada uma.
- 70 -
No livro Kitáb-I-Aqdas se estabeleceu que as orações obrigatórias
devem ser feitas por todos homens e mulheres que atingiram a idade da
maturidade, que é fixada por ele de 15 anos e que estão isentos todos os doentes,
pessoas com mais de 70 anos. Proíbe a oração congregacional, exceto no caso
da Oração pelos mortos.
No período de 2 a 20 de março, portanto, durante 19 dias, os
Bahá’ís observam o jejum ordenado por Bahá’u’lláh em Seu Livro Sagrado Kitáb-i-
Aqdas. Neste período, os Bahá’ís se alimentam antes do nascer do sol e após o
pôr-do-sol e buscam fazer mais orações ao longo do dia. Devem neste período
avaliar sua conduta, traçarem metas individuais para seu progresso interior. O
Jejum é exaltado no Kitáb-I-Aqdas como algo sublime; ele é compulsório para
homens e mulheres ao atingirem a idade da maturidade, sendo isentos viajantes,
doentes, pessoas com mais de 70 anos, mulheres grávidas e mulheres que estão
amamentando, mulheres menstruadas e aqueles que estão ocupados em trabalho
pesado, os quais o aconselhados mostrar respeito pela lei, usando de discrição
e moderação ao valerem-se de isenção.
Nas escrituras sagradas Bahá’ís, existe uma rie de princípios
que visam orientar a vida de cada Bahá’í , dos quais se pode destacar: a
monogamia, a castidade antes do casamento e a fidelidade após o casamento.
Proíbem a mendicância e eleva o trabalho ao grau de adoração a Deus. A
abstenção de bebidas alcoólicas e drogas narcóticas, justificando que o uso
desses pode causar danos físicos e mentais e, portanto, dificultando o
desenvolvimento espiritual, abstenção da maledicência e da calúnia.
Conforme enfatiza uma das entrevistadas “em todos os aspectos
da vida, somos exortados a termos excelência” (207).
O casamento é recomendado e o divórcio permitido, porém a lei
Bahá’í prevê uma instituição denominada “ano da paciência”, onde os cônjuges
passam a viver em residências separadas durante o período de um ano. Durante
- 71 -
esse período, a Assembléia Espiritual tentará auxiliar o casal para superar as
dificuldades. Se após esse ano de paciência os conflitos não forem resolvidos, o
divórcio ocorrerá.
Dentro do conjunto de orientações que se relacionam à vida em
sociedade, os textos Bahá’ís são enfáticos em afirmar algumas dessas
orientações. São elas: a unidade da humanidade, a livre e independente busca da
verdade, a eliminação de todas as formas de preconceito e discriminação, a
igualdade de direitos e oportunidade para o homem e a mulher, a harmonia
essencial entre a religião. A razão e a ciência e a Educação compulsória universal.
Dentro da crença Bahá’í, Deus concedeu cada ser humano com
inteligência e, portanto, capacidade de distinguir entre a verdade e a falsidade. O
Homem deve utilizar essa capacidade de raciocínio para decidir o seu caminho,
descobrir a verdade religiosa. Enfatizam a importância da busca pessoal de cada
indivíduo e da não aceitação cega de uma ideologia ou doutrina. Eles acreditam
que, como existe uma única realidade, todas as pessoas irão aos poucos
descobrindo suas facetas diferentes e chegarão a um entendimento mútuo e à
unidade, desde que busquem sinceramente a verdade. Dessa forma, dentro da
perspectiva Bahá’í, os seres humanos devem investigar livremente a verdade. A
busca independente da verdade irá levar o homem a aderir as uma ou outra
ideologia ou doutrina.
Os textos sagrados Bahá’ís enfatizam que as superstições são
como um véu que impedem o ser humano de ver a verdade e agir de forma
consciente. Sendo assim, dentro da visão de mundo Bahá’í, o homem precisa se
libertar das superstições para atingir a evolução espiritual e material.
Os ensinamentos Bahá’ís estruturam-se também na idéia de que é
essencial a unidade entre a ciência e a religião, pois conforme seus fundadores
existe uma única verdade. Partem do princípio de que a inteligência e o raciocínio
- 72 -
do homem são dádivas de Deus e que a ciência resulta do uso sistemático destes
poderes concedidos por Deus. Portanto, são verdades descobertas.
as verdades da religião são verdades reveladas, verdades que
são mostradas por Deus. Hartcher (2006) enfatiza que os Bahá’ís consideram que
um mesmo e único Deus é o Autor das verdades reveladas e o Criador da
realidade que a ciência investiga. Portanto, não pode existir contradição entre as
duas; devem viver em harmonia. Nota-se que, novamente, destaca-se a idéia da
unidade e, neste princípio, é acentuada também a necessidade do homem
despojar-se das superstições do passado e viver em conformidade com a ciência.
Acreditam os Bahá’ís que religião e ciência o complementares. Acreditam ainda
que a unidade entre religião e ciência fortalecerá a religião, conforme podemos
observar na afirmação de ‘Abdu’Bahá (2005:143):
Quando a religião, despojada de suas superstições,
tradições e dogmas ininteligíveis, demonstrar sua
conformidade com a ciência, então haverá no mundo
grande força purificadora e unificadora que varrerá
todas as guerras, desacordos, discórdias, porfias e
então a humanidade será unida n o poder do Amor de
Deus.
A igualdade entre homens e mulheres é outro ensinamento básico
existente na Bahá’í; é um princípio social deixado por Bahá’u’lláh e ao qual foi
dada muita importância. À mulher é dada uma importância significativa, pois vista
como a primeira educadora, é preciso uma atenção especial na Educação das
meninas. Isso é tão forte dentro da doutrina Bahá’í, que seu fundador deixou claro
que se uma família não tiver condições de educar todos os seus filhos, deve
priorizar a Educação da menina, pois ela educara as futuras gerações. Acreditam
que quando as mulheres receberem a devida atenção e tiverem liberdade de
expressão, elas poderão contribuir de forma significativa para solução das mais
diferentes questões sociais. Esse princípio é destacado nas entrevistas realizadas
como sendo um dos pontos que mais chamaram a atenção para que as pessoas
se interessassem em conhecer mais a religião Bahá’í e amesmo a se tornarem
- 73 -
Bahá’ís, é destacado como uma novidade trazida pela doutrina Bahá’í e que não
está em outras religiões.
Dentro da concepção Bahá’í, a Educação Universal se destaca,
pois acreditam no poder da Educação para transformação social, para a formação
de uma sociedade melhor e mais justa, como foi elucidado pactuam com a
Educação tanto material como espiritual para todos os membros da sociedade. A
Educação como será visto mais adiante e um valor Bahá’í que orienta a ação de
seus membros e ao mesmo tempo é utilizada para difundir seus princípios em
diferentes setores da sociedade.
Bahá’u’lláh, deu grande ênfase à lei, que ordena que os Bahá’ís
se obstenham de envolvimento político, eles o podem se engajar em
movimentos políticos. Na verdade, eles não podem fazer parte da política
partidária. Não devem se aliar a nenhuma facção ou disputa pelo poder político.
Não podem, portanto, se engajar em campanhas eleitorais, mesmo em relação a
candidatos individuais. Eles votam em eleições; podem procurar emprego como
juízes, membros de conselhos de Educação planejamento e outros cargos
técnicos dentro dos órgãos governamentais. Cabe esclarecer que o princípio de
não envolvimento em política não impede os Bahá’ís de assumirem posições
públicas sobre assuntos puramente sociais ou morais, quando tais assuntos não
sejam parte de qualquer debate político-partidário. Elucidam que o princípio de
não envolvimento em política está ligado, tanto em crença como na prática a um
outro ensinamento Bahá’í, o de lealdade ao governo.
Os ensinamentos Bahá’ís enfatizam que necessidade de ser
obediente às leis e aos princípios dos governos, para que se possa estabelecer
uma ordem social e uma condição econômica melhor.
O que a declaração do Mestre realmente significa é
obediência a um governo devidamente constituído,
qualquer que seja a forma deste governo. o
- 74 -
compete a nós, como Bahá’ís individuais, julgar se o
nosso governo é justo ou injusto pois cada crente
seguramente teria um ponto de vista diferente e, dentro
do nosso próprio aprisco Bahá’í, um ninho de
dissensão surgiria e destruiria nossa união.(SHOGHI
EFFENDI, 2005, p. 45)
De acordo com os escritos Bahá’ís, o fato de não poderem
participar de política partidária, não deve levá-los a ter uma atitude alheia ao que
ocorre na sociedade. o recomendados a participarem de grupos progressistas,
em conferências ou comitês designados a promover alguma atividade totalmente
de acordo com a doutrina Bahá’í, como, por exemplo, igualdade entre homens e
mulheres, melhores condições raciais.
Os Bahá’ís são incentivados a terem uma ação social voltada para
a transformação, assim devem procurar realizar projetos sociais que colaborem
para o desenvolvimento da sociedade dentro dos princípios Bahá’ís. Um dos
projetos desenvolvidos pelos Bahá’í em parceria com prefeitura e a Associação
Monte Carmelo, que será analisada neste trabalho.
Podemos perceber que toda doutrina Bahá’í, ou seja, o conjunto
de orientações e regras existentes nesta religião está voltado para dirigir o
comportamento social dos seus seguidores e, ao mesmo tempo, promover a
divulgação dos princípios que acreditam e implantar um tipo de sociedade que
eles acreditam ser a ideal. Baseados nessa doutrina, os Bahá’ís constroem seu
ethos e sua visão de mundo que compõem suas identidades.
No processo de construção da identidade do Bahá’í e de sua
comunidade, as histórias de seus fundadores e mártires, que com toda uma
trajetória de luta, perseguições e sofrimentos cumprem o papel de fornecer aos
fiéis um elo que transcende a realidade objetiva ao pontuar o caminho construindo
por esses “heróis” como sendo divinamente traçados. Nesta história estão
presentes também traços clássicos das religiões; a presença em suas figuras
- 75 -
centrais, de inteligência aguçada, desprendimento e profundo amor a outro.
Mesmo sendo traços tipicamente religiosos, presentes em diferentes religiões,
tomam sentido especial para os Bahá’ís ao estarem presentes em seus
personagens, servindo de modelo a serem seguidos e vividos nas vidas
cotidianas.
Constituem verdadeiros elos identificados em seu grupo, história
que os distinguem dos demais grupos religiosos. De acordo com SMART (1996,
p.131), “a idéia de um passado coletivo fornece identidade ao grupo,assim como
a memória nos dá a identidade individual.”
Essa identidade se reforça a medida que ao participarem da vida
da comunidade vivenciam através da lembrança a força e “heroísmo” de seus
fundadores e mártires, quando comemoram os dias sagrados o passado histórico
é remomerado . De forma sutil esses momentos vão introjetando valores e visões
de mundo, vão determinando uma forma de comportamento que espera-se ter um
Bahá’í.
O tipo de ação que determina o ethos Bahá’í e a visão de mundo
existente dentro dessa religião leva-nos a afirmar que ela constitui-se em uma
religião profundamente tradicional, pois ela traz em seu corpo doutrinário um
conjunto de regras que não só procuram orientar a vida espiritual, mas também
social. Através de uma orientação profundamente arraigada na tradição
19
. Por
exemplo, a castidade antes do casamento, tanto para os homens como para as
mulheres, que aparece dentro dessa doutrina de forma acentuada e a família nos
moldes tradicional, mãe, pai e filhos.
19
Tradição aqui entendida como um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras
tácitas ou abertamente aceitas; tais práticas de natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos
valores ou normas de comportamento através da repetição, o que implica, automaticamente, uma
continuidade em relação ao passado. In: E. HOBSBAWN& T. RANGER (org) . A invenção das
tradições, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
- 76 -
De forma contraditória, aparecem dentro da visão de mundo
Bahá’í elementos que rompem com alguns paradigmas tradicionais, dando a ela
uma dialética própria, idéias que se contrapõem a estruturas sociais enraizadas
em nossa sociedade, como é o caso da igualdade entre homens e mulheres e o
reconhecimento da importância da mulher na sociedade. Dentro da visão de
mundo Bahá’í, acredita-se que somente quando as mulheres tiverem lado a lado
com o homem nas diferentes esferas da vida em sociedade se terá uma
sociedade mais organizada e justa.
De acordo com Gramsci (1999), o mundo é construído, não dado.
A religião de certa forma compartilha dessa idéia, uma vez que seu ethos é
elaborado a partir da crença na transformação social pela ação do homem que
acredita que irá ocorrer com a aplicação dos princípios Bahá’ís em todos os
setores da sociedade.
Tendo em vista essa crença, os Bahá’ís agem no seu cotidiano
esperando construir um mundo diferente do que se vive. Essa ação vem se dando
de maneira significativa no espaço da Educação. Assim, em toda parte do mundo,
eles desenvolvem atividades educacionais através do que eles denominam de
Institutos
20
.
Não compatibilidade entre os princípios religiosos Bahá’í e uma
ação voltada ao proselitismo. Portanto, dentro da concepção de mundo Bahá’í,
acredita-se na livre busca da verdade. Os Bahá’is ensinam através do que se
pode denominar de “pregaçãoa longo prazo, através de um processo contínuo
de estudo.
Dentro da perspectiva de que a vida social é um aprendizado
contínuo da prática, a qual atitudes ideais e valores são constantemente
interiorizados pelos diferentes sujeitos sociais, podemos dizer que esse ensino a
20
Os Institutos Bahá’ís são uma forma de divulgação dos princípios Bahá’is por meio da
Educação, no próximo capitulo será discutido em maior profundidade.
- 77 -
longo prazo presente na visão de mundo Bahá’í é uma forma não apenas de se
buscar livremente a verdade, mas de introduzir seus valores, sua visão de mundo
na sociedade.
Observamos que o ethos Bahá’ís é constituído por uma ênfase
nos aspectos morais, ênfase que se configura no padrão de vida que delineia o
cotidiano de um Bahá’í. Ele deve mostrar em suas atitudes e sentimentos uma
nobreza de caráter capaz de o distinguir dos demais homens. Como enfatiza os
textos baha’ís, cada crente deve demonstrar sua fé tanto em atos como em
palavras. O ethos Bahá’í enfatiza que todas as ações diárias devem ser realizadas
em espírito de desprendimento, de serviço para com a humanidade, cortesia.
Portanto, ethos Bahá’í e sua visão de mundo vão na contramão dos valores
presentes na sociedade capitalista que vivemos que valoriza o ter é não o ser.
Toda a visão de mundo dos Bahá’ís converge para o princípio da
unidade. Todo o comportamento social do Bahá’í deve ser estruturado tendo em
vista a unidade. Isto significa que, essa religião prioriza ações que visem trabalhar
pela paz e unidade e conforme verificamos ao longo deste capitulo os princípios
espirituais estão em sintonia com os princípios sociais. É interessante, notarmos
que um dos pontos essenciais para ser um Bahá’í é o espírito de serviço ao outro
e conforme Abdu´l-Bahá, uma das figuras centrais desta religião e considerado o
único exemplo de Bahá’í respondeu no século XIX Ser Bahá’í significa
simplesmente amar a todos; amar à humanidade e esforçar-se por servia-la;
trabalhar pela paz e fraternidade universal.” (ESSLEMONT,2001,70).
A partir dessa visão de mundo que os Bahá’ís voltam-se para a
realização de projetos sociais, como bem exemplifica esta ação da Associação
Monte Carmelo, que será estudada no final desta tese.
- 78 -
CAPITULO II. EDUCAÇÃO: UM VALOR BAHÁ’Í
Este capítulo tem por objetivo discutir e analisar a Educação
enquanto um valor Bahá’is, tendo em vista que ao longo da pesquisa observamos
que um dos espaços significativos que a religião Bahá’í ocupa na sociedade
brasileira é o espaço educacional. Assim é de suma importância dedicarmos neste
momento a discussão sobre a temática Educação. Também se soma o fato de que
será analisada a Associação Monte Carmelo, que se trata de uma associação
voltada para a Educação.
Para efeitos didáticos e metodológicos, o capítulo foi realizado da
seguinte forma: primeiramente foi feita uma análise crítica do conceito de
Educação e traçamos um panorama da Educação na sociedade contemporânea.
Para esta primeira parte, utilizou-se como referencial bibliográfico Paulo Freire,
Pablo Gentili, John Dewey , Karl Mannheim, Álvaro Viera Pinto e o Relatório da
Unesco sobre Educação para o Século XXI elaborado por Jacques Delores.
Em um segundo momento, discutimos a Educação dentro da
perspectiva Bahá’í. Para isso foi utilizada a literatura Bahá’í e as observações
realizadas ao longo da pesquisa de campo. Nesta parte será realizada uma
análise do Instituto Ruhi.
2.1. Educação: algumas reflexões
A reflexão formal de princípios educativos, e do próprio conceito
de Educação, não significa um absoluto, uma espécie de “monolito téorico”, de
- 79 -
uma verdade única, uma vez que não se trata de um trabalho sobre autores ou
escolas, mas sobre a ação social que se faz no cotidiano de uma instituição
fundada e que legitima e representa a prática religiosa de seus fundadores.
Com os riscos que todas as generalizações implicam, trilhamos
um caminho que divide a Educação em duas vertentes ou significados: o restrito e
o amplo.
De um lado, a Educação é compreendida, como a forma pela qual
a sociedade, através das instituições formais, forma os diferentes sujeitos sociais
para viver em sociedade, dentro de uma perspectiva da pedagogia clássica,
sistematizada e tradicional. A Educação ocorre nas fases da infância e juventude e
é “dada” pela escola formal. Nesta concepção ou visão, a Educação é algo linear,
que ocorre em fases pré-estabelecidas e não ao longo de uma vida. O espaço
destinado à prática educativa, o “Logus” da Educação é unicamente a escola. vista
desta forma a Educação passa a ser responsabilidade quase que exclusiva da
escola”, que teoricamente é o Logus onde se desenvolve as atividades educativas
para a formação” dos diferentes sujeitos sociais e fica também dependente das
políticas publicas e educacionais.
De outro lado, a Educação em um sentido mais amplo se
relaciona à existência do ser humano em toda sua plenitude e em seus diferentes
aspectos. Ela é vista como um processo; portanto, algo que está em infinito
movimento. Ela representa mais do que a adaptação do indivíduo aos padrões
que a sociedade determina, relaciona-se diretamente com a transformação do
sujeito social, da forma pela qual ele irá ler o mundo e se ver no mundo. Nesse
sentido, conforme Pinto (1994, p. 30):
Educação é formação (Bildung) do homem pela
sociedade, ou seja, o processo pelo qual a sociedade
atua constantemente sobre o desenvolvimento do ser
humano no intento de integrá-lo no modo de ser social
- 80 -
vigente e de conduzi-lo a aceitar e buscar os fins
coletivos.
A Educação adquire um papel essencial para a inserção do
homem na realidade social, sendo indiscutível ser ela um fato social, pois o que a
move é a própria sociedade, as necessidades e anseios dos diferentes grupos
sociais e seus respectivos tempos históricos; ela ocorre através das constantes
interações sociais; é uma forma da sociedade preparar os diferentes sujeitos
sociais para os diferentes papéis que deverá exercer ao longo de sua existência .
Para Brandão (2001. p. 73),
A Educação é uma prática social (como a saúde
pública, a comunicação social, o serviço militar) cujo
fim é o desenvolvimento do que na pessoa humana
pode ser aprendido entre os tipos de saber existentes
em uma cultura, para a formação.
Podemos, então, considerar que a Educação é a própria conduta
de vida moral e ética, que tem como finalidade a construção plena do cidadão.
Nesse sentido, a Educação se relaciona à inserção do homem na sociedade,
inserção que deve ser realizada de forma crítica e consciente. De modo
sistemático e intencional, a Educação acontece na escola e instituições voltada
para o ensino.
A Educação deve ser compreendida como um fenômeno cultural,
pois ao longo de seu processo não se produz e reproduz-se o conhecimento,
como se transmite cultura nos mais diversos aspectos. Por meio da Educação, a
cultura de uma comunidade é perpetuada e, ao mesmo tempo, transformada, pois
a Educação, enquanto um processo, interage o novo com o velho, possibilitando,
a partir de um movimento dialético, a criação do novo. Dessa forma, ela
representa progresso, pois oferece a possibilidade de recriar, de transformar; ao
mesmo tempo em que se incorpora à cultura vigente, cria-se a perspectiva de
- 81 -
mudança, ao trazer ao palco educativo a semente da criatividade e da
dialogicidade.
É apropriado notarmos o fato de ser a Educação um dos produtos
ideológicos da cultura. Nesse sentido, não transmite a totalidade cultural da
realidade em que está inserida, como tem um caráter fortemente político e
ideológico. Cabe também enfatizarmos, que a Educação existe desde que o ser
humano surgiu na Terra, enquanto um fenômeno cultural é uma forma
fundamental de ensinar ao outro a produção e de conservar a própria espécie,
através dela o homem se faz homem, ou seja, ao educar-se se tem a possibilidade
de aprender a ser humano A Educação, assim como a Historia do ser humano e
um universo de possibilidades, como mostra-nos Chico Alencar “Somos filhos do
tempo, da cultura e... dos processos educativos que as sociedades criam e
recriam. “ Húmus” que podem fecundar ou apodrecer” . (2003, p. 99)
O ato de educar, como enfatizou Paulo Freire, é ideológico e
político por natureza. Por pertencer a um processo produtor e ao mesmo tempo
transmissor da cultura, a Educação o pode ser vista como algo pronto e
acabado, pois se produz cultura ao mesmo tempo em que a transmite. Esta em
uma construção continua, é inerente à própria existência humana, pois ao longo
de sua existência histórica existiu e existe um movimento que educa cada ser
humano de acordo com a cultura e a produção de bens materiais e culturais de
sua época.
É interessante atentarmos a essa questão ideológica da
Educação, pois o ato de educar é por natureza intencional. Ao se criarem projetos
educativos sempre a intenção de se formar um tipo de homem, de se
determinar um tipo de comportamento social. Nesse sentido, cabe ressaltarmos
que a instituição objeto de estudo, A Associação Monte Carmelo traz no bojo de
sua proposta uma ideologia comprometida com os princípios da religião Bahá’í,
que foi responsável por sua fundação. Assim, tem-se no projeto a intenção de
- 82 -
formar um tipo de sujeito, ou seja, um sujeito social comprometido com questões
éticas e de cidadania mundial, propostas estas que estão presentes dentro do
ideário Bahá’í.
As práticas sociais e educativas cotidianas encontram seu
referencial de ação num modelo de conhecimento, em um paradigma de homem e
de sociedade e vão adquirindo seu sentido pelos indivíduos em confronto com a
dinâmica da realidade social. A Educação traçará esse sentido através das
diferentes relações humanas que ela proporciona e de acordo com o espaço
social em que atua.
Ao definirmos a Educação como um processo que é
necessariamente intencional, é necessário esclarecer que ela o existe de forma
homogênea, uniforme; nas sociedades altamente desenvolvidas ela é
dicotomizada. De acordo com Manacorda (2001), há uma a Educação do fazer,
destinada à classe economicamente menos favorecidas, na qual a aprendizagem
é focada para o trabalho, e uma Educação do saber e do pensar, em que o
aprender está voltado para uma formação mais completa, que possibilite ao
homem a busca por sua própria essência. Dando-lhe a apropriação de uma
consciência crítica e de um conhecimento amplo.
Essa dicotomia vem sendo uma forma de manutenção ideológica
que garante a submissão das camadas populares a camadas favorecidas, na
verdade colabora para manter as diferenças sociais e aumentar as distancias
culturais e econômicas. Esse processo vem se desenvolvendo historicamente na
sociedade. E atingiu no capitalismo atual um estágio bastante avançado. Criou-se
uma sociedade fragmentada, na qual a exclusão se faz presente nas diferentes
instituições sociais, inclusive na escola. Nesta Era de Globalização como enfatiza
Pablo Gentili a exclusão começa a ser normalizada, no final das contas, em uma
boa parte do mundo, há mais excluídos do que incluídos” (GENTILI, 2003, p. 31)
- 83 -
Estamos de tal modo imersos no universo capitalista que muitas
vezes se desapercebe os mecanismos de exclusão existentes no cotidiano social
e passamos a considerar natural a fome, a miséria, o sem-teto, analfabetos, o
preconceito e a existência de escolas diferenciadas para as diferentes camadas
da população, como se não fosse natural todos terem acesso ao mesmo tipo de
conhecimento. A segregação educacional se consolidou nos últimos anos com o
avanço de uma política neoliberal que vem privatizando entre outros setores, a
Educação. A capacidade de indignar-se, como dizia Paulo Freire, deve estar
presente em nossa vida e em nossas ações, apenas através da compreensão da
realidade social como uma construção humana, e não como algo dado, pronto nos
permiti construir um mundo social mais digno e consciente da pontencialidade do
Homem. A Educação entendida como um processo de transformação do homem
em um “ser mais” deve se constituir em um instrumento real para reverter o
quadro de exclusão existente.
Neste sentido, a Educação constitui um mecanismo dinamizador
da sociedade, que para Dewey e Mannheim é através de um individuo que
promove mudanças. A mudança está presente na Educação, uma vez que nesse
processo educacional, para Dewey e Mannheim que o indivíduo tem a
possibilidade de atuar na sociedade sem reproduzir experiências anteriores,
acriticamente. Pelo contrário, elas serão avaliadas criticamente, com o objetivo de
modificar seu comportamento e desta maneira produzir mudanças sociais.
Dewey acredita ser impossível separar a Educação do mundo da
vida, para ele “A Educação não é preparação nem conformidade. Educação é
vida, é viver, é desenvolver, é crescer”.(DEWEY, 1971, p. 29).
A Educação, na visão deweyana, é uma constante reconstrução
da experiência, de forma a dar-lhe cada vez mais sentido e a habilitar as novas
gerações a responder aos desafios da sociedade. Educar, portanto, é mais do que
- 84 -
reproduzir conhecimentos. É incentivar o desejo de desenvolvimento contínuo,
preparar pessoas para transformar algo.
É digno notarmos que, mesmo sendo dicotomizada, a Educação
escolar formal é uma necessidade social, pois sua constituição se como
decorrência de necessidades vitais da própria sociedade, e historicamente se
converteu num direito universal de dois séculos para e num dever de toda a
sociedade. Não como negarmos o fato de que mesmo sendo uma garantia
constitucional, sendo obrigatoriedade, não significa o acesso de forma igual a
todos os cidadãos. A “incapacidade do poder público” de viabilizar uma Educação
mais ampla aos diferentes sujeitos sociais fez emergir no seio da sociedade
grupos e comunidade que voltaram o olhar para o campo educacional e procuram
desenvolver um trabalho de formação e transformação. Entre esses grupos se
insere a Associação Monte Carmelo, objeto de nosso estudo.
É coerente situar a Associação Monte Carmelo, como um Instituto
voltado para a Educação que lida com o conhecimento de forma ampla e procura
transformar seus alunos através de um trabalho voltado para uma formação plena,
em seus diferentes aspectos. Nesse sentido, pode-se afirmar que a concepção de
Educação para essa Associação é uma concepção de Educação como forma de
libertação. A Educação é vista como possibilidade humana, como a possibilidade
de que cada sujeito social possa desenvolver-se em diferentes aspectos, ou seja,
afetivo, social, cognitivo e ético.
A preocupação do presente trabalho não é em fazer uma
Sociologia da Educação, mas contemplar os processos de criação da realidade
social na qual os indivíduos estão imersos. Compreender a Educação construída
no Instituto Monte Carmelo e procurar nesta realidade objetiva a relação com a
religião Bahá’í e sua proposta educacional e social é que está direcionado o nosso
olhar. Para isso, temos, portanto, de trilhar um caminho que não se restringe à
análise da instituição acima citada, mas a possibilidade de relacionar o trabalho
- 85 -
desenvolvido nesta instituição com a proposta de Educação presente no discurso
de intelectuais e educadores atuais que se propõem a refletir a Educação para o
século XXI.
Preliminarmente é necessário esclarecermos que a Educação não
é algo perene, imutável ao longo da historia. Ela vem se transformando
historicamente em sentido pleno, a transformação se tanto no que se refere a
seu conteúdo como em sua forma, ela não se faz igual nas diferentes épocas da
evolução humana. Desta forma a Educação do limiar do século XXI o é a
mesma da do século passado.
Pensar na Educação nesse novo milênio corresponde a ter
clareza de que o desenvolvimento humano se de forma diferenciada, ou seja,
que em um processo de evolução continua o homem muda não somente a forma
de produzir os bens necessários a sua sobrevivência, mas também a forma de se
perceber no mundo e perceber o outro, transforma toda uma cultura criando e
recriando sempre novas relações entre si e com a natureza, surgindo novas
necessidades e novos anseios sociais, oriundos de todo o processo de mudança.
De acordo com o Relatório para UNESCO da Comissão
Internacional sobre a Educação para o século XXI, nesse novo milênio a
Educação deve ser pautada em uma concepção ampla, onde se destaca a
“Educação ao longo de toda vida” voltada para um resgate do “ser humanoem
todas as suas potencialidades e o prepare para exercer a cidadania planetária.
Volta-se o olhar para uma formação mais ética, na qual o homem se prepara para
compreender melhor a si mesmo e, a partir daí, possa compreender melhor o
outro e assim ter uma postura mais cidadã, que respeite a diversidade sabendo
conviver com as diferenças tão presentes na “Era da Globalização”. Assim,
enfatiza o documento.
Ajudar a transformar a interdependência real em
solidariedade desejada corresponde a uma das tarefas
- 86 -
essenciais da Educação. Deve, para isso, preparar
cada indivíduo para compreender a si mesmo e ao
outro, através de um melhor conhecimento do
mundo.(DELORS, 2003, p.47)
Nesse sentido a Educação se torna no presente século um
instrumento valioso para a formação e estruturação de uma sociedade mais justa,
alicerçada na solidariedade entre os homens. E, em tempos marcados pela
desesperança e desencanto, ela passa a ser o caminho para tornar os diferentes
sujeitos sociais mais livres e conscientes de seu papel na sociedade. É uma
possibilidade de resgatar nossa natureza humana através da valorização das
diferentes potencialidades que cada sujeito possui ao mesmo tempo em que a
valorização das diferentes culturas existentes, enfatizando a idéia do respeito a
diversidade e o conviver em harmonia com as diferenças. Para isso, conforme o
documento
A Educação deve, pois tornar o indivíduo mais
consciente de suas raízes, a fim de dispor de
referências que lhe permita situar-se no mundo, e deve
ensinar-lhe o respeito pelas outras culturas...o
conhecimento das outras culturas torna-nos, pois
conscientes da singularidade da nossa própria cultura
mas também da existência de um patrimônio comum
ao conjunto da humanidade.” (DELORS, 2003, p.48)
No documento, essa idéia da Educação para o século XXI como
um instrumento poderoso de coesão social fica fortemente presente quanto é
colocado que “A Educação pode ser um fator de coesão, se procurar ter em conta
a diversidade dos indivíduos e dos grupos humanos, evitando tornar-se um fator
de exclusão social” (DELORS, 2003, p.54).
Acreditamos, portanto, que ela pode vim na contra o da gica
capitalista e neoliberal e servir como elemento de inclusão real, quando a mesma
tiver o sentido de humanizar, socializar valores de justiça, respeito e solidariedade.
Para isso é necessária a sociedade ter consciência que a Educação não se limita
- 87 -
à reprodução da cultura existente, mas se relaciona ao recriar de forma criadora
os conhecimentos para superar os limites impostos pelo tecido social.
Outra palavra de ordem para este século é a Educação
intercultural, porém sua concretização depende da inserção na cultura local, para
que cada individuo possa perceber-se criador e assim estar preparado para
compreender e respeitar as outras realidades culturais, segundo o documento da
UNESCO, a Educação intercultural é um fator de coesa e de paz social.
A Educação do culo XXI tem como um de seus pontos fulcral a
Educação para o pluralismo, para o respeito ao gênero humano em sua totalidade.
Há, portanto, a crença que a partir dessa Educação plural que assume a
diversidade como riqueza e incluí o todo teremos a possibilidade de ir contra a
violência presente no mundo atual e ao mesmo tempo trabalhar para o
estabelecimento de um projeto social estruturado na paz.
Parece-nos prioritário, portanto, que o século XXI caminhe em
direção a uma Educação que ultrapasse as barreiras étnicas e culturais, que não
se restrinja a contemplar as camadas mais favorecidas com uma Educação do
saber, do fazer e do pensar, mas que tenha como meta unir em um sentimento de
tolerância e respeitos os diferentes grupos culturais, incluídos todos os cidadãos
em uma Educação permanente, que prepare para a vida, que permita o ser
humano ser respeitado em sua singularidade, dando a sociedade as condições
necessárias para o desenvolvimento de uma democracia.
A tarefa da Educação do século em que vivemos é bastante
árdua, porém, deve-se ter consciência que ela se contemplara com a tomada
por toda a sociedade como algo permanente.
Cabe também salientarmos, que a necessidade que os valores
dessa “Educação para a tolerância” como explicita o relatório da UNESCO, devem
- 88 -
ser interiorizados pelos diferentes atores sociais, apenas através do processo de
interiorização, da tolerância e do respeito ao outro que a de se atingir os
resultados esperados. Pois como fica claro no documento:
A Educação para a tolerância e para o respeito do
outro, condição necessária à democracia, deve ser
considerada como uma tarefa geral e permanente. É
que os valores e, em particular , a tolerância não poder
ser objeto de ensino, no estrito sentido do termo:
querer impor valores primeiramente definidos, pouco
interiorizados, leva no fim de contas à sua negação,
porque só tem sentido se forem livremente escolhidos
pela pessoa. (DELORS, 2003, p.59)
É possível, portanto, a partir do relatório para UNESCO,
vislumbrar para o nosso século uma Educação capaz de “educar para o
desenvolvimento humano”, plagiando o relatório. Acreditando nessa possibilidade,
podemos atribuir a ela um papel ímpar no processo de construção de um projeto
social estruturado em bases fortemente alicerçadas em um humanismo” capaz
de criar um projeto social voltado para a Unidade do Gênero Humano.
Nesta perspectiva, cabe remetermo-nos aos ideais proposto pela
Religião” objeto de nossa pesquisa, a Religião Bahá’í, que, conforme veremos
neste trabalho de doutorado, acredita ser a Educação um instrumento capaz de
aprimorar o gênero humano, e levá-lo a construção de uma sociedade mais justa e
igualitária, alicerçando através de princípios éticos e espirituais a paz.
A idéia de uma Educação voltada para o desenvolvimento humano
vem fortemente marcada nesse novo século como assinalamos anteriormente.
É preciso sublinhar, porém, que o relatório deixa clara a necessidade “em dotar a
humanidade da capacidade de dominar o seu próprio desenvolvimento”
(DELORES, 2003, p.84). Para isso, a Educação não deverá ter um fim utilitário, não
se deve tê-la como uma forma de capital humano. Fugindo dessa idéia, a
Educação serve como uma forma de colaborar para os diferentes sujeitos sociais
- 89 -
descubram seus talentos e suas potencialidades, tornando possível uma formação
plena, que os prepare para viver de forma segura os desafios posto por esse
período de incertezas.
Fica-nos claro que a Educação para o século XXI não poderá se
contentar com a Educação formal; abrange uma visão ampla, em que a Educação
continuada passa a ser necessária para o desenvolvimento social. Educação
capaz, como enfatiza o Relatório, de transmitir saberes de fazer com que todos
descubram seu potencial criativo e usando as próprias palavras do relatório
revelem “tesouro escondido em cada um de nós”.
Se por um lado, a Educação do presente século vem marcada por
uma ideologia humanista; ela traz em seu bojo muitos antagonismos e paradoxos,
pois paralelamente a essa perspectiva temos um lado menos romântico, marcado
pela fome, guerra, o desemprego estrutural e a exclusão, fenômenos que sempre
estiveram presentes na historia da humanidade mais que no desenrolar do século
XX se desenvolveram assustadoramente com o desenvolvimento tecnológico e
com as políticas que procuraram reestruturar o capitalismo.
Filhos e herdeiro dessa época marcada pela Globalização e pelo
Neoliberalismo, temos o desafio de implantar uma Educação multicultural capaz
de tornar possível a sociedade humana viver em harmonia e que consiga passar
valores culturais universais cultivando assim uma ética global. Teremos que sair a
ótica neoliberal que segrega a sociedade e entrarmos em uma concepção de
homem mais “Humana”.
Cabe ressaltar que a Educação tem nessa época em que está
apenas se iniciando um papel fundamental para a estruturação social, pois através
dela a possibilidade de pensarmos em uma cidadania planetária e cultivarmos
valores essenciais para a sobrevivência de nossa espécie, valores esses que
- 90 -
foram enunciados pelo Relatório da Unesco (2003, p. 263,264,265) e que
perpassam nos pontos abaixo:
- o reconhecimento dos direitos do homem em conjugação com o
sentido das responsabilidades sociais.
- a preocupação com a equidade social e com a participação
democrática na tomada de decisões e no governo que deve ser o objetivo central
em todos os níveis de existência.
- compreensão e tolerância em relação às diferenças e ao
pluralismo culturais, pré-requisito indispensável à coesão social, à coexistência
pacífica e à resolução dos conflitos pela negociação e o pela força e, no fim de
contas, à paz mundial.
-solicitude para com o outro.
- espírito de solidariedade.
- espírito de iniciativa.
- criatividade.
- respeito da igualdade entre sexos.
- espírito aberto à mudança.
- sentido das responsabilidades, no que diz respeito à proteção do
ambiente e ao desenvolvimento sustentável.
Todos os pontos enunciados acima apontam que a Educação
desse novo milênio deve superar os antagonismos, as exclusões e os
- 91 -
etnocentrismos e percorrer um caminho que mostre de forma indiscutível que
educar é humanizar. É trabalhar para a mudança através da crença no homem e
na sua capacidade de se reconstruir criativamente, é partilhar saberes com uma
postura amorosa como sempre enfatizou Paulo Freire. A Educação do século XXI
poderá se estruturar a partir do amor ao outro e no gênero humano como
uma espécie capaz de aprender sempre e assim construir relações sociais mais
sólidas e dignas de nossa condição humana.
2.2. A Educação na perspectiva Bahá’í
A Educação ocupa um espaço significativo dentro dos
ensinamentos Bahá’ís. A Educação das crianças é uma lei obrigatória para todos
os Bahá’ís. Fica evidenciada nas escrituras Bahá’ís a crença no papel
transformador da Educação, pois inúmeras vezes Seus fundadores, advertem
para importância da Educação na formação das crianças e como devem se
preocupar os Bahá’ís e a humanidade de uma forma geral em procurar
proporcionar Educação adequada as crianças. Entendendo, por Educação
adequada, aquela que irá proporcionar um desenvolvimento harmonioso tanto do
intelecto, como do espírito. Portanto, devem-se proporcionar as crianças uma
Educação ampla, capaz de desenvolver seu potencial intelectual, mas também
desenvolver nela o amor a humanidade.
Sobre esta questão, seu fundador colocou:
É decretado que todo pai deve educar os filhos,
instruindo-lhes em escrita e nas várias matérias. Quem
descuida deste mandamento deve, se é rico, restituir
aos incumbidos, da Casa da Justiça, a soma
- 92 -
necessária para a Educação dos filhos; em caso
contrário (isto é, se os pais não têm recursos), isso
deve caber à Casa de Justiça. Em verdade, nós a
fizemos (a Casa de Justiça) um asilo para os pobres e
necessitados., Se alguém educar seu filho, ou os filhos
dos outros, é como se tivesse educado um de Meus
filhos. (COBB,1981, p. 45)
A responsabilidade dos pais frente à Educação dos filhos é,
diversas vezes, mencionada pela literatura Bahá’í. Cabe aos pais fornecer aos
filhos a instrução necessária para que eles desenvolvam todas suas
potencialidades, tanto no que se refere ao conhecimento das ciências, como o
conhecimento espiritual. Enfatizam, a importância dos pais no processo de
formação do caráter de seus filhos, e acreditam que o bom caráter tem que ser
ensinado, através de uma Educação estruturada no amor e na paciência, onde
as crianças aprendam conviver com as diferenças e a respeitar o outro.
Acredita-se que através de uma Educação que abarque tanto os aspectos
éticos, religiosos como as ciências os homens caminhe em direção a
estruturação de uma sociedade mais justa e que seja possível assim, alcançar
a paz.
A Educação impõe-se como um dever dos pais, que devem
envidar todos os esforços na instrução de seus filhos e assim proporcionar a
eles os conhecimentos das ciências e das artes ao mesmo tempo em que
deverá nutri-los do conhecimento de Deus. É dever dos pais ensinar aos filhos
a serem bondosos com todo ser vivo, da mesma forma que devem ajudá-los a
desenvolver qualidades espirituais, proporcionando a eles uma Educação
religiosa desde a mais tenra idade.
Enunciam uma Educação baseada no diálogo e no olhar atento
dos pais para que seus filhos possam desenvolver todos seus talentos e
competências e que sejam preparados para servir a humanidade, pois é através
- 93 -
do serviço a humanidade que estarão servindo a Deus e trabalhando para a
estruturação de um mundo melhor.
Outro aspecto que merece nossa atenção é o fato de que é
enunciado que os pais que o puderem arcar com as despesas da Educação
de seus filho a comunidade deve prover os meios para que essa criança tenha
acesso a Educação. Portanto, a Educação é vista como uma responsabilidade
social, pois é através dela que a criança conseguira inserir-se na sociedade.
Destaca-se o papel da Educação como uma forma de através
da instrução retificar e refinar o caráter das crianças, tornando possível
desnudar-se a essência divina do homem. A Educação das crianças é vista
como um ponto essencial para que se atinja o progresso da humanidade e ao
mesmo tempo destaca-se a Educação da alma como a base de toda Educação
e forma para atingir-se uma sociedade mais harmônica.
A Educação é exaltada como uma forma de servir a
humanidade. Desta forma, não se deve prover os filhos unicamente da
Educação formal, aquela que os capacitem a ler e a escrever. A Educação deve
tornar os homens capazes de servir à humanidade; deve levar homens e
mulheres a compreender que “a terra não é mais que um país e a humanidade
seus cidadão” e que se deve amar e dedicar à própria vida para a melhoria de
todo mundo.
Dentro dessa perspectiva, a preocupação com a Educação se
atrela a uma postura de cidadania mundial, preocupada com o outro, com a
fraternidade universal. Assim, cabe estruturar a Educação para uma
transformação social apoiada sobre uma fundação moral unificada e deve
- 94 -
operar através de práticas éticas ou regras morais únicas. O primeiro valor que
se deve ter em mente, é o da consciência da unicidade da humanidade.
Nas escrituras e evidenciado:
A Educação do caráter da humanidade é um dos mais
importantes mandamentos de Deus e que a influência
de uma tal Educação é idêntica à que o sol exerce
sobre a árvore. As crianças têm de ser atentamente
vigiada, protegidas e Educação nisto consiste a
verdadeira paternidade e mercê dos pais. (Educação
Bahá’í- uma compilação. p.38)
A ênfase dada à Educação pelos Bahá’í se explica por um de
seus princípios norteadores: o estabelecimento da unidade do gênero humano,
que poderá ser atingido por meio de uma Educação que leve à transformação
do indivíduo e da ação social. Dentro da Religião Bahá’í, a Educação é vista
como uma forma de atingir o aprimoramento do caráter humano e que se
constitui um dos pilares da doutrina.
Cabe salientar que, no culo XIX, Bahá’u’llah deu grande
proeminência ao caráter transformador da Educação e, dentro de uma
concepção de igualdade do gênero humano, deu especial ênfase à Educação
feminina ao declarar:
As mulheres deveriam ter direitos educacionais iguais
aos homens, por serem elas as mães dos futuros
cidadãos. A menos que as mães da espécie humana
sejam cidadãs esclarecidas não poderemos esperar
que a cidadania do mundo o seja. A Educação básica
concerne em grande parte aos valores morais e
espirituais, e assim é de responsabilidade da mãe à
criança, muito antes que esta chegue à idade escolar.
(COBB,1981,89)
Faz-se necessário esclarecemos que, embora haja igualdade
de direitos entre homens e mulheres dentro da doutrina Bahá’í, quando se trata
- 95 -
da Educação, a mulher deve ter prioridade, por serem as meninas de hoje as
futuras mães, ou seja, as multiplicadoras de comportamento e atitudes. As
mães são consideradas as primeiras educadoras, sendo assim deve-se ter uma
atenção especial a Educação da mulher.
´Abdu´l-Bahá deixa-nos claro:
A Educação e a instrução das crianças está entre os
atos mais meritórios da humanidade e atrai as graças
e favores do Todo- Misericordioso, pois a Educação é
o indispensável fundamento de toda a excelência
humana e permite ao homem ascender às alturas da
glória eterna. (Educação Bahá’í uma compilação p.47),
A citação acima nos mostra como a Educação é valorizada dentro
da doutrina Bahá’í.
A Instrução e Educação das crianças são exaltadas como uma
das maiores formas que existem para o homem prestar serviços a Deus.
Por meio de análise da extensa bibliografia Bahá’í, fica claro
haver uma consciência de que o ato de educar é essencialmente ideológico e
político, no sentido de através da Educação pode determinar o comportamento
humano e, portanto, delinear a formação de uma sociedade futura.
Dentro desta perspectiva, observamos que os princípios
norteadores da Educação que a fé Baha’í advoga se estruturam no propósito de
estabelecer a unidade do gênero humano. Procura-se direcionar a Educação
para um caminho que ultrapasse o campo do conhecimento cognitivo, que se
restrinja ao desenvolvimento intelectual. Busca-se trilhar um caminho por meio
- 96 -
do qual a Educação adentre na formação ética, na qual o respeito às diferenças
e o amor à espécie humana fundamente a ação educativa.
Não há como não relacionar essa visão que há dentro da
religião Bahá’í, desde o século XIX, com os PCN, que, de certa forma, ao
trazerem os temas transversais, propõe uma discussão mais ética e uma
formação mais cidadã para o interior da escola. E mesmo com o relatório
elaborado para UNESCO sobre a Educação para o século XXI, que conforme
observamos anteriormente traz no bojo de sua proposta a Educação como
forma de possibilidade de aprimoramento do ser humano em todas as suas
potencialidades.
Conforme Coob (1981), o fundador da religião Bahá’í deu
extrema importância à Educação e anunciou que é através da influência
educativa que o homem caminhará para desenvolver a ideologia e a lealdade
consagradas à meta da paz mundial. Fica evidenciado que a preocupação não
se restringe à Educação das crianças; estende-se a jovens e a adultos. O
programa educacional Bahá’í acredita que o fim do analfabetismo é o primeiro
passo a ser dada em direção a uma inteligente e unificada humanidade.
Coob (1981, p.83) salienta:
Baha’u’llah tinha duas grandes metas mundiais:
construir uma humanidade espiritualmente regenerada
e estabelecer um mundo funcionalmente unido. Em
ambas, a Educação é intrínseca.
Notamos na citação acima o papel significativo que a Educação
tem para a Religião Bahá’í, enquanto um processo de transformação do homem.
- 97 -
O próprio estabelecimento das metas que seu fundador estabeleceu se
relacionam com a Educação.
Segundo Bahá’u’lláh, “O homem é o talismã supremo. A falta de
Educação apropriada, porém, o privou daquilo que ele possui inerentemente.
Advogam os Bahá’ís que a Educação necessária para enriquecer
a mente e o espírito humano deve procurar desenvolver aqueles atributos
essencialmente morais, incluindo a veracidade, a cortesia, a generosidade, a
compaixão, a justiça, o amor e a fidedignidade, os quais, refletidos nas vidas
diárias dos seres humanos, podem gerar famílias e comunidades produtivas e
harmoniosas e, ainda, fazer do desfrute dos direitos fundamentais uma realidade
para todos os seus membros. Tal Educação deve, ademais, ajudar a instilar em
cada indivíduo uma percepção acurada e emocionalmente fundamentada da
unidade fundamental da humanidade.
Nesse sentido, a concepção Bahá’i de Educação está atrelada a
um dos princípios norteadores desta religião: o estabelecimento da unidade do
gênero humano. E toda a ação dessa religião procura reafirmar essa idéia.
Assim, os Bahá’is estão envolvidos diretamente com programas
de Educação voltados para a cultura da paz e Educação para os direitos
humanos. Os Bahá’ís acreditam que a Educação é indispensável para a
concretização dos direitos humanos. Pactuam que uma Educação que instile nos
corações e mentes uma consciência e uma sensibilidade para com os direitos
humanos de todas as pessoas constitui-se em uma ferramenta essencial para a
implementação de padrões internacionais de direitos humanos.
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Acreditam que a Educação para os direitos humanos, para ser
bem sucedida, deve buscar a transformação de atitudes e comportamentos
individuais e, assim, estabelecer uma nova cultura de respeito pelos direitos
humanos em cada comunidade local e nacional.
Os escritos Bahá’is enfatizam a importância da Educação como
chave para o progresso material e espiritual. Exaltam o conhecimento,
promovem a livre investigação da verdade e o aprendizado; salientam a
importância da aquisição de habilidades em artes e ciências como forma de
promover a prosperidade humana. Seguem abaixo algumas citações:
As artes, os ofícios e ciências elevam o mundo do ser
e conduzem à sua sublimidade. O conhecimento é
como asas para a vida do homem, e uma escada pela
qual ele pode subir. Incumbe a todos sua aquisição.
Bahá’u’lláh
Volvei vossas mentes e vontades à Educação dos
povos e raças da terra, para que talvez as dissensões
que a dividem possam, através do poder do Maior
Nome, ser apagadas de sua face, e todos os seres
humanos se tornem os sustentáculo de uma Ordem
e os habitantes de uma mesma Cidade.
Bahá’u’lláh
O requisito primário, o mais urgente, é a promoção da
Educação: É inconcebível que qualquer nação possa
alcançar prosperidade e sucesso a menos que leve a
efeito esta questão suprema e fundamental. A principal
razão do declínio e queda dos povos é a ignorância.
Hoje, o povo em geral está ignorante mesmo em
relação aos assuntos comuns, quão menos pode ele
compreender o âmago dos importantes problemas e
das complexas necessidades desta época.
‘Abdu’l-bahá
- 99 -
A Educação e a instrução das crianças estão entre os
atos mais meritórios da humanidade e atraem as
graças e favores do Todo-Misericordioso, pois a
Educação é o indispensável fundamento de toda
excelência humana e permite ao homem ascender às
alturas da glória eterna. Se uma criança for treinada
desde sua infância, através do afetuoso cuidado do
Santo Jardineiro ela beberá das águas cristalinas do
espírito e do conhecimento, assim como uma jovem
árvore entre deslizantes regatos. Seguramente atrairá
para si própria os brilhantes raios de Sol da verdade,
através de luz e calor, crescerá cada vez mais viçosa e
bela no jardim da vida.
‘Abdu’l-bahá.
A Educação é considerada pelos Bahá’is como o fundamento de
uma nova ordem social e a base da transformação do homem do ter para o
homem voltado para o ser, se é através do processo educativo que o homem
poderá atingir um grau de evolução que o permita a viver mais harmoniosamente
dentro de princípios éticos e morais.
Cabe salientarmos que não foi deixado nenhum currículo ou
programa de Educação detalhado pelos fundadores da Bahá’í, mas princípios
que devem ser seguidos na estruturação de uma Educação que ensine a viver em
harmonia com a sociedade. Princípios esses que apontam para uma Educação
em sintonia com os princípios expresso no Documento de Jacques Delors, sobre a
Educação para o Século XXI, voltados para a formação do homem em sua
totalidade, pelo respeito a diversidade cultural e pela Terra. Há, portanto, uma
forte preocupação em resgatar a essência humana dentro dos preceitos
educacionais Bahá’ís, porém a crença imensurável que essa pode ser
resgatada através da Educação espiritual, ou melhor, da harmonia entre a
Educação espiritual e a Educação material. Acredita-se que apenas com o
conhecimento o homem poderá domar sua natureza animal e progredir em todos
os aspectos, porém esse conhecimento deve incluir o conhecimento dos princípios
- 100 -
religiosos, pautados no respeito às diferenças e no amor incondicional a espécie
humana.
- 101 -
CAPÍTULO III - A Associação Monte Carmelo: um exemplo da ão
social dos Bahá’ís no Brasil.
A proposta de compreender a ação social dos Bahá’ís no Brasil
direcionou-se ao longo desta pesquisa para a sua atuação no campo educacional,
pois na fase exploratória da pesquisa, essa área apresentou-se como sendo a de
maior valor e importância para essa comunidade e, ao mesmo tempo, é a através
da Educação, que os Bahá’ís delineiam sua ação social para parcela da
população brasileira.
Dentre as possibilidades de estudo, escolhemos a Associação
Monte Carmelo, pois essa instituição atua de forma particular na região em que
está inserida no interior de São Paulo, aplicando em sua prática educativa toda a
concepção de mundo e de homem existentes dentro da visão de mundo Bahá’í.
Nesta terceira parte do trabalho, portanto, realizamos um estudo
da Associação Monte Carmelo, objetivando mostrar como os Bahá’ís atuam em
nossa sociedade através da Educação informal. Dividimos este capítulo em três
tópicos.
O primeiro tópico contextualiza a Associação no âmbito histórico e
social. Buscamos, assim, compreender como se desenvolveu historicamente,
como se mostra na atualidade, qual o seu significado social, preocupando-nos em
identificar os sujeitos sociais que constroem cotidianamente a história da AMC.
Para a construção deste tópico utilizamos entrevista com a coordenadora
pedagógica e análise documental (estatuto).
O segundo tópico procura captar a concepção educacional que
orienta a prática pedagógica da A. M. C, realizando uma análise da Proposta
- 102 -
Pedagógica. Preocupamo-nos em identificar os elementos que possibilitem
estabelecer relações entre o trabalho por eles realizado e a ideologia Bahá’í.
No terceiro tópico, realizamos a interpretação das entrevistas
feitas com os pais dos alunos que freqüentam a Associação Monte Carmelo e os
educadores. Fizemos uma análise do trabalho realizado na instituição a partir do
olhar dos sujeitos envolvidos na proposta, procurando compreender as ações
desenvolvidas no cotidiano e como essas ações geram um conhecimento que
provoquem mudanças no comportamento social dos envolvidos no processo de
ensino e aprendizagem e suas famílias. O foco do trabalho realizado nessa
instituição é a Educação de valores, o resgate da essência humana abre, portanto,
a possibilidade para a elaboração e socialização do conhecimento significativo
para vida real.
O fio condutor das reflexões desenvolvidas neste capítulo amarra-
se á convicção de que, além de compreender e apropriar-se da realidade, é
necessário empenhar-se em transformá-la.
3.1. Sua Historia, Sua localização e peculiaridades.
Na região de Sorocaba, interior paulista, mais especificamente na
cidade de Porto Feliz, no Bairro Caeacatinga, na Rodovia Marechal Rondon, km
122,5, situa-se a Associação Monte Carmelo. O município de Porto Feliz tem
aproximadamente 50.000 habitantes, com 1/6 da população residindo na zona
rural. Caracteriza-se pelo alto índice de pobreza, carência de Educação básica e
falta de recursos a serem direcionados para o esporte e lazer da população. Outra
- 103 -
característica relevante, e que as famílias apresentam grande proporção de mães
chefes-de-família e baixo nível de escolaridade.
A Associação Monte Carmelo faz parte dos projetos sócio-
econômicos desenvolvidos pela Bahá’í no Brasil. Projetos implantados no final
dos anos 80, que visam “colaborar na transformação das pessoas objetivando a
transformação da sociedade” e que são orientados dentro dos princípios
educativos Bahá’ís, dentro da sua ideologia religiosa, que conforme elucidamos
anteriormente, se estrutura na idéia a UNIDADE.
Sua história inicia-se no final da década de 80, com a doação de
uma propriedade rural com 84 mil metros quadrado, pela família Ayyazian, família
Armênia Bahá’í, que anteriormente cedia o espaço de seu sitio para realização
em feriados e férias de atividades Bahá’ís voltadas para a formação e discussão
sobre um mundo mais justo, unido e de paz. De acordo com entrevista com a
coordenadora Pedagógica, a Sra. Ana Paula Lima de Oliveira, (em 20 de agosto
de 2007), não há na verdade registros da época em que a AMC foi fundada.
Cabe enfatizar que a doação foi feita à comunidade Bahá’í para
que esta pudesse desenvolver um projeto sócio-econômico na região de Porto
Feliz. Segundo depoimento da coordenadora Pedagógica da AMC, ela surgiu no
inverso do que deve ser um projeto sócio econômico, ele deveria surgir em uma
comunidade Bahá’í forte, pois dessa forma teria material humano, pessoas para
dar suporte. Em Porto Feliz não havia comunidade Bahá’í e ainda hoje a
comunidade Bahá’í de Porto Feliz não é Forte.”
Para a formação da Associação Monte Carmelo, primeiramente a
comunidade Bahá’í procurou realizar uma análise das reais necessidades da
população local, com a consulta com lideranças e autoridades locais, com o
objetivo de verificar o tipo de atividade que deveria ser desenvolvida no espaço
doado. Após as consultas e a análise das necessidades da população local,
- 104 -
percebeu-se que a área deveria ser transformada em um centro de Educação
para crianças. De acordo com a coordenadora pedagógica, nos primeiros anos a
AMC mantinha uma forte parceria com a prefeitura que fornecia mão-de-obra, ou
seja, educadores; nesta primeira fase, a AMC se restringia a um trabalho de
reforço escolar e atendia poucas crianças.
uns 6 anos o projeto da AMC tomou novo rumo e passou a
trabalhar de forma diferenciada, ou seja, concentrou seus esforços na Educação
“material, humana e espiritual” para crianças e adolescentes de famílias de baixa
renda. Detectou-se que uma boa parte das crianças pertencentes a famílias de
baixa renda necessitava de um espaço de desenvolvimento, pois os pais
trabalhavam em tempo integral, ficando as crianças sozinhas em casa, sem um
“cuidadonecessário para sua formação e ao mesmo tempo em risco social, uma
vez que sozinhas se tornam presas fáceis de todo tipo de violência e abusos.
De fato, as crianças desses lares passam metade do dia na escola
e a outra metade na rua. Com o intuito de oferecer à comunidade local um espaço
no qual as necessidades físicas, intelectuais e espirituais das crianças fossem
supridas durante a metade do dia que costumavam ficar na rua, foi criado a
Associação Monte Carmelo, pela comunidade Bahá’í do Brasil.
Esse espaço cercado por natureza, num ambiente tranqüilo e
bucólico, distante da agitação urbano, era o espaço ideal para desenvolver um
projeto sócio-econômico focado sobretudo na criança , mas que pretendia e
pretende com o trabalho desenvolvido envolver progressivamente, pais,famílias
e a sociedade como um todo. Através das atividades desenvolvidas com as
crianças, com o processo educativo de que elas fariam parte, as tornariam de
mudança na sociedade local.
Observamos que dentro dos ideais e da visão de mundo Bahá’í e
que se processa essa mudança: as crianças deveriam ser educadas dentro dos
- 105 -
princípios fundamentais estabelecidos na doutrina Bahá’ís, princípios que
conforme se verificou no capitulo destinado a analisar essa doutrina, se
consubstancial na questão da unidade e que tem como proposta a mudança do
comportamento do homem, voltado para uma concepção mais ética e humana de
homem e de sociedade.
Vislumbrando a possibilidade de tornar as crianças agentes de
mudança na comunidade, em 1989 a Associação Monte Carmelo, iniciou suas
atividades. Eles se definem como uma comunidade de educadores, famílias, seus
filhos e pessoal de apoio, uma organização não-governamental de
desenvolvimento cio-econômico criada pela religião Bahá’í que proporciona
Educação e amparo para crianças e adolescentes de famílias da região em que
está inserida, ou seja, o município de Porto Feliz.
Não podemos deixar de mencionar que todo o projeto
desenvolvido atualmente pela AMC estrutura-se nos princípios espirituais Bahá’ís
segue a doutrina da Bahá’í. Assim sendo, pactuam com a Educação para paz,
para a unidade mundial e com a idéia que a Educação, enquanto parte da
dinâmica social, tem a possibilidade de transformar os indivíduos e por
conseqüência a sociedade e crendo nesta idéia que desenvolvem diariamente seu
projeto, procurando transformar cada criança que adentra no espaço educacional
desta associação.
A AMC está inserida na zona rural do município de Porto Feliz,
com uma área de 84 m2, sendo que possui um salão multifuncional de 300 m2,
que abriga o refeitório, a cozinha industrial e banheiros feminino e masculino com
chuveiro, um outro prédio com cinco salas de aula, uma sala de aula ao ar livre,
um laboratório de informática e dois banheiros.
O corpo docente é composto por 4 educadores, sendo que três
deles são estagiários, ou seja, são estudantes do curso de pedagogia que são
- 106 -
contratados por contrato de estágio, e uma educadora contratada, a qual não tem
formação especifica na área de Educação, mas é antiga aluno da AMC, e com
situação regularizada junto aos órgãos competentes. Esses educadores não são
Bahá’ís, mas recebem treinamento para desenvolverem o trabalho dentro da
filosofia proposta pelos Bahá’ís. Esse treinamento consiste em um estudo em
grupo do Livro 1 do Instituto Ruhí, livro que trabalha os conceitos básicos da
doutrina Bahá’í e os livros 3 e 5 que são livros voltados para aulas para crianças
Outro ponto que merece nossa atenção é o corpo administrativo,
que é composto 9 membros, sendo que realizam reuniões mensais. É importante
salientar aqui que seguem de certa forma a estrutura administrativa a religião
Bahá’í, procurando trabalhar dentro de um perfil de gestão democrática e
participativa, na qual todos os membros desse corpo administrativo participam das
decisões. Eles participam também das tomadas de decisões junto à diretoria, à
coordenadora pedagógica e do administrador.
O processo de escolha desses nove membros também ocorre de
forma participativa. O Conselho Bahá’í do Estado de São Paulo indica vários
nomes, que vão para uma assembléia composta pelos sócios contribuintes, ou
seja, todas as pessoas que são parceiras da AMC, nesta assembléia, escolhem os
nove membros. Essa escolha é feita de dois em dois anos.
A atual assembléia é composta apenas por Bahá’ís, pois o único
membro que não era Bahá’í uma mãe de aluno, tornou-se Bahá’í há pouco tempo.
Utilizam-se da “consulta” para tomada de decisões, consulta que como
verificamos anteriormente é uma das mais importantes instituições da Bahá’í e
é pautada no diálogo e respeito pelo outro na tomada de decisões, que objetiva a
participação de todos.
Vale ressaltar que toda a estrutura administrativa se baseia a
administração Bahá’í, tanto no que se refere ao número de participante que é de 9
- 107 -
na assembléia quanto no sistema de tomada de decisões, que conforme
mencionamos é o de “consulta”.
A equipe que desenvolve as atividades e a administração da
Associação Monte Carmelo é composto por 11(onze) pessoas, sendo que 4
(quatro) delas são voluntárias, O presidente o Sr. Dimas, o tesoureiro o Sr. Atílio,
a secretária, Sra. Lea e a Diretora, Sra. Maryan.
Os educandos desta instituição são crianças e adolescentes da
região de Porto Feliz, crianças em situação de risco social, atualmente atende 69
crianças na idade entre 6 e 9 anos, 86 crianças na idade de 10 a 12 anos e 32
crianças na idade de 13 a 15 anos. Todos eles são acolhidos no espaço do Monte
Carmelo. Eles participam dos projetos desenvolvidos em outros espaços pela
Associação, 63 jovens na idade de 16 a 18 anos, 18 adultos na idade de 19 a 24
anos, 9 participantes na idade de 25 a 29 anos, 28 na idade de 30 a 59 e 6 na
idade de 60 anos ou mais.
De acordo com informações fornecidas pela coordenadora, as
crianças permanecem no Monte Carmelo cerca de 9 anos, uma vez que entram
com 6 anos, período em que estão no primeiro ano do ensino fundamental de
acordo com a LDB, e saem com 14 anos. Após os 14 anos, elas podem participar
de projetos que a Associação Monte Carmelo desenvolve na cidade e que estão
voltados para a formação para o trabalho. O projeto é conhecido como Jovens
Aprendizes, porém neste projeto também está presente o ensino de valores a
partir da visão de mundo Bahá’í, pois os jovens desse projeto estudam dois livros
do instituto Ruhi, o livro Brisa de Confirmação e o Trilhando o caminho reto
21
Segundo documento fornecido pela AMC, o perfil do público
atendido por ela é, dentre as 130 crianças e adolescentes atendidos, 60% dos
21
Esses dois livros são destinados a pré-jovens e jovens e procuram trabalhar valores como
paciências, amor, coorperação, justiça e reflexões sobre a passagem da infância para
adolescência. Discute questões relacionadas a decisões que os jovens precisa
- 108 -
alunos são do sexo masculino e 40% do sexo feminino, com 62% dos alunos
brancos e 38% de alunos negros e pardos. As crianças o admitidas nos ciclos I,
II e II por ordem de inscrição em lista de espera. Os adolescentes do ciclo IV
cresceram dentro do projeto. De acordo com a entrevista com a coordenadora
passaram pela Associação Monte Carmelo cerca de 600 crianças.
Dentro do número de vagas oferecidas, é reservado 10% para o
conselho tutelar da cidade de Porto Feliz, 10% para a assistência social e 10%
para o Poder Judiciário, que encaminham as crianças para a AMC, a fim que
participem do projeto ensinando virtudes.
Devido às particularidades de seu projeto de Educação
espiritual, focado na formação de virtudes, a AMC vem ao longo dos anos
ganhando o reconhecimento por parte da população de Porto Feliz, que no início
tinha uma certa desconfiança por ser ele atrelado à Bahá’í, por parte dos
poderes públicos, chegando a ser declarada no ano de 1995 como Utilidade
Pública pela Câmara Municipal de Porto Feliz. De acordo com a coordenadora
pedagógica, o maior reconhecimento social que a associação possui é a fila de
espera de 150 crianças e o crescente número de telefonemas e ofícios que
recebem por parte de lideres da comunidade e do poder público para conseguirem
vagas, ofícios e telefonemas que enfatizam que “aquela criança precisa do Monte
Carmelo”.
Podemos dizer que a Associação Monte Carmelo estrutura-se de
forma atender às necessidades da comunidade ao qual está inserida, ou seja,
todo seu trabalho se concentra em educar no sentido mais amplo que a palavra
Educação tem, transformar o comportamento das crianças envolvidas no projeto,
tornando-as mais éticas, unidas. Para a consolidação desse ideal se
fundamentam na concepção de Educação Bahá’í que conforme vimos
anteriormente se baseia no equilíbrio entre Educação espiritual e material.
Assim, todos os espaços da AMC são pensados como espaço de aprimoramento
- 109 -
humano, possibilitando, como veremos adiante, que aos educandos um processo
de transformação intelectual e espiritual, pois no período de tempo que estão no
Monte Carmelo as crianças são educadas para aprimorar virtudes.
Em virtude do espaço físico que ocupa e do público a que atende,
o horário da AMC é adequado à realidade do aluno.
O primeiro horário é destinado aos alunos que estudam na escola
formal, regular no período da tarde, assim freqüenta o Monte Carmelo das 8h às
12h e o segundo horário é destinado aos alunos que estudam na escola formal,
regular no período da manhã, freqüentam o Monte Carmelo das 13h às 17h. Para
que as crianças possam ir até a AMC, existe um ônibus da prefeitura para o
transporte nos dois horários.
A Associação Monte Carmelo, sendo uma instituição que atente
ao publico local e de cunho sócio-educativo tem parceria com instituições que não
são Bahá’í,pois não é de uso exclusivo da comunidade Bahá’í. São parceiros
desta organização a prefeitura, que no atual mandato realiza uma subvenção
mensal em dinheiro, que é destinado a alimentação das crianças e no
fornecimento do transporte até o sitio, onde está localizada a AMC.
Cabe esclarecer que a cada mandato, pais e diretoria da AMC se
mobilizam para apresentar ao novo prefeito as necessidades do convênio para a
manutenção do projeto e continuidade das atividades desenvolvidas com a
comunidade da região. Existe um convênio com as escolas públicas, em que o
Comitê Pedagógico do AMC mantém um relacionamento com as escolas públicas
para realizar acompanhamento dos seus alunos que freqüentam a AMC quanto ao
progresso do histórico escolar e para a troca de experiência e informações com
diretores, psicólogos, coordenadores pedagógicos e professores.
- 110 -
A AMC está inscrita no Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente, onde o Gerente Geral da AMC é presidente desta
Associação quatro anos. O Conselho Tutelar de Porto Feliz encaminha
crianças e adolescentes com histórias de violência doméstica, abuso sexual ou em
situação de abandono familiar para participar do projeto. O Poder Judiciário
encaminha crianças e adolescentes que necessitam de acompanhamento escolar,
familiar e em questões comportamentais.
também a parceria com o CDI, Comitê para
Democratização da Informática, e com a EIC, Escola de Informática e Cidadania,
para o desenvolvimento do projeto de Inclusão Digital e Cidadania, capacitação
dos professores, revisão do programa Microsoft. Esta parceria foi ampliada pela
Associação Monte Carmelo para os pais e para a comunidade de Porto Feliz, além
das crianças e adolescentes já atendidas. Tem também parceria com o Movimento
Degrau (ONG), para a execução do projeto Jovem Aprendiz, de acordo com a Lei
Federal 10.097/2000. A Associação Comercial e Empresarial de Porto Feliz
também é parceiro neste projeto de Jovem Aprendiz desenvolvido pela AMC, onde
sede o local, o material escolar básico e lanche para os alunos. Propiciam também
o contato com empresas para a inserção do jovem no mercado de trabalho.
São parceiros de empresas localizadas na região para a captação
de recursos materiais (livros, material didática, mantimentos etc.) e financeiros.
Esclarecemos ainda que algumas colaboradoras como a Lanxess e a Schadeck,
recebem visitas periódicas do Gerente Geral, além de também fazerem visitas a
AMC para tomarem contanto com o projeto realizado.
O comitê de Mães e Pais da AMC realiza campanhas e eventos
para arrecadação de fundos, como rifas, bazares e almoços.
- 111 -
também parceria com ONGs internacionais, para captação de
recursos e voluntariado, o elas a Global Harmony e Bahá’í International
Community.
Por fim, o Padrinho Feliz são contribuições oferecidas por pessoas
que “adotam” uma das crianças que freqüentam a AMC e matem uma contribuição
regular mensal para manutenção do projeto.
Por vim ao longo de sua existência atendendo à comunidade do
município de Porto Feliz, através de um trabalho focado na transformação social
através da Educação espiritual, no ano de 1995 a AMC foi declarada de Utilidade
Pública pela Câmara Municipal de Porto Feliz. Isso representa de certa forma o
reconhecimento social da organização pelo trabalho desenvolvido para a
comunidade. Mas, conforme constatamos em nossa pesquisa de campo, o maior
reconhecimento desta instituição está entre as famílias que ela atende, pois estas
acreditam que essa associação através de sua ação educativa vem colaborando
para suas crianças transformarem-se em cidadãos melhores. Esse
reconhecimento é evidenciado na fala da Coordenadora Paula transcrita abaixo:
O reconhecimento das autoridades e grande. A
assistente social do fórum liga pedindo vaga e falada
situação da criança e diz que essa criança precisa do
Monte Carmelo. É o reconhecimento social. (Anexo I)
3.2. Proposta pedagógica
A Associação Monte Carmelo é uma instituição filantrópica de
natureza assistencial reconhecida como uma ONG que atua no terceiro setor, com
a Educação informal nos princípios da Educação complementar, com crianças que
- 112 -
se encontram em vulnerabilidade e risco social. Dessa forma, deve atender às
exigências da política da assistência social entendida, a partir da LOAS – lei
orgânica da assistência social passa a ser concebida como política de direito
não contributivo que deve atender quem dela necessita.
Outro aspecto legal que obriga as entidades filantrópicas
atenderem em vista a garantir seu atestado beneficente da assistência social,
portanto, conquistar direito de gozar da isenção da cota patronal e de outros
tributos que lhes dão garantias de imunidade é o decreto 3048/99 amplamente
discutido na sociedade porque retirou da filantropia universidade, convênios
médios e clubes de futebol que equivocadamente se beneficiavam das isenções.
Existe a partir da década de 90, por meio de um movimento
denominado marco legal do terceiro setor, as normativas contidas no Sistema
Único da Assistência Social – SUAS.
O contexto da Educação informal que compõem a filantropia
desenvolvida por inúmeras ONGs espalhadas pelo país e que, portanto carece de
cumprir, com as exigências acima elencadas devem atender aos ditames da
política da Assistência Social e, portanto, não responde às questões impostas pela
política da Educação do Brasil.
Ressalta-se que por conta desta realidade a estrutura
organizacional não exige profissionais com formação pedagógica tampouco
projeto político pedagógico. Entretanto, embora todas essas possibilidades a
instituição foco dessa pesquisa zela por contratações de profissionais cuja
formação atende o olhar pedagógico de forma a garantir o atendimento sócio-
educativo e possuiu uma acentuada preocupação em construir uma proposta
pedagógica em sintonia com as exigências educacionais contemporâneas.
Possuindo não um projeto político pedagógico, mas uma proposta pedagógica
onde procura delinear a prática pedagógica e educacional.
- 113 -
O projeto pedagógico da Associação Monte Carmelo foi
remodelado em novembro de 2004 e constituí-se um importante instrumento, por
meio do qual é possível detectar as posturas fundamentais que norteiam a prática
educativa dessa instituição.
Como sugere Gadotti (1994), a palavra projeto vem do
verbo projetar, lançar-se para frente, dando sempre a idéia de movimento, de
mudança. Mudança que caracteriza a própria dinâmica da Educação. Fagundes
(1999) define o projeto como uma atividade natural e intencional que o ser
humano utiliza para construir conhecimento e resolver problemas.
O projeto pedagógico é um documento que delineia as ações que
devem ser feitas a fim de concretizar a prática pedagógica. Ele é a própria
organização do trabalho pedagógico de uma instituição. A partir dele pode-se
compreender a ideológica e a visão de mundo de uma instituição. Todo projeto faz
referência a uma ação intencional e sistemática, onde estão presentes utopias,
sonhos, rupturas, continuidades e a esperança de se construir algo novo.
Gadotti (1994, p.579) afirma:
Todo projeto supõe rupturas com o presente e
promessas para o futuro. Projetar significa tentar
quebrar um estado confortável para arriscar-se,
atravessar um período de instabilidade em função da
promessa de cada projeto contém de estado melhor do
que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado
como promessa frente determinadas rupturas. As
promessas tornam visíveis os campos de ação
possível, comprometendo seus atores e autores.
Todo projeto pedagógico tem uma dimensão política, de acordo
com André (2001, p. 189) “político no sentido de compromisso com a formação do
cidadão para um tipo de sociedade”. Sendo assim, o projeto pedagógico traz uma
ação intencional comprometida com os interesses reais e coletivos da sociedade.
- 114 -
Vale ressaltar que não projeto pedagógico, não Educação
neutra, como Paulo Freire enfatizou o ato de educar é por natureza político e
ideológico, pois sempre a intenção de se formar um tipo de homem, um tipo de
sociedade. Sendo assim, o projeto pedagógico da Associação Monte Carmelo traz
em suas linhas o comprometimento com a ideologia Báhá’í, com a visão de mundo
Bahá’í. Procura realizar um trabalho que traga para seus educandos os valores
existentes dentro da visão de mundo Bahá’í e dessa forma inserir na sociedade o
ethos Bahá’ís. Isso fica evidenciado na proposta pedagógica que todo o projeto de
Educação está “embasado filosoficamente nos princípios Bahá’ís de Educação
propostos no Relatório Dellors, elaborado para UNESCO” (Anexo II)
Sendo o projeto pedagógico o parâmetro no qual todos os sujeitos
envolvidos no processo de aprendizagem norteiam suas ações, ele possibilita a
efetivação da intencionalidade de uma instituição, possibilita traçar o tipo de
cidadão que se pretende formar. Dessa forma, o projeto pedagógico/proposta
pedagógica da Associação Monte Caramelo, traz em seus objetivos não de forma
explicita mas implícita, forma sujeitos sociais mais comprometidos com valores
éticos, preocupados com o outro e com o mundo a sua volta. Sujeitos que
conforme expõe o documento capazes de “construir seu próprio conhecimento”.
Conhecimento que segundo pode ser observado no cotidiano onde esse projeto
se concretiza não se refere aos conteúdos conceituais, mas aos conteúdos
atitudinais e procedimentais, a um conhecimento de si, de usas potencialidades
enquanto ser humano para então poder conhecer o outro e o mundo que está em
sua volta.
Proporcionar as crianças e adolescente que freqüentam a
Associação Monte Carmelo perceber-se como sujeitos sociais é o primeiro passo
trilhado por eles para que possa cumprir os demais objetivos contidos na proposta
pedagógica e que estão elencados de forma sucinta no documento objeto de
nossa análise: “Descobrir as virtudes fundamentais para o relacionamento
humano; Aprender a repensar, discutir, concluir e aplicar os conhecimentos
adquiridos; Construir pactos, normas e modos de organização.” (ANEXO II)
- 115 -
Surge, aqui, uma indagação: Que concepção de Educação
fundamenta a proposta contida na Associação que possibilita o cumprimento de
seus objetivos?
Não de forma clara e explicita nenhuma concepção ou linha
teórica seguida pelo projeto pedagógico da Associação Monte Carmelo, por
exemplos, não está escrito se seguem a visão sócio-interacionista ou tradicional.
Na proposta pedagógica não é pontuada, portanto, a tendência pedagógica da
instituição, como também não se aponta a concepção de Educação que acreditam
e aplicam. Esta é esclarecida no Estatuto Social da Associação Monte Carmelo,
no artigo , quando esclarecem a finalidade da associação como sendo
“promover a Educação material, humana e espiritual da criança e adolescente,
definem o que entendem por essas três esferas:
Por Educação material entenda-se o progresso e
desenvolvimento do corpo,incluindo-se aqui a
Educação para o crescimento, saúde,alimentação, etc.
A Educação humana consiste no desenvolvimento das
habilidades do ser humano para que construa o
progresso e o desenvolvimento da civilização, através
de artes, ciências, instituições, administração,
governos, invenções, descobrimentos, etc.
A Educação espiritual consiste nas aquisições
perfeições divinas, virtudes, qualidades morais e
espirituais. (ANEXO III)
Levando em consideração os objetivos contidos na proposta
pedagógica e a finalidade anunciada no estatuto social da Associação Monte
Carmelo, pode-se dizer que sua visão de Educação está em sintonia com uma
concepção humanista e apresenta uma preocupação de “formar” os educandos
na sua totalidade humana, tornando-os apto a exercerem a cidadania de forma
plena, e terem uma postura mais ética nas diferentes dimensões de sua vida
social.
- 116 -
Dentro dos princípios enunciados na proposta pedagógica e
projetos desenvolvidos pela AMC, destaca-se a preocupação com a Educação de
valores e desenvolvimento de virtudes e de forma explicita introduzem a visão de
mundo Bahá’í aqueles que participam dessa instituição por meio desse projeto de
Educação de valores que é o fio condutor de todo o trabalho desenvolvido nesta
instituição.
Acreditamos que a preocupação em propiciar conhecimentos que
propicie uma visão de mundo mais ético em sintonia com os princípios Bahá’ís
seja o ponto primordial da atividade educativa da AMC. de se ressaltar, no
entanto, que não se constitui como preocupação fazer um trabalho de
“doutrinação”, em que todas as crianças inseridas no projeto passem a se tornar
Bahá’ís, mas em difundir os valores contidos na ideologia Bahá’í, os princípios
básicos dessa religião e assim colaborar para a construção de uma sociedade
mais justa segundo a visão de mundo Bahá’í.
Tendo por base a visão de mundo Bahá’í e conforme foi
mencionado o Relatório Dellors para Educação para o século XXI, a proposta
pedagógica da AMC divide-se em quatro centros de interesses, separados por
bimestre. São eles: Minha Vida, Minha Cidade, Meio Ambiente e Cidadania e
Trabalho, para cada um desses “centros de interesses” o trabalhadas virtudes
elencadas como sendo necessárias no processo de “formação” das crianças.
Há uma preocupação em distribuir ao longo dos bimestres as
virtudes que se correlacionem com as temáticas do bimestre, assim no primeiro
bimestre onde o “trabalho com conscientização do seu próprio eu, da sua família,
da sua vida, dos seus relacionamentos“ aparecem como objetivo o trabalhadas
as virtudes da veracidade, fidedignidade, unidade, respeito, paciência, pureza,
autodisciplina, asseio e excelência.”
- 117 -
O segundo bimestre tem por objetivo de trabalhar “com temas
relacionados a sua cidade, tais como a história e geografia do
município,vizinhança, governo e administração de serviços públicos, bairros,
atividades econômicas e transito trazendo como virtudes a serem desenvolvidas
a cooperação, generosidade, responsabilidade, caridade, honestidade, cortesia,
moderação e justiça. O terceiro bimestre apresenta como objetivo a “preservação
do meio ambiente, conscientização, proteção da fauna e flora, poluição e
reciclagem” e retoma as virtudes da pureza, cooperação, responsabilidade
paciência, disciplina e respeito, acrescentando a bondade com animais. No quarto
bimestre apresenta-se o objetivo de trabalhar o “papel que cada cidadão, direitos,
deveres, documentos, conscientização sobre a importância do voto. Talentos,
vocação, sonhos e ideais, e o trabalho como adoração a Deus.
De acordo com a coordenadora pedagógica:
Além do currículo que funciona por bimestre, os
educadores fazem o planejamento no semestre, cada
bimestre é um centro de interesse, minha vida,minha
cidade, meio ambiente,cidadania e trabalho. Aliados a
esses temas é colocado as virtudes que são
necessárias, por exemplo eles estão estudando o
meio ambiente e a virtude responsabilidade. É uma
virtude por semana.(Anexo I)
Duas questões fundamentais perpassam toda a proposta
pedagógica. A primeira diz respeito a virtudes como “mola” mestra de todo o
processo educacional desenvolvido na Associação Monte Carmelo. Como
propósito principal das ações pedagógicas. O desenvolvimento dessas virtudes
toma uma dimensão significativa no desenrolar do projeto e é a garantia de que a
visão de mundo Bahá’í seja inserida em uma parcela da população, pois elas
estão em completa sintonia com o ethos Bahá’ís, ou seja, caracterizam como deve
ser e agir um Bahá’í.
- 118 -
A segunda diz respeito à construção de cidadãos conscientes de
seu papel social e capazes de exercer a cidadania de forma consciente, critica e
responsável. Esta é uma questão muito delicada e pode ser contemplada
através deu uma Educação libertadora e democrática, estruturada no diálogo
amoroso entre os sujeitos que participam do currículo escolar. Pelo que indica a
proposta pedagógica desta Instituição, o objetivo do trabalho realizado com as
crianças se consubstancia na formação” de um cidadão mais ético, que se
reconheça como “ser humano” e respeito o outro e o mundo que o cerca através
de uma postura responsável. Propõe-se praticar uma Educação humanista, no
sentido de voltar-se para o resgate do homem em sua essência, procurando
proporcionar a ele o desenvolvimento de virtudes.
Por meio de um trabalho coletivo, em que os educandos utilizem
no dia-a-dia do processo escolar seus conhecimentos na produção de novos
conhecimentos para o crescimento pessoal, realizando um processo de integração
entre os diversos sujeitos da escola, buscam estimular o aluno a inserir-se no
mundo, no sentido que Paulo Freire dava à inserção, ou seja, a estar no mundo
de forma consciente, percebendo-se como sujeito e não como objeto.
Mesmo não mencionando nenhuma preocupação com o ensino da
religião Bahá’í para os educandos, a proposta indica, nas entrelinhas, a existência
desse ensino, na medida em que ao longo de todo o trabalho realizado apresenta-
se como atividade a ser desenvolvidas a leitura e memorização de textos
sagrados. Conforme foi constatado no decorrer da pesquisa de campo, são textos
sagrados tirados das escrituras Bahá’í.
Um outro ponto que a ponta para essa preocupação com o ensino,
mesmo sendo indireto, todos os dias as crianças antes de começarem as
atividades se reúnem para fazer orações Bahá’ís. É importante esclarecer que
esse ensino não se processa de forma direta, pois segundo depoimento do
Administrador da AMC, o máximo que as crianças aprendem e sabem sobre a fé
- 119 -
Bahá’í “é falar “Bahá’í”, mas não sabem quem são, da onde vem e o que fazem”,
pois não a preocupação explicita com o ensino sobre a Bahá’í, o existe
aulas sobre a Bahá’í e sim com o processo de transformação do
comportamento das crianças a partir de uma Educação de valores, valores
presente na visão de mundo Bahá’í.
Pode-se pensar que a função da Associação Monte Carmelo
resume-se à ensinar a Bahá’í. Isto não se constitui uma verdade, na medida
em que ela se preocupa em educar de forma ampla as crianças que passam por
ela. Oferecendo a elas uma Educação tanto material como espiritual. Mas não se
pode negar que toda a Educação espiritual se baseia na forma que os Bahá’ís
vêem essa Educação e que ao se pensar a Educação de valores busca-se ensinar
os valores exaltados dentro da visão de mundo Bahá’í.
O administrador da Instituição estuda, Sr. Moises, em entrevista a
um jornal da região de Porto Feliz no ano de 2004, fez questão de frizar que a
comunidade Bahá’í possui projetos sociais espalhados em todo mundo é a
Associação Monte Carmelo , nas suas palavras “é uma idéia Bahá’í, e atende
pessoas que não são da comunidade e o tem nenhuma ligação com essa
doutrina religiosa, sem fazer qualquer tipo de proselitismo ou dogmatizar.”
Da mesma forma deixou claro que existe “um estreitamento entre
a comunidade Bahá’is e a diretoria da Associação, que é responsável e é
composta por empresários de todos os tipos de religião. É uma instituição aberta a
todos.” Pontuou ainda que Nenhum projeto Bahá’is visa dogmatizar ou ensinar a
fé.” Deixando claro que não a intenção de que o trabalho com a Educação de
valores realizados por eles tenha como fruto a conversão religiosa, pois ele afirma
que “A parte espiritual de cada criança é responsabilidade das famílias, assim
como a Educação também é, como o comportamento e valores também, mas
acabam sendo negligenciados.”
- 120 -
Na busca que colaborar com o processo de transformação das
crianças e seguindo uma política da comunidade Bahá’í internacional de “trabalhar
pela unidade do gênero humano” o Monte Carmelo vem desenvolvendo uma
proposta de Educação de valores com crianças da região de Porto Feliz.
A proposta pedagógica da Associação Monte Carmelo engloba o
Projeto Jovem Aprendiz, que aponta uma preocupação com a Educação para o
trabalho, uma vez que possibilita aos jovens entre 14 e 18 anos em situação de
vulnerabilidade social cursos pré-profissionalização. Cabe salientar que a
preocupação com a formação do trabalho não se constitui em eixo principal do
trabalho desenvolvido pela Associação Monte Carmelo, esse como foi
mencionado anteriormente é a Educação de Valores.
A proposta pedagógica da Associação Monte Carmelo não traz
em sua estrutura questões importantes, como perfil do publico a que atende, linha
de trabalho, processo de avaliação, constituindo em um documento simples que
não possibilita perceber a verdadeira dimensão do trabalho realizado pelos
educadores que constroem o currículo escolar no cotidiano da instituição. Essa
dimensão é percebida através da observação do cotidiano e das entrevistas
com pais e educadores.
A coordenadora pedagógica revela na entrevista que a relação
entre a instituição e a religião Bahá’í é total pois nas suas palavras
O Monte Carmelo é um projeto Bahá’í assim como tem
escolas cristãs, adventista. É uma escola baha’í. A
relação é total, desde a metodologia, pois o
planejamento é feito a partir da consulta, pois ao
chegarem na aula não é dado tudo mastigado, os
alunos são consultados sobre o que eles querem
aprender.
- 121 -
É preciso elucidar que a proposta pedagógica da Associação
Monte Carmelo é permeada pela visão de mundo Bahá’í e pela crença de que a
Educação e a sociedade se constroem através do conhecimento partilhado,
através da consulta, que como foi visto constituí-se um principio fundamental
dentro da religião objeto de estudo, e que é aplicada na prática pedagógica onde
os alunos têm voz para dizer o que pensam, como percebem os valores
estudados. Ao mesmo tempo em que traz em seu bojo um interesse em difundir
os princípios Bahá’ís, apontam o comprometimento com a transformação desse
sujeito social que ingressa na Instituição em um ser mais, capaz de sentir-se
melhor consigo mesmo e de perceber-se como ser histórico e com uma visão
mais ética em um processo de encontro com o outro ter possibilidade de sair da
acomodação social e se tornar um sujeito participativo na sociedade.
Como afirma Paulo Freire (2000, p. 86)
Ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com os
outros de forma neutra. Não posso estar no mundo de
luvas nas mãos apenas. A acomodação em mim é
apenas caminho para a inserção que implica decisão,
escolha, intervenção na realidade.
3.3. A associação no olhar dos familiares dos alunos
A interpretação consiste em um profundo e minucioso
processo reflexivo sobre o discurso dos sujeitos que se constituem nos elementos-
chave de nossa pesquisa. A partir da análise detalhada das falas de pais de
alunos e professores, das reflexões feitas sobre a realidade vivida, buscamos
entender a Associação Monte Carmelo em sua totalidade. Estaremos não apenas
interpretando o seu significado, mas procurando nela elementos pedagógicos e
sociais que possam servir de fio condutor a outras instituições de Ensino.
- 122 -
Ouvir os pais de alunos, conhecer suas idéias e vivências
sobre a Associação Monte Carmelo é poder mergulhar de forma profunda sobre
os pensamentos e percepções daqueles que o os elementos históricos vivos da
situação. No momento da entrevista, os pais ficaram um pouco midos em dar
seus depoimentos, poucos foram os que se predispuseram a falar, dos 25 pais
presentes nos dois momentos da entrevista, seis responderam às perguntas.
Porém, na observação de atividades realizadas com os pais, pela equipe do
Monte Carmelo, tivemos a oportunidade de perceber de forma mais ampla a
dimensão do trabalho realizado no Monte Carmelo, iniciaremos nossa análise com
essa atividade.
A preocupação em realizar um trabalho de conscientização dos
pais aparece como forma de tornar a família mais participativa no processo
educacional, possibilitando uma maior inserção social, inserção no sentido que
Paulo Freire à palavra, ou seja, de estar na sociedade com plena consciência
de seu papel e da possibilidade de perceber-se historicamente como sujeito social,
e ao mesmo tempo se contrapõe a uma cultura assistencialista quem vem
caracterizando diferentes programas sociais em nossa sociedade.
Um dos maiores desafios da proposta dessa instituição é
justamente tornar a família mais participativa no processo educacional e, conforme
depoimento do administrador do Monte Carmelo e um dos facilitadores do curso
de pais, fazer a “articulação da comunidade como um todo” nesse processo. Esta
articulação torna-se fundamental para que se possa mudar a concepção da
família, que devido às condições sócio-econômicas e por que não dizer culturais
vem nos seus filhos uma forma de sobrevivência.
Nas palavras de Moisés “O problema não é a criança, é a família” .
A consciência de que é preciso procurar a transformação da visão de mundo da
família para que se processe maiores transformações no comportamento da
- 123 -
criança, tornando-a um ser humano melhor, fez com que houvesse a preocupação
de oferecer aos pais um programa educacional. O depoimento de Moisés ilustra
de forma clara isso.
A concepção destas famílias é a condição de
sobrevivência. O problema não é a criança, é a família.
Dentro da Associação Monte Carmelo, por exemplo,
alteramos nossa estratégica de trabalho, porque a
gente via que a criança só recebia reforço escolar. E só
isso não adianta. Ele tem que vir acompanhado do
reforço de comportamento, de valores, de ser cidadão.
Isso é um grande diferencial da Monte Carmelo. Uma
criança bem cuidada vai ser um cidadão que vai dar o
melhor de si para a sociedade. Na Monte Carmelo,
passamos então a desenvolver um programa para a
família. Passamos a atender as famílias e educar os
pais. As crianças aprendem valores que levam para a
casa.
Dentro da proposta de trabalho da Associação Monte Carmelo
existe, portanto, um projeto desenvolvido com os pais, este projeto visa
conscientizar os pais do trabalho desenvolvido na instituição e ao mesmo tempo
ajudá-los a desenvolverem em seus filhos virtudes que colaborem para a
construção de uma sociedade mais harmoniosa, conforme nos informou a
professora Gislaine por telefone.
O material utilizado nesse “curso de pais”, como é chamado, é do
Instituto Ruhi e os cursos são dados pela coordenadora pedagógica Paula, pela
professora Gislaine e pelo responsável pela parte administrativa o Moises
22
, em
um primeiro momento o curso tem como objetivo apresentar para os pais o
trabalho desenvolvido por eles com as crianças e enfatizar a importância da
parceria escola e família no processo de desenvolvimento e crescimento da
criança.
22
O Moises e a Paula são membros da comunidade Bahá’í e a Gislaine não.
- 124 -
O caminho encontrado para desenvolver o “curso de pais” funda-
se no exercício da consulta Bahá’í e incorpora a visão de mundo Bahá’í, os
valores existentes dentro da doutrina Bahá’í no que diz respeito à importância da
família no processo de transformação do comportamento da criança e a
responsabilidade dessa na Educação de seus filhos. Dessa forma, os cursos de
pais, estruturados no valor da Educação e da família nesse processo, centram-se
na preocupação de conscientizar a família de sua importância na formação de
seus filhos, de fazê-los refletir sobre a responsabilidade no processo de
construção da identidade das crianças.
Com o desenvolvimento do curso, cuja duração são 20 horas, que
podem ser realizadas durante uma semana, no período da noite ou em 5 sábados,
objetiva-se que os pais sejam parceiros no processo de desenvolvimento de
virtudes nas crianças, estimulando-as a trilharem um caminho onde a cooperação
e o amor a si e ao próximo sejam uma constante. Vale ressaltar que os pais ou
responsáveis pelas crianças são convidados a participar do curso. Não
obrigatoriedade da participação, o que torna os encontros mais espontâneos e
produtivos para a discussão não da proposta do Monte Carmelo como também
troca de experiência que possibilite uma maior interação entre os sujeitos do
processo.
Mais uma vez percebe-se a presença da visão de mundo Bahá’í,
uma vez que o sujeito é concebido como elemento ativo na construção do
conhecimento de si e do mundo, como também na sociedade em que interage. A
partir dessa visão de mundo, estruturada na Unidade, é possível a transformação
do ser humano diante de seus valores em relação ao outro.
Os curso de pais são realizados em uma escola municipal
localizada na região central da Cidade de Porto Feliz, e é dado em grupo que
variam de número de participante, entre 10 a 20 pais, de acordo com o interesse e
disponibilidade deles. Esses cursos são na verdade encontros onde a equipe do
- 125 -
Monte Carmelo procura levar algumas questões para serem refletidas pelos pais,
questões relacionadas no processo de formação da criança e da importância dos
pais terem uma atitude amorosa e de encorajamento a seus filhos.
Acompanhamos dois encontros, nos quais as carteiras da sala de
aula estavam posicionadas em um grande circulo, e, conforme os pais iam
chegando, sentavam-se livremente e em uma relação de amizade e cordialidade,
conversavam informalmente com as pessoas que iriam ministrar o curso. Após
chegarem todos os pais, os “facilitadores”
23
apresentam para os pais a proposta
de estudo do dia de maneira informal, procurando estabelecer um elo de
confiabilidade com os pais. Neste dia específico a proposta era refletir sobre os
talentos de seus filhos. Ao iniciar-se o trabalho com os pais, os facilitadores
chamavam a reflexão de quais as qualidades e talentos de seus filhos,
primeiramente cada pai expunha para o grupo quais eram os talentos e qualidades
de seus filhos.
Observamos que os pais aproveitavam a oportunidade não só
para expor os talentos de seus filhos mas de levantar diferentes questões sobre o
comportamento da criança de forma geral. Chamou-nos a atenção, em especial,
uma “mãe” que disse que a criança era muito agitada e fugia muito de casa, tendo
um comportamento que ela caracterizou como difícil, antes da criança entrar no
Monte Carmelo ela batia muito nela, não percebia nela talento algum, apenas
problema, agora não a criança vem demonstrando um comportamento melhor,
deixou de fugir e nem precisa apanhar. Neste momento os facilitadores
interferiram falando para os pais da necessidade de se educar a criança sem
violência e com amor e diálogo. Pontuando que toda mudança no comportamento
de seus filhos depende também deles, da forma que as crianças vão se sentir em
seus lares, se irão se sentir valorizadas, amadas ou menosprezadas.
23
Facilitadores – são as pessoas responsáveis em aplicar os cursos do Instituto Ruhi
- 126 -
Constatamos na situação observada acima, a aplicabilidade da
Educação de valores inserida na Associação Monte Carmelo, tendo resultados
visíveis no comportamento da criança e interferindo no comportamento e dinâmica
familiar. Dessa forma, percebemos que no processo educativo da instituição
resultados significativos, uma vez que houve uma transformação do
comportamento social. Enfatizamos que essa transformação se mediante a uma
Educação que adentra nos valores Bahá’ís mesmo que de forma implícita.
Os pais eram despertados através de uma ação dialógica para a
necessidade de não apenas perceber os talentos das crianças, mas
principalmente em empenhar-se para o desenvolvimento e aprimoramento desses
talentos.
Em um primeiro momento, os pais diziam quais eram os talentos
de seus filhos. Neste momento mencionaram habilidade no futebol, generosidade,
facilidade em desenhar, cozinhar, cantar, escrever poemas. À medida que os pais
foram falando, percebemos que cada relato era uma descoberta das virtudes de
seus filhos e aqueles que não conseguiam perceber tais qualidades, eram
motivados pelos facilitadores a encontrar a qualidades nas crianças. Por exemplo,
uma mãe que consegui perceber que seu filho era muito inquieto e
indisciplinado, foi questionada e levada a refletir o quanto essa criança era amiga
e cooperava com todos.
Na medida em que os pais expunham suas idéias e experiências
do cotidiano familiar os facilitadores levantavam questões pertinentes ao
desenvolvimento das crianças e as atitudes que os pais deveriam tomar para
colaborar tanto para o desenvolvimento dos talentos de seus filhos como a
superar os aspectos que pontuavam como sendo de dificuldade das crianças. Os
pais eram questionados: o que eles vêm fazendo para estimular seus filhos? O
que eles poderiam fazer para ajudar as crianças a desenvolverem seus talentos e
- 127 -
superar as dificuldades? Frisavam a importância em reforçar os pontos positivos
da criança para o desenvolvimento das virtudes dessas crianças.
Os facilitadores conheciam cada crianças e na medida em que os
pais falavam de seus filhos, pontuavam como essa criança se desenvolve e
modifica-se desde que entrou no Monte Carmelo, sempre enfatizando os pontos
positivos, mostrando, ainda, aos pais as qualidades de seus filhos.
Ficou claro que por essa via, no curso dos pais, procura-se
influenciá-los na ação da família com a criança, buscando nela parceiros no
processo e de forma implícita introduziam a visão de mundo Bahá’í, quando
levantavam a importância de se ter ações para garantir a unidade da família e o
desenvolvimento de todas as potencialidades humanas. Conforme enfatizou
Moises, os Bahá’is acreditam que “a unidade começa na família até na eliminação
das barreiras e fronteiras.”
Assim, ao desenvolver um trabalho com os pais voltados para o
processo de crescimento intelectual, afetivo, cognitivo e ético de seus filhos,
procura-se também colaborar para que a família seja pensada e reavaliada. Estão
na verdade introduzindo os valores Bahá’ís, a visão de mundo Bahá’í em uma
parte da nossa sociedade. Podemos afirma que a Educação de valores realizada
na instituição ultrapassa os limites do espaço escolar e num processo continuo
ocupa outros espaços sociais, a família, a escola regular e até mesmo a religião.
E preciso enfatizar que ao longo de nossa pesquisa de campo,
quando observamos o desenvolvimento do “curso de pais”, percebemos que a
grande maioria das famílias das crianças que freqüentam o Monte Carmelo é
evangélica, e mais de um responsável pelas crianças pontuou que após as
crianças freqüentarem a instituição passaram a participar mais de sua religião,
solicitando aos pais a realizarem orações. Evidenciamos isso no depoimento de
uma mãe transcrito abaixo:
- 128 -
O que eles fazem e instruir as crianças no caminho do
bem, que precisa amar o próximo. Tudo isso meu filho
fala em casa, que agente tem que orar, agente não
orava lá em casa, mesmo sendo evangélica, aí ele
agora pede para orar e isso ele aprendeu a
mudança não foi no meu filho, foi para dentro de
casa, ele mudou muito, para melhor e isso trouxe
mudanças para dentro de casa (13)
Esse fato demonstra que não por parte da comunidade Bahá’í
um trabalho de doutrinação nesta instituição. Evidencia-se que não interesse
em realizar proselitismo durante as atividades promovidas na Associação.
Conforme aponta Moises “A Associação Monte Carmelo atende pessoas que não
são da comunidade Bahá’í e não tem nenhuma ligação com essa doutrina
religiosa, sem fazer qualquer tipo de proselitismo ou dogmatizar.”
Poderíamos questionar: se não interesse ao proselitismo ou
dogmatismo, o que motiva a comunidade Bahá’í em manter a Associação Monte
Carmelo? O que leva a Associação a desenvolver um trabalho de Educação com
essas crianças?
Acreditamos que o que motiva o trabalho da comunidade Bahá’í
na Associação Monte Carmelo é o espírito de serviço à humanidade, que
conforme foi visto anteriormente caracteriza o ethos Bahá’í. No caso específico da
instituição analisada, o espírito de serviço se consubstancia em uma ação
educativa que almeja a transformação do comportamento social das crianças
através da Educação de valores. Acreditamos ainda, que se soma ao espírito de
serviço à humanidade a crença de que toda e qualquer mudança na sociedade
poderá se processar a partir da ação do homem e ao mesmo tempo na Fé
existente entre os membros dessa comunidade na força dos princípios Bahá’ís
para a transformação da sociedade. Assim, mesmo não sendo proselitista, eles
inserem esses princípios ao trabalharem a Educação de valores. Outro ponto a ser
destacado é que dentro da visão de mundo Bahá’í há a crença no poder da oração
- 129 -
no processo de transformação do homem, esse princípio é aplicado no cotidiano
do Monte Carmelo, onde todos os dias antes de começarem suas atividades as
crianças realizam orações Bahá’ís.
Organizamos os depoimentos dos pais, utilizando as seguintes
categorias: mudanças no comportamento das crianças, causas dessas mudanças,
virtudes desenvolvidas no Monte Carmelo e influência da religião Bahá’í no
comportamento social.
O primeiro ponto que merece destaque é a forma que os pais vêm
a instituição, para eles ela é de suma importância, pois esta colaborando para que
as crianças sigam o caminho do bem, possibilitando a elas não ficarem na rua e
receberem uma Educação adequada. Portanto, vem de forma positiva essa
instituição.
As afirmações realizadas acima são embasadas nas falas dos pais
como podemos observar a seguir:
Acho que é uma boa forma de ajudar as crianças
seguirem o caminho correto. Pois vão para é
aprendem coisas boas. (17)
No Monte Carmelo eles aprendem a ser gente. Por
isso vejo que é muito importante a existência dessa
instituição.(02)
Pelas falas acima, percebe-se a importância que a Educação
exerce sobre o comportamento das pessoas, como fora explicitado neste
trabalho, ou seja, forma de transformação do ser humano e mais especificamente
o processo educativo realizado no Monte Carmelo, que se insere nos projetos
sócio-econômicos da religião Baha’í, os quais visam à mudança de valores
enraizados na nossa sociedade, que de certa forma, conduzem as atitudes das
crianças no dia-a-dia.
- 130 -
A relevância social da Instituição e a sua representatividade junto
à comunidade de Porto Feliz ficam evidenciadas nas palavras dos pais abaixo
transcritas. Fica claro o trabalho realizado pelo Instituto, que busca direta ou
indiretamente a realização de um trabalho de inclusão social.
Para mim o Monte Carmelo é a melhor coisa na vida
dessas crianças, pois ajudam a serem melhor e isso
não tem preço (03.)
Para mim o Monte Carmelo é uma mãe mesmo, as
crianças que vão lá são meus sobrinhos, a mãe morreu
quando ele era pequeninho e pouco tempo o pai
morreu, e a gente trabalha não tem com quem deixar,
e se ficar na rua vai aprender tudo que não deve, pelo
menos vai aprender tudo que é bom né. Eu
agradeço muito dele estar lá. ( 04)
Acho que o que eles estão fazendo é uma boa coisa
para muitas crianças, porque ao invés de ficarem na
rua ou sozinhos em casa quando a mãe está
trabalhando eles ficam lá, aprendendo coisas
importantes, eles aprendem bons modos, porque
muitas crianças que ficam na rua aprendem coisa
que não devem. Então eu acho que o Monte Carmelo
ajuda as crianças quando as mães não estão por perto.
(18)
Os sujeitos, caracterizados na introdução deste trabalho, vêem
na proposta da Associação uma forma de “tirar” as crianças da rua. Nesta
perspectiva, observa-se que é realizado um trabalho em que se discutem não
os valores que devem permear o cotidiano do ser humano, como também a
possibilidade de crianças carentes vislumbrar um futuro como sujeito ativo na
sociedade em que vive.
É importante ressaltar que as crianças têm a possibilidade de ficar
no Monte Carmelo durante 09 anos, participando do Projeto Educação de Valores.
Após este período, é possível dar continuidade nas atividades educacionais da
- 131 -
associação por meio do Projeto Jovem aprendiz, como fora descrito
anteriormente.
Dessa forma, explicita-se a preocupação da Bahá’í, ou seja, a
preocupação com uma formação intelectual, espiritual e moral. Somente por esses
três valores é que a Educação se completa de forma significativa, possibilitando a
mudança no mundo.
Os pais apresentam, em seus depoimentos, a consciência de que
o trabalho desenvolvido pela Associação Monte Carmelo traz mudanças
significativas no comportamento de seus filhos, as crianças tornam-se mais
tranqüilas, obedientes, demonstrando maior interesse pelo estudo, pela família.
Apresentando, portanto, um comportamento mais ético, atendendo à proposta
pedagógica existente na instituição e ao mesmo tempo indo ao encontro do ethos
Bahá’í.
Para o meu trouxe, ele era muito elétrico,apanhava
todos os dias depois que ele entrou ele endireitou,
está bem mais melhor. Ele não obedecia, respondia,
queria bater. Ele chegou abater em mim e no pai dele,
ele batia mesmo, agora não ele esta bem melhor. Ele
está mais tranqüilo,contente se dando melhor com as
irmãs dele e tudo... ( 01)
Embora eu não ter prestado muita atenção de quando
eles começaram, a gente observa algumas coisas
neles que eles demonstram que eles tem interesse de
estar lá, e a gente neles uma Educação maior. E
algo que beneficia ávida deles, por aumentar as horas
de aprendizado . (05)
O Lucas mudou bastante depois que foi para o Monte
Carmelo, ele era uma criança que fugi muito quando
ele entrou, ele ficava na primeira série e de tanto
insistir consegui uma vaga lá. Depois que ele foi para o
Monte Carmelo ele nunca mais fugiu da escola, é
agora é uma criança muito mais carinhosa, até ontem
eu bati minha cabeça e ele veio correndo mamãe vem
- 132 -
aqui para eu beijar você, e começo a me beijar, mudou
bastante o comportamento dele.(06)
Ele mudou para melhor, ele me ajuda em casa, ele não
tinha paciência com minha nenê e agora ele não grita é
mais responsável.(10)
Espelhando-se nas atividades que o desenvolvidas no dia-a-dia
do Monte Carmelo, as crianças levam para os diferentes espaços sociais
comportamentos que valorizam o amor, a solidariedade, o carinho, a unidade,
enfim, todas aquelas virtudes que embasam os princípios da fé Bahá’í, que estão,
portanto, dentro da visão de mundo desta religião.
Identificam-se nas falas acima crianças com diferentes
comportamentos e que foram alterando-se à medida que conviveram com seus
pares nas atividades do Monte Carmelo. Cabe salientar que no decorrer da
pesquisa de campo observamos que toda as atividades praticadas na Associação
ocorrem de forma amorosa, no sentido que Paulo Freire atribui para este termo.
Podemos afirmar que no Monte Carmelo as mudanças no
comportamento das crianças se dão em virtude dos valores da Bahá’í que
acreditam na potencialidade de mudança e crescimento do ser humano e da
necessidade de uma visão otimista frente à vida e ao semelhante. É preciso
acreditar na possibilidade de mudança do outro para que seja, de fato, realizado
um trabalho que vise à transformação do homem em seu comportamento, em sua
visão de mundo, acreditando na unidade do Homem.
Outro ponto a ser levantado diz respeito à Educação dos valores
transmitidos no Monte Carmelo, por meio do Projeto Educação de Valores,
mencionado nesta tese.
Fica clara a percepção positiva que os pais têm desse trabalho,
pois a crianças utilizam no seu cotidiano muitas das virtudes trabalhadas nos
- 133 -
grupos e as identificam nos diferentes discursos que permeiam a sociedade. As
falas abaixo ratificam este pensamento:
Meu filho falou, estava na televisão falando de cortesia.
Ele disse: Olha, aprendi isso no Monte Carmelo.” E
ele me explicou. (08)
... eu sou evangélica. A gente vai para a igreja e ele
fala olha, mãe,foi dito isso no Monte Carmelo.”. Ele
a bíblia também e procura as virtudes lá. (12)
Como se percebe, o ethos Bahá’í está presente na realidade
dessas crianças que conseguem transpor os valores apreendidos na convivência
no Monte Carmelo para as várias atividades que exercem junto a seus familiares,
amigos, enfim, na sociedade.
Ao freqüentar as atividades desenvolvidas no Monte Carmelo, as
crianças são levadas a refletir sobre a postura do ser humano diante de si e de
seus pares. E, conseqüentemente, mudança no comportamento dessas
crianças, como bem exemplificam as falas abaixo:
Percebo, eles vem falando dos papéis da virtude, mas
sempre foram tranqüilos e com o Monte Carmelo, a
minha filha desenvolveu mais na escola e foi no Monte
Carmelo, antes só tinha reclamação agora graças a
Deus ela está bem. (12)
Trouxe, antes ele não falava com ninguém, e hoje já se
comunica, conversa, fala o que quer. (21)
Minha filha foi com 4 anos para o Monte Carmelo e ela
adora o Monte Carmelo, ela disciplinou bem, ela tinha
mania de comer no sofá,eu falava para ela vamos
comer na mesa e ela não vou comer n o sofá. Depois
que foi para o Monte Carmelo ela começou a comer na
mesa. Eu perguntei para ela Larissa por que você está
comendo na mesa, ela falou no Monte Carmelo agente
tem que comer direitinho.. Agora ela sempre senta na
mesa, tem a oração que faz no Monte Carmelo...(02)
- 134 -
Mais preocupado com o desenvolvimento pessoal e intelectual do
que com a doutrinação, que será refletido no comportamento social num todo,
podemos afirmar que a Educação de valores que é desenvolvida no Monte
Carmelo tem por base a transformação do comportamento social sem a intenção
de conversão religiosa, mas a inserção do ethos e visão de mundo Bahá’í na
sociedade, dos valores da unidade e paz mundial, com a preocupação na
construção de uma sociedade melhor. Vale lembrarmos que esta religião não tem
a perspectiva de esperar uma vida melhor num outro plano; acredita que há
necessidade de se transformar o homem hoje para viver o hoje, a fim de que seja
implantada uma vida melhor, em que a justiça, a igualdade do gênero humano, o
amor, a generosidade e o desprendimento fazem parte da essência humana.
Os pais atribuem essa mudança no trabalho realizado com
disciplina, carinho, amor e atenção. E reconhecem que esta é a grande diferença
do Monte Carmelo para outras Instituições da região.
Os professores dão carinho, atenção, né? Então é isso
o amor, o carinho que eles dão. A gente trabalha fora e
eles fazem o papel de pais deles. Eles dão muito
carinho para as crianças lá. (11)
A mãe tem consciência do trabalho que é desenvolvido na
Associação, mas não consegue perceber a diferença entre o relacionamento
familiar e o social que se constrói no dia-a-dia por meio das atividades
desenvolvidas no Monte Carmelo. A associação tem a clareza de seu papel social
e, por isso, desenvolve a escola dos pais, a fim de que traga a consciência a
esses pais de que o papel deles pais é insubstituível. Isso é um valor Bahá’í,
ou seja, a valorização da família enquanto “celular mater” da sociedade.
Um outro sujeito da pesquisa afirma:
- 135 -
É o carinho, é a dedicação que eles têm no Monte
Carmelo. Quando eu não estava trabalhando, ia e
via o carinho que tem com as crianças. Tem também
as virtudes que eles trabalham lá. (07)
Esta fala chama nossa atenção para o fato de que, segundo a
Bahá’í, não basta trabalhar as virtudes. É preciso, na medida em que são
trabalhadas, sejam trazidos exemplos para o grupo, a fim de que possam refletir
sobre o cotidiano de cada um. Por isso, é importante que a família tenha uma
atuação como sujeito ativo na formação dos valores de cada um de seus
membros. Bahá’u’lláh afirma que mais importante do que as palavras é a ação no
processo de transformação do mundo. Na verdade, a palavra não transforma
nada. Inspirados nisso, procuram desenvolver no Monte Carmelo as virtudes por
meio de ações, em que cada semana a criança aprende e discute sobre uma
virtude e desenvolve projetos práticos aplicáveis no cotidiano, que são
apresentados todas as sextas-feiras para toda a escola. Mais uma vez, percebe-
se a presença do ethos.
Um ponto que nos chamou a atenção é o alegado pela M1, sujeito
da pesquisa:
Disciplina...tudo tem de ter disciplina, tudo tem de ter
sua hora. O Monte Carmelo é bom porque tudo tem de
ter sua hora.(03)
Levando em consideração que disciplina é entendida como uma
ordem conveniente e necessária ao funcionamento regular de uma determinada
Organização, a fala desta mãe é pertinente no contexto deste trabalho. Na
pesquisa de campo, observamos que o Monte Carmelo zela pela disciplina, uma
vez que ao chegar, os alunos se reúnem para fazer orações, depois almoçam e
fazem as atividades em sala de aula, onde participam ativamente, contribuindo por
- 136 -
meio de suas opiniões, sugestões, sempre respeitando a ordem de quem levantou
a mão. Ressalte-se, ainda, que esta disciplina foi livremente acordada por cada
um dos integrantes dos grupos que constituem a Associação.
Neste sentido, o Monte Carmelo vai ao encontro dos princípios da
Bahá’í, que entende que a disciplina realiza-se por meio do respeito às
diferenças de opiniões, de credos, de etnias etc e que influencia na forma de viver
do indivíduo.
Na pesquisa de campo realizada, pudemos constatar que as mães
têm consciência de que se trata de uma Associação pertencente à religião Bahá’í,
ma não a vêem como um espaço de doutrinação religiosa. Pelas falas
apresentadas pelas mães, percebemos que elas são conscientes de que o Monte
Carmelo é uma Instituição Confessional, ou seja, que assume a sua religiosidade
e, portanto, não ensinam a religião Bahá’í propriamente dita, mas sim
O que eles fazem é instruir as crianças no caminho do
bem, que precisam amar o próximo. (13)
Ainda no tocante às afirmações anteriores, o depoimento da M5
torna-se significativo:
Não tem influência assim. A Instituição é Bahá’í e está
ensinando bem. Eu não acredito que ocorra
doutrinação. Eu sou Bahá’í hoje, pois vendo o trabalho
e as orações eu me encontrei. Mas eles não obrigam
ninguém a ser nada, tanto que muitos pais são
evangélicos, católicos. Lá eles fazem orações, ensinam
virtudes, falam da fé para os pais, mas não doutrinam.
Os pais escolhem seus caminhos.(23)
Observamos, a partir da fala deste sujeito, um ponto levantado
anteriormente nesta tese que é o ensino a longo prazo. Mesmo não havendo um
trabalho de proselitismo direto, o desenvolvimento do Projeto Educação de
- 137 -
Valores e Escola de Pais acaba por ensinar indiretamente a religião Bahá’í, seja
por meio da transformação do comportamento das crianças, seja pelas orações
que as crianças aprendem e levam para seus lares. Desta forma, uma difusão
da visão de mundo e do ethos Bahá’ís e aqueles que se identificarem com esses
princípios têm a possibilidade de realizar a livre pesquisa e se tornar ou não um
Bahá’í.
Nada é imposto, caracterizando a questão da visão democrática
existente na Bahá’í que transcende a Administração Bahá’í que vimos
anteriormente e adentra em diferentes esferas do comportamento humano.
3.4. A Associação Monte Carmelo no olhar dos educadores
Preliminarmente é importante ressaltarmos que por serem os
educadores estagiários, existe uma certa rotatividade no quadro docente, pois ao
terminarem o ensino superior desligam-se do quadro funcional da Associação. Os
docentes ficam em dia 3 anos trabalhando na instituição pesquisada. Neste
período, desenvolvem suas atividades educativas dentro da proposta de
Educação Bahá’í, tendo, portanto, contato direto com a visão de mundo Bahá’í e
com a literatura Bahá’í, uma vez que, conforme depoimento dado por eles, após
entrarem no Monte Carmelo realizam curso de capacitação como material do
Instituto Ruhi, que de acordo com observações realizadas neste trabalho é um
instituto Bahá’í. .
Segundo a coordenadora pedagógica em conversa informal com
esta pesquisadora, “há todo um trabalho de formação com esses estagiários, todo
- 138 -
um processo de discussão continua da prática docente e da importância da
Educação de valores, quando eles estão bem formados, bem preparados acaba o
estágio e eles vão embora”.
Observamos aqui que esses estagiários que se transformam em
educadores no Monte Carmelo aprendem a ser educadores na práxis da realidade
desta instituição Bahá’í. Portanto, tem como modelo de Educação a seguir a
aplicada e vivida no Monte Carmelo, adentram no universo educacional dentro da
visão de mundo da Bahá’í. Esta fato é de extrema relevância, pois ao mesmo
tempo em que estão colaborando no processo de transformação das crianças
dentro do que os Bahá’ís acreditam ser o mais correto. Esses educadores estão
também sendo inseridos na visão de mundo Bahá’í, no ethos Bahá’í, ocorrendo
com eles também um processo educativo e ao saírem dessa instituição irão levar
consigo os valores ensinados e aprendidos, as experiências sociais vivenciadas,
tendo a possibilidade de em outros espaços educativos, como no ensino público,
aplicarem parte do que apreenderam, tornando-se, portanto, multiplicadores da
visão de mundo existente nesta instituição.
Hoje existem 4 educadores trabalhando com
as crianças do
Monte Carmelo. Eles não têm nenhuma relação com a religião Baha’í, e, conforme
nos foi dito em conversa informal com o administrador do Monte Carmelo, o Sr.
Moises, a maioria dos educadores que está ou que passou pela Associação Monte
Carmelo nunca nem ouviu falar sobre a religião Bahá’í, não tendo nenhum
conhecimento sobre sua história, sua doutrina ou visão de Mundo. Desse universo
de 4 educadores, três responderam ao questionário proposto nesta pesquisa.
Para realizarmos a análise dos questionários, organizamos as
respostas dos educadores da Associação Monte
Carmelo nas seguintes
categorias: Proposta Educacional, mudanças nos educandos, avaliação e
concepção de Educação. de se ressaltar que essas categorias foram
levantadas, buscando-se relacionar as respostas dos professores com os
- 139 -
objetivos da escola existentes no plano escolar e, assim, poder verificar como
ocorre a prática educacional no Monte Carmelo e se de fato um projeto de leve
à transformação do educando em um cidadão mais livre e consciente de si.
Os educadores apontam que a proposta educacional é
construída pelo grupo, uma vez que para construí-lo, segundo eles, são
realizadas. “Reuniões, consultas e decisões em geral” (Ed.1)
Percebemos que quando os educadores falam da proposta
educacional, referem-se na verdade ao processo de implantação da proposta na
prática. Parece-nos que eles não têm a consciência de que a proposta está
pronta, sendo que todo o processo de diálogo que ocorre é para a
operacionalização dessa proposta, ou seja, a partir do eixo condutor do trabalho
desenvolvido na instituição, Educação de valores, discute-se como transpor esses
valores para as crianças no cotidiano escolar.
Vale lembrar que toda a proposta educacional e pedagógica
do Monte Carmelo se estrutura na visão de mundo Bahá’í. Portanto, no que se
refere à flexibilidade e a elementos considerados essenciais da proposta, ou seja,
a Educação de valores, o a possibilidade de mudança. É essa mudança que
diferencia essa das demais instituições da mesma natureza. Pelo que
constatamos na pesquisa de campo realizada, como também por meio da
observação e ratificada nos questionários com os educadores e entrevista com a
coordenação, existe um processo dialógico em que em conjunto os professores
discutam como trazer para o currículo escolar, para o cotidiano das crianças não
apenas o significado desses valores mais principalmente a prática.
Um ponto que merece nossa atenção é que os educadores
chamam a atenção ao fato de o grupo ser unido e essa união ser um fator positivo
para a concretização da proposta seguida. Não podemos esquecer neste
momento que a unidade, como vimos anteriormente, constitui-se em pedra
- 140 -
fundamental de toda visão de mundo Bahá’í e do seu ethos. A existência dessa
unidade entre o grupo seja entre educador-educador, educador-educando,
educador-coordenação aponta a influência direta da concepção de mundo Bahá’í,
que acredita que a Unidade em todos os sentidos é o principal caminho para se
processar mudanças concretas na sociedade.
Para os educadores, os “treinamentos” com os livros do
instituto Ruhi aparece de forma natural; o apresentam nenhuma postura
contrária a isso chegando a educadora 1 a afirmar que “...o treinamento é muito
bom pois aprendi virtudes que não conhecia e pude colocá-las em prática.”(02)
Para corresponder a proposta pedagógica, o planejamento é
realizado após os professores terem um contato com a visão de mundo Bahá’í,
terem iniciado no processo de instituto, através do ciclo de estudos do livro 1 do
Instituto Ruhi, pois somente puderam colocar em prática, trabalhar com os valores,
virtudes propostas pela instituição, se conhecerem a visão de mundo Bahá’í, o
ethos Bahá’í, se eles aprenderem um pouco sobre a doutrina Bahá’í, sobre a
base fundamental que estrutura, a Unidade.
Chama-nos a atenção o fato da Educadora 1 levantar
positivamente o processo de formação, salientando que, através dele, ela aprende
mais a colocar em prática as virtudes. Na verdade, isso indica que não está
sendo inserida a visão de mundo Bahá’í, como está modificando o comportamento
de todos que vivem no cotidiano escolar, influenciando o ethos de cada sujeito.
Os educadores revelam, em suas respostas, uma prática
educativa fundamentada no diálogo, na troca, em que nada é dado pronto e sim
se procura em um primeiro momento levar as crianças a pensarem sobre as
virtudes e depois da reflexão, da exposição das idéias os educadores explicam
sobre o significado daquela virtude. Evidenciamos isso nas respostas transcritas
abaixo:
- 141 -
Pergunto o que eles sabem sobre virtudes, o que
entenderam e explico as virtudes depois.” (22)
Eu pergunto sobre o que eles entendem sobre
virtudes, depois explico, depois falam o que
entenderam e eles praticam” (38)
À medida que, como esclareceu o Educador 2, os alunos não
apenas aprendem no campo teórico as virtudes, mas presente tanto na ação
docente, quanto na própria proposta pedagógica, a preocupação em praticar as
virtudes estudadas e, de acordo com o que foi visto nas entrevistas dos pais, as
crianças inserem em suas vidas diárias essas virtudes.
Podemos afirmar que a proposta educacional desenvolvida na
Associação Monte Carmelo ultrapassa os limites do conhecimento cognitivo, a
esfera do aprender conteúdos conceituais e volta-se para os conteúdos atitudinais
e procedimentais, procurando com que seus educandos “aprendam a ser”, dentro
da concepção de homem e de mundo presentes na doutrina Bahá’í e que
conforme elucidamos está diretamente relacionada às propostas de Educação
para o século XXI presentes no Relatório da Unesco, organizada por Jacques
Delors.
Os professores deixam claro que os valores e virtudes a
serem trabalhados são escolhidos pela diretora pedagógica e que seguem as
orientações presentes nos livros do Instituto Ruhi. Hoje o material utilizado são
esses livros. Eles apontam ainda a crença de que a partir da Educação de valores,
do trabalho com as virtudes determinadas dentro da proposta, a possibilidade
concreta de transformação do comportamento das crianças, o que a mudança no
mundo. Isso se evidencia no momento que, quando foram questionados sobre
quem determina os valores e virtudes a serem trabalhados, responderam:
A diretoria pedagógica do Monte Carmelo, porque as
crianças podem mudar o mundo em que vivem usando
as virtudes.(23)
- 142 -
Percebemos nesta resposta total relação com a visão de mundo
Bahá’í, com a concepção de Educação Bahá’í que tem como convicção que a
Educação pode mudar o mundo a partir da mudança que ela processa no homem.
Vale ressaltar ainda que notamos neste ponto como de forma tênue e indireta
ocorre a inserção dos valores Bahá’ís a partir do trabalho desenvolvido no Monte
Carmelo, não somente nos educandos, mas de forma significativa no educador.
De acordo com as respostas dos educadores as “mudanças no
comportamento dos alunos não é imediata, mas sim significativa” (09) É
observado “que elas mudam com o passar do conhecimento”. (24). Afirmam ainda
que “as crianças praticam as virtudes, elas começam a mudar e agem e pensam
diferente.” (40)
Apontam diferentes mudanças no comportamento das
crianças, como “respeito em seguir horários, na cortesia” (10) “No comportamento.
Quando elas chegam aqui são mal comportados e com o passar do tempo eles
vão se transformando em pessoas comportadas”.(25) Esclarece um educador:
“uma criança que é bagunceira e que antes não tinha noção do que estava
fazendo, depois de explicar as virtudes, ensinar, ela começou a praticar e ver que
era melhor para ela, começou a compreender que o que ela fazia era errado, é
fazendo o que é certo ela se sentiu mais feliz.”(41)
Os educadores vêem de forma positiva o trabalho
desenvolvido no Monte Carmelo e apontam “a aprendizagem das virtudes que
elas recebemcomo dos responsáveis pela transformação dos alunos. Soma-se
ao projeto de virtudes “o amor que existe nessa instituição e o respeito ao
indivíduo”. (11) e ainda “todas as pessoas que contribuem para isso, que viram e
ajudaram, as educadoras e os próprios alunos que tiveram força de vontade em
mudar”.(42)
- 143 -
Segundo os educadores, a avaliação “e feita através dos trabalhos
desenvolvidos por eles e no seu comportamento diário.” (28) E ainda “vendo se
eles estão praticando as virtudes, se eles realmente falam a verdade, se respeitam
os amigos. Que realmente eles aprenderam.” (44) “Nas atitudes, no seu
comportamento, como eles tratam os amiguinhos.”(13)
A partir das afirmações realizadas acima, podemos dizer que há
na Associação Monte Carmelo uma avaliação processual, em que os educadores
procuram perceber o processo educativo como um todo. Sendo assim, foge de
uma postura pedagógica tradicional de Educação, tanto por meio do
desenvolvimento da prática educativa, que ocorre através do diálogo, quanto pela
forma de avaliar, se aproximando de uma postura humanista de Educação.
Os educadores apontam que a concepção de Educação do Monte
Carmelo é “Educação espiritual, material e humana”(31) Promover a Educação
material, espiritual da criança e do adolescente, contribuindo para o
desenvolvimento da família e da comunidade,visando a um mundo justo, unido e
de paz.” (15)
Nas respostas citadas acima, de forma clara, identificamos toda a
concepção de Educação Bahá’í, na verdade é a transcrição dessa concepção.
Assim, como percebemos os valores Bahá’ís presentes no discurso dos
professores quando mencionam a Educação como caminho para justiça e paz.
As respostas dos educadores apontam uma instituição voltada
para a Educação de virtudes, estruturada na visão de mundo Bahá’is que se
alicerça no comportamento dos sujeitos sociais que constroem a história dessa
instituição, comportamento que segue o ethos Bahá’í e, portanto, trabalha a partir
da Unidade, da parceria, do diálogo e da consulta. Pontuam um processo
educativo que procura fazer das ações o grande diferencial, pois não é no campo
da teoria que se avaliam os alunos, mas no campo da prática, do comportamento
- 144 -
que se percebe alterado com a apreensão de novos conhecimentos, das virtudes.
Vêem uma instituição que de forma amorosa e comprometida desenvolvem um
trabalho que leva a mudança de comportamento dos educandos.
- 145 -
CONCLUSÃO
As reflexões desenvolvidas neste trabalho tiveram como ponto de
partida a compreensão da ação social da religião Bahá’í no Brasil. Procuramos no
decorrer de todo o processo de construção deste estudo não apenas verificar de
que forma a religião objeto de estudo atua em nossa sociedade, mas também
entender essa atuação entrelaçada à sua visão de mundo e a seu ethos.
O texto foi tecido, como já mencionado na introdução da tese, a partir
de um diálogo interdisciplinar e intertextual e de uma dinâmica de ir e vir
constantes, dinâmica própria da vida e da pesquisa. Partilhar nossas últimas
reflexões não significa em absoluto que se esgota aqui o caminho de
compreensão da religião Bahá’í por nós iniciado; temos consciência de que muito
ainda a ser compreendido, estudado e analisado, pois, como afirmamos no
decorrer deste texto, o campo é vasto, pouco explorado e aberto a olhares
diversos na perspectiva de pesquisa da Ciência Social e da Ciência da Religião.
A partir da consciência de que demos um primeiro passo para a
compreensão dessa religião, procuramos neste momento alinhavar as
considerações realizadas ao longo do processo de construção deste trabalho e
levantar alguns pontos ainda não abordados, de forma a contribuir para o seu
aprofundamento e continuidade.
Ao contrário do que se possa pensar, a religião Bahá’í não pode ser
vista como étnica, isto é, não resgata valores étnicos (Iranianos). Na verdade, ela
se propõe como religião universal. A nossa afirmação se baseia em algumas
constatações no desenvolvimento da pesquisa:
- 146 -
- A Bahá’í tem como princípio a unidade, a paz mundial, a
eliminação de preconceito. Como exemplo dessa preocupação, os Bahá’ís são
membros consultivos das Nações Unidas, fazendo parte da UNESCO, da UNICEF
e da Anistia Internacional.
- Os adeptos dessa religião não são exclusivamente de origem
iraniana. um número significativo de brasileiros natos que atuam nas diversas
atividades promovidas pela fé Bahá’í.
- Na diáspora Bahá’í, houve uma verdadeira estratégia de dispersão
dos grupos e não de concentração ou enquistamento.
- Existe uma orientação da Casa Universal de Justiça de não se
concentrar mais de uma família iraniana numa mesma comunidade.
- O papel da mulher submissa não existe entre os Bahá’ís. Dentro de
sua visão de mundo, a mulher caminha lado a lado do homem, constituindo figura
singular e relevante enquanto educadora.
Constatamos ao longo da pesquisa que o fato dos adeptos da
Bahá’í não poderem se envolver com política partidária não os tornam passivos
frente à realidade social. Ao contrário. Nas diferentes regiões do pais, procuram
desenvolver projetos que caracterizem uma ação cidadã, no sentido de tornar o
Homem consciente de seu papel social e histórico no processo de transformação
da realidade, por meio de uma ação voltada para a implantação da visão de
mundo Bahá’í.
Há de se considerar que eles procuram colaborar para a mudança no
mundo. Um exemplo claro de participação da comunidade Bahá’í foi no ano
internacional da Paz, quando foram realizados diferentes movimentos sociais,
entre eles passeatas em prol da paz. Essa luta pela implantação da cultura de paz
- 147 -
não se restringiu ao ano internacional da paz. Os Bahá’ís estão envolvidos em
ONG’s que procuram o discutir assuntos relacionados à sociedade, mas
principalmente conscientizar da importância de se implantar uma cultura da paz,
voltada ao respeito às diferenças. Seguida da discussão, vem a ação, numa busca
de transformação do ser humano.
Durante muitos anos, a comunidade Bahá’í de Santo André
desenvolveu projeto junto à Secretaria Municipal de Educação em escolas da
região, o qual se propunha a não apenas discutir a importância da paz, mas
principalmente de inserir a visão de mundo Bahá’í que, conforme vimos,
estrutura-se na idéia da Unidade.
No ano de 2007, a comunidade Bahá’í de São Caetano do Sul
desenvolveu um projeto junto aos jovens da cidade, o qual teve como proposta
discutir qual é o papel da juventude no processo de mudança do mundo. Esse
projeto iniciado com uma palestra dada por um jovem Bahá’í de 19 anos chamava
a atenção para a importância de revermos papel do homem na sociedade e para
o potencial que o jovem tem para colaborar com a mudança e construção de um
mundo melhor. A partir dessa palestra, os interessados no tema foram convidados
a participar dos cursos do Instituto Ruhi. Cabe ressaltarmos aqui que o espaço
ocupado pelos Bahá’ís em diferentes partes do Brasil é o espaço da Educação,
não no sentido formal, mas informal. Eles procuram desenvolver projetos junto a
escolas, por meio dos quais divulgam os valores, a visão de mundo e o ethos da
fé Bahá’í na sociedade.
Ao fazermos a análise da visão de mundo e do ethos Bahá’ís, ao
estabelecermos o elo entre eles e a doutrina existente nessa religião, descobrimos
que o estilo moral, a atitude que cada adepto deve ter em seu cotidiano exige-se
um compromisso social, uma percepção de que depende de cada sujeito social;
deste depende o processo de transformação do mundo, um compromisso com o
destino da humanidade. Dessa forma, o estilo de vida de um Bahá’í é
- 148 -
consubstanciado em uma atitude de servidão. Evidenciamos em nossa pesquisa
que a servidão não define o Bahá’í, como também dentro de sua visão de
mundo tem um valor imensurável, pois é através de um “espírito de serviço” à
humanidade que eles acreditam estar servindo a Deus e ao mesmo tempo
colaborando para a construção de uma sociedade mais justa.
A idéia de servir a humanidade foi ressaltada nas entrevistas e ao
longo da pesquisa de observação. Muitas vezes ouvimos a importância do Bahá’í
ter “espírito de serviço” e a representatividade que isso tem dentro da visão de
mundo Bahá’í.
Cabe ressaltarmos que o “serviço” se faz presente na ação dos
membros dessa religião de diferentes formas: desde a participação de projetos
locais, como aulas para criança, como facilitadores do Instituto Ruhi, visita aos
lares até o oferecimento para servir a religião durante um ano de trabalho como
voluntário em projetos sócio-educativos, no ensino direto ou na administração
Bahá’í.
A maioria dos oferecimentos para o ano de serviço é de jovens
Bahá’ís, que muitas vezes abandonam suas atividades e viajam para outras partes
do Brasil ou do mundo, onde dedicam seu tempo exclusivamente a servir à
comunidade local em nome dos princípios da religião e por um mundo mais
unitário.
O ethos Bahá’í aponta para um comportamento social caracterizado
pela veracidade, gentileza e desprendimento. Ele caracteriza um estilo de vida
estruturado na calma e na consciência de que o verdadeiro sentido da vida está
em servir a Deus através do serviço à humanidade. A moderação faz parte de seu
cotidiano. Assim como a dedicação e empenho nas atividades de seu dia-a-dia, o
Bahá’í é chamado a “destacar-se” pela integridade e por uma postura ética que
- 149 -
valorize a essência humana e a participação no processo de construção de um
mundo melhor, em que a unidade, a justiça, a solidariedade estejam presentes.
Ficou claro para nós que o significado que cada Bahá’í da à sua vida
se entrelaça à idéia contida na doutrina Bahá’í, cujo ponto fundamental é a
Unidade em diferentes dimensões. A unidade o tom à vida de um Bahá’í. Eles
são movidos pela crença neste princípio que estrutura suas ações nas diferentes
dimensões de sua vida. Seja na família, seja na escola, seja no trabalho, eles
sempre se mostram sujeitos que trabalham em prol da unidade do gênero humano
e livres de qualquer forma de preconceito.
A religião Bahá’í busca de forma ampla trazer a cada um de seus
crentes a consciência de seu papel na implantação de uma nova ordem mundial.
É a ordem mundial descrita por Bahá’u’lláh e que se configura em uma concepção
democrática de mundo e que tem como pilar principal a unidade. Essa religião não
traz soluções gicas e fáceis para os problemas que cercam o homem em seu
cotidiano, tampouco tem como objetivo resolver problemas de ordem pessoal. Na
verdade, busca um compromisso entre o crente e sua crença através de uma ação
comprometida com a mudança da humanidade.
A prática religiosa Bahá’í estrutura-se em uma atitude dinâmica e
positiva frente à vida, na busca em transformar a realidade social a partir da
implantação da visão de mundo e do ethos Bahá’í; estrutura-se em “aprimorar o
caráter humano”, tendo para isso a sua doutrina como base. Eles o acreditam
em salvação individual, mas na construção coletiva de uma sociedade melhor,
construção que se inicia com a transformação do indivíduo e que a partir dela se
transforma a sociedade.
Contrapondo-se a uma visão capitalista de homem e de mundo, os
Bahá’ís acreditam no resgate da essência humana, no desenvolvimento do
homem espiritual e material através da Educação. Dessa forma, a Educação se
- 150 -
destaca como um valor importante e fundamental dentro da religião Bahá’í. É por
meio dela que eles procuram consolidar sua e divulgar sua visão de mundo e
seu ethos. Eles consideram a Educação como o fundamento de uma nova ordem
social, como uma forma de serviço, como o meio para a transformação do
comportamento humano. É a Educação o caminho para evolução espiritual e
material do homem.
A crença no valor da Educação na vida humana unida ao desejo de
inserirem sua visão de mundo e seu ethos na sociedade fez com que eles
voltassem seu olhar para tal crença e implantassem em diferentes partes do
mundo projetos voltados para a Educação. Esses projetos se consubstanciam
através do Instituto Ruhi, cujo trabalho marca a capacitação de recursos humanos
para o serviço à religião Bahá’í e à humanidade e a projetos sócio-educativos,
como é o caso da Associação Monte Carmelo.
Ao focalizarmos o tema desta tese de doutorado para a ação social
dos Bahá’ís no Brasil, evidenciamos ser a Educação um ponto relevante nesta
religião, pois nas diferentes comunidades Bahá’ís existentes nas diversas cidades
têm-se desenvolvido os ciclos de estudos e as “aulinhas” para crianças. Esses
processos educativos estruturados no diálogo e na consulta funcionam como o
que denominamos de ensino a longo prazo, em que as crianças vão apreendendo
a visão de mundo e o ethos Bahá’í, transformando seu comportamento,
delineando seu comportamento que configurem sujeitos multiplicadores da visão
de mundo Bahá’í, uma vez que levam esses valores para os diferentes espaços
sociais que ocupam os valores apreendidos.
A experiência educacional desenvolvida na Associação Monte
Carmelo revelada nos depoimentos de seus educadores e dos familiares dos
educandos apresenta elementos simples, estruturados na visão de mundo e no
ethos Bahá’í, como demonstramos na análise que apresentamos no capítulo a ela
destinado. Acreditamos que a Educação de virtudes existente nessa instituição
- 151 -
acaba por torná-la singular no aspecto religioso e ser um dos instrumentos
utilizados pelos Bahá’ís tanto para difundirem sua visão de mundo como para
colaborarem para a transformação do comportamento social de uma parcela da
sociedade.
O processo educativo, conforme constatamos nas entrevistas e nas
observações, são estruturados no diálogo e no respeito como forma de levar a
criança a refletir seu comportamento e as atitudes da sociedade diante do outro e,
ao mesmo tempo, introduzir valores presentes na doutrina Bahá’í como a
eliminação de preconceito.
Toda a prática educativa da instituição analisada tem como eixo
condutor as “virtudes”, a qual, conforme constatamos no decorrer da pesquisa,
relacionam-se com o padrão de vida que deve ter um Bahá’í. Procura-se
desenvolver nas crianças uma visão mais ética e humana de mundo, um
comportamento social moderado e voltado para a valorização de si e do outro.
Nesse sentido, a prática pedagógica da Instituição destaca-se como
forma de ensino a “longo prazo”, conforme afirmamos anteriormente, pois, a partir
do projeto de virtudes, as crianças entram em contato com o ethos Bahá’í,
levando para os outros espaços sociais esse ethos refletido na sua conduta, no
seu agir, no seu estar no mundo.
O trabalho realizado o se limita às crianças. Pudemos constatar
que a família também é envolvida neste processo de transformação proposto pela
Bahá’í por meio dos cursos para pais, em que os pais são chamados a refletir o
comportamento dos seus filhos e a ação das crianças e dos próprios pais no
processo de desenvolvimento de transformação. Como constatamos, a família
constitui-se em um importante elemento na formação e no desenvolvimento da
criança enquanto cidadão; reflete diretamente suas ações na conduta social e
espiritual do ser humano.
- 152 -
Nas entrevistas com os pais, verificamos que o trabalho realizado na
Associação Monte Carmelo provoca mudanças significativas no comportamento
das crianças, tornando-as mais participativas, gentis, com um comportamento
ético que valoriza a vida familiar.
O discurso dos pais revela-nos que estamos diante de uma
instituição que estimula a participação efetiva de todos os sujeitos que direta ou
indiretamente estão envolvidos nos projetos, trazendo todos a refletirem sobre seu
comportamento e a se perceberem como responsáveis do comportamento das
crianças.
Percebemos que, através das atividades desenvolvidas na
Associação Monte Carmelo, os Bahá’ís introduzem sua doutrina, seus valores na
sociedade sem, contanto, conseguir novos adeptos. Porém, atingem seu objetivo:
o de transformar o comportamento social das crianças e a partir delas atingirem a
família e outras esferas da sociedade.
Toda nossa pesquisa nos leva a crer que os Bahá’ís têm na ação
sócio-educativa uma forma de se fazerem presentes na sociedade brasileira e de
introduzirem sua visão de mundo e seu ethos em parcelas dessa população, com
a crença de que através dessa ação há a possibilidade de se transformar a
sociedade em que vivemos, de trazer uma postura mais ética e cidadã para o
homem no seu convívio social. A prática educacional Bahá’i estrutura-se na
consulta, no diálogo amoroso em que todos são respeitados em suas diferenças e
chamados a contribuir no processo de mudança de si, do Outro e do mundo.
- 153 -
REFERÊNCIAS
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Bahá’í do Brasil, 2001.
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I
ANEXO I
Transcrições das entrevistas feita em Junho\2004 Conferência da Unidade
11\6
Mogi Mirim São Paulo
Entrevista com o Baha’í da cidade de Vitória, Espírito Santo, homem de 47
anos- Conferência da Unidade – Mogi Mirim – 11/06/2004
Quanto tempo você é bahá’í?
(01) 19 anos
Como você entrou em contato com a fé bahá’í?
(02) Primeiro....meu primeiro contato e que a sede bahá’í era próxima de minha casa e eu
assistia algumas aulas de crianças, ai depois me envolvi com uma série de outras atividades
me afastei das aulas de crianças E já com mais ou menos 18 anos , 17 para 18 anos um
vizinho que era bahá’í me emprestou um livro, por que ele seguira nas aulas, depois no meu
bairro tinha um grupo muito grande de jovens que eram bahá’ís, é eles eram surfistas,
andavam de esqueite, saiam, e nos nós relacionávamos então eles me deram um livro para
ler, eu fui lendo e depois fui me tornando bahá’í.
Qual foi o motivo que fez você se tornar bahá’í?O que chamou sua atenção?
(03) Eu me lembro que na época, alias bem antes disso, eu havia descoberto
o capitulo da Bíblia Mateus:23, onde falava: ö vós...............despertas vários
sentidos. Então eu falei bom se os livros religiosos Cristo está chamando
disso, então eu acho que devo encontrar um outro caminho e não ver as
coisas através deles. E comecei a pesquisar até que! Na Fé Bahá’í eu
encontrei os princípios sociais, com os quais eu me identifiquei inicialmente.
Não existe uma profissão religiosa também aqui não tem os “escribas que
pareciam hipócritas, bem esse foi o meu primeiro pensamento. E depois
II
quando eu fui conhecendo um pouco mais, a história da Fé Bahá’í e seus
ensinamentos, ai não tinha mais jeito eu me tornei bahá’í.
Inicialmente o que me atraiu foram duas coisas que me chamaram a atenção:
os prinpios sociais e o fato de não existir essa profiso religiosa, aquela
pessoa que fica ali dizendo o que é certo ou errado e que as pessoas tem
que pesquisar e vê as coisas com seus próprios olhos. Isso foi o que me
chamou atenção no momento inicial. Isso me levou a pesquisar e tratar de
conhecer mais a Bahá’í.
Esses princípios religiosos que você fala, quais são especificamente?
Os que me atraíram?
(04) É...um deles é a pesquisa da verdade. A livre e independente pesquisa
da verdade. O fato que eu era responsável para conhecer e tomar as
decisões sobre o que eu iria aplicar na minha vida. Outra coisa que me
chamou a atenção era a harmonia entre a cncia e a religião, porque isso
era uma coisa que me incomodava, pois na época João Paulo II ainda não
havia aceitado que a terra era redonda, então isso me incomodava muito.
Então eu percebi que nesta religião a ciência e a religião são duas fases da
mesma moeda, isso me chamou a atenção. Os dois principais princípios que
me chamaram atenção era esse. Os outros não me motivaram tanto.
Aí depois, tem um outro aspecto que me chamou a atenção era perceber de
como a Fé Bahá’í trabalha a identidade do ser humano. Essa coisa que é um
ser cheio de potencialidade, que ela está se desenvolvendo. Que a
comunidade é responsável pelo seu próprio desenvolvimento. Então essas
coisas, depois foram assim, inicialmente a livre pesquisa da verdade e
harmonia entre ciência e religião e depois quando eu percebi esta questão
da crença no poder individual e coletivo. Nos temos que desenvolver isso
nos temos o poder, uma coisa que Deus nos deu, a vontade e temos que
exercer essa vontade tanto individual como coletiva para construir uma
sociedade melhor.
O que mudou na sua vida depois que você se tornou bahá’í?
III
(05) Na minha vida várias coisas mudaram, até porque eu tive um contato
muito próximo com o instituto. Eu me tornei bahá’í em 85, que era o ano da
juventude, havia toda uma movimentão ao redor das atividade com os
jovens no Brasil, logo depois foi o ano internacional da paz e eu participei de
vários fóruns no Brasil tratando desse assunto representando a comunidade
bahá’í, isso fez com que eu fosse me apropriando ainda mais daquilo que eu
aceitava porque eu estudava um pouco mais para poder compartilhar e ouvir
as outras pessoas e envolvemos na promoção de uma série de eventos
como a caminhada da paz que foram organizadas. Deixa-me ver, minha
esposa costuma dizer que ela percebe que eu me tornei uma pessoa mais
calma, mais tranqüila, esta questão do conflito que geralmente ela encontra
no trabalho dela, porque ela é assistente social, ela fala parece que você fez
análise para poder chegar para desenvolver essa postura perante a vida,
essa postura positiva ante a vida. Eu falei, é mais euo fiz análise. E é a Fé
bahá’í me deu isso: Me deu essa percepção de que talvez esperançosa, de
ver o mundo de maneira positiva, e isso fez de mim uma pessoa melhor, pelo
menos mais otimista.
Quanto a doutrina da Fé Bahá’í o que trouxe de novidade?
(06) A idéia que a religião é única, eu acho que é fundamental. E esse
também foi um aspecto que me chamou muita atenção. E essa aceitação fez
muita diferença, porque eu me lembro que na época eu tinha visto alguma
coisa do espiritismo, alguma coisa do budismo e tinha vistorias igrejas
cristãs e nenhuma me satisfazia e a bahái com esse enfoque evolutivo da
religo me satisfez.
Quanto à orientação da conduta. Como a Fé Bahá’í orienta a conduta?
(07) Ora, a orientação em relação a conduta vem da própria percepção de ser
humano. Entender que o ser humano é um ser espiritual por natureza que ele
é um...E por ser espiritual, essa iia de ser humana, essa idéia de
espiritualidade, essa idéia de ser humano ser a imagem e semelhança de
Deus, tem todas as virtudes gravadas dentro de sua natureza. Eu diria que
termina sendo uma coisa natural, pois você não trabalha para aprender uma
IV
coisa que é externa a você, votrabalha para desenvolver uma coisa que
você já tem dentro de si, na honestidade, a generosidade, a castidade. Então
o é uma forma violenta de se tornar uma pessoa reta e integra. E
simplesmente encontre sua verdadeira identidade. Que é a imagem de Deus
que está dentro de vo é deixe que isso se manifeste.
Qual a concepção que os bahá’ís tem da comunidade? Qual o conceito? O que é
comunidade?
(08) Ok, Hoje nos tentamos desenvolver um conceito de que o
desenvolvimento não só do individuo, mas também da sociedade, que
partem de três elementos: um são as instituições, o outro os indivíduos e o
outro a sociedade. Então ao mesmo tempo em que a gente trata de
desenvolver nossas pontecialidades individuais se esforça para viver em
comunidade e desenvolver as nossas potencialidades coletivas. Então hoje
nos vemos grupos comunitários, comunidades bahá’ís que estão formando
laços mais fortes de apoio, estão construindo uma visão coletiva de
desenvolvimento de sua própria comunidade e estão dividindo as
responsabilidades disso de uma maneira auto questioná-la, auto sustentá-la
e a comunidade termina sendo esse núcleo onde eu me insiro para poder
compartilhar meu sentimento, compartilhar minha crença, mas também para
promover um bem estar que não é só meu, porque não há felicidade
individual, há uma felicidade compartilhada, compartilhada não apenas com
a comunidade bahá’i, os bahá’ís trabalham para promover esse bem estar
coletivo da sociedade onde estão inseridos, e por isso agente vê que as
comunidades bahá’ís convençam cada vez mais a ter ações educacionais,
começam a ter ações de desenvolvimento sócio-econômico. As nossas
comunidades agora estão começando a entrar nessa nova fase se abrindo
para o mundo externo e oferecendo tudo o que a comunidade bahá’í, estar
levando para o mundo o bem estar, para que as pessoas possam conhecer
compartilhar e se beneficiar disso também.
V
Como que a comunidade desenvolve essas atividades de estar levando para o
mundo externo que você coloca de bem estar mesmo e a própria concepção de
mundo?
(09) Basicamente hoje nos, como a estratégia que se espalhou pelo mundo a
fora e que estamos pensando na comunidade bahá’í nestas ultimas décadas,
nos estamos trabalhando com a educação de crianças e pré-jovens jovens,
oferecendo programas educacionais que propiciam o desenvolvimento
integral, quando eu falo de desenvolvimento integral eu estou dizendo que
as nossas propostas educacionais estão preocupadas em desenvolver as
capacidades intelectuais, as capacidades espirituais as capacidade de
viverem em sociedade e compartilharem . E tudo isso girando em torno de
serviço a sociedade. E esse quatro elementos no programa de educação de
criança, nos olhamos para os pré- jovens e jovens, E outra coisa
interessante e que tudo isso nos estamos nos esforçando para introduzir o
apreço ao belo através da utilização das artes, tem dança , teatro estamos
tratando de utilizar o cinema para ver a realidade e refletir a respeito disso.
Uma outra realizão que estamos tendo são os ciclos de estudos o
espaços que um grupo de pessoas sentam para refletir sobre alguns temas,
temas como a veracidade é a base de todas as virtudes humanas, e a partir
de um texto como esse nos começamos a refletir como o impacto que essa
pequena frase tem na vida do individuo, na vida da sociedade, as pessoas
compartilham seus sentimentos sobre a importância da veracidade e o
impacto que isso pode ter na vida coletiva e esses grupos são grupos, são
células do desenvolvimento comunitário onde as pessoas sentam e doam
aquilo que sentem, aquilo que sabem sobre diferentes temas.
Existem algumas ações sociais que os bahá’ís realizam, alem das aulas de
crianças do ciclo de estudos quais outras ações sociais que os bahá’ís realizam?
(10) Ok, o conceito que estamos trabalhando, estamos aprendendo a
construir comunidades, então os núcleos comunitários dos bahá’ís do Brasil
estão em diferentes estágios de desenvolvimento e esse desenvolvimento
deve ser auto sustentável, então tem comunidade que, por exemplo,
VI
regularmente visitam orfanatos, visitam creches e desenvolvem algumas
ões em compensação tem outras comunidades que tem outros projetos de
algumas ações bem estabelecidos, são tantas as ações que estão sendo
estabelecidas, mas com o perfil de cada comunidade, eu poderia citar
algumas ações como que ocorre no Paraná os bahá’í estão treinando
professores em um projeto social para que eles possam trabalhar o tema
virtudes.
(11) Não o professores não bahá’ís, que participam de ONGs e os bahá’ís
treinam os professores para isso. Mais no Amazonas escolas solicitaram aos
bahá’is que pudessem ir tratar o temas que ajudassem no desenvolvimento
de virtudes e ajudassem os alunos dessa escolas, que esses alunos
pudessem ter uma postura mais ética, eles eram agressivos e os
professores não conseguiam lhe dar com eles, os professoreso
conseguiam falar de virtudes com eles e pediram aos baís para fazer isso
e 1260 crianças foram beneficiadas com um programa de um ano de duração
e agora estamos entrando em uma nova fase . Como nossos recursos
humanos que treinamos são voluntários, tem que ganhar sua vida para
poder sobreviver não dá pra sobreviver fazendo trabalhos voluntários assim.
Então estamos entrando na fase de treinar esses professores, de transferir
esses conhecimentos as nossas propostas educacionais, estamos
desenvolvendo uma proposta para 12 anos de durão, um currículo de 12
anos começa aos 7 anos e agora neste final de semana vamos lançar o
material que vai encerrar praticamente esses 12 anos, Então..a iia é
treinar professores para que eles possam fazer isso na escola, e está sendo
um universo bem interessante de atividades.
Bem eles não são bahá’ís é irão trabalhar os conceitos bahá’ís.
Exatamente, porque os princípios são universais. Quando falávamos que a
religião é única, e que acreditamos que os princípios espirituais de todas as
religiões são os mesmos. Quando fala de prinpios espirituais estamos
falando do que? Que a veracidade é a base de todas as virtudes humanas.
Que uma língua bondosa é o imã dos corações dos homens. Que não
VII
devemos nem sequer murmurar os pecados alheios, que devemos olhar as
pessoas com os olhos de generosidade. Que são os olhos imperfeitos que
em as imperfeições.
Você está falando que uma das coisas que estão fazendo é desenvolvendo os
institutos. Você pode falar um pouco sobre isso?
(12) O instituto ele é um programa de Educação formal a distancia que trata
de desenvolver uma proposta educacional que atenda tanto as crianças na
idade que começa aos 6 anos e vai até os 10 anos e temos uma área de
trabalho com pré-jovem que vai dos 11 aos 14 anos e a partir dos 15 anos
estamos trabalhando os programas do Instituto Ruhi estamos atendendo até
aos 70 anos.
E a proposta está centrada em 4 idéias básicas : uma é ajudar as pessoas a
desenvolverem suas percepções espirituais; a outra é que as pessoas
possam desenvolver habilidades, habilidades para promoção do bem estar
para atender a comunidade tanto bahá’í como não bahá’í para compartilhar
esses princípios com a sociedade e o terceiro pilar é a vida comunitária
desenvolver nas pessoas isso né que esse circulo de estudo esse grupo de
5 , 6 10 pessoas sejam um núcleo de vida comunitária onde as pessoas
realmente vivem em comum e unidade pelo menos durante o período que
estiverem realizando esse curso. E a experiência tem sido maravilhosa agora
o outro elemento é que as virtudes não se formam apenas falando de
virtudes mais sim vivendo virtudes então uma coisa que estamos
estimulando é o serviço na sociedade a partir desses núcleos. O serviço a
sociedade então esses grupos chega um momento em que eles aprende
como a dar aula simples para crianças que trata também desses quatro
elementos que mencionamos e as pessoas começam a façam a fazer isso
voluntariamente, começam a pegar grupos de adolescentes e crianças e
compartilhar com eles alguns momentos as visões que eles possam
desenvolver capacidades intelectuais , espirituais e sociais e aqui no Brasil
nos temos 11 institutos regionais e a proposta ne, nos cursos básicos Ruhi
nos estamos atendendo praticamente 3400 pessoas com aulas de crianças
VIII
estamos em torno 2000 sendo atendidas em 260 aulas no Brasil e os pré-
jovens. já temos 87 monitores no Brasil e com esse final de semana com o
lançamento estamos esperando um salto muito grande e isso espero poder
compartilhar isso com você depois.
Se eu perguntasse para você Quem é o Bahá’í?Qual a identidade do Bahá’í?
(13) Olha a identidade do bahá’í é uma pessoa que acredita que existe um
único Deus e, portanto existe apenas uma única religião, existe uma única
humanidade.
Entrevista com o Baha’í da Bahia, homem de 50 anos- Conferência da
Unidade – Mogi Mirim – 11/06/2004
Como você conheceu a Fé Bahá’í?
(13) Eu conheci, originalmente eu sou de Belo Horizonte, eu conheci a Fé
Bahá’í no ano de 1974, quando um amigo me convidou para participar de
uma reunião informativa, da qual participei e me interessei principalmente
pelo ambiente de amizade de confraternização uma coisa descontraída para
aquilo que se conhecia como religião, eu sou de família católica vamos
dizer tradicional, somos 14 iros temos padres na família, meu pai foi
criado junto com o bispo, o pai do bispo, o bispo e padrinho de minha irmã,
então tem uma relão intima com a igreja, eu passei durante um ano
completo lendo os livros Baháís sendo que o livro que mais me impactuou
foi um livro chamado ladrão da noite o qual se aborda a questão do
IX
cumprimento das profecias. Embora eu tivesse uma certeza de me
declarar bahá’ís eu ainda demorei em torno de uns seis meses para
mencionar o fato a minha família com medo de alguma reão por conta da
religião, então isso tomou um tempo,Mais tão logo eu comuniquei a família,
isso trouxe um pouco de preocupação, mais seis meses depois eu me
predispus em sair para residir na cidade de Salvador como o que a gente
chama de pioneiro, sendo que transferi minha vida profissional , acadêmica
escolar para Salvador a onde eu permaneço até hoje. Desde o ano de 76 eu
estou em Salvador na Bahia.
O que mais lhe chamou a atenção na Fé Bahá’í?
(14) O que me impactou inicialmente foi às relações muito aberta, muito
amorosa e claras por se tratar da instituição religiosa e uma abordagem
diferenciada. Mas, apesar de tudo isso, sendo de tradição católica o que me
preocupava era a questão das profecias em si, ou seja, quanto ou não,
Bahá’u’lláh era ou não o retorno de Cristo. Ao ler o livro ladrão da noite que
trata especificamente das profecias, me convenceu de aceitar a Revelação e
os princípios e os ensinamento a partir daí são uma sucessão de novas
coisas que vão se adicionando a tudo isso. Então é difícil dizer que nesse
momento o que mais me impressionou.
O que mudou em sua vida depois que você se tornou Bahá’í?
(15) Olha, é dicil agente fazer uma avaliação de si mesmo, é melhor as
outras pessoas fazem a verificação do que mudou e se mudou mais eu creio
que primeiro o meu contato com as escrituras sagradaso só do próprio
cristianismo mais das demais religiões mudou, por que existe dentro da
religião bahá’í uma ênfase em se realizar o estudo dos escritos sagrados de
todas as religiões. Naturalmente que existe também uma ênfase da questão
do ser e do estar então eu fazendo uma analise eu estava cristão, no sentido
de que a prática não existia com a preocupação do dia a dia com a ptica
religiosa. Já ao, mesmo antes de me tornar bahá’í eu tinha a prática das
orões, como católico eu participava da missa, mas ao me tornar bahá’í a
prática da orãoo se tornou mais freqüente mas ganhou significado
X
adicional , a leitura regular dos escritos sagrados, como católico eu não
tinha esse habito, mas como bahá’í foi a primeira vez que eu li integralmente
a bíblia, por conta do incentivo a leitura , ao estudo. Naturalmente que isso
traz reflexo no comportamento, mas eu mesmo fazer uma avaliação fica
difícil.
Quanto a questão da doutrina bahá’í o que ela traz de novidade, quais são as
orientações , recomendações que traz para os bahá’í?
(16) Primeiro que a doutrina bahá’í traz uma transformação completa na
visão do ser humano, frente a vida, frente a própria religião, frente a seu
papel como individuo na transformação de si mesmo, de sua família, da
sociedade e do outro. Ou seja, existe na fé ba’í, nos escritos bahá’í uma
visão muito clara de que nos estamos aqui com dois propósitos, um de
fazer com que a civilização avance e para isso existe a necessidade de um
aprofundamento e desenvolvimento da ciência de uma maneira geral, com
base na visão daquilo que os escritos revelam, para dar uma exemplo mais
claro vou citar o exemplo de Abdul-Bahá, ele diz que a civilização material é
como uma lâmpada muito bonita,mais sem luz, e que a religião é a luz dessa
mpada, e o que da significado a essa lâmpada, ou seja, a luz para se
manifestar precisa de um instrumento, a luz precisa dampada então o
papel da religião é o da transformão do individuo no contexto dos valores,
ou seja, a civilização sem os valores perde o significado, pede o significa no
sentido que em ultima analise é o caos, leva ao caos. Então todas essas
coisas levam o individuo a tomar uma postura diferente, eno como bahá’í,
uma pessoa religiosa, eu tenho a consciência que eu preciso me
transformar, ai o é mais o estar é o ser, é uma coisa dria, uma refleo
diária se eu estou melhorando, no sentido de se transformar com a prática
da oração, a ptica da meditação, a pratica da leitura e como eno
internalizo esses conceito e como eu na minha ão diária eu reflito esse
ensinamento que é o que reproduz então uma grande onda de
transformação, partindo da transformação individual para a transformação
coletiva. Agora, existe na visão ba’í , vamos dizer prinpios de cunho
XI
místico de transformação pessoal e existe outro que são prinpios
claramente sociais, o que as vezes não tem uma aplicabilidade imediata a
vel do individuo, sempre tem mas limitados, por exemplo um dos
princípios inovadores do ponto de vista social deixado por Bahá’u’lláh e a
questão da educação, a igualdade de direito entre homens e mulheres , os
escritos bahá’ís talvez diferentes de todas as demais religiões e a primeira a
ter no corpo dos escritos considerados sagradas a promoção de princípios
de igualdade de direitos entre homens e mulheres mais que isso traz uma
serie de desdobramentos, por exemplo bahá’u’lláh diz que uma família tem
um menino e uma menina, tem dois filhos um homem e uma mulher se não
puder da educação aos dois ao mesmo tempo a preferência é das meninas,
no sentido de que ela é a primeira educão no sentido de que ela irá fazer
um impacto na transformação social muito maior do que o homem, claro que
o homem tem responsabilidades também com a educação e assim
sucessivamente quando fala por exemplo já a nível maior do
estabelecimento de um idioma internacional auxiliar
Quanto a questão da conduta, o que orientações existem em relação a conduta ?
(17) A conduta passa pelo aspectos individuais, o que a fé bahá’í ensina
como conduta e realmente o aprimoramento do caráter, da moral , do
conviver com o diferente respeitando a diversidade a cultura. O baha´’í não
deve querer ser diferente de todo mundo para aparecer mais que a
sociedade queira. Ele deve viver de acordo com a cultura local, sem exagero,
sem transpor o limite da moderação.
O que vocês entende por comunidade e o que é a comunidade para o bahá’í?
(18) A comunidade é a base da vida de um bahá’í, e na sua comunidade que
ele estabelece relações de amizade e se consolida em sua fé. É nela que ele
tem a oportunidade de servir a humanidade.
Que tipo de atividades são desenvolvidas pelas comunidade?
(19) São inúmeras as atividades, reuniões de oração, festa de 19 dias e
aquelas atividades voltadas para o ensino e consolidação da comunidade,
como os ciclos de estudos.
XII
O que é ser bahá’í?
(20) Nas palavras do único exemplo perfeito de Bahá’í. Ser bahá’í significa
simplesmente amar a humanidade e trabalhar pela paz e fraternidade
universal.
Entrevista com o Baha’í da cidade de Mogi Guaçu , São Paulo, Mulher de 38
anos- Conferência da Unidade – Mogi Mirim – 11/06/2004
De que forma você entrou em contato com a comunidade Bahá’í?
(20) Foi pelo teatro, uma amiga nossa a Elaine, era baháí a muito tempo, ela
entrou para o nosso grupo de teatro e começou a mostrar a fé, e ficamos
curioso e fomos perguntando e começamos a conhecer a. Através dela.
Por que você se tornou bahá’í ? Quais os motivos que a levaram a ser bahá’í?
(21) Eu conheci a Fé a 2 anos atrás, daí eu fui conhecendo,fui pesquisando
fui me encontrando. Eu nunca tive uma religião fixa, nunca me firmei na
católica, não fiz catecismo eu sentia que precisava buscar algumas coisa e a
fé foi me completando. As dúvidas que eu tinha e fui encontrando as
pessoas sabiam me responder e daí que eu me encontrei na bahá’í.
O que mais chamou sua atenção na Fé Bahá’í?
(22) A forma clara com que Bahá’u’lláh deixou seus escritos, as respostas
para as perguntas que agente tinha, de uma forma muito clara assim, o é
uma coisa entre linhas, é muito claro o que ele diz. Fala e é verdade. Es
aqui na minha cara o tenho todo. A abriu os meus olhos para muita
coisa.
E o que mudou na sua vida após você ter se tornado bahá’í?
(23) Depois que eu me tornei ba’í mudou muita coisa. Minha forma de ser
no dia a dia, com os amigos, com a família. A forma e encarar o mundo. Eu
comecei a ver as coisas pelo lado bom. Até o problema agente começa a ver
como provações para o meu crescimento. Cresci muito espiritualmente,
XIII
amadureci muito. O relacionamento com minha família que não é bahá’í
melhorou muito depois que eu me tornei bahá’i.
O que você acha que a fé bahá’i trouxe de novidade?
(24) Pra mim ela trouxe paz, a calma. Eu estava muito agitada procurando
buscando. Trouxe toda a minha calma mesmo. Estou conhecendo ainda,
ainda tem que conhecer muito, evoluir muito. Agora eu estou caminhando,
eu to..
Dentro da doutrina bahá’í o que você acha que é uma novidade?
(25) Ela fala muito da igualdade da mulher.
Qual é a orientação da doutrina bahá’i para a conduta?
(26) Tudo com moderação. Não que você não possa fazer as coisas tem que
ser moderado. Nem ser de menos nem demais. A não ser o uso de bebidas e
de drogas que são proibidos. O restante pede-se moderação.
Quais são as recomendações que a fé bahá’í tem para os jovens?
(27) Leva a fé. Divulgar a fé para as pessoas. Para os jovens. Gastar toda a
energia da juventude para levar a fé.
Como você vê a comunidade bahá’í? E qual a importância da comunidade para os
bahá’í?
(28) A comunidade eu acho muito linda. As pessoas se reúnem para o
convio, para fazer orações e muito claro as coisas. Se reunirem para ver o
que está acontecendo e até a parte financeira e partilhada e discutida com a
comunidade. O tesoureiro está sempre mostrando nos temos isso, e
gastamos isso. Todos sabem o que esta acontecendo, a comunidade é muito
ativa. Quemo sabe e porque não tem interesse em saber, porque não é
nada debaixo dos panos e tudo muito claro. Isso é muito importante para
fortalecer a comunidade.
Que tipo de atividade que a comunidade desenvolve?
(29) Desenvolve reuniões devocionais, festas de dezenove dias, aulinhas
bahá’í , horqueshop de dança, agente meche muito com artes. Nos
divulgamos a fé através das artes.
Qual o objetivo da comunidade bahá’í?
XIV
(30) Concluir os livros do instituto Ruhi, o próximo desafia da nossa
comunidade e conseguir concluir o ciclo dos livros do instituto. E que mais e
mais bahá’i estejam freqüentando os ciclos de estudo.
Quais as atividades sociais que a comunidade realiza?
(31) Em Mogi Guaçu não tem tanto assim, o que nos mais estamos levando a
Fé e através de Hoquer Shop, levando e vamos ensinando em lugares que
nunca ouviram falar da fé, faz um contato, já vai conhecendo e varias
pessoas acabam fazendo curso de correspondência. O que Mogi Guaçu
mais está fazendo fora da comunidade, com contatos é através do horque
shop de dança.
O objetivo do Horque Shop é só a difusão da fé?
(32) A difusão da fé, fazer novos amigos.
O que é ser bahá’í?
(33) O que é ser baháí... Ser bahá’í vo serve toda a humanidade, você
serve todo mundo. Você não pensa só em você, você pensa nos amigos, na
sua cidade, no seu estado e até no mundo inteiro. Eu quero servir para o
mundo. Eu quero levar isso para o mundo inteiro, pois isso vai fazer o
mundo crescer, eu quero que o mundo cresça não só para mim, o
crescimento das pessoas e com isso agente es crescendo muito, muito. O
bahá’í deve fazer com que as pessoas cresçam espiritualmente.
Entrevista com o Baha’í da cidade do Rio de Janeiro, homem de 79 anos-
Conferência da Unidade – Mogi Mirim – 11/06/2004
A quanto tempo o Sr.é Bahá’í?
XV
(34) Eu sou baháí desde 1953, faz as contas aí.
53 para 2004? 51 anos né?
Como o Sr. Entrou em contato com Fé?
(35) Eu sou mais tempo de ba’í que você de idade.
Eu era gerente de uma firma americana, um laboratório de produtos
farmacêuticos, e um dia foi um alemão para comprar vitaminas para ele. E
eu não podia vender. Eu arrumei umas amostrar de vitamina para ele. Ele
ficou muito contente e em troca ele me deu uma fotografia da cabeça de
Abdú’u’bahá. Eu achei muito bonita aquela fotografia e perguntei para ele
quem era aquele. Ele me disse que era uma das figuras centrais da Fé Bahá’í
e então ele me falou sobre Bahá’u’´lháh e o Bab. E eu goste. Eu passei 18
anos em colégio de padre, se eu tivesse continuado talvez hoje eu seria um
bispo. Eu o convidei para ir a minha jantar e conversar. Esse cara era o
único baháí que eu conheci que come pouquinho. E a partir daí ele foi de
vez enquanto me falando sobre . De dois em dois meses ele voltava para
ver se eu tinha lido o livro que ele deixava e deixava outro.
Eu ia lendo os livros e o que eu queria saber mais eu anotava e perguntava
quando ele vinha tirar minhas duvidas. Eu perguntava para ele e ele ia
respondendo. Mas havia uma dificuldade muito grande, ele não falava
português. Ele falava alemão e inglês , assim agente ia conversando
procurando se entender, até que eu resolvi me tornar bahá’í.
Quando o Sr. Aceitou a Fé bahá’í tinham poucos bahá’is no Rio?
(36) Eu fui o primeiro bahá’í do norte do Brasil, eu morava em Belém do
Pará, fui o primeiro, eu passei 9 anos como um bahá’í isolado lá ai depois foi
se formando a Assembia Nacional, local. Tinha o Sr. Caldeira, professor
Laerte mais eu não me lembro os nome das noves pessoas. E foi
considerado muito serio no Para, foi na época da revolução, depois de certo
tempo nos bahá’ís fizemos uma eleição da assembléia local e o professor... ,
que era o maestro, passou um telegrama para a Assembia Nacional,
realizamos a assembléia, realizamos as eleições, Assembléia local pronta
aguardamos instruções, a policia federal viu o telegrama e prendou o
XVI
professor Guilherme Matos e o interrogou para saber o que foi feito, que tipo
de eleição e então ele explicou o que era e os caras soltaram o professor.
Por que o Sr. Resolveu se tornar bahá’í?
(37) Eu resolvi a me tornar porque eu gostei muito dos princípios bahá’ís
princípios muitos justos. Eliminão do preconceito, direitos iguais entre
homens e mulheres e Pesquisa da verdade. Esses princípios me encheram a
vista porque as religiões que eu conhecia não tinha nada disso. Eu comecei
a ler os escritos bahá’í. Os patamares bahá’ís, as orações. Principalmente a
oração de cura e a epistola de Ahmad. São duas orações místicas, elas são
introduzidas de uma força espiritual fora do comum.
O que mudou na vida do Sr. Depois que o Sr. Se tornou bahá’í .?
(38) Mudou tudo, eu me identifiquei mais com minha família, todos os meus
filhos são casados, tenho quatro casados e dois solteiros. Ba’u’lláh guia a
vida da gente.
O que o Sr. Acha que a Fé bahá’í traz de novidade?
(39) Ela traz as leis de bahá’u’lláh. Elas dão aos indivíduos um plano de vida
e ele se satisfaz no mundo bahá’í .
As leis elas o trabalhando a conduta. Qual a conduta que um bahá’í deve
ter?
Que seja um homem na expressão da palavra. Os próprios princípios bahá’í
estabelece um paradigma para essa conduta. Hoje mesmo eu estava
conversando com o Edvaldo e ele me disse que ele é um homem integro
com a vida toda voltada para os princípoios bahá’ís.
O que é a comunidade para os bahá’ís?
(40) Para mim ou para Abdú’u’Bah?
Para o Senhor.
A comunidade é o conjunto de pessoas bahá’ís que são verdadeiros irmãos.
Colaboram, dão apoio moral. E que agente se reúne para fazer orações, para
estudar as coisas bahá’ís.
Abdú’bahá fala o que é comunidade?
(41) Fala. Ele é um professor
XVII
Olha o que ele fala exatamente, nas mesmas palavras eu não sei, mas ele
fala que a comunidade deve ser unida para estabelecer uma forma de
unidade que leve os assuntos bahá’ís para além. Ele diz também que os
ba’ís unidos serão mais fortes em sua forma dae vida. O principio é a
unidade.
Quais as atividades sócios econômicas que os bahá’ís desenvolvem?
(42) Principal trabalho da comunidade é promover a divulgação da Fé, e
ensinar e consolidar as pessoas na fé. E estabelecer aulas de crianças,
festas de 19 dias, reuniões de dias sagrados, orações. Enfim proceder de
acordo para solidificar mais, cada vez mais os bahá’ís em torno da Fé.
Mas que atividades sociais que os bahá’ís realizam?
(43) E ensinar, promover a divulgação das datas sagradas, das festas
sagradas, faz de tudo para aumentar a freqüência dos bahá’ís nas atividades.
Eu desenvolvo no Rio de Janeiro, onde eu moro um trabalho de ensino, mas
lá na cidadezinha que mora, 82 km do centro do Rio de Janeiro eu não
ando tendo muito sucesso, pois é uma região de pescadores e o pessoal
gosta muito de beber, eles enche a cara de pinga eo vem ninguém as
atividades que promovo.
O que é ser bahá’ís?
(44) E ser seguidor de Bahá’u’lláh. E ser honesto, bondoso e seguir as
normas.
Entrevista com o Baha’í da cidade de Vitória, Espírito Santo, mulher de 35
anos- Conferência da Unidade – Mogi Mirim – 11/06/2004
Quanto tempo você é bahá’í?
(45) Desde novembro de 2003.
Quando comecei a ter contato com o instituto, com os livros, mas acho que
fui bahá’ís a vida inteira.
Como você entrou em contato com a Fé Bahá’í?
XVIII
(46) Eu já conhecia a Susam Mamy a 16 ,17 anos e eu via que o
comportamento dela como pessoa como ser humano um negócio fantástico,
maravilhoso. E ela sempre me aceitou com todos os meus erros que eu
achava que tinha e ela sempre me aceitou como amiga e sempre me tratava
extremamente bem e aquilo foi me chamando muita atenção. E eu acho que
o fato de só agora eu entrar em contato com a /, agora em novembro e
porque eu não estava preparada para lhe dar com toda essa novidade que a
fé tem.
Qual o motivo que a fizeram tornar-se bahá’í?
(47) Porque então quando eu conheci a Suzam ela tinha as meninas
pequenas, agora que eu estou com as crianças pequenas eu ficava
questionando como que em um mundo tão violento, tão contraditório, tão
corrompido eu ia conseguir criar as minhas crianças em um padrão de vida
honesto, bom . Ai um dia fazendo uma limpeza de pele eu conheci a filha da
Suzam que eu tinha visto com 3 anos e eu a vi agora com 19 e 20 anos e
conversei com ela, e ela me falou de tantas coisas e ela e tão jovem . Ela me
falou sobre divorcio, sobre a educação dos filhos de tantas coisas. E eu
tenho um filho de 17 anos. Eu a achei uma jovem muita bem conduzida para
esse mundo que nos temos lá fora, para esse padrão de vida que as pessoas
tem.Foi quando eu defini que eu iria à reunião para conhecer. Eu não tinha
procurado antes, pois eu achava que era uma coisa fechada, tipo uma
maçonaria, olha que ignorância, tipo uma maçonaria, uma coisa fechada que
ninguém podia freqüentar de fora, se você fosse escolhido e, no entanto
o e uma coisa tão aberta. E eu achei fanstico o fato da fé ba’í não
divulgar para adquirir quantidade. O que importa a fé bahá’í é a qualidade de
seus membros. Eu achei isso muito interessante.
O que me atraiu foi o pado de vida dos bahá’ís e o que mais chamou minha
atenção foi a maneira de ser, puros, castos. Pessoas honestas neste mundo
tão difícil e sem preconceito algum em relação a coisa nenhuma. O
desprendimento me chamou muito atenção.
O que mudou na sua vida depois que você se tornou bahá’í?
XIX
(48) Houve uma transformação na minha vida. Principalmente no meu
casamento. Eu estava vivendo com uma pessoa com quem eu queria muito
casar. E eu queria também freqüentar uma igreja e eu o me achava nas
igrejas, eu freqüentei muitas igrejas, a Mormom, a batista, a Maranaca , a
presbiteriana, eu nasci católica, freqüentei o espiritismo. Tudo com muito
fundamento, pois eu quero muito saber, eu cutuco as coisas. Eu não parei
em nenhuma dessas religiões porque ficava sempre faltando algumas
coisas. Na verdade essas religiões todas têm muitas regras, mas muito
pouca prática. E o bai ele vive o que ele diz, o que ele prega ele vive.
Claro que todas pessoas tem suas limitações, mais em termos de serem
autênticos eu acho que os bahá’ís são os mais autênticos que eu conheci.
Eno o que aconteceu comigo eu vivia uma vida conjugal muito complicada,
daí eu ganhei uma Epistola do Casamento e li, a Dona Tuba me emprestou
uma apostila sobre casamento, foi quando eu percebi que eu não tinha
realmente um casamento, e eu tinha muita dificuldade de me livrar daquele
relacionamento porque eu estava muito infeliz por não ser feliz naquele
relacionamento e não conseguir abando-lo. E toda vez que abandonava eu
me sentia muito só e acabava voltando. Depois que eu conheci a baha’í
eu nunca mais me senti sozinha, nunca mais quis viver aquela coisa difícil.
Então foi uma transformão, eu nunca mais senti solidão. Porque quando
eu não estou junto com os bahá’ís eu estou lendo, estou sempre
participando de alguma atividade. Eno na fé bahá’í meu vazio se
preencheu.
O que a fé bahá’í traz de novidade em termos de doutrina?
(49) A questão do divorcio é uma novidade, o fato maior é o fato de nos
termos recentemente um mensageiro de Deus entre nos. E isso é tão
interessante, porque eu tinha uma certa dificuldade para entender. Eu dizia
como é que pode? E hoje eu entendo perfeitamente, que Jesus Cristo foi um
homem, porque eu era Cristã né, que Jesus Cristo foi um homem comum
mais muito iluminado, então eu via Jesus como um mito. E quando eu
conheci Bahá’ulláh eu vi que não era um mito ele era uma criatura Divina
XX
entre os homens, e isso foi muitogico, pois eu passei a ver a divindade
de uma forma real. A bahá’í tem essa realidade da divindade na sua vida. E
essa coisa, essa questão do divorcio, a fé bahá’í não incentiva o divorcio ela
permite que você recrie uma vida feliz dentro de um casamento que não dá
mais certo e se tudo isso não der certo ela permite que você seja feliz em
outra realidade. Outra coisa e o padrão de vida que vai se fazendo com que a
criança viva, com que o jovem viva e a pessoa madura viva dentro de uma
vigincia de nos mesmo. E uma vigincia completa a respeito de tudo que
você vive o tempo todo. E isso é importante.
Outra coisa que me deixou assim muito, muito maravilhada. E que a fé bahá
’í cria o habito de oração, como o habito de comer e tomar banho, a bahá’í
cria o hábito da oração. E a oração cura mesmo as feridas, cura o espírito,
cura a alma da gente e acho que por isso que eu nunca mais me senti
sozinha. A oração vai te curando e isso você pode fazer só. Um outro fato
que me chamou muitos a atenção e o fato da ausência de um sacerdote, eu
sempre acreditei que pessoas juntas pensam melhor do que uma ditando
normas. Então essa idéia de sacerdote nunca fui muito simpatizante e na fé
bahá’í vo tem grupos decidindo coisa eno eu acho que isso é muito
mais verdadeiro. E são grupos formados por pessoas comuns, pessoas que
o imperfeitas também, ninguém vigia o outro mais sim um ajuda o outro.
Quais as orientações de conduta da fé baha’í?
(49) Que você tenha uma língua veraz, um coração puro, uma mente
brilhante pura e que você tenha atitude de desbravamento para que você
sempre possa se doar, que você tenha pleno desprendimento para que vo
possa deixar as coisas do mundo . Mas de uma maneira muito saudável.
Não assim deixa as coisas mundanas e siga-me. E um convite, a bahá’í
o impõem as coisas, ela convida você para ser veraz, feliz, plena, plena
essa é a palavra, você consegue ser pleno como ser humano quando vo
se torna baha’í.
Qual a importância da comunidade para o bahá’í?
XXI
(50) A fé ba’í fala muito em diversidade, o que me atraiu também foi isso
a diversidade das coisas , da maneira de pensar e de pessoas. A diversidade
e muito importante quando vem conduzida e a fé bahá’í sabe conduzir essa
diversidade com que ela convive. Por isso que eu acho que a vida no grupo
e interessante, porque você pode trocar com o outro iias , padrões.
Quais as atividades que a comunidade desenvolve?
(51) Uma das coisas que me chamam muita atenção e a questão do não
preconceito ,o importa com que denominação religiosa você seja, você é
sempre bem vindo. em Vitória temos aulas para crianças, tem um projeto
educar brincando nas pras esse projeto atinge muito as famílias e eu
achei isso muito bonito.
(52) Voltando para a primeira pergunta que você me fez, eu estava com duas
crianças me separando e o que eu ia fazer com essas crianças, o que eu ia
dar para elas e derrepente eu me senti assim, puxa vida (chorou) eu tinha
achado a palavra mágica sabe para a vida de meus filhos. E hoje eu tenho a
segurança que eu sei conduzir as minhas crianças, não é a preponcia de
que eu sou boa mãe com aquela simplicidade de que eu vou aprender com
eles a ser boa mãe. A fé bahái trouxe isso a minha vida. Então tem esse
projeto educar brincando, e esse projeto atinge muito as falias . A dona
Tuba sempre diz que vocêo tem nada de errado, você não foi educado.
eles têm aulas para crianças, grupos de pré-jovens eles respeitam todos.
Os fatos da vida a fé bahái trata com vigincia, na fé bahá’í há uma
vigilância com liberdade, pois somos nos, cada individuo que se preocupa
com o seu padrão de vida, com os parâmetros deixados, morais e espirituais
e isso e muito divino. Você consegue entender que Deus existe, consegue
ter certeza.
Qual o objetivo da comunidade?
(53) Ajudar as pessoas, ensinar ao máximo de pessoas possível, sempre
procurando transformar a vida dessas pessoas. O objetivo mesmo e que
você enquanto individuo se transforme em um ser melhor, em um ser mais
espiritual e isso reflita em sua vida dria.
XXII
O que é ser baha’í?
(54) Tem até uma musica, Ser bahá’í significa amar a todos e trabalhar para
a construção de um mundo melhor né. Pela paz mundial tão esperada. E
hoje eu vejo, antes eu não acreditava e hoje eu tenho certeza de um mundo
melhor. Tenho certeza de que Bahá’ulláh existe na vida das pessoas e ele
está sempre mandando sua energia e as mensagens que ele deixou o
extremamente verdadeira pois elas melhoram você enquanto indivíduo e um
individuo espiritualizado e assim você consegue construir um mundo
melhor.
Entrevista com o Baha’í da cidade de Curitiba, Parana, mulher de 60 anos-
Conferência da Unidade – Mogi Mirim – 11/06/2004
Quanto tempo que a Senhora é baha’í?
(55) 3 anos.
De que forma a Sra. Entrou em contato com a Fé bahá’í?
(56) Foi a minha filha . Ela é baháí.
O que fez a Sra. Se tornar bahá’í?
(57) Eu estava muito triste e comecei ir nas reuniões e gostei e então me
declarei bahá’í.
O que atraiu a Sra na Fé bahá’í?
(58) Porque eles são muito amigos .
Isso foi o que mais chamou sua atenção?
(59) Sim .
O que mudou na vida da Sra. Depois que a senhora se tornou bahá’í?
XXIII
(60) Mudou tudo. Eu consegui trabalho , minha vida mudou , mudou ,
mudou,..
O que a Senhora acha que a Fé bahá’í traz de novidade?
(61) Ela traz muita paz é ter Fé e tudo que agente precisa.
Existe recomendações para o comportamento?
(62) Não tomar bebida alcoólica, tem que ser honesta.
Qual a importância para os bahá’ís da comunidade?
Silencio.
(63) A importância e queo muitos amigos e isso e muito bom.
Quais as atividades que eles desenvolvem?
(64) Oração, festa de 19 dias, sempre tem alguma atividade.
E atividades fora da comunidade bahá’í?
(65) Tem as aulinhas de crianças .
O que é ser bahá’í?
(66)E ter todo carinho.
Entrevista com o Baha’í da cidade de Curitiba, Parana, mulher de 33 anos-
Conferência da Unidade – Mogi Mirim – 11/06/2004
Quanto tempo você é bahá’í?
(67) Eu só ba’í a 5 anos.
Como você entrou em contato com a Fé?
(68) Eu entrei em contato com a Fé em Brasília, quando eu conheci um mo
bahá’í. Mas eu já havia visto um panfleto em algum momento da minha vida
sobre educação, que era para o dia dos professores . Nessa época isso já
tinha me chamada atenção que fosse uma religião que se preocupa com
educão, foi um ponto que me chamou atenção e depois eu comecei a
freqüentar a casa de uns amigos ba’ís para me aprofundar isso foi em 98 e
em 99 eu me declarei. O que me chamou muita atenção depois também a
XXIV
questão dos direitos iguais entre homens e mulheres, Deus é um só, tanto
que eu estava buscando tinha freqüentado o espiritismo , tudo que apareci e
o entendia a questão de uma religo negar a outra . O evangélico, uma
avó da assembia de Deus e uma católica e não entendia que mesmo sendo
cristãs as duas brincavam. E a Fé bahá’í mostrou para mim que Deus é um
só e que a religião e progressiva e isso me chamou muito atenção. Então foi
a partir da questão da educação, a igualdade entre homens e mulheres e a
questão da progressão da religião. Foram três pontos que eu estudei muito
para me declarar.
O que mudou na sua vida depois que você se tornou bahá’í.?
(69) Olha em relão a minha postura acho que não sei, eu sempre digo que
acho que eu já era ba’í. Mas teve um ponto que isso e perceptível que foi o
aumento da minha pacncia, apesar de ter uma postura de relação com
meus alunos de paciência eu ainda não aplicava isso na minha vida
particular , então isso na minha vida particular ficou muito claro .O escutar
mais.
O que você acha que a Fé bahá’í trouxe de novidade?
(70) Ora, por ser a religião progressiva, por ser a mais atual ela trouxe as
direções para os dias atuais. Acrescentando a questão de você perceber e
não salvar uma alma e sim toda a humanidade.
Quais são as orientações de conduta dos bahá’ís?
(71) As orientações de conduta dentro da fé bahá’ís são principalmente para
que se possa chegar a essa harmonia.São todas elas, vão de mostrando que
o necesrias para que se possa chegar à unidade. Não beber, a questão
da castidade, todas essas condutas na verdade são condutas sociais
aplicadas que irão nos levar ao objetivo que é a unidade.
O que é a comunidade para os bahá’ís?
(72) Os bahá’ís não são perfeitos então nos temos cada comunidade com
suas características e as características dessa comunidade, que a gente
percebe principalmente eu que viajo e conheço várias comunidades bahá’ís
e que a unidade, a amizade verdadeira entre os bahá’ís.
XXV
Que tipo de atividade que a comunidade desenvolve?
(73) Em Curitiba nos temos as reuniões devocionais, as reuniões de amigos
nas casas e nos temos nas escolas publicas, foi o melhor caminho que nos
achamos para atingir o aluno e depois nos atingirmos os pais e depois os
professores.
Qual o objetivo desse trabalho nas escolas públicas?
(73) E claro que difundir a palavra de Bahá’ulh,mas mostrando, por que
nossos cursos mostram as virtudes, nos trabalhamos as virtudes , pois
sendo bahá’í ou não bahá’ís são importantes para criar uma sociedade
melhor . Nos chegamos aos pais com o livro um, nos mostramos que olha
está desenvolvendo virtudes em seus filhos e temos um material para vocês.
Trabalhamos com pais que são evanlicos, católicos, judeus. A aceitação
ocorre, pois percebem a mudança nos filhos e olham que eno vocês têm
algo.
O que é ser bahá’í?
(74) Ser bahá’í é realmente essa postura de vida diferente. Em qualquer
ambiente que vo está as pessoas percebem que vo é diferente e
perguntam porque você é assim. E sua postura, seu sorriso, seu carinho sua
atitude. Tua pacncia.
Entrevista com o Baha’í da cidade de Araraquara, homem 30 anos -
Conferência da Unidade – Mogi Mirim – 11/06/2004
Quanto tempo vocês são bahá’ís
(75) Eu sou ba’í a 10 anos e eu conheci a fé bahái de uma forma diferente
das outras pessoas , eu considero que foi diferente . Geralmente as pessoas
m acesso à mensagem de Bahá’ulláh através da religo, eles ficam
sabendo que existe a religião e existe um mensageiro que trouxe essa
religião que foi Bahá’u’lláh. Comigo foi diferente, eu morava em São Paulo,
XXVI
tinha 11 anos e minha falia mudou para o interior, no meu primeiro dia de
casa nova que era um domingo, como era interior e eu era da capital
juntaram todos para conhecer agente, foram para frente de casa e eu fiquei
sabendo de Bahá’ulláh naquele momento, pois perto morava uma bahá’í que
o morava mais e ela costumava dar aula de crianças e elas me contaram
que se reunião lá para comer bolacha e ouvir historinhas e falava de
Baulláh Eno eu comecei a perguntar quem era Baháulh, e ninguém
sabia me explicar nada , pois eram todos crianças. Mas que coisa
maravilhosa eu conheci Bahá’u’lláh antes da Fé. Nove anos depois eu
conheci a Fé, soube de Baulh que Ele havia trazia uma nova mensagem
religiosa E ums depois, depois de eu pesquisar um pouco me tornei
bahá’í.
Quais os motivos que o fizeram tornar bahá’í e o que mais chamou sua atenção?
(76) Bom , acho que o principal motivo assim e que eu estava procurando
respostas para que o mundo fosse melhor, acho que o existia nada assim,
o existia perspectiva eu era muito jovem quando eu me declarei, tinha 19
para 20 anos e é uma fase que a gente está
O que mudou na vida de vocês depois que na sua vida depois que se tornou
bahá’í?
(77) Tanta coisa né.
O que mais te chamou a atenção na Fé Baha’í? E te levou a se tornar bahá’í?
(78) O que mais me chamou a atenção foi essa abertura em relação aos
profetas mesmo, eu era cristão acreditava que não era possível só ter vindo
Cristo, achava que tinha que ter outros e depois de 2000 mil anos não ter
vindo mais nenhum eu achava meio estranho e tinha o que estava na
bíblia e não tinha nada antes ou depois, eu estranhava isso. Depois que eu li
o lado da noite que me chamou muito a atenção, eno isso me chamou a
atenção, essa abertura que ela tem. O que me atraiu foi essa abertura em
relação aos profetas , eu não achava que poderia ser Jesus Cristo o ultimo.
O que mudou na vida de vocês depois que vocês se tornaram bahá’ís?
XXVII
(78) Mudou muito né. Uma coisa interessante e que quando eu não era
ba’í qual era o sentido da minha vida? Sabe qual era meu objetivo. Eu
comparo com as pessoas que não o ba’í, e um objetivo muito pobre,
muito meocre,muito superficial, ganhar dinheiro ,constituir família, eu acho
que falta alguma coisa ai. Faltava-me alguma coisa. Depois que eu me tornei
ba’í isso mudou, o eixo da minha vida passou a ser algo muito maior que
isso, você passa a contar muito mais com o mundo espiritual, você passa a
construir uma identidade espiritual, você quer adquirir qualidades. Queo
éesse mundo aqui e a pessoa que vo venha a casar, por exemplo, não
é até que a morte se separe e uma visão muito mais abrangente, você sabe
que vai viver para sempre, passa do material para o espiritual.
Na parte pratica meu envolvimento com questões sociais, eu me voluntariei
para trabalhar com projetos na comunidade bahá’í na Bahia que era um
projeto de treinamento de agentes comunitários, a gente ia lá na Bahia e
recebia pessoas de lugares carentes, bairros carentes a população carente
de Salvador, ingenas e dávamos a eles treinamentos de agentes
comunirios , para trazer benefícios a sua comunidade e isso fez mudar
muita coisas para mim .
O que a doutrina bahá’í trouxe de novidade?
(79) A primeira grande novidade é a questão da unidade religiosa, que é uma
idéia que não havia, um olhar para outras religiões de unidade, eu na minha
inocência não imaginava que existia essa unidade. Os princípios
fundamentais da Unidade, eliminação de preconceito e em terceiro lugar
uma coisa que até hoje me deixa admirado o os aspectos das leis sociais
que Bahá’ulláh trouxe que são necessárias para a transformação social do
mundo. Por exemplo, a adoção de uma língua universal para que a unidade
do gênero humano seja possível. A eliminação dos extremos de riqueza e
problemas são pontos importantes para mudar o mundo com mais justiça e
unidade.
Quais as recomendações para a conduta?
XXVIII
(80) A determina de uma forma ampla, diferentes aspectos na vida da
pessoa, de ser generoso em relação as pessoas a sua volta, procurar ser
uma pessoa justa. Justiça, honestidade, valores espirituais que estabelecem
um comportamento pautado no amor, pois o amor à humanidade é
extremamente valoroso dentro da doutrina bahá’i. Há também
recomendações de como nos devemos nos comportar frente às instituições
administrativas do mundo em que vivemos, como ser obediente ao governo
e aceitar as leis do governo, mesmo que não esteja de acordo com nossos
valores. uma gama enorme de orientões de como se viver a vida, tem
respostas para muitos aspectos de nossas vidas. Há um livro chamado
palavras ocultas que tem muitos versos de recomendações para nossa vida
em seus diferentes aspectos. O primeiro diz assim: Possui um coração puro
bondoso e radiante, para que seja tua uma soberania antiga, imperecível e
eterna. O segundo diz assim: a mais amada de todas as coisas é a justiça.
Não se desvie dela se é que me desejes. E uma quantidade enorme de
coisas queo nos orientar na nossa vida. E muito mais do que o que não
deve ser feito. São recomendações sobre o que deve ser feito e isso vai
orientar na sua vida.
Como é vista a comunidade para os bahá’ís, o que ela significa?
(81) A bahá’í resgata um modo de vivenciar a religião da antiguidade. Que
o seguinte, religião não é uma lista de princípios que você acredita. Na fé
baha´’i traz a religião como um novo modo de vida e nisso inclui a vida
comunitária. Você precisa da comunidade, viver em comunidade para se
alimentar. O ser humano precisa viver em comunidade e a comunidade
bahá’i traz isso fortemente. A comunidade tem um propósito o serviço a
humanidade. Estabelecer uma nova ordem mundial, uma nova sociedade
baseada nos princípios bahá’is da unidade. Esse e um fator de coesão entre
as pessoas e a unidade é o principio que torna posvel a vida em
comunidade.
Esses prinpios se dão na prática, nos vemos a comunidade bahá’í com
projetos sociais, eliminar preconceito, meio ambiente, não é uma
XXIX
comunidade isolada, nos com nos mesmos. A fé bahá’í está conectada a
vida social do mundo , então é um órgão muito ativo na ONU, e um órgão
consultivo da ONU. E uma interão com a sociedade muito Forte.
(82) Um exemplo de uma atividade baí que procura ensinar a viver melhor
e o exemplo da comunidade do Nepal, onde em uma região muito pobre se
montou escolinha para crianças e procurou ensinar essas crianças a serem
pessoas melhores ,com mais fé na vida e foi desenvolvido todo um trabalho
com as famílias . Atras da base espiritual foi se melhorando toda a
condição de vida da comunidade.
E importante também deixar claro que apesar da unidade ela respeita a
cultura de cada um , de cada povo e a unidade na diversidade, a aceitação
incondicional da identidade de cada povo, cada nação. As hierarquias de
cada cultura, respeito e a base dessa comunidade.
O que é ser bahá’í?
(83) Euo consigo dissociar a identidade bahá’í a servi a humanidade. E
trabalhar para o bem das pessoas e motivar a mudança dos homens, com
um espírito de amor ao próximo. E amar a humanidade e se você ama vo
quer o bem e quer fazer alguma coisa para ela.
Entrevista com bahá’í do Estado de São Paulo, homem, 26 anos. Conferência
da Unidade, Mogi Mirim, 12 de junho de 2004.
Como você conheceu a fé bahá’í?
(84)Meu modo de conhecer a fé foi bem diferente. Eu vim jogar bola no
centro bahá’í de educação o Shothanie, e depois do futebol teve uma
reunião, na verdade uma conferencia tinha quadros na parede que explicava
os prinpios bahá’ís. O menino que nos convidou para vim nos explicou o
que era a Fé bahá’í , pois ele tinha um amigo ba’í. Foi esse o meu primeiro
contato. Jogando Futebol. Eu vim jogar bola e acabei conhecendo a Fé
bahá’í. Depois disso eu fui convidado para ir na casa desse rapaz participar
XXX
de uma reuno para tirar duvidas esse tipo de coisa, nessa ocasião eu
peguei dois livros para ler. Depois de um ano, depois de ter lido alguns
livros, fui convidado novamente pelos bahá’ís e comecei a freqüentar assim,
eu não sabia dessa coisa de ter que declarar assim, eu sou bahá’í , eu já me
achava meio bahá’í. Só que o que me cativou e fez com que eu me tornasse
bahá’í foi o ambiente da comunidade ba’í, eu nunca me senti tão aceito,o
num ambiente de unidade como na comunidade bahá’í, eu nunca senti isso
em lugar nenhum antes e isso tocou meu coração Eu sou bahá’í a quase
onze anos.
O que mais chamou sua atenção na fé bahá’í?
(85) Procurando respostas e quer compreender melhor as coisas e procura
perspectivas melhores para o futuro . Na eu encontrei uma perspectiva de
um mundo melhor e não é uma coisa utópica. Porque eu pesquisei antes de
me declarar bahá’í e vi que havia necessidade mesmo da aplicação daqueles
princípios isso foi muito importante para eu me declarar, eu vi que Deus
olhava pelo mundo era uma idéia muito interessante. Ele dava instrumentos
práticos para melhorar o mundo mesmo. O que mais me chamou a atenção
era o espírito de unidade entre as pessoas a priori, a primeira coisa. O
espírito de unidade, o amor que as pessoas sentiam uma pelas outras e
pelas pessoas que eles nunca viram. Eu me lembro muito bem que fui muito
bem recebido pela comunidade e isso me chamou muito a atenção.
O que mudou na sua vida depois que se tornou bahá’í?
(86) Depois que eu conheci a fé, da minha vida muitas coisas mudaram, na
verdade quando eu me declarei bahá’í todas as minhas decisões passaram a
ter uma referencia, toda minha vida foi moldada a partir da referencia que era
Bahá’ulláh , decidi minha profissão através dos escritos de Bahá’ulh .
Procurei sempre agir e moldar meu comportamento através dos
ensinamentos baha’ís. Todas escolhas que fiz foi a partir daí, como me
declarei com 19 para 20, foi nesse momento que estava fazendo escolhas e
comecei a determinar a partir daí. Agora quanto ao comportamento, venho
me transformando lentamente e ocorre a todo o momento.
XXXI
O que a fé bahá’í trouxe de novidade? O que chamou sua atenção?
(87) Uma grande novidade na fé bai e a questão do convenio, da aliança.
Dentro da fé bahá’í não existe divisão, as guias para que isso não
aconteceram foram muito clara, quando Bahá’u’lláh faleceu e deixou quem
tivesse de ser seu sucessor deixou muito claro as orientações para que o
convenio fosse estabelecido.
Outra coisa importante e que até se chegar na fé bahá’í se pensava em
salvação e dentro da bahá’í não existe salvação individual, não
salvação individual na fé bahá’í quando seu vizinho não estive também
salvo, e a salvação coletiva, o fato de eu ser bahá’í e acreditar que
Baulláh é o mensageiro de Deus não me faz salvo de nada, se eu não me
dedicar para desenvolver no mundo ao meu redor não estou salvo, é a
salvação coletiva.
Outra questão é o seu relacionamento com Deus, tamm mudouo e vo
e Deus, você esta consciente do que você deve ou não fazer e segue sua
vida. Outra questão é a servitude na sociedade a aquele que serve tem uma
visão rebaixada frente aos outros, na fé bahá’í não, aquele que serve é de
maior grandeza. Os bahá’ís devem servir a humanidade.
Quais são as recomendações de conduta existentes na fé bahá’í?
(88) Claro que existe recomendações de conduta, essa questão da
implementação dessas leis e recomendações na sua vida, e uma questão de
ordem pessoal, tem as leis eu tenho que segui-las, nós decido isso, ninguém
vai me vigiar para ver se eu faço ou não. Dentro dessas leis tem o consumo
de droga e álcool, por exemplo, a questão da castidade e fidelidade. Outra
muito interessante, proibido fofocar a língua santa, e existe hoje uma
industria que vive em torno da fofoca, e na fé bahá’í é proibido fofocar, pois
XXXII
isso causa um mal tão grande na sociedade que chegou ao ponto de um
Manifestante de Deus proibi isso.
Como é vista a comunidade para os bahá’ís, o que ela significa?
(89) A vida em comunidade é muito importante, a gente observa que a
maioria das pessoas não possui uma vida em comunidade. Vai para o
trabalho para casa, da casa para o trabalho no Máximo na casa de algum
parente. Uma vida pobre em interação, a comunidade deve ter isso a troca de
experncia, de família e de pessoas e isso que dá vida.
Tem uma coisa que queria ressaltar e que apesar da comunidade bahá’í ter
um caráter de serviço a humanidade não é uma visão assistencialista, e ir ao
âmago da queso e trabalhar a transformação do individuo para que ele
seja uma pessoa melhor e construa um mundo melhor em sua volta. E criar
nele a consciência de seu potencial humano através do principio da unidade.
A comunidade é forte, no Irã mesmo frente a todas as perseguições, ter
acesso a empregosblicos e a universidade os bahá’ís se mantêm firmes
em sua fé e seu comportamento de solidariedade e se conseguiu eliminar o
analfabetismo dentro da comunidade.
O que é ser bahá’í?
(90) Ser baháí é você ter uma consciência voltada para a humanidade. o é
ter uma consciência apenas voltada para você. E voltar suas energias para o
próximo e trabalhar para transformar a humanidade. Se esforçar o Maximo
para mudar a terra, melhorar o mundo em sua volta e você gastar sua
energia para isso somente. Transformar o mundo, trazer o reino de Deus na
terra parece utópico, mas não é.
Entrevista com Bahá’í de São Paulo, homem 25 anos. Conferência da
Unidade, Mogi Mirim, 12 de junho de 2004.
A quanto tempo você é bahá’í? Como você se declarou bahá’í?
XXXIII
(91)A quanto tempo eu sou bahá’í. Eu sou bahá’í desde de dezembro de
2001. Me declarei sozinho, já tinha pego o cartão de declaração e no final já
tinha lido Bahá’u’lláh e a Nova Era e tinha lido outros livros.
O que mudou na sua vida depois que se tornou bahá’í?
(92) Pode se dizer que o que mudou foi praticamente tudo para mim Eu
adquiri uma nova visão de tudo. Comecei a perceber que as amizades são
muito mais sincera, você começa e ver tudo com um olhar mais critico. Você
começa a ver as pessoas de forma mais espiritual, vomundo de outra
maneira, que o é só trabalhar levar a vida e aproveitar. E uma mudança
interna das pessoas, e essa coisa de quebrar valores aos poucos e uma
coisa difícil.
Essa é a coisa mais difícil de lhe dar para quem não nasceu em uma família
bahá’í quebrar seus valores e estruturar os novos, uma coisa que você
construiu desde pequeno e começar novos hábitos. Não é uma coisa que
mudou, está mudando ainda. E um aprendizado.
O que a fé bahá’í trouxe de novidade?
Para mim foi o aspecto da unidade,a unidade religiosa, a unidade do gênero
humano. Por outro lado os aspectos sociais, o fato de ser uma religião que
fala que se deve eliminar os extremos de riqueza e problemas, pois existe
religiões que implantam um pouco de conformismo e pode até ser que os
ba’ís não o chegar a esse ponto, mais se esnas escrituras e uma
coisa seria e importante . E um dos princípios que me deixam confiantes.
Quais são as recomendações de conduta existentes na fé bahá’í?
(93) Uma recomendação sábia é a oração obrigatória e do amanhã e
anoitecer, cria uma base para que você tenha maturidade religiosa , a
questão de você ter que ler de manhã e ao anoitecer você vai se tornando
maduro. A questão de não consumir álcool, pois é uma questão muito
nociva para sociedade.
A questão da castidade não é uma coisa negativa, as recomendações que
dão liberdade e confiança ao próximo. Para sociedade isso é paradoxo, que
recomendões de conduta garante a liberdade.
XXXIV
Como é vista a comunidade para os bahá’ís, o que ela significa?
(94) Eu acho interessante na comunidade bahá’í e o respeito pela
diversidade de cada pessoa. E a oportunidade de estar aqui e poder
conversar com pessoas diferentes, brasileiros, estrangeiros. Essa coisa de
você poder lidar com pessoas das mais diferentes formas e etnias e
culturas. São convivências muito ricas. E a diversidade que enriquece.
Fazendo parte da comunidade bahá’í a gente tem oportunidade de perceber
a diversidade.
Você se sente parte de um todo, de uma fé que é mundialmente
diversificada. Você não se sente sozinha, mesmo fazendo trabalhos
diferentes todos da comunidade mundial baha’í fazem algum tipo de serviço
com o mesmo objetivo. A gente fala do instituto Ruhi aqui ele existe e é a
mesmo em todo o mundo, todas as comunidades bahá’ís dos diferentes
paises o utilizam. Na África usa o mesmo material que aqui, os conceitos são
os mesmos, uma coisa única.
Quais as atividades desenvolvidas pela comunidade bahá’í?
(95) Abahá’í tem uma forte ação com a comunidade em geral e um
exemplo disso e as atividades do instituto Ruhi e reuniões devocionais que
o abertas para as outras pessoas, pois sabemos que é de benefício para
as outras pessoas.
Mas é uma comunidade que sabe resolver seus problemas dentro da própria
comunidade através da consulta. Os diferentes órgãos bahá’ís procuram
ajudar todos os membros da comunidade quando necessário com apoio de
toda a escie.
O que é ser bahá’í?
(96) O amor pela humanidade que dá uma base material e espiritual. E uma
identidade plural que precisa amar a humanidade.
Entrevista com bahá’í de Curitiba, homem 46 anos. Conferência da Unidade,
Mogi Mirim, 12 de junho de 2004.
XXXV
A quanto tempo você é bahá’í?
(97) Eu me declarei baháí em 1982, então tem 22 anos.
Que forma você entrou em contato com a Fé Bahá’í?
(98) Eu conheci uma falia que era amiga de meus pais, da minha mãe
principalmente e foi através deles que eu conheci a fé, eu fiz amizade com os
filhos deles e conheci a através deles.
O que te fez se tornar bahá’í?
(99) E eu na época era um mocinho do movimento jovem católico e eu
gostava muito de religião e até tinha tido um convite para ser padre, mas eu
nunca pensei em ser padre mas me chegaram a convidar e meus pais são
muito religiosos, mas eu nunca concordei muito com as coisas da igreja, eu
gostava de conviver com os amigos coisa e tal, maso gostava da
hierarquia. E naquela ocasião eu comentei sobre religião que estava
procurando uma religião e fui convidado a participar de uma reunião bahá’í.
Eu fiquei indo a reuniões em um ano mais o menos. Eu estava navida se
me declarava ou não me declarava daí veio um bahá’í norte americano que
tocava contra baixo em uma orquestra do irmão do Net bRiem Coll aí ele me
esclareceu as ultimas dúvidas, ele era um bahá’í negro que me contou o que
ele passou na vida e como a fé bahá’í o ajudou daí eu me identifiquei com
ele e me declarei . Foi a gota da água e daí me convidaram para uma festa de
19 dias e só poderia participar e me convidaram eu aceitei e me declarei
ba’í. Eu tinha uma preocupação com a minha falia que era muito
católica, mas no final deu tudo certo.
O que mais te atraiu na fé bahá’í?
(100) A profecia, minhae me conta quando eu era pequeno eu tinha 7
anos que eu sempre gostei sobre os profetas e eu nunca entendi porque eu
não poderia acreditar em Buda também Então quando eu li nos livros da
bai sobre os profetas e havia uma parte no Baháulh e Nova Era sobre
as profecias , era um livro introdutório ainda, eu tinha 18 anos logo em
seguida eu comprei o livro O dia prometido chegou de Shoghi Effendi,
XXXVI
aquele livro mudou minha vida até hoje eu leio o mesmo livro até
emplastifiquei a capa, aquele livro foi um livro que me atraiu e ele falava da
derrota dos grandes imrios ,dos líder das religiões antigas que não
aceitaram o que Bahá’ulh havia anunciado , a necessidade da unidade
mundial, da paz ele se recusaram e ele conta que foi invocado os
imrios da Europa no século XIX. O que mexeu bastante comigo foi o
Cristianismo , eu me identifiquei muito , eu tenho uma relação muito
harmônica com a igreja católica , tenho grandes amigos padres, mas eu vi
que ela não tinha mais um papel na minha vida, não me dava as explicações
que eu procurava , naquele momento ela já não me satisfazia , a Revelação
progressiva foi o que eu procurava, a idéia de que todos os mensageiros de
Deus são verdadeiros , são enviados de Deus , isso bateu com aquilo que no
intimo eu acreditava, daí não foi dicil aceitar.
Então basicamente foi isso.
O que mudou na sua vida depois que você se tornou bahá’í?
(101) Mudou muita coisa, bastantes depois de 23 anos eu não consigo
lembrar de como eu era antes. Eu perdi a memória Eu não consigo me
entender como não bahá’í. Se me perguntar como era sua vida antes de ser
ba’í, não sei. No meu incosciente sempre fui ba’í. Não consigo me
lembrar do estado de que eu não era,o consigo conhecer essa pessoa. Se
eu fosse apresentado para m im mesmo antes, eu acho que eu não me
reconheceria. Então mudou bastante, foi uma opção que eu fiz na minha
vida. O fato de com 18 anos eu escolher uma religo mudou o destino da
minha vida. Meu modo de vida mudou, me deu um novo modo de ver o
mundo. Eu me lembro que na faculdade uma colega minha de sociologia, em
uma aula tinha que fazer uma pesquisa sobre como a religo muda às
pessoas, ela me convidou para dar um depoimento para uma turma de
psicologia, eu fui lá e falei e muitas pessoas chegaram e me perguntaram
como você consegue acreditar nisso e a professora disse que eleso
estavam ali para duvidar da minha fé e questioná-la principalmente pelo que
eu estava falando era muito coerente. Então a fé trouxe isso na minha vida
XXXVII
coerência, sentido na vida, um propósito construtivo eu sempre soube como
bahá’í o que eu queria da vida. Ser solirio, sensível. Mudou também a
relação que eu tinha com Deus, ficou uma relação justa, que faz parte de sua
vida, que esta junto com você. Eu passei até uma relão mais direta com
Deus, não necessitava de clero, na minha casa sempre dormiam
seminaristas e eu sempre contestei a posição do clero. A fé ba’í não tinha
clero e com 18 anos já com 21 anos já foi membro da assembia local, é
uma religião igualitária na participação, nas decisões . Dá um senso de uma
proximidade muito grande. Religo não é só metafísica ela é social, no
sentido que fazer parte de uma AEL, desta vez estou trabalhando
diretamente em uma entidade religiosa, me fez sentir parte.
O que traz de novidade a doutrina bahá’í?
Quais seriam a orientação para conduta de um bahá’í?
Para minha vida você dizer? E na vida pessoal
(102) Ela traz algumas novidades, Primeiro novidade a fé transcende a
questão da salvação individual. Enquanto a humanidade estiver ruim nos
não podemos nos considerar bom. Nos não estamos bem enquanto toda a
humanidade não estiver bem, e uma sensação de comprometimento com
toda a Humanidade e a salvação coletiva social da humanidade isso é
novidade, não existia em religo nenhuma tem religo que só quem
pertencer a ela que esta salvo.Na verdadeo existe garantia de salvação,
a o ultimo momento da vida nos somos responsáveis e temos que
agradecer a Deus. Nossa salvação é junto com as pessoas, todas as
pessoas, esse ponto de comprometimento com uma luta social, de justiça
social, não uma luta potica apenas mas uma ,um engajamento de
comprometimento com o destino da humanidade, eu acho que isso é muita
responsabilidade, mas eu acho que isso é inédito na historia da religião e
uma coisa muito diferente na baha´’í.Outra coisa que me atrai é a
igualdade de direitos entre homens e mulheres, eu fui educado por família
tradicional e o papel da mulher sempre era definido. Embora muitas
gerações superaram esse estigma, minhas irs, mas até hoje carregam
XXXVIII
essa coisa patriarcal e esse ensinamento para mim e fundamental. Até meu
casamento a relação que eu tenho com a minha esposa muito tem o papel eu
procurei uma mulher que fosse engajada na sociedade como eu imaginava
que deveria ser. Esse princípio era uma coisa inédita, em todas as religiões a
mulher é deixada de lado ou era suspeita ou pecadora. Outra questão que é
essencial n a fé é a questão a unidade, a unidade da religião, as religiões
partilham de uma mesma verdade, em sua essência são a mesma, a unidade
da religião é fundamental e a unidade da humanidade. Nunca vi isso como
uma coisa hipócrita, é impossível considerar a unidade mundial sem a
unidade da religião, agora a religião tem essa essência unificadora, a
divergência é criação do homem, na essência elas falam a mesma coisa. A
unidade é um dos pontos fundamentais da fé bahá’í. Ela não é ectica, ela
tem sua doutrina própria, seus ensinamentos próprios, ela tem uma relação
com todas as outras religiões.Isso é fundamental.
Quanto às leis sociais, pode parecer que as leis bahá’í sejam caretas ou
conservadoras demais, as leis bahá’í tem um cunho individual, ninguém tem
prestar contas a ninguém a não ser a Deus, não h á um outro homem que irá
ver se você seguiu ou não, ou dizendo olha você deve fazer isso ou aquilo, a
relão do bahá’i com suas leis é pessoal, cada um deve tomar conta de si
sem se preocupar se o outro faz ou não, pois você vai prestar contas
diretamente a Deus. Isso uma liberdade, mas uma liberdade com
responsabilidade. O bahá’í faz coisas erradas como todo mundo faz, mas
ele sabe que no fundo ele está fazendo errado ele tem essa consciência,
então é uma religião que trabalha essa idéia da consciência.
O que é a comunidade para os bahá’ís?
Qual importância da comunidade? Que tipo de atividades a comunidade
desenvolve?
(103) Olha, em relão a sociedade como um todo. Olho eu acho que a
comunidade é a expressão da vida bahá’í. Não é a comunidade no sentido
comum da palavra, uma coisa fechada, mas são pessoas que participam de
um mesmo propósito, que comunhão de um mesmo propósito, maso
XXXIX
pessoas que estão integradas na sociedade como um todo, elas não são
isoladas na comunidade, elas fazem parte da sociedade como um todo. Mas
elas comungam com as pessoas que tem os mesmo propósitos. A
comunidade é como uma família, com os mesmos problemas que as
pessoas tem, tem pontos diferentes de vista, mas você não consegue viver
sem, por mais incipiente que uma comunidade seja ela tem isso de vo
depositar sua confiança seu amor ela te desperta e difícil um bahá’í
desconectado da vida comuniria sobreviver dentro de sua fé Por outro
lado a comunidade não é um clube, nem um grupo de terapia onde você vai
falar de seus problemas e vai resolver seus problemas. A comunidade e uma
ordem social, um plano social que Bahá’u’lláh traz e se materializa nessa
comunidade. O primeiro ponto e esse a idéia que o bahá’í tem dois
processos o processo de desconstrução de uma sociedade que perdeu seus
paradigmas de valores e o processo de construção de uma nova sociedade e
o exemplo é a comunidade bahá’i para nos é o reino de Deus na terra, o
Reino de Deus na terra não é a perfeição absoluta das coisas mas é um
mundo que tem um parâmetro de justiça. Os baha´ísm um sentimento de
comprometimento com o destino da humanidade e eles se comprometem
socialmente para isso. A maneira que os bahá’ís agem no mundo e dentro
da sua escala, a comunidade é relativamente pequena não tem condões de
fazer grandes obras, e um trabalho de base, é um trabalho de interação
social de base que parte da mudança de conscncia das pessoas em
relação a vida e essa mudança de conscncia baseada estritamente na
religião , a religião é um ponto primordial para se transformar a vida. De
mudar todas as relações, mudar a forma de se vê e perceber o homem. De
maneira embrionária, um pouco pequena ela vai transformando.
(104) A fé baháío é uma religião fechada, é uma religião universal
estritamente aberta. Eu vim de uma família de outra religião e nunca tive
nenhum empecilho dentro da fé bahá´í. Tive conflito com pessoas que todo
mundo tem, isso é normal, mas nunca tive um conflito institucional.A idéia
de que a fé baháí é uma religião fechada é totalmente infundado, ela tem na
XL
sua base a necessidade de interação social, ela está nas quatro parte do
mundo, eles estão agindo no mundo, não estão isolados. Eles estão
trabalhando juntos para que o mundo melhore, tem esse compromisso.
O que é ser bahá’í?
(105) Bom, o difícil reduzir isso em palavras, mas ser baí é pensar no bem
do mundo. Eu vou dar uma declaração pessoal, em relão a minha
identidade com bahá’í, faço queso que todo mundo saiba que sou bahá’í,
mais isso é tem uma questão de estabilidade muito grande, as pessoas
esperam de você uma certa santidade, e eu sei que não sou santo estou
longe disso. Para mim o bahá’í e aquele que tem conscncia da santidade e
o que essa santidade, é Abdu’u’bahá e saber o que é ser santo, o que é uma
pessoa santa e sabemos como é necesrio para o aprimoramento do
mundo melhorarmos nossa consciência individual, nosso comportamento.
Eno Abdúuba é o exemplo, e tentar ser melhor a cada dia. O que
distingue das outras religiões , as outras religiões tem isso também e dentro
da humanidade como um todo e um senso descompromissado , deo ter a
idéia de que quer fizer parte da fé bahá’í seo salvo, não é bem isso . E um
interesse genno no bem da humanidade, no bem de todos, mesmo
aqueles que não são bahá’í, não interessar ser bahá’í ou não todos precisam
de uma vida melhor . Então eu acho que se distingue, ser bahá’í eu acho que
é ter esse comprometimento com o bem do outro, da humanidade . para
todos sem exceção, não é um desejo egoísta de ser melhor que os outros,
mas um genuíno desejo que o mundo melhore . Agente tem que olhar pelas
minorias desse mundo. Mas tem que se pensar que ser bahaí é uma
construção , eu vou passar minha vida inteira tentando me construir como
bahaí e pedi a Deus que agente consiga ser. A identidade se constrói,
perante o mundo o bahá’í tem essa identidade de ajudar as pessoas. O
Bahá’í não pode se omitir .
XLI
Entrevista com bahá’í da cidade de Mogi Mirim, Mulher, 47 anos. Conferência
da Unidade, Mogi Mirim, 12 de junho de 2004.
A quanto tempo você é bahá’í?
(106) 18 anos.
Como você entrou em contato com a Fé bahá’í?
(107) Eu conheci através de um trabalho de escola de sociologia sobre
instituições religiosas m e ai eu conheci alguns princípios,fundamentos
Quais os motivos que as fizeram se tornar bahá’í?
(108) Foi à coerência dos ensinamentos me fizeram querer fazer parte dessa
comunidade, pois era coerente e estava dentro daquilo que eu procurava.
Como foi o processo de conhecimento?
(109) Eu comecei a conhecer pelo trabalho de escola e depois o trabalho
acabou e eu comecei a freqüentar e ir às casas dos bahá’ís , a ir na sede
local e participar dos programas fora da sede e ai quando percebi eu já
estava muito inserida , eu já sentia falta de não estar com os amigos bahá’ís.
O que mais te atraiu para você se tornar bahá’í?
(110) Eu tive um processo de dois anos, tem o principio de unidade, da
cortesia queo princípios. A partir do momento que estava vendo na
comunidade, na prática, eu senti isso aplicado, as pessoas juntas se sentido
uma comunidade, que se p reocupa muito com o bem estar não da
comunidade mas do mundo , isso me atraiu demais.
O que mudou na sua vida depois que você se tornou bahá’í?
(111) Minha vida virou de cabeça para baixo, eu falo isso baseada em dois
parâmetros, primeiros toda aquela turma que assim como eu, outras
pessoas conheceram também a, a própria família você se esforça a
praticar os princípios te torna um ser humano um pouco melhor um pouco
menos pior vamos dizer assim e as pessoas percebem essa mudança. Você
passa a se preocupar com outro, a pensar e encarar a justiça tem que existir
não do lado externo, mas nas suas atitudes. Eu sou de uma família toda
católica e quando conheci a bahá’í eu já havia decidoo ser mais nada,
XLII
pois havia conhecido varias religiões e me irritava a hipocrisia de se
professar algo e ter um comportamento diferente, na fé baí eu encontrei
essa coerência entre o que se fala e faz, um esforço de se viver os princípios
deixados na prática. Hoje eu não sei o que seria da minha vida se não fosse
a fé bahá’í, não me percebo sem ser bahá’í. Sei sim, seria esta confusão que
está la fora, sentimentos nada humanos as pessoas a procura apenas do
material e o se importando com o outro, neglicenciando as instituições ,
os pais o cultivo das boas ações por exemplo.
Qual a grande novidade da doutrina bahá’í?
(112) A unidade, o maior principio da fé, uma força motriz na verdade ele
não se aplica só nabaha´í quando existe esse principio tudo se integra na
natureza, no planeta na sociedade. Enquanto a Humanidade não estiver
pensando no próximo, na unidade para construir um mundo melhor as
coisas não vão fluir bem, só a unidade pode fazer as coisas flrem melhor
na humanidade.
Qual a orientação de conduta?
(113) Os princípios veracidade como toda a virtude, amor pela humanidade,
livre pesquisa de verdade, a não existência de um líder religioso de um clero
profissional ajuda para que a pesquisa da verdade seja colocada em pratica.
Princípios de cortesia, justiça, veracidade, igualdade, respeito a diversidade,
coisas que no dia a dia no mundo de uma forma geral não são postas em
prática e são coisas que faltam para melhorar as relações humanas, são
princípios que todos os bahá’íso exortados a praticar para se
desenvolver
Existe proibições e recomentações especiais para os bahá’ís seguirem?
(114) Existem recomendações, proibições existem em relação ao algo e a
droga realmente estão de acordo com o principio da harmonia e eu sempre
cito quando vou explicar essa relação, pois é fato científico que a bebida
destrói, neurônios e a sociedade estão completamente cientes e os quanto
os álcoois destrói também essa célula principal dela que é a família, o
individuoo se destrói sozinho e leva consigo a família. Existe essa
XLIII
proibição? Existe, mas essa proibição não deixa de se drogar por ser bahá’í ,
eu sou bahá’í minha religo me diz que faz mal, e eu deixo de me drogar não
pela religião mas pelo fato disso fazer mal para o individuo. Essas são duas
proibições. E estimulado a castidade, tanto antes como durante o
casamento. E permitido o divorcio mas elas são estimuladas a estarem
casadas e tentarem reconstruir em caso de dificuldades seus casamentos , o
divorcio e em ultima estância. As recomendações é você tentar por em
prática todos os princípios bahá’ís.
Qual é a base da doutrina baha´’í?
(116) A unidade mundial.
O que é comunidade?
(117) Um grupo de pessoas com um propósito em comum, estabelecer a
unidade mundial. Toda comunidade baí existem atividades que são
desenvolvidas com jovens, pré jovens, crianças e adultos na sede local ou
na casa dos bahá’í , tem as festas de 19 dias que também é um convívio com
a comunidade, dias sagrados são as oportunidades da comunidades estares
se reunindo.
(118) O sentido de comunidade é amplo na medida que ela é o grupo que
partilham de uma mesma crença os mesmos princípios e se direcional em
um principio maior, um principio comum, caminhando para o mesmo fim, no
nosso caso e trabalhar pela paz e unidade universal. Não enquanto teoria e
sim enquanto ação, ai entra essas ações sociais.
Que ações sociais realmente desenvolvem as comunidades?
(119) O primeiro ponto seria a questão de a partir do momento que você
desenvolve princípios éticos, morais e espirituais numa visão primaria de
transformação do individuo que vai gerar a transformão da sociedade,
isso eu penso que é um grande passo em termos deão social. Se
pegarmos que todos os indivíduos são levados a falar a verdade e
praticarem a justiça, isso é uma ão social no momento em que vivemos.
Em um segundo momento as instituições bahá’í partem e são eleitas de
forma democrática, secreta, sem propaganda e o que sobressai quem ira
XLIV
fazer parte das instituições são todo o desenvolvimento de caráter e
desenvolvimento espiritual que agente vê nas pessoas e realmente é secreto
e o se vota para ganhar nada. Diante disso as instituições desenvolve
programas também, hoje em termos de pais nos temos o ADCAM , que é a
associação de desenvolvimento do amazonas que se volta para a educação ,
que começou como orfanato e hoje desenvolveo só trabalhos de
educão material, mas também espiritual e também trabalha integrando o
homem a terra, destacando valores inerentes ao homem do Amazonas, e
hoje existe uma faculdade de educação no Amazonas com expiração bahá’
que trabalha com a formação profissional e espiritual.
No Estado de São Paulo nos temos a Associação Monte Carmelo, com
programas sócio educativo para crianças carente fora da escola, que
também visa não só ocupar a criança mas desenvolver artes, os aspectos
morais e espirituais além do reforço escolar. Você tem a escola das nações
que fica em Brasília e é uma escola desde o ensino infantil e ensino médio
que tamm não teria nada de social se não fosse os programas que visam
melhoria da conduta que estão voltada para princípios morais e éticos que
estão voltados para mudança da conduta dentro dos princípios bahá’í. Esses
são alguns e existem muitos mais no mundo e em termos de Brasil escolas
com as administração bahá’í visando sempre esses princípios.
(120) Voltando à queso dos papeis das instituições, as instituições
realmente apóiam os indivíduoso apenas no aspecto religioso mas até no
efeito material de inserção na própria sociedade nas dificuldades do dia a
dia do individuo . Agora uma coisa que vale a pena salientar em relão ao
principio maior que vale a pena salientar e a queso da unidade, ela é o
princípio maior da comunidade e existe uma necessidade de se colocar em
pratica todos os princípios deixados, a fé bahá’i pre que levará a
humanidade em escrever sua própria historia, quer dizer vai dar o poder as
massas de ser autora de seu destino, reescrever seu destino, isso se dá
partindo do principio ba’í de que todo ser humano e dotado de
potencialidade e pode vir a desenvolve-se plenamente. Então as instituições
XLV
dos bahá’í, hoje no mundo bahá’í existe um exemplo bem pratico disso, uma
espécie de currículo bahá’í chamado Instituto Ruhí que vale ser explorado
para maior conhecimento, pois e exatamente isso ele trabalha em vários
níveis, trabalha com o aspecto de fazer com que todo ser humano inserido
nesse programa seja analfabeto, analfabeto funcional não importa, ou até
mesmo grande intelectuais entrem no mesmo processo se aprimorar nas
habilidades e atitudes. O maior prinpio que se destaca nessa comunidade
bahá’í é isso você vê na mesma mesa um doutor em educação e uma
empregada domestica, um franelinha de transito e um grande empresário
sem nenhum preconceito, isso eu acho que se destaca enquanto
comunidade, esse é o sentido da comunidade. Não adiantaria nada todo
mundo fazer parte da mesma comunidade, mas os títulos às diferenças
sociais sobressair.
O que é ser bahá’í?
(120) Bahá’í na realidade e alguém que tenta ser baí e alguém que vai ao
seu dia a dia tentar tornar o dia a dia do outro melhor, ele é aquela pessoa
que vai tentar trabalhar para que se construa um mundo melhor, a
construção de uma nova ordem. Os bahá’í devem ser pessoas felizes,
corteses, justas otimistas. E quando se vê uma pessoa que se diz tentando
ser ba’í não ser assim existe alguma coisa errada dentro do processo,
porque existe toda uma promessa de que estamos caminhando para uma era
gloriosa, de paz onde as pessoas io começar a entender que viver em
sociedade e pensar no outro e preservar o outro Ser bahá’í efetivamente e
trabalhar pela paz e fraternidade, não do mundo, mas do meu lado, com meu
amigo, meu marido, filho, com colega de trabalho funciorio, meu professor
etc.
Entrevista com bahá’í de Mogi Mirim, mulher de 25 anos. Conferência da
Unidade, Mogi Mirim, 12 de junho de 2004.
Como você entrou em contato com a Fé bahá’í?
XLVI
(121) Através da minha irmã, ela conhecia a fé bahá’í através de jovens que
fazia teatro e eu conheci através dela.
Quais os motivos que as fizeram se tornar bahá’í.
(122) Principio, eu me senti tocada p elos prinpios da, e na época eu
trabalhava com crianças e eu comecei a trabalhar com crianças bahá’ís e
comecei a entrar em contato com a literatura bahá’í e me encantei
Como foi o processo de conhecimento?
(123) Eu passei a freqüentar as reuniões de jovens, todos domingos a tarde
eles faziam reuniões de estudos na sede e eu passei a freqüentar, sempre
havia as noitessticas nos sítios de alguns jovens ba’í. Aosbados
também eu ia apoiar as aulas bahá’ís de criança.
O que mais te atraiu para você se tornar bahá’í.?
(124) À vontade de conhecer, eu sempre fui curiosa e sempre queria a
conhecer, sempre que eu ia e sabia uma coisa diferente eu tinha vontade de
voltar e saber mais, tanto que o processo p ara eu me declarar bahá’í foi de
aproximadamente 2 anos.
O que mudou na sua vida depois que você se tornou bahá’í?
(125) Eu acredito que tudo mudou meu modo de pensar, de viver, meu
convívio social. Eu era católica praticante ate certo termo, eu fui crismada
participava do grupo de jovem, mas quando me dava n a telha e a partir do
momento que eu me tornei bahá’í eu comecei a ser freqüente e ativa na
minha religião eu passei a ser f requente a viver uma vida bahá’í.
O que mudou na sua vida depois que você se tornou bahá’í?
(126) Eu acredito que tudo mudou meu modo de pensar, de viver, meu
convívio social. Eu era católica praticante até certo termo, eu fui crismada
participava do grupo de jovem, mas quando me dava n a telha e a partir do
momento que eu me tornei bahá’í eu comecei a ser freqüente e ativa na
minha religo eu passei a ser f requente a viver uma vida bahá’í.
Qual a orientação de conduta?
(127) Os princípios ba’ís não foram deixados à toa, se cada um fosse viver
da sua maneira de forma aleatória como a sociedade está vivendo, eu
XLVII
acredito que não chegaríamos em lugar nenhum, iríamos viver em uma
sociedade decadente e doente que e o que estamos vendo ai fora. Eu acho
que esses prinpios que são básicos hoje para qualquer pessoa na
sociedade, a veracidade a justiça que é uma principio primordial.
O que é comunidade?
(128) A comunidade na verdade é um grupo de pessoas que se reúne com a
finalidade de seguir os princípios deixados por Bahá’u’lláh e passar esses
princípios para outras pessoas.
Como é essa vida comunitária? Que atividades desenvolvem?
(129) Vou contar o exemplo da comunidade de Mogi Guaçu, ela tem uma
abertura muito grande na cidade devido muitos professores serem bahá’í
pois foram feitos trabalhos nas escolas e houve uma época que haviam
muitos jovens, o trabalho nas escolas fez que entrassem muitos
professores e jovens. Isso facilita muito, temos uma abertura na prefeitura
para desenvolver Work Shop, e as escolas convidam a comunidade bahá’í
para irem falar sobre os princípios bahá’ís para outros jovens. A comunidade
de Mogi Guaçu oferece aulas bahá’ís para crianças, reuniões devocionais
regulares abertas para comunidades.
Essas aulas bahá’ís para crianças qual é o objetivo?
(130) Objetivo maior é o desenvolvimento espiritual dessas crianças, nem
toda criança tem o desenvolvimento espiritual, muitas vezes os pais se
preocupam com o desenvolvimento físico e deixam de lado o espiritual, e a
gente vê por ai varias coisas acontecendo crianças se transformando em
jovens, adolescente matando, roubando, pois falta a essência, a base
espiritual na vida deles, esse contato com os escritos sagrados bahá’í ou
o, o fato dele estar em contato com a palavra de Deus de estar
aprendendo virtudes que são muito ensinados na sala de aula virtudes,
padrão de vida , uma conduta correta e ética de comportamento
O que é ser bahá’í?
(131) É ser uma pessoa desprendida, que serve a humanidade.
XLVIII
Entrevista com bahá’í de Goiana, homem 40 anos. Conferência da Unidade,
12 de junho de 2004.
A quanto tempo você é bahá’í?
(132) Desde de 87, tem 17 anos.
Qual a forma que você entrou em contato com a Fé Bahá’i?
(133) Eu conheci atras de um amigo do irmão da Ele uso, hoje minha
esposa. Quando eu era adolescente ainda e eu passei a me tornar bahá’í
quando estava fazendo a faculdade. Eu conheci a Eleusa e dava carona para
ela na faculdade e passei a conhecer mais sobre a fé baha’í.
Qual o motivo que o fez se tornar baha´’í?
(134) O que me levou a ser baha’í são os ensinamentos apresentados.
Alguns textos né! Uma indagação que eu tinha pessoal sobre uma queso e
uma bahá’í ela simplesmente mostrou o ponto exato com a resposta com um
texto sagrado. Esse texto sagrado realmente completou toda a lacuna que eu
tinha no questionamento desde criaa/adolescente, somente com um texto
de 4 linhas. Foi o suficiente para eu ver que a fé bahá’í era realmente
verdadeira.
O que mais te atraiu na fé bahá’í?
(135) Para mim são os textos sagrados. Não é a beleza da comunidade,o é
a diversidade que existe na comunidade, não é as atividades sociais, não é
as reuniões, não é as instituições. Realmente o que me atraiu, a beleza é a
pessoa de Bahá’ulláh e os textos sagrados. Realmente, tudo que existe no
mundo são apenas satélites. Eles estão tentando adequar ao que existe de
novo em Bahá’u’lláh.
O que mudou na sua vida depois que se tornou bahá’í?
(136) Eu me declarei baha’í eu tinha 23/24 anos de idade tive uma
adolesncia e juventude fora da comunidade bahá’í eu vivia de acordo com
o que a sociedade me apresentava, meus pais me ensinavam quer dizer era
XLIX
bem fora do padrão de vida bahá’í. O que mudou realmente e que a partir do
momento que eu me declarei bahá’í começou a existir um norte nas coisas.
Assim, você tem algo, um caminho né correto que você deve seguir, quer
dizer você tem uma orientação. E a fé bahá’í oferece essas orientações muito
bem indicado, muito bem elaborado. Que Bahá’u’lláh deixou para os bahá’ís.
Eno o que eu mudei, não me sinto desnorteado, angustiado ou deprimido
com o que acontece com que ocorre no mundo, porque eu sei que muitas
orientações estão lá bem guardadas nos livros, nas prateleiras eu posso
pesquisar. E para que eu possa não me sentir perdido, desorientado eu
recorro aos escritos, eu sinto aquele sentimento que eu fiz algo correto. Algo
que me foi destinado e algo que eu cumpri. Então é esse sentimento que eu
tenho. Então a mudança é que euo saio simplesmente conversando com
os amigos, ou perguntando para um parente o que devo fazer. Primeiro oro,
peço ajuda de Deus, consulto com Deus. Espero que ele me ajude. E depois
a gente consulta com amigo. O que mudou muito minha vida e que primeiro
eu tomava as decisões sozinhas, hoje é bom consultar, ouvir, auxiliar os
outros tamm. A mudança e essa. Mudou aquela pessoa puramente
individual, hoje eu vejo que fazemos parte de um coletivo. Divide com o
grupo. Não tenho mais aquela vio individualista.
O que a doutrina bahá’í traz de novidade?
(136) Bom, a novidade se for olhar nos ensinamentos para nossa época e os
ensinamentos que foram para épocas passadas, vemos que a bahá’í
atende a necessidade do mundo. Hoje o mundo está mais avançado, nos
convivemos com raças diferentes, religiões diferentes. Hoje tem várias
situações que antigamente não havia. Então Baháulláh trouxe todo
mecanismo de orientações para que hoje a sociedade possa viver
perfeitamente em harmonia. E é muito bem explicado, muito bem
direcionado, estabeleceu instituições, deixou leias para que esse mundo
caótico que nos estamos vivendo realmente se transforme. Ba’u’lláh
deixou tudo pronto. A grande verdade é essa está tudo elaborado, escrito
esquematizado para que a gente possa viver mais tranqüila.
L
Qual é a base da doutrina bahá’í?
(137) A palavra doutrina, eu desconheço o que quer dizer, o que a fé baháí
prega, o que ela traz para a populão e la vem realmente para auxiliar a
humanidade. E realmente para que se estabeleça a justiça. E para que se
estabeleça a justiça tem que haver unidade. Eno, Baulh veio trazer a
justiça e a gente só vai chegar quando se estabelecer a unidade que
Bahá’u’lláh colocou.
Quais as recomendações de conduta para os bahá´is?
(138) As oração obrigatória e do amanhã e anoitecer, o não consumir álcool
e drogas pelo mal que isso faz para a vida em sociedade. Ter uma ngua
santa. Na verdade são recomendações que levam a uma vida em sociedade
melhor.
O que é a comunidade para os bahá’ís?
(139) Eu vejo a comunidade como centro da vida baháí, e ela queda sentido
as nossas ões e torna possível viver em unidade, seguir esse principio
que é fundamental na nossa .
O que é ser bahá’í?
(140) Vou usar as palavras de Abdú-l-Bahá , Ser bahá’í significa
simplesmente amar a humanidade e trabalhar pela paz e fraternidade
universal.
Entrevista com bahá’í da cidade de Santo André, homem 56 anos. 10 de
novembro de 2007.
Quanto tempo você é Bahá’í?
(141) Há trinta anos
LI
Como você entrou em contato com a Fé bahá’í?
(142) Através de uma Reunião de Fire Side na residência da minha cunhada
Quais os motivos que a fizeram se tornar bahá’í?
(143) Os princípios básicos da eu já praticava
Como foi o processo de conhecimento com a fé bahá’í?
(144) Através da Reunião Fire Side
O que mais atraiu você na fé bahá’í?
(145) Foram os princípios básicos da Fé. Na primeira reuno que eu estava
presente na residência da minha cunhada, ouvi falar da fé e dos princípios e
no mesmo instante me declarei bahá’í.
O que a Fé bahá’í trouxe de novidade?
(146) Para mim foi que eu ouvi falar de um novo mensageiro divino.
O que mudou na sua vida depois que você se tornou bahá’í?
(147) Passei a ser um religioso praticante.
Quais as orientações de conduta dos bahá’ís?
(148) Ser honesto, bondoso, amoroso, hospitaleiro.
O que é a comunidade para os bahá’ís?
(149) Comunidade são as pessoas com quem você se interage e convive.
Qual a importância da comunidade para o bahá’í?
(150) Ela é o centro da vida bahá’í.
Quais as atividades sócio econômicas que os bahá’ís realizam?
(151) Projetos agcolas, educacionais e de saúde.
O que significa ser bahá’í?
(152) Significa acreditar em todos os manifestantes divinos e amar a toda
humanidade.
Qual a identidade do bahá’í?
(153) É ser diferente das outras pessoas com quem você convive e sendo
sempre um exemplo onde os outros podem se espelhar.
Entrevista com bahá’í da cidade de Santo André, mulher de 46 anos. Santo
André, 16 de novembro de 2007.
LII
Quanto tempo você é Bahá’í?
(154) Há 29 anos
Como você entrou em contato com a Fé bahá’í?
(155) Através de uma amiga do cogio.
Quais os motivos que a fizeram se tornar bahá’í?
(156) Afinidade com os ensinamentos dessa nova religião. Achei que a
revelação progressiva era muito lógica e esclarecedora.
Como foi o processo de conhecimento com a fé bahá’í?
(157) No período em que conheci a Fé, havia reuniões regulares
semanalmente com temas variados e com jovens do ABC e S. Paulo. Foi
muito agradável e interessante. Depois fui estudar fora e participava mais em
ocasiões especiais.
O que mais atraiu você na fé bahá’í?
(158) Além dos escritos sagrados serem muito ricos e inspiradores, as
orações com muito mais significado o que mais me chamou a ateão foi
realmente a explicação de que só existe uma única religião revelada para a
humanidade em etapas sucessivas.
O que a Fé bahá’í trouxe de novidade?
(159) Alguns princípios que hoje parecem óbvios, tais como: Igualdade entre
homem e mulher, harmonia entre ciência e religião, etc. Pom acho que a
participação ativa do crente e o fato de não haver clero e sim uma ordem
administrativa divinamente ordenada são novidades numa religião.
O que mudou na sua vida depois que você se tornou bahá’í?
(160) Num aspecto mais amplo, a vida teve maior significado.
Questionamentos foram esclarecidos,
Quais as orientações de conduta dos bahá’ís?
(161) São aspirações muito altas. Sabemos que a humanidade não é perfeita,
mas somos orientados a viver em perfeita uno, absoluta harmonia, sem
enxergar os defeitos e sim, as qualidades das pessoas, praticando
LIII
diariamente todos os atributos de Deus. Obedecemos às leis do país e não
nos envolvemos em política partidária.
O que é a comunidade para os bahá’ís?
(162) Pessoas que vivem e trabalham de diferentes modos, exercendo seus
diferentes talentos com liberdade de expressar os próprios pensamentos em
um propósito maior.
Qual a importância da comunidade para o bahá’í?
(163) Uma vez que o ensinamento principal para esta era, o que curaria os
males da humanidade é a unidade das pessoas em todo o mundo, isso tem
que começar primeiramente em nossa própria família e depois em
comunidade.
Quais as atividades sócio econômicas que os bahá’ is realizam?
(164) Apesar de existirem algumas, essas atividades não são as principais
obras que os bahá’ís realizam. Todos investem seus esforços para evolução
espiritual do ser humano, de seu caráter, ajudando a estabelecer assim em
escala mais ampla, uma ordem mundial mais justa e eficaz.
O que significa ser bahá’í?
(165) Significa acreditar em Baháulláh, seguir seus ensinamentos, trabalhar
da maneira como puder, mesmo que da forma mais humilde para a causa da
paz mundial.
Qual a identidade do bahá’í?
(166) Alguém que mesmo com consciência de suas limitações, acredita que
pode ajudar a melhorar o mundo. Sabe que é um dever e que o está
sozinho.
Entrevista com bahá’í da cidade de São Caetano do Sul, mulher 50 anos,
realizada em dezembro de 2007..
Quanto tempo você é Bahá’í?
(167) 07 anos.
LIV
Como você entrou em contato com a Fé bahá’í?
(168) Através de alguns baha ís que mudaram para a cidade onde morava.
Que falaram sobre a fé bahaí e respondiam algumas perguntas e duvidas
sobre temas religiosos.
Quais os motivos que a fizeram se tornar bahá’í?
(169) Por responder varias duvidas minhas sobre religiosidade de forma
coerente. Pelos princípios e conduta que fazem parte da comunidade bahá’í.
Como foi o processo de conhecimento com a fé bahá’í?
(170) Foi tranqüilo enriquecedor e uma quebra total de paradigmas sobre o
que eu era e o que eu queria ser. Mudança de pensamento, ação e conduta.
Um processo que não envolvia somente sentimentos, mas mente e espírito
juntos e inseparáveis.
O que mais atraiu você na fé bahá’í?
(171) Saber que todas as religiões são uma só. Os princípios bahá’ís de
igualdade entre todos as pessoas. Saber que as profeciasblicas, islâmicas
e budistas se referem a vinda de outros manifestantes de Deus. Que para
nossa época foram o Báb e Baháulláh.
O que a Fé bahá’í trouxe de novidade?
(172) Igualdade de homens e mulheres, A pesquisa da verdade, eliminação
dos preconceitos, a eliminão dos extremos de riqueza e pobreza etc. Mas
com um diferencial, que estes princípios não são impossíveis, mas
inevitáveis.
O que mudou na sua vida depois que você se tornou bahá’í?
(173) Mudou muito minha vida, pois deu a direção que quero e devo seguir.
Mostrou-me o caminho, como fazer parte deste caminho e a forma como
caminhar.
Quais as orientações de conduta dos bahá’ís?
(174) Possui um coração puro, bondoso e radiante para que seja tua uma
soberania antiga, imperecivel e eterna. Conduta justa, bondosa,
empreendedora e verdadeira.
O que é a comunidade para os bahá’ís?
LV
(175) Resumidamente: Uma grande família de pessoas diferentes, mas que
busca a unidade do gênero humano.
Qual a importância da comunidade para o bahá’í?
(176) Muito importante, pois na comunidade você aumenta seu
conhecimento, sua vivencia e experiência. E lá você aprende que o esforço
conjunto pode ajudar a toda uma comunidade social que te rodeia.
Quais as atividades sócio econômicas que os bahá’is realizam?
(177) Todos os bahá’ís trabalham e vivem do seu trabalho. Além disso,
Todos os bahá’ís são chamados a ter atividadescio econômicas, seja dar
aula de virtudes espirituais para crianças, reuniões de oração, ajudar
instituições filantrópicas ou até mesmo educar e encaminhar seus para atos
que beneficiem a humanidade.
O que significa ser bahá’í?
(178) Amar todo o gênero humano como você ama a si mesmo.
Qual a identidade do bahá’í?
(179) Unidade na diversidade. União de pessoas com pensamentos,
atitudes e vivencias diferentes que se juntam com um único objetivo que é
formar o paraíso celestial na terra.
Entrevista com bahá’í da cidade de Santo André, mulher de 35 anos,
dezembro de 2007.
Quanto tempo você é Bahá’í?
(200) Há 20 anos, desde os 16 anos.
Como você entrou em contato com a Fé bahá’í?
(201) Fui ao Teatro Municipal de Santo André para assistir uma apresentação
de ballet, e percebi que aquele evento era promovido pela comunidade
bahá’í para homenagear os ganhadores de um concurso de redação
promovido nas escolas do município. Lá, recebi um folheto, que mais tarde
ao-lo interessei-me e solicitei um curso por correspondência.” Após o
LVI
rmino desse curso, recebi uma ligação de um bahá’í da minha cidade,
convidando-me para um encontro na Sede Local.
Quais os motivos que a fizeram se tornar bahá’í?
(202) De imediato, agi pelo coração. Identifiquei-me muito com os princípios.
Depois, com o tempo pude aprender mais sobre essa religião e ter a certeza
que tinha tomado a decio certa.
Como foi o processo de conhecimento com a fé bahá’í?
(203) A princípio pelo curso por correspondência. Mas, o principal foi a
participação ativa dentro da vida comuniria – os encontros e palestras. E
pela leitura de diversos livros.
Os ba’íso exortados a lerem as escrituras sagradas pela manhã e noite,
e isso realmente nos ajuda em diversos aspectos da vida. Aprendemos mais,
e temos a oportunidade de meditação diária. Essa meditação nos afasta do
fanatismo.
O que mais atraiu você na fé bahá’í?
(204) O espírito de unidade, realmente, verdadeiro e em diversos aspectos
dentro dessa comunidade mundial.
O que a Fé bahá’í trouxe de novidade?
(205) Muitas coisas.
Os esclarecimentos deixados por Bahá’u’l sobre a vida após a
morte.
A revelação progressiva dos manifestantes divinos isso foi o
principal.
A exortação da ptica da nossa fé, Baháulláh diz sejam atos eo
palavras vosso adorno”.
A designação de seu sucessor, após sua morte. O connio
estabelecido garante a unidade da comunidade.
A ordem administrativa perfeita, divinamente estabelecida. Não um
líder religioso, mas grupos de 9 pessoas, e outras instituições, que
praticam a consulta.
LVII
A Festa de Dezenove Dias, um evento que acontece a cada 19 dias
com 3 objetivos claros: revitalizar a espiritualidade da comunidade, a
prática da consulta entre a comunidade e sua Assembléia Local (o
grupo de 9 pessoas dessa localidade) e uma parte social que permite
que os baís possam se confraternizar, estreitar os laços de
amizade.
O fato de que a religião e a ciência devem estar em harmonia. E cada
indivíduo, sem preconceito, buscar livremente a verdade. Isso elimina
os extremos de materialismo e fanatismo.
Um calenrio de 19 meses, com 19 dias, e cada mês com um nome
de um atributo de Deus.
E diversas outras coisas.
O que mudou na sua vida depois que você se tornou bahá’í?
(206) Criei o bito de fazer orações e ler escrituras sagradas diariamente.
Isso, sem dúvida, me influencia numa melhora como ser humano. Com o
tempo pude ver que é possível desenvolvermos nossas qualidades e praticá-
las e isso faz toda a diferença!
Ganhei a tranqüilidade de que teremos um futuro próspero e melhor para
toda humanidade.
Quais as orientações de conduta dos bahá’ís?
(207)Em todos os aspectos da vida, somos exortados a termos excelência.
Isso o é novidade, pois Cristo também exigia de seus seguidores alto
padrão de conduta.
Na Fé Baí, temos o exemplo perfeito de vida que foi ‘Abdu’l-Ba, filho
mais velho de Ba’u’lláh. Toda sua vida foi dedicada a servir a todos. Por
isso seu título, o significado de seu nome, é Servo de Bahá (Servo da Glória).
Sabemos que todos têm o potencial em desenvolver as qualidades, nos dada
por Deus.
A intensidade pode variar nos indivíduos, mas todosm as qualidades e se
se esforçarem vão desenvolvê-las.
LVIII
Com isso, o pado da comunidade tende a ser muito mais elevado. Essas
qualidades devem conduzir e orientar a vida diária de cada bahá’í.
O que é a comunidade para os bahá’ís?
(208) Uma associação de pessoas que deveriam prestar atos de serviços
umas as outras, e se ajudarem para um constante progresso. Mantendo o
encorajamento e apóio contínuo. Se os indivíduos são fortalecidos, toda a
coletividade é elevada.
Seguir uma visão unificada de crescimento ter foco.
Qual a importância da comunidade para o bahá’í?
(209) É extremamente importante para o desenvolvimento humano, por isso
desde o início da revelação bahá’ís houve um cuidado muito grande para se
manter a unidade.
Quais as atividades sócio econômicas que os bahá’ís realizam?
(210)Ao redor de cada Templo Baís, espalhados em diversos continentes,
há diversas atividades sócio-econômicas para servir a toda comunidade em
geral próxima ao Templo.
No Estado de SP temos um bom exemplo que é a Associação Monte
Carmelo, direcionada a educação (um dos princípios bahá’ís educação
compulsória) de crianças e pré-jovens.
E no nordeste também acontecemrios projetos.
Em todos os países os bahá’ís se dedicam a diversas atividades sócio
ecomicas.
O que significa ser bahá’í?
(211) Há diversas definições.
Bem resumidamente, acreditar em Bahá’u’l com o Manifestante Divino, e
em sua Revelão. Praticar sua Fé e servir a todos incondicionalmente.
Qual a identidade do bahá’í?
(212) Acreditar num futuro promissor. Pois Bahá'u'lláh disse, que "a paz não
somente é possível, mas inevitálvel". E nos mostra o caminho para alcançá-
la. E ter esse sentimento e oportunidade de relacionamento harmonioso,
sem preconceito e conflitos com os diversos povos e religiões
LIX
Entrevista com bahá’í da cidade de Diadema, São Paulo. Homem, 25 anos.
Janeiro de 2008.
Quanto tempo você é Bahá’í?
(213) 10 anos
Como você entrou em contato com a Fé bahá’í?
(214) Por meio de um projetoPlenitude Humana, aplicado por um bahá'i na
Diretoria de Ensino de Santo André.
Quais os motivos que a fizeram se tornar bahá’í?
(215) Por motivo de fé, de acreditar na veracidade de que Bahá'ú'lláh,
Fundador da Fé Bahá'i, é o Enviado de Deus, para guiar a humanidade na
sua fase atual de desenvolvimento.
Como foi o processo de conhecimento com a fé bahá’í?
(216) Aproximação à famílias ba'is e o interesse em participar de
encontros e eventos realizados na comunidade.
O que mais atraiu você na fé bahá’í?
(217) A veracidade dos ensinamentos religiosos, tanto como guia espiritual
como pessoal e social.
O que a Fé bahá’í trouxe de novidade?
(218) A verdadeira compreensão de que a religião ou a revelação divina é
progressiva.
O que mudou na sua vida depois que você se tornou bahá’í?
(219) Tudo mudou, minha relação com o mundo flui com mais clareza, mais
naturalidade.
Quais as orientações de conduta dos bahá’ís?
(220) As orientações de conduta de acordo com as leis bahá’ís são as de
obediência às leis de Deus, segundo as quais aprendemos que: a origem de
LX
todo mal está em se afastar do Senhor e prender o coração nas coisas
ímpias...
O que é a comunidade para os bahá’ís?
(221) Baseado no príncípio de unidade na diversidade, assim está
organizada a comunidade ba’í, dentro de uma estrutura administrativa
própria, na qual participa ativamente por meio da consulta.
Qual a importância da comunidade para o bahá’í?
(222) Construir uma sociedade global, onde pessoas convivam em harmonia
e unidade.
Quais as atividades sócio econômicas que os bahá’is realizam?
(223) Há projetos socio-econômicos desenvolvidos por ba'is ou por eles
apoiados, na defesa do meio ambiente, da educação universal, da mulher,
etc.
O que significa ser bahá’í?
(224) “Ser ba'i significa apenas amar a humanidade e buscar servi-la.
Qual a identidade do bahá’í?
(225) Cidadão do mundo - a terra é um só país e os seres humanos seus
cidadãos”
LXI
Entrevistas realizadas com a família das crianças de freqüentam a
Associação Monte Carmelo, sábado 20 de agosto de 2007. Primeiro horário.
O trabalho que e feito no Monte Carmelo trouxe mudança para seu filho?
Familiar A (01) - Para o meu trouxe, ele era muito elétrico, apanhava todos
os dias, depois que ele entrou lá ele endireitou , está bem mais melhor. Ele
não obedecia, respondia , queria bate . Ele chegou a bater em mim e no pai
dele, ele batia mesmo , agora não ele está bem melhor. Ele está mais
tranqüilo, contente se dando melhor com as irmãs dele e tudo. Ele é adotivo
né. Minha casula tem 23 anos , já casaram todos são 5 filhos que eu tenho.
Ele tem 9 anos é adotivo , eno ele se sente mais mimado, e aproveitava,
agora até as irs estão achando ele melhor.
Familiar B (02). Minha filha foi com 4 anos para o Monte Carmelo e ela adora
o Monte Carmelo, Ela disciplinou bem, ela tinha mania de comer no sofá , eu
falava para ela vamos comer na mesa e ela não vou comer no sofá e depois
que foi para o Monte Carmelo ela começou a comer na mesa. Eu perguntei
para ela Larissa por que vo está comendo na mesa, e ela falou na no
Monte Carmelo agente tem que comer direitinho , eu ri. Agora ela sempre
senta na mesa, tem a oração que faz no Monte Carmelo e a Larissa já
aprendeu e a Lais que é a caçula , faz dois anos que ela está la, ela foi com 7
anos para o Monte Carmelo. O comportamento delas muda bastante. No
Monte Carmelo eles aprendem a ser gente, por isso acho muito importante a
existência dessa instituição.
A que você atribui essa mudança?
Familiar A (03) Disciplina, tudo tem que ter disciplina, tudo tem que ter sua
hora, no Monte Carmelo é bom porque tudo tem que ter sua hora.Nada é fora
LXII
de hora. Minha irmã quer conseguir vaga para minha sobrinha e me
perguntou como é lá. E ótimo, e ela falou fica o dia todo é não fica
cansado, mas elas adoram lá, chegam cansados mesmos mas lá tem
descanso, eles brincam , a Lais até dorme lá, tem tudo na sua hora. Acho
ótimo o lugar lá.
Para mim o Monte Carmelo é a melhor coisa na vida dessas crianças, pois
ajudam a serem melhor e isso não tem preço
Familiar C (04) Para mim o Monte Carmelo é uma mãe mesmo, as crianças
que o são meus sobrinhos, a mãe morreu quando ele era pequeninho e
a pouco tempo o pai morreu, e agente trabalhao tem com quem deixar, e
se ficar na rua saí da escola é vai aprender tudo o que não deve, pelo menos
lá vai aprender tudo que é bom né. Eu agradeço muito dele estar lá.
Ele entrou lá com 4 anos e sempre foi bom em lhe dar com ele, são dois
iros um era mais dicil é esse mudou muito o comportamento, para mim
foi uma beão.
Familiar D (05) Embora eu não ter prestado muita atenção de quando eles
começaram, a gente observa algumas coisas neles que eles demonstram
que eles têm interesse de estar lá, e a gente vê neles uma educação maior. E
algo que beneficia a vida deles, por aumentar as horas de aprendizado a
gente vê que é muito bom isso. A gente tem visto neles algo que muda
embora sejam teimosos percebemos que são umas pessoas que aprendem
mais.
Familiar C (06) O Lucas mudou bastante depois que foi para o Monte
Carmelo, ele era uma criança que fugi muito quando ele entrou , ele ficava na
primeira série e de tanto insistir consegui uma vaga lá, depois que ele foi
para o Monte Carmelo ele nunca mais fugiu da escola , é agora é uma
criança muito mais carinhosa, até ontem eu bati minha cabeça e ele veio
correndo mamãe vem aqui para eu beijar vo, e começou a me beijar,
mudou bastante o comportamento dele.
O que tem no Monte Carmelo que ajuda seus filhos a mudarem?
LXIII
Familiar C (07) eu acho que é o carinho a atenção, a dedicação que eles tem ,
quando eu não estava trabalhando eu ia lá e via o carinho que tem com as
crianças. Tem também as virtudes que eles aprendem lá.
As crianças cometam sobre as virtudes que eles aprendem lá?
Familiar 1 (08) O meu filho falou , estava na televisão falando de cortesia e
ele disse olha eu aprendi isso no Monte Carmelo e me explicou , então
muitas coisas aprendem, coisas que os tornam melhor.
Entrevistas realizadas com a família das crianças de freqüentam a
Associação Monte Carmelo, sábado 20 de agosto de 2007. Segundo horário
Quantos filhos a senhora tem no Monte Carmelo?
Familiar D (9) .Tenho dois filhos.
Depois que eles entraram no Monte Carmelo o que mudou?
Familiar D (10) Ele mudou para melhor, ele me ajuda em casa, ele não tinha
pacncia com minha nenê e agora ele não grita é mais responsável.
O que têm no Monte Carmelo que fez ele mudar?
Familiar D (11) Os professores dão carinho , atenção né. Então é isso o
carinho, o amor que eles dão. A gente trabalha fora e eles fazem o papel de
pais deles, eles dão muito carinho para as crianças lá.
No Monte Carmelo eles trabalham questões das virtudes, eles falam disso? faz
diferença de outras escolas ou não?
Familiar D (12) Eu Acho que sim, por que as vezes, eu sou evangélica,
agente vai para igreja e ele fala olhae foi dito isso no Monte Carmelo, e
ele não joga fora os papeis, ele guarda, meio bagunçado , mais guarda. Os
papeis que estão escritos as virtudes. Ele lê a bíblia também e ele procura as
virtudes.
Deixa eu fazer uma pergunta para Sr. A senhora sabe que o Monte Carmelo é
uma instituição bahá’í ? Eles doutrinam as crianças?
LXIV
Familiar D (13)o, o que eles fazem e instruir as crianças no caminho do
bem , que precisa amar o próximo. Tudo isso meu filho fala lá em casa, que a
gente tem que orar, a gente não orava lá em casa, mesmo eu sendo
evangélica , ai ele agora pede para orar e isso ele aprendeu lá, a mudança
não foi só no meu filho , foi para dentro de casa, ele mudou muito , para
melhor e isso trouxe mudaas para dentro de casa.
Quantos filhos você tem no Monte Carmelo?
Familiar E (14) Dois.
A quanto tempo eles estão lá?
Familiar E (15) Faz um anos , dois anos .
Você percebe mudança no teu filho depois que ele foi para o Monte Carmelo?
Familiar E (16) Perceber mudança eu percebo eles vem falando dos papeis
da virtude, mas sempre foram tranilos e com o Monte Carmelo a minha
filha desenvolveu mais na escola e foi no Monte Carmelo, antes só tinha
reclamação agora graças a Deus ela está bem. O que mais percebo foi na
escola, porque amorosa ela sempre foi.
Você acha positivo o trabalho que eles fazem n o Monte Carmelo?
Familiar E (17) Eu acho positivo, ajuda muito as crianças. Acho que é uma
boa forma de ajudar as crianças seguirem o caminho correto. Pois vão para
é aprendem coisas boas.
O que você acha do Monte Carmelo?
Familiar E (18) Acho que o que eles estão fazendo e uma boa coisa para
muitas criaas, porque ao invés de ficarem na rua ou sozinhos em casa
quando ae está trabalhando ele s ficam lá , aprendendo coisas
importantes, lá eles aprendem bons modos, porque muitas crianças que
ficam na rua só aprendem coisas que não devem. Então eu acho que o
Monte Carmelo ajuda as criaas quando as mães não estão por perto.
Quantos filhos você tem no Monte Carmelo?
Familiar F (19) Eu tenho 1 filho.
A quanto tempo ele está no Monte Carmelo?
LXV
Familiar F (20) O Lucas começou com 7 anos e hoje ele está com 10 anos,
então são 3 anos.
Você nota mudanças no seu filhos?
Familiar F (21) Trouxe, antes ele não falava com ninguém, e hoje ele já se
comunica, conversa , fala o que quer.
O que tem no Monte Carmelo que você acha que colaborou com a mudança do
Lucas?
Familiar F (22) Eu acho que os professores do Monte Carmelo eles se
comunicam muito com as crianças e observam as dificuldades das crianças
e buscam ajudar nisso e falam com os pais para conversarem com seus
filhos.
Como você a influencia da fé bahá’í no Monte Carmelo?
Familiar F (23) Não tem influencia assim, há é bahá’í, está ensinando o bem.
Eu não acredito que ocorra doutrinação. Eu sou bahá’í hoje, pois vendo o
trabalho e as orações eu me encontrei, mas eles não obrigam ninguém a ser
nada. Tanto que muitos pais são evangélicos, calicos, lá eles fazem
orões, ensinam virtudes, falam da fé para os pais, mas não doutrina, os
pais escolhem seus caminhos. O Monte Carmelo ensina e ajuda as crianças.
O que o Monte Carmelo representa para Porto Feliz?
Familiar F (24) De primeiro diziam que era uma creche, hoje é mais
conhecido, eu tenho 5 filhos e os 5 freqüentaram o Monte Carmelo , antes ele
o era muito conhecido, eu conheci pelo motorista, hoje é bem mais
conhecido. Muitos perguntam que religião eles são, e eu explico que o o
Monte Carmelo é independente de religião, lá tem professores de diferentes
religião e que ensinam virtudes e ajudam as crianças.
LXVI
Entrevista com a coordenadora pedagógica da Associação Monte Carmelo,
realizada em 20 de agosto de 2007
Quando foi fundada a AMC?
No final dos anos 80, em 89.
Na verdade não existe histórico sobre essa época. No inicio as educadoras
eram todas da prefeitura e começou com poucas crianças. Neste primeiro
momento funcionava como um reforço escolar. Infelizmente não
documentação, pois foi feita com tanta boa vontade que não se pensou em
registrar.
O Monte Carmelo surgiu no inverso do que deve ser um projeto sócio-
econômico, ele deveria surgir em uma comunidade ba’í forte, poisteria
material h umano, pessoas para vim dar o suporte. Em Porto Feliz não havia
comunidade bahá’í e ainda hoje a Comunidade bahá’í de Porto Feliz o é
forte. Agente conta com baháís de fora.
Os diretores são bahá’ís, uma mãe que fazia parte de diretoria e que não era
ba’í agora se declarou.
A estrutura da diretoria é a mesma da administração bahá’í, com nove
membros, segue sempre o principio da consulta, sendo que a coordenadora
LXVII
e o gerente participam das reuniões e tem voz ativa pois é uma gestão
participativa
O Monte Carmelo foi doado para a comunidade bahá’í e essa comunidade
decidiu o que iria fazer.
Os membros do conselho baháí indicam nomes para a diretoria e depôs
tem uma assembléia composta p elos sócios contribuintes ( queo todas
as pessoas) e empresas, essas pessoas são convocadas e é feita a eleição
entre as pessoas que o conselho indicou, aí é feita a diretoria.
Com que freqüência é eleita a diretoria?
De dois em dois anos.
Qual a relação da diretoria com a fé bahá’í?
Tirando que todos são bahá’í. Anualmente faz um relatório das atividades,
que é mando do para o centro mundial ba’í. Que acompanha a influencia
que o Monte Carmelo está tendo na comunidade, se está crescendo o
numero de bahá’ís na região.
O conselho do Estado de São Paulo constantemente está acompanhando,
constantemente enviando relatórios financeiros, das atividades
desenvolvidas, ciclos de estudo. A Assembléia Nacional também acompanha
agente sempre está fazendo as capacitações, sempre que abre ciclo de
estudo e mesmo quando eles têm um livro novo eles trazem para ser
aplicado aqui primeiro.
O Monte Carmelo é um projeto bahá’í assim com tem escoas cristãs,
adventistas. É uma escola bahá’í. A relação é total, desde a metodologia,
pois o planejamento é feito tamm a partir da consulta, pois ao chegarem
na aulao é já dado tudo mastigado, os alunos são consultados sobre o
que eles querem aprender.
Outro ponto é que todos os educadores recebem capacitão do Instituto
Ruhi, pelo menos o livro 1 , 3 e 5, pois se trabalham em uma instituição
bahá’í precisa saber, é o livro 3 e 5 que são próprios para aula para
LXVIII
crianças..Quando fazem o livro 1 é dito que é no intuito de pesquisar e
conhecer a .
Quando eu entrei aqui a 10 anos atrás n ao se falava da Fé Bahá’í,não havia
um trabalho de conhecimento dos funcionários sobre a doutrina bahá’í,
começou a ser feito há uns 6 anos. Até eno era trabalhado mais como
reforço escolar.
Nessa época, as pessoas da cidade pensavam que o Monte Carmelo era para
doutrinar, hoje está mais aberto, recebemos visita de pessoas da cidade,
vereadores, comunidade em geral. Isso faz as pessoas conhecerem mais e
saberem que esse não é o intuito.
O Monte Carmelo está tão reconhecido, tanto na parte da transformação das
crianças, que hoje atendemos 130 crianças e temos uma lista de espera de
150. Até os lideres da comunidade ligam pedido vagas para as crianças.
Dentro das 130 , 10% das é para assistência social e 10% para o poder
judiciário (fórum). Em média recebemos dois ofícios semana da Assistente
Social e do Fórum.
O reconhecimento das autoridades e grande, A Assistente social do fórum
liga pedindo vaga e fala da situação da criança e diz que essa criança
precisa do Monte Carmelo. È o reconhecimento social.
Qual é a área do Monte Carmelo?
82 m2.
Que material é usado no trabalho com as crianças?
Além do currículo que funciona por bimestre, os educadores fazem o
planejamento no semestre.
Cada bimestre é um centro de interesse, minha vida, minha cidade, meio
ambiente, cidadania e trabalho.
Aliados a esses temas é colocado as virtudes que são necesrias, por
exemplo eles estão estudando o Meio Ambiente e a virtude responsabilidade
é uma virtude por semana.
LXIX
O material é feito pelo próprio Monte Carmelo, falta sistematizar esse
material por apostila. Esse material é todo dentro dos prinpios bahá’ís.
Quanto tempo as crianças ficam no Monte Carmelo?
Muitas crianças ficam 9 anos no Monte Carmelo. Em6 anos em media umas
600 crianças passaram por aqui. A idéia e exatamente essa pegar as
crianças com 6anos e que continuem.
Por que 6 anos?
Segundo a nova lei, as crianças devem entrar no primeiro ano com 6anos,
antes era do 7 aos 14 anos.
Na cidade tem outro projeto que atende pré-jovens 15 a 18 anos, é u m
projeto para inserção para o mercado do trabalho. Jovens Aprendiz. É para
eles aplicado o livro Brisa e Trilhando do instituto. Que também é utilizado
no Monte Carmelo para os pré-jovens.
Além de aplicar os livros para os educadores e para as crianças (livro 3 e
3.2) e aplicado também para os pais. A criação não espiritual, indicado para
o Baháís, foi aplicado para 21pais e agora querem fazer o livro um por
iniciativa deles.
Que ações existem com as famílias?
Os livros, com cursos de pais,reuniões. Há tamm uma comiso de pais.
Essa comissão organiza eventos para ajudar o Monte Carmelo e quando
eventos aqui as mães vem ajudar também. A relação é muito próxima.
Participam até na diretoria.
Quanto aos educadores?
Normalmente se faz entrevista. Claro que pelo perfil, disponibilidade. Eles
o estagrios, pois são contratados por contrato de estagio euma
contratada. Pois, o período que eso n a faculdade eles ficam trabalhando, é
como uma capacitação, quando saem estão preparadas para o mercado.
Temos uma contratada que não é pedagoga. A diretoria pretende capacitar
LXX
os alunos para posteriormente trabalharem aqui. Pois, a rotatividade é muito
grande, pois agente capacita o educador e eles saem.
Gostaria de dizer que temos diferente projetos entre 6 e 14 anos são eles:
projeto da virtude, que é a própria proposta da instituição, informática, canto
coral, teria musical, timbalada e fanfarra com material reciclado.
Entrevista realizada em Jornal da região de Porto Feliz –interior de São Paulo – e enviada
por email
Sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004 00:00:00
Pelo Social
“É preciso educar as famílias”
O trabalho social, executivo, não é para muitos. Enfrentar as mazelas humanas é uma tarefa extenuante que
não tem hora nem data para terminar. Se os problemas sociais envolvem crianças e adolescentes, o lado mais
fraco da corda, a situação piora. É por isso que ações dinâmicas como a do presidente do Conselho Municipal
da Criança e do Adolescente, Moisés de Oliveira, 26, fazem a diferença. Bauruense de nascimento, ele é
membro do Conselho de Assistência Social, administrador da Associação Monte Carmelo e um dos principais
fomentadores do Conselho Tutelar (que empossou seus novos membros recentemente). Oliveira está
incorporado na comunidade portofelicense onde é conhecido pela atuação marcante em projetos para a
criança e adolescente. Para ele, mais que proteger a criança, o terceiro setor tem que promover a educação
das famílias e melhorar o seu cartão de visitas antes de ir pedir apoio do empresariado. “As instituições
LXXI
funcionariam como uma empresa, que têm seu plano de negócio, suas atribuições, seus prazos, suas metas. O
empresário que ajuda uma instituição quer ver resultados e cobra isso”.
Porque o interesse em se trabalhar com crianças e adolescentes?
Esse interesse surgiu do meu envolvimento dentro da comunidade bahá’i do Brasil, que visa essa parte
humanitária, de ajuda ao ser humano, principalmente na educação da criança e do adolescente. Nós
acreditamos que a melhora do mundo só pode ser realizada através de ações puras e boas, de uma conduta
louvável e digna. Somente através da educação vamos conseguir essa melhora, com base nos valores
humanos.
Mas seu trabalho vai muito além do Monte Carmelo, não é?
Sim, vai muito além. Meu primeiro trabalho de base foi na Associação Monte Carmelo. Depois, Conselho de
Assistência Social e agora presidente do Conselho da Criança e do Adolescente. Também atuo na Associação
dos Deficientes Portofelicenses, que estava inativa e nós reativamos. São trabalhos em várias frentes. Essa
ação social de desenvolver atividades, captar recursos, de participar em seminários no terceiro setor, tudo isso
vai ajudar de alguma forma as instituições de Porto Feliz a uma melhor articulação em sua auto-
sustentabilidade. Hoje em dia, as ONGs funcionam mais pela parte caritativa do que por serem um
empreendimento social sustentável.
Como seria isso?
As instituições funcionariam como uma empresa, que tem seu plano de negócio, suas atribuições, seus prazos,
suas metas. As ONGs também devem se pautar dessa forma. A visão do terceiro setor é essa, de gerar auto-
sustentabilidade. A ONG desenvolve vários produtos para manter a própria entidade. Um exemplo é a Ação
Criança. Ela vende as camisetas, faz uma marketing em torno disso e capta recursos para manter suas
atividades no terceiro setor, na área social.
Como vocês são recebidos pelos empresários da cidade quando pedem apoio para um projeto social?
Eu reconheço que até falta um melhor preparo para chegar no empresariado. O empresário quer ver
resultados e cobra isso. Quer saber o impacto social que vai geral, o marketing social que ele vai ter, o selo de
determinada fundação que ele vai receber. Isso quando nos atende. Quando não atende, vem recado de que
no momento não dá, a crise está chegando no setor dele, essas coisas. Por outro lado, há muito recurso
dentro do próprio terceiro setor. O que falta são empreendimentos sociais com mais estruturas, com planos de
negócios, planos de trabalhos, para conseguir colaboração.
Como está essa questão dos menores em Porto Feliz? As crianças estão sendo bem tratadas?
A demanda é bem maior do que podemos oferecer para as crianças e adolescentes. Temos um problema que
é a falta de mais atividades para jovens de 7 a 18 anos. Faltam mais iniciativas em Porto Feliz que
proporcionem entretenimento, lazer, mais atividades educacionais e esportiva. Mas há também algumas
frentes que estão sendo trabalhadas. A Promoção Social por exemplo, desenvolve o projeto Agente Jovem,
que atende pré-adolescentes. São projetos que visam que a criança desenvolva algumas habilidades para
entrar no mercado de trabalho, para poder articular como voluntário. Há vários projetos voltados para a
criança e adolescente, nos bairros da cidade, como o Centrinho, na Vila América, que atende a população de
lá também na área de reforço escolar. No Jardim Vante, o Espaço Amigo, que está dentro da política de
Assistência Social. Lá também tem o Crer Ser, que atende às crianças. Mas ainda é pouco. Se analisarmos o
contigente atendido por esses projetos, você que ainda é muito irrisório.
Qual o maior risco para os adolescentes de Porto Feliz?
Ao meu ver é o acesso fácil às drogas, que atinge o núcleo das famílias portofelicenses. Chega perto das
crianças porque está em todos lugares, às vezes, até dentro da própria casa onde os pais são usuários. Isso
não só em Porto Feliz, no mundo. Acho que isso só vai mudar quando tiver uma coesão entre a educação
material, que seria o estudo, a consciência do corpo físico, espiritual, e sua parte humana, seu
desenvolvimento, suas relações. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) prevê várias leis e mesmo
assim a sociedade não consegue ter uma articulação para realmente proteger a criança e o adolescente. Você
LXXII
observa casos em Porto Feliz de abandono, maus tratos. E as estatísticas mostram isso. Basta um
levantamento na Vara da Infância e da Juventude e no Conselho Tutelar, para ver quantos casos há
envolvendo menores.
Qual é o peso do ECA então?
Eu acredito que o ECA tem o peso que deveria ter, mas ao mesmo tempo deixa algumas lacunas, até na
questão do próprio trabalho infantil, prevendo que a criança não pode trabalhar, salvo na condição de
aprendiz. E isso fica muito complicado. A criança, depois que sai da escola (quando vai), fica na Avecuia, na
Gruta, nas praças e outros lugares e acaba ficando suscetível a esses problemas. E a sociedade coloca suas
crianças em situação de risco social. Com projetos para adolescentes dos 14 aos 18 anos, com
encaminhamento ao mercado do trabalho, haveria uma diminuição nos problemas sociais.
Você acha que as famílias não cumprem seu papel?
Não, não cumprem. A sociedade como um todo deixa muito a desejar. Se cumprisse o papel, a cobrança seria
bem menor junto às instituições de ensino ou educacional. E a situação seria outra, porque a sociedade não
estaria sofrendo tanto com o alto índice de criminalidade. Isso não refletiria até no migrante homem de rua,
que já foi criança e, devido à negligência da própria família ou da sociedade, acabou nesta situação. E a gente
vê que isso em Porto Feliz é gritante. Se analisarmos, se observa que esses homens de rua são de Porto Feliz
mesmo. Não em sua maioria, mas uma boa parte.
Você não acha que essa proteção à criança fica muito no plano das idéias?
É verdade. Porque depende de nós, que fazemos parte dessa sociedade. Os empresários, por exemplo,
poderiam desenvolver muito mais a questão social. Poderiam fazer muito mais para beneficiar o menor.
Quem é que menos participa numa ação social: poder público, setor privado ou família?
O que menos participa é a família. Por causa da cultura assistencialista, onde tudo é dado. Não se busca a
oportunidade de desenvolvimento dentro de um programa social. Todos os programas governamentais de
todas as esferas brasileiras, visam diminuir as dificuldades. Mas, cabe a articulação da comunidade como um
todo.
Mas como proteger essa criança onde as próprias famílias acabam vendo nelas mais uma força de trabalho
que pode ajudar no sustento da casa? Como mudar essa concepção?
A concepção destas famílias é a condição de sobrevivência. O problema não é a criança, é a família. Dentro da
Associação Monte Carmelo, por exemplo, alteramos nossa estratégica de trabalho, porque a gente via que a
criança só recebia reforço escolar. E só isso não adianta. Ele tem que vir acompanhado do reforço de
comportamento, de valores, de ser cidadão. Isso é um grande diferencial da Monte Carmelo. Uma criança bem
cuidada vai ser um cidadão que vai dar o melhor de si para a sociedade. Na Monte Carmelo, passamos então a
desenvolver um programa para a família. Passamos a atender as famílias e educar os pais. As crianças
aprendem valores que levam para a casa.
O que você acha do trabalho que é desenvolvido pela Casa das Crianças e Abrigo das Meninas em Porto Feliz?
Acho um trabalho muito significativo. Muitos desses casos são de crianças mal tratadas que sofreram algum
tipo de abuso ou violência.
A que você atribui a demora em se ter em Porto Feliz um local específico que cuidasse das meninas nestas
situações?
Não acredito que foi relegado. Foi um processo. Você observa que na Vara da Infância, a demanda de casos
envolvendo meninas é menor. Talvez até pela opressão, pela falta de denúncia. Talvez por isso não houve
essa necessidade
g
ritante. A falta de denúncia às vezes é o problema. Não há em Porto Feliz, por exemplo, um
programa que denuncie abuso sexual. Será que nós não temos?
Por que não se denuncia?
LXXIII
Por questão cultural. Tem que mudar a mentalidade. A família não quer tomar parte no escândalo, porque às
vezes envolve o pai, o tio, o avô. Ainda mais em uma cidade pequena como Porto Feliz. É triste falar em casos
como esse, mas acontece.
Como você avalia a participação do poder público nos programas sociais?
A prefeitura tem sido atuante no Monte Carmelo, com transporte e alimentação. É um compromisso com a
instituição. Vê-se também que a própria prefeitura passou a mandar subvenção, cerca de R$ 2 mil, para cada
entidade beneficente da cidade. Uma instituição não vive só de doação ou do bazar para gerar recurso. Enfim,
há uma atuação da prefeitura neste sentido.
Poderia fazer mais? Deveria fazer mais?
É difícil falar que pode, porque Porto Feliz é uma cidade que também enfrenta a crise. Eu acredito que está
fazendo o que pode dentro da realidade social. Infelizmente não se dá para transformar chumbo em ouro,
diante da atual conjuntura. Isso afeta a prefeitura, o empresariado, onde a gente vai bater à porta. O terceiro
setor é o que mais cresce no país e por isso tem aprendido que é necessário fundamentar bem um projeto,
documentar, deixar bem estruturado e não ir lá e só “passar o chapéu” para contribuição.
Na comunidade bahá’i da qual você faz parte, há histórico de participação em projetos sociais?
Sem dúvida. A comunidade bahá’i possui projetos pelo mundo. Assim como a Associação Monte Carmelo, que
é uma idéia bahá’i, e atende pessoas que não são da comunidade e não tem nenhuma ligação com essa
doutrina religiosa, sem fazer qualquer tipo de proselitismo ou dogmatizar.
Houve algum tipo de confusão neste sentido, por ser um projeto de comunidade religiosa que cuida de
crianças?
Existe um estreitamento entre a comunidade bahá’i e a diretoria da Associação, que é responsável e é
composta por empresários de todos os tipos de religião. É uma instituição aberta a todos. Há uma
transparência muito grande de nossa proposta. Nenhum projeto bahá’i visa dogmatizar ou ensinar a fé. Essas
coisas são distintas. A parte espiritual de cada criança é responsabilidade das famílias, assim como a educação
também é, como o comportamento e valores também, mas acabam sendo negligenciados.
Você acha que haveria esse tipo de dúvida e questionamentos se o projeto fosse mantido por uma
comunidade católica ou evangélica?
Questionamento e posicionamentos existem em todos os segmentos. Acho que pode haver sim. O
desconhecimento é mais em Porto Feliz. Em torno do mundo é muito conhecida a comunidade bahá’i. Na
ONU, por exemplo, ela ocupa uma cadeira, na UNESCO também. Porque temos projetos sociais em todo o
mundo. A falta de esclarecimento da fé bahá’i é que gera isso. A comunidade trabalha pela unidade do gênero
humano. Acreditamos que essa unidade começa na família até na eliminação das barreiras e fronteiras.
Acreditamos que a terra é um só país e os seres humanos são seus cidadãos. Na Monte Carmelo são 120
crianças com proposta de educação de valores.
Qual o máximo de contato que as crianças têm com a religião bahá’i?
Não tem contato. No máximo elas sabem falar “bahá’i”, mas não sabem quem são, da onde vem e o que
fazem. Mas as famílias sabem. A gente orienta e esclarece quem somos. Não temos lá aula sobre a fé bahá’i,
budista, cristã, etc. Embora acreditemos na unidade da religião, que existe só um deus.
Revista Viu!
LXXIV
ANEXO II
Proposta Pedagógica
Objetivos Gerais:
Objetivos Específicos:
LXXV
- Construir seu próprio conhecimento
- Descobrir as virtudes fundamentais para o relacionamento humano
- Aprender a repensar, discutir, concluir e aplicar os conhecimentos adquiridos.
- Construir pactos, normas e modos de organização.
Metodologia e Técnicas de Aprendizagem
- A técnica da consulta permeará todas as etapas do trabalho
- A aprendizagem será feita através do exercício do pensar, perguntar, buscar respostas
individualmente e em grupo.
- A troca de experiências sobre os resultados dos questionamentos e pesquisas produzi
pactos, relatórios e apresentações.
- A produção resultante do trabalho será apresentada em exposição
Proposta:
O projeto pedagógico da AMC foi remodelado em novembro de 2004. Está filosoficamente
embasado nos princípios bahá’ís de educação propostos no Relatório Dellors, elaborado
para a UNESCO.
O novo projeto contempla quatro centros de interesse, os quais são trabalhados em seus
vários aspectos de acordo coma idade e interesse das crianças e também servem de apoio
para estudo e compreensão das virtudes a eles relacionados:
1º Bimestre: Minha Vida
- Virtudes trabalhadas:
Veracidade, Fidedignidade, Unidade, Respeito, Paciência, Pureza,
Autodisciplina, Asseio, Excelência.
- Trabalho com conscientização do seu próprio eu, da sua família, da sua vida, dos seus
relacionamentos enfatizando as virtudes.
- Atividades desenvolvidas:
Leitura e memorização de textos sagrados, leitura e
interpretação de textos, produção de textos, operações matemáticas, interpretação e
resolução de problemas, seqüências numéricas. Artes e jogos cooperativos.
2º Bimestre: Minha Cidade
- Virtudes Trabalhadas
: Cooperação, Generosidade, Responsabilidade, Caridade,
Honestidade, Cortesia, Moderação, Justiça.
- Trabalho com temas relacionados a sua cidade, tais como a história e geografia do
município, vizinhança, governo e administração de serviços públicos, bairros, atividades
econômicas, transito.
- Atividades desenvolvidas
: Leitura e memorização de textos sagrados, leitura e
interpretação de textos, produção de textos, pesquisas e trabalho com história da cidade.
Jogos matemáticos, conjuntos e aperfeiçoamento de matemática simples.
3º Bimestre: Meio Ambiente
- Virtudes trabalhadas
: Pureza, Cooperação, Responsabilidade, Paciência, Bondade com os
animais, Disciplina, Respeito.
- Trabalho com preservação do meio ambiente, conscientização, proteção da fauna e flora,
poluição, reciclagem.
- Atividades desenvolvidas
: Leitura e memorização de textos sagrados, leitura e
interpretação de textos, produção de textos, curiosidades e pesquisas cientificas. Medidas e
LXXVI
grandezas, noções de quantidade, trabalho com moeda. Passeios educativos e produção de
material prático.
4º Bimestre: Cidadania e Trabalho
- Virtudes trabalhadas
: Justiça, Criatividade, Radiância, Determinação, Idealismo, Amor a
Deus, Unidade.
- Trabalho com o papel de cada cidadão, direitos, deveres, documentos, conscientização
sobre a importância do voto. Talentos, vocação, sonhos e ideais, e o trabalho como
adoração a Deus.
- Atividades desenvolvidas:
Leitura e memorização de textos sagrados, leitura e
interpretação de textos, trabalho com moeda e noções de gastos, equiparação de
recebimento e gastos.
Ciclo IV: Alunos de 11 a 14 anos
Trabalhos mais específicos em aulas de:
- Compreensão e interpretação de textos
- Linguagem dos textos
- Leitura expressiva dos textos
- Ortografia
- Acentuação
- Produção de textos jornalísticos e estórias
- Resumos
- Pesquisas
- Verbos
- Plural
- Números naturais
- Números inteiros
- Números racionais
- Números reais
- Operações com números reais
- Propriedade das operações
- Equações
- Proporcionalidades: Peso e medida
- Potenciação
- Problemas matemáticos
- Seqüências numéricas
Projeto Jovem Aprendiz
O presente Plano de Curso – Aprendizagem Comercial – Assistente Administrativo - visa
atender, prioritariamente, jovens na faixa etária de 14 a 18 anos incompletos (em situação
de vulnerabilidade social), moradores dos bairros que contemplem obras sociais, entidades
LXXVII
ou Ongs. A Associação Monte Carmelo desenvolverá em parceria com a Associação
Comercial de Porto Feliz cursos pré-profissionalizantes focados nas virtudes humanas.
Mais de cem mil jovens aguardam a oportunidade de inserção profissional no mercado de
trabalho em São Paulo. E com o advento da automação globalizada, o comércio e a
prestação de serviços na área produtiva da Administração Comercial, revelam-se como
catalisadores importantes na oferta e aproveitamento dessa mão de obra juvenil, desde que
adequadamente preparada.
No desempenho de suas atribuições específicas devem, ainda, demonstrar:
2 – Domínio das habilidades de atendimento a clientes, fornecedores e parceiros;
3 – Domínio das atividades de organização de escritório;
4 – Aplicabilidade dos fundamentos básicos de contabilidade e custos;
5 – Capacidade de auxiliar na administração de RH;
6 – Dar apoio na operacionalização da administração financeira;
7 – Compreender e colaborar na aplicação dos processos logísticos da empresa e
8 – Habilidades para o trabalho em Equipe, com desempenho profissional ético focado nas
virtudes humanas.
V – Organização e Desenvolvimento Curricular
A proposta curricular do Curso de Aprendizagem Comercial de nível básico para a
formação do Assistente Administrativo, está organizada em habilidades: básicas,
específicas e de gestão.
As Habilidades Básicas têm por objetivo capacitar o educando para refletir, compreender e
interpretar a realidade com autonomia; para se comunicar, aprender a pensar e aprender a
aprender.
As Habilidades Específicas têm a função de possibilitar ao educando o domínio de
conhecimentos e práticas pertinentes à área profissional do curso.
As Habilidades de Gestão visam capacitar o educando para atuar na sociedade e no
processo produtivo com responsabilidade, autonomia e de forma crítica. Para isso, deve
saber gerir seu próprio tempo, assumir postura versátil, ter capacidade de decisão,
responsabilizar-se por resultados e possuir visão ampla sobre a organização.
b) Conteúdos Programáticos (Ementa de Conteúdos)
HABILIDADES BÁSICAS
Comunicação Oral e Escrita
Elementos constitutivos do processo de Comunicação:
- emissor;
- receptor,
- referente;
- canal;
- código;
LXXVIII
- mensagem.
Níveis de fala:
- gíria;
- linguagem coloquial;
- língua padrão.
Descrição:
- Objeto;
- Processo.
Estruturas – Padrão
- Bilhete;
- Comanda;
- Ordem de serviço;
- Requisição de materiais;
- Requisição de compras;
- Autorização de serviços;
- Documentos fiscais;
- Registros de fretes;
- Controle de arquivos (formulários – registros de RH – atas e pautas de reuniões)
- Orçamento;
- Correspondência (Empresarial; Notas contábeis, Memorando, Carta Comercial, Serviços,
Ofício, Carta de agradecimento; Escrituras de compra e venda) e Relatórios.
- Curriculum vitae
Informática Básica
- Editor de textos;
- Planilha eletrônica;
- Banco de dados;
- Programa de apresentação gráfica;
- Internet;
- Conseqüências provocadas pela utilização do computador.
Fundamentos de Contabilidade e Custos
Conjuntos numéricos:
- Números Inteiros,
- Números Racionais e Reais,
Razões e proporções:
LXXIX
- Regras de três simples e composta,
- Porcentagens,
Funções:
- equações de 1º e 2º graus,
- gráficos,
- análise de funções;
Juros simples e composto:
- capitalização,
- descontos;
Cálculos de custos de produção:
- matéria-prima,
- horas de preparação,
- peças ou serviços/hora,
- hora-homem,
- hora-máquina,
Taxas de juros;
ANEXO III
ESTATUTO SOCIAL DA
ASSOCIAÇÃO MONTE CARMELO - AMC
CAPÍTULO I
LXXX
DENOMINAÇÃO - SEDE –FORO - DURAÇÃO
- PRINCÍPIOS E FINALIDADE
Artigo 1º.- A ASSOCIAÇÃO MONTE CARMELO, também designada pela sigla AMC,
constituída em 25 de Janeiro de 1989, é uma associação civil de direito privado, sem fins
econômicos, de duração por tempo indeterminado e com sede e foro no município de Porto
Feliz, Estado de São Paulo.
Artigo 2º
.- A Associação tem por finalidade promover a educação material, humana e
espiritual da criança e do adolescente, contribuindo para o desenvolvimento da família e da
comunidade, visando a um mundo justo, unido e de paz, com projeto pedagógico
organizado em torno de quatro aprendizagens fundamentais que constituem os pilares do
conhecimento conforme a UNICEF para a educação do século XXI: aprender a
conhecer (adquirir conhecimentos de compreensão), aprender a fazer (para agir sobre o
meio), aprender a viver juntos (participar e cooperar com outros) e aprender a ser (que
integra as três precedentes).
Parágrafo 1:
Por educação material entenda-se o “progresso e desenvolvimento do
corpo”, incluindo-se aqui a educação para o crescimento, saúde, alimentação, conforto,
etc.
Parágrafo 2:
A educação humana consiste no desenvolvimento das habilidades do ser
humano para que construa o progresso e o desenvolvimento da civilização, através de
artes, ciências, instituições, administração, governos, invenções, descobrimentos, etc.
Parágrafo 3:
A educação espiritual consiste na aquisição de perfeições divinas -
virtudes, qualidades morais e espirituais.
Artigo 3º
- A Associação terá um Regimento Interno e um Código de Ética, que serão
aprovados pelo Conselho Consultivo e que disciplinarão o seu funcionamento.
Artigo 4º
- A fim de cumprir suas finalidades, a Associação se organizará em tantas
unidades de prestação de serviços quantas se fizerem necessárias, as quais se regerão pelo
Regimento Interno e pelo Código de Ética mencionados no Artigo 3º.
Parágrafo Único
: A AMC poderá criar unidades de prestação de serviços visando sua
auto-sustentação, utilizando todos os meio lícitos, aplicando seu resultado operacional
integralmente no desenvolvimento dos objetivos institucionais.
Artigo 5º
- No desenvolvimento de suas atividades, a Associação Monte Carmelo
observará os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
LXXXI
economicidade e da eficiência e não fará discriminação alguma de raça, sexo, cor, condição
social, credo político ou religioso e quaisquer outras formas de discriminação, por ter como
princípio a promoção da igualdade entre homens e mulheres e a eliminação de todos as
formas de preconceito, prestando serviços gratuitos e permanentes.
Artigo 6º
- A Associação poderá firmar convênios ou acordos com órgãos governamentais
e não-governamentais para o atingimento de seus objetivos.
CAPÍTULO II
DO PATRIMÔNIO E DOS RECURSOS FINANCEIROS
Artigo 7º - Constitui o patrimônio da Associação:
I. Seus bens móveis e imóveis, veículos e semoventes, ações, apólices de dívidas
públicas;
II. Bens e direitos que forem adquiridos, ou lhe forem doados ou legados;
III. Fundos especiais;
IV. Saldos dos exercícios financeiros transferidos para a conta patrimonial;
V. Contribuições, auxílios e donativos em dinheiro ou espécie;
VI. Doações, legados, auxílios e subvenções que lhe forem destinados por órgãos
públicos, particulares, nacionais e internacionais ou individuais;
VII. Contribuições de seus associados.
Parágrafo Único:
No caso de dissolução ou extinção social da entidade, os bens
remanescentes serão destinados a outra instituição congênere, com personalidade jurídica,
sede e atividades preponderantes no Estado de São Paulo, preferencialmente no município
de origem, e registrada no Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS. Inexistindo
semelhante instituição, os bens remanescentes serão destinados a uma entidade pública a
ser designada, em caráter exclusivo, pela Assembléia Geral.
Artigo 8º
- A Associação Monte Carmelo aplicará suas rendas, seus serviços e eventual
resultado operacional integralmente no território nacional e na manutenção e no
desenvolvimento de seus objetivos.
Parágrafo Primeiro:
Os recursos advindos dos poderes públicos deverão ser aplicados
dentro do Município de sua sede, ou, no caso de haver unidades prestadoras de serviços a
ela vinculadas, no âmbito do Estado concessor.
Parágrafo Segundo:
A Associação aplicará as subvenções e doações recebidas nas
finalidades a que estejam vinculadas.
LXXXII
Artigo 9º
- A Associação Monte Carmelo não constituirá patrimônio exclusivo de um
grupo determinado de indivíduos, família, entidade de classe ou sociedade sem caráter
beneficente de assistência social.
CAPÍTULO III
DOS SÓCIOS - DIREITOS E DEVERES
Artigo 10º
- O quadro social da Associação compõe-se de cidadãos por livre escolha,
maiores de 21 anos, os quais contribuirão para o desenvolvimento comum dos objetivos da
Associação.
Artigo 11º
- Há três categorias de sócios:
I. Sócios Fundadores;
II. Sócios Contribuintes;
III. Sócios Honorários.
Parágrafo Primeiro:
Sócios Fundadores são todos aqueles que participaram da fundação
da Associação.
Parágrafo Segundo:
Sócios Contribuintes são todos os que, admitidos na Associação após
sua constituição, contribuírem, de forma regular, com importância acordada com a
Diretoria.
Parágrafo Terceiro:
Sócios Honorários são todos aqueles que tiverem prestado relevantes
serviços à Associação, assim reconhecidos pela Diretoria.
Artigo 12º
- Aos sócios incumbe o dever de auxiliar na realização das finalidades da
Associação, zelar pelo seu patrimônio e fazer cumprir as disposições do presente Estatuto.
Artigo 13º
- A admissão de sócios será aprovada pela Diretoria e referendada pelo
Conselho Consultivo, devendo os candidatos a sócio preencher os seguintes pré-requisitos:
I. Remeter carta de solicitação de afiliação demonstrando compreender os objetivos
sociais, culturais e filantrópicos da Associação Monte Carmelo e estar disposto a
colaborar no cumprimento das normas estatutárias, ou preencher pessoalmente uma
ficha de inscrição de associado, contendo todos os seus dados pessoais, conforme
modelo aprovado pela Diretoria;
II. Gozar de reputação idônea na sociedade.
Artigo 14º
- São direitos dos sócios quites com suas obrigações sociais:
LXXXIII
I Votar e ser votado na Assembléia Geral anual, nos termos do Inciso I do Artigo 21
para cargos eletivos;
II Participar da aprovação das contas da Diretoria na Assembléia Geral.
III Solicitar à diretoria, por escrito, informações a respeito do funcionamento da
Associação;
IV A qualquer tempo e por requerimento, desligar-se a titulo de demissão
Artigo 15º
- Os sócios não respondem, nem mesmo subsidiariamente, pelas obrigações
sociais da Associação.
Artigo 16º.
São deveres dos Sócios:
I Colaborar para que os fins da Associação sejam atingidos;
II Comparecer às reuniões para as quais forem convocados;
III Cumprir e fazer cumprir as disposições estatutárias e regimentais, assim como
acatar as resoluções da Assembléia Geral, Conselho Consultivo ou Diretoria;
IV Aceitar, salvo recusa justificada, qualquer cargo que lhe seja atribuído pelos órgãos
administrativos;
V Contribuir com as taxas ou outros encargos que venham a ser acordados com a
Diretoria para fins de manutenção da Associação;
VI Zelar pelo patrimônio e pelo bom nome da Associação.
Artigo 17º
- Será aplicada a pena de exclusão ao sócio que:
I. Causar dano moral ou material à Associação;
II. Não comparecer às reuniões da Associação com regularidade;
III. Servir-se da Associação para fins políticos ou estranhos aos seus objetivos;
IV. Violar as disposições deste estatuto.
Parágrafo Único
: Da decisão do órgão que decretar a exclusão, caberá sempre recurso à
Assembléia Geral.
CAPÍTULO IV
DA ADMINISTRAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO
Artigo 18º
-A Associação Monte Carmelo será administrada por:
I. Assembléia Geral;
II. Conselho Consultivo
III. Diretoria;
IV. Conselho Fiscal.
Artigo 19º
- O ato constitutivo não é reformável no tocante a administração.
LXXXIV
SEÇÃO I
DA ASSEMBLEIA GERAL
Artigo 20º
- A Assembléia Geral, órgão soberano de vontade social, constituir-se-á pelos
Sócios Contribuintes, Honorários e Fundadores em gozo de seus direitos de voto e
estatutários.
Artigo 21º
- Compete privativamente à Assembléia Geral:
I. Eleger, dentre os sócios, os membros do Conselho Consultivo, do Conselho Fiscal e
da Diretoria;
II. Destituir os administradores;
III. Decidir sobre a extinção ou dissolução da Associação, nos termos do Parágrafo Único
do Artigo 7
o
do presente Estatuto;
IV. Deliberar sobre todos os assuntos de interesse social levantados pelos presentes;
V. Aprovar a aquisição ou venda de bens moveis ou imóveis.
VI. Alterar o Estatuto
Parágrafo Único - Para as deliberações que se referem a alterações de estatuto e
destituição de administradores é exigido o voto concorde de dois terços dos presentes à
assembléia especialmente convocada para esse fim, não podendo ela deliberar, em primeira
convocação, sem a maioria absoluta, ou com menos de um terço nas convocações
seguintes.
Artigo 22º
- A Assembléia Geral realizar-se-á ordinariamente uma vez por ano para
I. Eleger ou destituir membros do Conselho Consultivo, Diretoria e Conselho Fiscal, de
acordo com esse Estatuto;
II. Apreciar o relatório anual da Diretoria, referendado pelo Conselho Consultivo;
III. Discutir, aprovar e homologar as contas e o Balanço aprovados pelo Conselho Fiscal
e referendados pelo Conselho Consultivo, bem como o Orçamento para o exercício
seguinte.
Artigo 23º
- A Assembléia Geral realizar-se-á extraordinariamente, sempre que os
interesses sociais exigirem, quando convocada, nos termos do presente Estatuto:
I Pela Diretoria;
II Pelo Conselho
Consultivo;
III
Pelo Conselho Fiscal;
IV Por requerimento de, no mínimo, 1/5 (um quinto) dos sócios em dia com as suas
obrigações sociais.
Artigo 24º
- A convocação da Assembléia Geral será feita por meio de edital afixado na
sede da instituição, ou publicação na imprensa local, ou por circulares ou outros meios
convenientes, com antecedência mínima de quinze (15) dias.
LXXXV
Parágrafo Único
: A Assembléia instalar-se-á em primeira convocação com a presença de
todos os sócios, ou em segunda convocação, meia hora após, com qualquer número de
sócios presentes.
SEÇÃO II
DO CONSELHO CONSULTIVO
Artigo 25º
– O Conselho Consultivo é constituído por nove (09) membros, eleitos em
votação secreta pela Assembléia Geral Ordinária, composta pelos sócios fundadores,
honorários e contribuintes, e em conformidade com o processo eleitoral previsto neste
artigo, com mandato de três (3) anos, não devendo haver mais de uma reeleição
consecutiva.
Parágrafo Primeiro
: Poderão participar do processo eleitoral como eleitores os sócios
maiores de vinte e um (21) anos em dia com a Associação, que estejam nesta condição há
pelo menos seis (6) meses, que apresentarem no ato da votação o comprovante de
regularidade firmado pelo Presidente da Diretoria;
Parágrafo Segundo
: O sócio deverá votar em nove (9) candidatos sem repetir nomes;
Parágrafo Terceiro: É vedada a propaganda eleitoral de qualquer eleitor nos veículos de
comunicação social, tais como anúncios luminosos, faixas-fixas, cartazes ou inscrições em
qualquer local público ou particular;
Parágrafo Quarto
: As cédulas eleitorais serão confeccionadas pela Diretoria, mediante
modelo previamente aprovado pelo Conselho Consultivo.
Artigo 26º
– Ao Conselho Consultivo compete:
I Zelar pela integridade das ações da Associação e pela sua orientação geral, nos
termos deste Estatuto, a fim de preservar os princípios gerais de sua constituição e
promover o cumprimento de sua missão;
II Fazer cumprir o Estatuto e demais regulamentos da Associação;
III Oferecer anualmente diretrizes e sugestões para a Diretoria;
IV Exercer todos os poderes previstos neste Estatuo, delegando-os à Diretoria eleita;
V Analisar e homologar junto à Assembléia Geral o relatório da diretoria, bem como
suas contas anuais;
VI Decidir sobre os casos omissos neste Estatuto juntamente com a Diretoria;
VII Reunir-se sempre que convocado pelo seu Presidente ou pela maioria de seus
membros.
LXXXVI
Parágrafo Único
O Conselho Consultivo reunir-se-á ordinariamente, ao menos duas
vezes por ano e, extraordinariamente, quando necessário.
Artigo 27
o
. O Conselho Consultivo será coordenado por um Presidente e assessorado por
um Secretário, ambos eleitos por seus pares no início de sua gestão, podendo haver mais
auxiliadores escolhidos pelo Presidente para o exercício de alguma função julgada
necessária.
SEÇÃO III
DA DIRETORIA
Artigo 28
o
. A Associação será dirigida e administrada por uma Diretoria eleita pela
Assembléia Geral e constituída por nove (9) pessoas, as quais elegerão, entre si, um
Presidente, um Vice-Presidente, Primeiro e Segundo Secretários, Primeiro e Segundo
Tesoureiros, um Diretor de Relações Públicas, um Diretor Pedagógico e um Diretor de
Projetos.
Parágrafo Primeiro
: O mandato da Diretoria será de dois (2) anos, não devendo haver
mais de uma reeleição consecutiva. O processo eleitoral é idêntico ao citado no Artigo
25
o
. deste Estatuto.
Parágrafo Segundo: Sempre que os interesses da Associação exigirem, serão criados
tantos departamentos quantos forem necessários para a execução de suas finalidades, a
critério da Diretoria.
Parágrafo Terceiro
: A Diretoria nomeará uma comissão para cuidar do processo eleitoral,
a qual poderá ser composta por membros da Diretoria e colaboradores da entidade.
Artigo 29º
- Compete à Diretoria coletivamente:
I Administrar a Associação, cumprindo e fazendo cumprir seu Estatuto, Regimento
Interno, Código de Ética, suas resoluções e às dos demais órgãos colegiados da Associação;
II Elaborar programa anual de atividades e executá-lo;
III Elaborar e apresentar relatório anual para o Conselho Consultivo e Assembléia
Geral;
IV Elaborar e propor ao Conselho Consultivo o Regimento Interno e o Código de Ética
da Associação e das Unidades de Prestação de Serviços, e exigir seu cumprimento;
V Entrosar-se com instituições públicas e privadas para mútua colaboração em
atividades de interesse comum;
VI Providenciar junto às autoridades as autorizações e medidas convenientes e
necessárias, e cuidar de tudo o que se fizer necessário para o seu perfeito funcionamento;
LXXXVII
VII Contratar e demitir funcionários, respeitando as normas regimentais e a legislação
em vigor; fixar remuneração dos funcionários;
VIII Receber em nome da Associação quaisquer auxílios ou subvenções municipais,
estaduais e federais ou particulares.
IX Propor ao Conselho Consultivo, alterações no Regimento Interno e demais
regulamentos da entidade;
X Propor ao Conselho Consultivo a aquisição, alienação ou oneração de bens
imóveis;
XI Adquirir todos e quaisquer materiais necessários ao bom funcionamento das
atividades propostas pela entidade; autorizar despesas extraordinárias;
XII Aprovar acordos, contratos e convênios;
XIII Instalar as diversas Unidades de Prestação de Serviços, nomear sua Diretoria e
providenciar junto às autoridades as autorizações e medidas convenientes e necessárias, e
cuidar de tudo o que se fizer necessário para o seu perfeito funcionamento;
Artigo 30º
A diretoria reunir-se-á no mínimo uma (1) vez por mês.
Artigo 31
o
. - Ao Presidente compete:
I Dirigir a Associação e representá-la ativa, passiva, judicial e extra-judicialmente, ou
nomear procurador para tal, quando o Vice-Presidente não puder substituí-lo, com a
aprovação da Diretoria, inclusive quanto à procuração com a cláusula “ad-judicia”, que
neste caso o próprio Presidente poderá outorgar, com prévia aprovação da Diretoria;
II Cumprir e fazer cumprir este Estatuto, o Regimento Interno e o Código de Ética;
III Presidir a Assembléia Geral;
IV Convocar e presidir as reuniões da Diretoria;
V Zelar pelo perfeito funcionamento da Associação.
Artigo 32º
- Ao Vice-Presidente compete
I Substituir o Presidente em suas faltas ou impedimentos;
II Assumir o mandato em caso de vacância até o seu término;
III Prestar, de modo geral, a sua colaboração ao Presidente.
Artigo 33º
- Ao Secretário compete:
I Secretariar as reuniões da Diretoria e da Assembléia Geral, lavrando as respectivas
Atas;
II Organizar e expedir a correspondência e o arquivo da Associação.
LXXXVIII
Artigo 34º
- Ao Tesoureiro compete:
I Arrecadar, e contabilizar as contribuições dos associados, rendas, auxílios e
donativos em dinheiro ou em bens, mantendo rigorosamente em dia a escrituração contábil
da Associação, requisitando para isso todos os recursos materiais e pessoais necessários ao
fiel cumprimento desta função;
II Pagar as contas das despesas autorizadas pelo Presidente;
III Apresentar balancetes mensais e o balanço semestral à Diretoria e ao Conselho
Fiscal;
IV Apresentar o relatório financeiro para ser submetido à Assembléia Geral;
V Abrir e movimentar contas correntes em quaisquer instituições bancárias sejam elas
oficiais ou privadas, autorizando débitos, requisitando talões, efetuando aplicações
financeiras, enfim, tudo o que for necessário ao completo e fiel desempenho desta função.
Parágrafo Único
: Para todas e quaisquer providências que se refiram à movimentação de
recursos e alienação ou oneração de bens da Associação, será necessária a assinatura em
conjunto do Presidente e do Tesoureiro, podendo qualquer um deles ser substituído por
outro Diretor quando haja impedimento.
Artigo 35º
- Ao Diretor de Relações Públicas compete:
I – Contatar autoridades, empresas, meios de comunicação, pessoas físicas para a
divulgação das atividades e fins da Associação;
II – Promover a AMC nos meios de comunicação;
III – A gestão da AMC junto a possíveis instituições colaboradoras públicas ou privadas.
Artigo 36º
- Ao Diretor Pedagógico compete:
I Supervisionar a elaboração do planejamento pedagógico da AMC;
II Supervisionar a realização das atividades curriculares previstas no planejamento
pedagógico e nas atividades extracurriculares, esclarecendo dúvidas, dando suporte e
compartilhando idéias e ações, garantindo o cumprimento dos propósitos pedagógicos da
Associação;
III Conduzir reuniões com os educadores para avaliar resultados, dificuldades e, necessidade de redimensionar ou alterar
o Planejamento Pedagógico, bem como necessidades de aperfeiçoamento dos processos pedagógicos.
Artigo 37º
- Ao Diretor de Projetos compete:
LXXXIX
I – Manter contato com instituições privadas ou públicas para inscrever a Associação
em Prêmios;
II - Orientar o planejamento de projetos para captação de recursos;
III - Supervisionar o preenchimento dos formulários de inscrição em prêmios e programas;
IV - Acompanhar os planos de execução dos projetos elaborados.
Artigo 38º
Para determinar o afastamento de um Diretor, a Diretoria deverá instaurar
um inquérito administrativo, cuja conclusão será submetida à apreciação e decisão final da
Assembléia Geral.
CAPÍTULO V
DO CONSELHO FISCAL
Artigo 39º
O Conselho Fiscal será eleito pela Assembléia Geral e será composto por seis
pessoas, sendo três membros efetivos e três suplentes.
Parágrafo Primeiro
: O mandato do Conselho Fiscal será de dois (2) anos, coincidentes
com o mandato da Diretoria, não devendo haver mais de uma reeleição consecutiva.
Parágrafo Segundo
: Em caso de ausência ou impedimento de algum titular, o cargo será
assumido pelo respectivo suplente até o término do mandato.
Parágrafo Terceiro
: Não poderão ser membros do Conselho Fiscal, familiares com
vínculo de primeiro ou segundo grau com membros do Conselho Consultivo ou da
Diretoria da Associação.
Artigo 40º
- Ao Conselho Fiscal compete:
I Examinar, orientar e fiscalizar a documentação contábil da entidade;
II Apreciar os balanços e inventários que acompanham o relatório anual da Diretoria;
III Emitir, anualmente, parecer conclusivo sobre as Contas da Associação e que deverá
ser submetido à aprovação dos demais órgãos colegiados.
IV Opinar sobre a aquisição e alienação de bens imóveis, por parte da instituição;
XC
V Fiscalizar a aplicação das normas ditadas pelo presente Estatuto, orientando a
Diretoria e a Assembléia Geral sobre as decisões de caráter administrativo que devam ser
tomadas por estas.
Artigo 41º - O Conselho Fiscal será coordenado por um Presidente e assessorado por um
Secretário, ambos eleitos por seus pares, no início da gestão, podendo haver mais auxiliares
escolhidos pelo seu Presidente, para o exercício de alguma função julgada necessária.
Parágrafo Único
- O Conselho Fiscal reunir-se-á ordinariamente a cada seis (6) meses e
extraordinariamente sempre que necessário, por convocação de seu Presidente ou da
Assembléia Geral.
Artigo 42º
- Os diretores, conselheiros, sócios, instituidores, benfeitores, ou equivalentes
da Associação não percebem nenhuma remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou
indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou
atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos.
CAPITULO VI
DOS ESTABELECIMENTOS MANTIDOS PELA ASSOCIAÇÃO
Artigo 43
O
. - Os estabelecimentos mantidos pela Associação, bem como as Unidades de
Prestação de Serviços, a ela se subordinam de acordo com os princípios que fundamentam
os objetivos definidos no presente Estatuto.
Artigo 44º
- O Regimento Interno de cada estabelecimento ou das Unidades de Prestação
de Serviços lhes assegurará plena autonomia administrativa, ressalvados os princípios e
determinações afetos ao presente Estatuto ou oriundos da Assembléia Geral.
Artigo 45º
- A Contabilidade e a administração de cada estabelecimento ou Unidade de
Prestação de Serviços mantidos pela Associação constituirão responsabilidade e exercício
exclusivo, devendo para tanto cada estabelecimento ou Unidade de Prestação de Serviços
ter personalidade e individualidade fiscal e jurídica autônomas, sujeitando-se, porém às
normas ditadas pelo presente Estatuto.
CAPÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Artigo 46º
- Não serão distribuídos lucros, dividendos ou bonificações de qualquer
natureza nem aos sócios nem aos membros da Diretoria, do Conselho Consultivo ou do
Conselho Fiscal da Associação.
Artigo 47º
- A Associação manterá escrituração de suas receitas e despesas em livros
revestidos de formalidades legais.
XCI
Artigo 48º
- A escrituração contábil e os procedimentos administrativos e operacionais dos
estabelecimentos ou Unidade de Prestação de Serviços mantidos pela Associação seguirão
as normas definidas pela Associação Monte Carmelo.
CAPÍTULO VIII
DO EXERCÍCIO SOCIAL
Artigo 49º
- O exercício social termina no dia 31 de dezembro de cada ano.
Artigo 50º - Caberá à Diretoria elaborar, ao término de cada exercício social, um Balanço
Geral da Associação, que será levado à apreciação do Conselho Consultivo, do Conselho
Fiscal e da Assembléia Geral.
CAPÍTULO IX
DA PRESTAÇÃO DE CONTAS E DA AUDITORIA
Artigo 51º
- A prestação de contas da Associação observará no mínimo:
I. Os princípios fundamentais de contabilidade e as Normas Brasileiras de
Contabilidade;
II. A publicação, por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício social, do
Balanço Geral da Associação e das demonstrações financeiras da entidade, incluindo
as certidões negativas de débitos junto ao INSS, ao FGTS, à Receita Federal e
demais órgãos públicos aplicáveis, deixando tais documentos à disposição para o
livre exame de qualquer cidadão;
III. A realização periódica de auditoria, preferencialmente por auditores externos
independentes.
CAPÍTULO X
DA LIQUIDAÇÃO OU FUSÃO DA ASSOCIAÇÃO
Artigo 52º
- A Associação Monte Carmelo será dissolvida ou se fundirá com instituição
congênere e afim por decisão da Assembléia Geral Extraordinária, especialmente
convocada para esse fim, quando se torne impossível a continuação de suas atividades ou
quando o interesse maior da Associação assim o recomendar.
XCII
CAPITULO XI
DA MODIFICAÇÃO DO ESTATUTO
Artigo 53º
- As modificações estatutárias não poderão, em nenhuma hipótese ou forma,
alterar o caráter da Associação, bem como seus objetivos conforme definidos neste
Estatuto.
CAPÍTULO XII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Artigo 54º
- Os casos omissos no presente Estatuto, bem como qualquer dúvida que venha
a ocorrer entre os administradores, ou entre estes e algum sócio, serão resolvidos pela
Diretoria em conjunto com o Conselho Consultivo, cuja decisão deverá ser referendada
pela Assembléia Geral.
Porto Feliz, 17 de Julho de 2004.
___________________________
Dimas Ribeiro Martins Junior
Vice-Presidente
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