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TATIANY J. DE FARIA
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓRIA
DE NANOCARREADORES LIPÍDICOS CONTENDO DICLOFENACO NO
TRATAMENTO DA ARTRITE ADUJVANTE INDUZIDA POR CFA EM RATOS
Orientador: Prof. Dr. Carlos Rogério Tonussi
Co-orientadores: Profª Drª Elenara M. T. Lemos Senna
Prof. Dr. Anicleto Poli
FLORIANÓPOLIS - SC
2009
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TATIANY J. DE FARIA
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓRIA
DE NANOCARREADORES LIPÍDICOS CONTENDO DICLOFENACO NO
TRATAMENTO DA ARTRITE ADUJVANTE INDUZIDA POR CFA EM RATOS
Tese apresentada ao Curso de Pós-
Graduação em Farmacologia, Centro
de Ciências Biológicas, Universidade
Federal de Santa Catarina, como
requisito parcial para obtenção do
grau de Doutor em Farmacologia.
FLORIANÓPOLIS - SC
2009
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AGRADECIMENTOS
Nem só de gráficos ou palavras se constroem uma tese. Durante esta trajetória, aprendi muito
além da Farmacologia; momentos que poderei levar comigo para o resto da minha vida pessoal
ou profissional. Agradeço:
Ao Prof. Rogério, por ter me convidado ainda na iniciação científica a fazer parte de sua
equipe. Obrigada por acreditar em mim e por me ensinar coisas valiosas que superaram a
ciência.
A Profª Elenara, por ter me ensinado o mundo da “nanotecnologia”.
Ao Prof. Anicleto, pela infindável paciência e confiança nestes quatro anos juntos do HPLC.
Estendo estas palavras a Tati, sempre prestativa nas análises cromatográficas.
Ao Prof. André Báfica, por ter ensinado a olhar minha tese com outros olhos e pelos
ensinamentos e discussões valiosas.
Ao Prof. Calixto, pelo uso do HPLC durante estes anos.
Á Carine, pela amizade e força, e pelos ensaios de validação.
Ao Thiago, pela amizade e ensaios de permeação.
Aos Colegas do LANEN, por terem me recebido com tanto carinho durante estes anos.
Aos Colegas do LIDI, por se tornarem minha segunda família nesta transição profissional.
Aos Colegas do Laboratório de Farmacotécnica, por dividirem seus conhecimentos e
compartilharem de uma amizade especial.
Aos Funcionários do Departamento de Farmacologia, pela dedicação nos serviços
prestados: Diana, Rita, Pedro e Murilo.
À Geci, simplesmente por ser a “Geci”. Vc é muito especial, nunca se esqueça disso!!
À Cris, que fez parte de momentos de desabafos e alegrias.
À , por ser mais do que uma amiga, uma irmã. Ao Pastor Jota, pelo carinho de tantos anos.
À Tia Jane, por ser minha segunda mãe e por me aturar em momentos tão difíceis.
Ao meu Pai, pelo carinho e preocupação.
Em especial à minha mãe, , que é exemplo de força e serenidade. TE AMO !! Obrigada por
seres minha amiga, irmã e filha. À minha sobrinha Kaká, pelo sorriso doce nas horas difíceis.
Agradeço a Deus, pelo dom da vida e da sobrevivência.
25
A você minha MÃE....
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RESUMO
O tratamento de primeira linha em diversas doenças articulares está baseado
no uso de antiinflamatórios não-esteroidais (AINES) que agem por inibir a enzima ciclo
oxigenase (COX). Entretanto, devido aos seus efeitos adversos, diclofenaco (DF)
como terapia a longo prazo em inflamação e dor crônicas, como a artrite reumatóide e
osteoartite é freqüentemente desencorajado. É importante ressaltar que estes efeitos
adversos podem ser efetivamente reduzidos pelo alcance da liberação vetorizada a
sítios específicos através de novas formulações. Estas formulações não somente
proporcionam a concentração de fármacos a órgãos específicos, mas também
permitem a redução da dose efetiva. Como resultado, o uso de novos sistemas de
liberação de fármacos como nanopartículas lipídicas e nanoemulsões tem ganho
aplicabilidade no tratamento de doenças crônicas. Uma vez que a administração de
nanocarreadores em articulações tem sido pobremente estudada, a meta deste estudo
foi desenvolver e avaliar a atividade antiinflamatória em modelo de CFA induzido em
ratos, de dois tipos de nanocarreadores. Nanopartículas Lipídicas Sólidas (NLS) e
Nanoemulsões (NE) foram preparadas pela técnica de homogeneização a quente e
emulsificação a quente, respectivamente. NE apresentaram altos valores de teor de
diclofenaco ácido e NLS demonstraram eficiência de encapsulação acima de 90%. O
método cromatográfico demonstrou ser adequado para análise direta dos
nanocarreadores. O tamanho médio de particular para SLN foi de 250 nm e para NE
150 nm, e ambas as preparações apresentaram distribuição monomodal. O potencial
zeta para ambas a formulações foi de -60 mV. Em adição, SLN apresentaram-se mais
estáveis em diferentes condições de estocagem do que NE durante 30 dias. Os
estudos in vivo foram avaliados em artrite induzida por injeção intra-articular de CFA
em fêmeas Wistar e as análises foram realizadas através do teste de incapacitação
articular, aumento do diâmetro articular e migração celular. O animais foram tratados
com PBS, NE brancas ou NLS brancas, NE-DF, NLS-DF ou solução do fármaco.
Quando administradas pela via intravenosa, os nanocarreadores não apresentaram
redução sobre a incapacitação articular e edema articular quando comparado à
solução do fármaco. Entretanto, comparado aos nanocarreadores sem fármaco ou
solução de diclofenaco, NE-DF e SLN-DF inibiram ambos a nocicepção e aumento do
diâmetro articular no modelo de CFA quando administrados pela via intra-articular.
Para investigar os mecanismos na qual nanocarreadores de diclofenaco inibiram a
atividade antiinflamatória em articulações de ratos tratados com CFA, NE- ou SLN-DF
marcadas com DIL, um corante fluorescente, foram desenvolvidas. As análises de
citometria de fluxo indicaram que após injeção local, NE e NLS foram rapidamente
associadas a células fagocíticas. O efeito antiinflamatório observado nos estudos in
vivo quando nanocarreadores foram administradas localmente sugerem que um
aumento do tempo de permanência articular foi alcançado. O estudo ex vivo de
permeção demonstrou que NLS e NE contendo diclofenaco podem permear mais
efetivamente a pele de suínos em modelo de célula de célula de Franz quando
comparado ao fármaco livre. Sendo assim, a encapsulação do diclofenaco em
nanopartículas lipídicas e nanoemulsões podem proporcionar benefícios no aumento
do efeito terapêutico deste fármaco em doenças inflamatórias articulares.
27
ABSTRACT
The first-line treatment for many inflammatory diseases is based on the use
of nonsteroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs) that act by inhibiting the cyclo-
oxygenase (COX) enzyme. However, because of their adverse effects, diclofenac
(DF) as long-term therapy for chronic inflammation and pain in such diseases as
rheumatoid arthritis and osteoarthritis is often discouraged. It is important to note
that these adverse effects can be effectively reduced by achieving site-specific/
targeted delivery through new formulation approaches. These formulations not only
restrict the drug supply to specific organs but also allow the reduction of the
required dose. As a result, the use of new delivery systems such as nanoparticles
and nanoemulsions, has gained widespread applicability in the management of
chronic diseases. Since the use of nanocarriers administered into joints has not
been well studied, the aims of the present investigation were to development and
evaluate the anti-inflammatory activity in CFA model induced in rats of two kinds of
lipid nanocarriers. Solid Lipid Nanoparticles (SLN) and Nanoemulsions (NE) were
prepared by hot homogenization and hot emulsification, respectively. NE showed
high values of acid diclofenac and SLN obtained entrapment efficiency higher 90%.
The chromatographic method proved to be adequate for direct analysis of
diclofenac in nanostructured drug carriers. The mean size for SLN was 250 nm and
NE 150 nm and both preparations showed monomodal distribution. The zeta
potencial for both formulations was approximately -60 mV. In addition, SLN showed
more stable in different storage conditions than NE during 30 days. In vivo studies
were evaluated in arthritis induced by intra-articular injection of CFA on female
Wistar rats and the analysis were performed by incapacitation test, articular
diameter and cell migration. The animals were treated with PBS, NE blank or SLN
blank, NE-DF, SLN-DF or drug solution. When administrated by intravenous via the
nanocarriers didn’t show reduction on articular incapacitation and articular edema
when compared to solution drug. However, compared to nanostructured blank or
drug solution, NE-DF and SLN-DF inhibited both nociception and articular diameter
increasing in CFA model when administrated into knee-joint. To gain insight into the
mechanisms in which nanostructured containing diclo inhibited pro-inflammatory
activity in the knee-joints of CFA-treated rats, NE- or SLN-diclo-stained particles
with DIL, a fluorescent probe were developed. Flow cytometry analysis indicated
that, following local injection, NE and SLN were rapidly associated by phagocytic
cells. The anti-inflammatory effect observed in the in vivo studies when
nanocarriers were administrated into knee-joint suggests that an increasing of the
carriers’ permanence time was achieved. The ex vivo permeation studies
demonstrated that SLN and NE containing diclofenac can to permeate more
effectively the pig skin in model of Franz cell when compared to solution drug.
Thus, the encapsulation of diclofenac in lipid nanoparticles and nanoemulsions
proved beneficial for the improvement therapeutic effect of this drug in inflammatory
articular disease.
28
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1: Revisão de Literatura
Figura 1. Figura ilustrativa de uma articulação de joelho normal (A) e de um
joelho com artrite reumatóide (B)......................................................................53
Figura 2. Estrutura química do diclofenaco de sódio........................................63
Figura 3. Representação esquemática de nanocápsulas e nanoesferas: a)
fármaco dissolvido no núcleo oleoso das nanocápsulas; b) fármaco adsorvido à
parede das nanocápsulas; c) fármaco retido na matriz das nanoesferas; d)
fármaco adsorvido ou disperso molecularmente na matriz das nanoesferas... 69
Figura 4. Representação esquemática de uma nanopartícula lipídica sólida –
NLS....................................................................................................................71
Figura 5. Principais vias de internalização celular de nanocarreadores. A)
Fagocitose é um mecanismo que ocorre em células fagocíticas profissionais
com a participação de actina. B) Endocitose mediada por clatrina é uma ampla
via de internalização de nanopartículas associada com a formação de cristais
de clatrina e dependente de dinamina GTPase. C) Endocitose mediada por
caveolina ocorre em invaginações da membrana coberta por dímeros de
caveolina, também dependente de dinamina. D) Macropinocitose é uma via
baseada em actina que engolfa partículas e o meio extracelular com pouca
seletividade. E) Outras vias de endocitose podem estar envolvidas na
internalização de nanopartículas independentes de clatrina e caveolina..........89
CAPÍTULO 2: Avaliação do Potencial Pró-inflamatório Articular de
Nanocarreadores Poliméricos e Lipídicos
Figura 1. Esquema de preparação das nanocápsulas poliméricas................105
Figura 2. Esquema de preparação das Nanopartículas Lipídicas Sólidas......107
Figura 3. (A) sapatilhas metálicas acopladas na pata traseira do rato; (B)
aparelho para deambulação forçada (esquerda) e sistema de registro da
incapacitação articular (direita)........................................................................110
Figura 4. Esquema do experimento para avaliação do potencial pró-
inflamatório de nanopartículas em articulações naïves e pré-sensibilizadas..110
Figura 5. Avaliação do edema articular das articulações tíbio-femural...........111
Figura 6: Leucócitos mononucleares (MON) e polimorfonucleares (PMN) em
lâmina confeccionada para a contagem diferencial.........................................113
29
Figura 7. Efeito das nanopartículas na incapacitação, diâmetro articular e
contagem de leucócitos em articulações naive. N-PLA, N-PEG- PLA e NLS
foram injetadas na articulação tíbio-femural direita. Os animais controle
receberam PBS estéril. Incapacitação articular (A) e diâmetro articular (B)
foram tomados até a sexta hora e o leucograma do líquido sinovial foi realizado
após 6 horas (C)..............................................................................................119
Figura 8. Efeito das nanopartículas na incapacitação, diâmetro articular e
contagem de leucócitos em articulações pré-sensibilizada com carragenina. N-
PLA, N-PEG- PLA e NLS foram injetadas na articulação tíbio-femural direita.
Os animais controle receberam PBS estéril. Incapacitação articular (A) e
diâmetro articular (B) foram tomados até a sexta hora e o leucograma do
líquido sinovial foi realizado após 6 horas (C).................................................120
CAPÍTULO 3: Desenvolvimento de Nanocarreadores Lipídicos contendo
diclofenaco
Figura 1. Esquema de preparação das Nanopartículas Lipídicas Sólidas......132
Figura 2. Esquema de preparação das Nanopartículas Lipídicas Sólidas......133
Figura 3. Esquema de preparação de Nanoemulsões....................................134
Figura 4. Valores de tamanho de partícula, índice de polidispersão e potencial
zeta de NLS. As partículas estão identificadas como P 0,5% poloxamer 188, T
0,05; 0,1; 0,2 e 0,5% de taurocolato de sódio. (A) Tamanho de partícula (nm). *
representa diferença mínima estatística entre as partículas de poloxamer 188 e
as partículas de taurocolato em todas as concentrações, bem como a diferença
mínima estatística entre as partículas de taurocolato de 0,05% e as demais
concentrações. Não houve diferença no tamanho das partículas de poloxamer
188 e as partículas de taurocolato 0,05% (p<0,05). Todos os resultados foram
expressos como média ± S.D. (ANOVA de uma via seguida de post hoc de
Tukey). (B) Índice de polidispersão (i.p.) de NLS. Não houve diferença no
índice de polidispersão entre as partículas de poloxamer 188 e as partículas de
taurocolato. (C) Valores de potencial zeta (mV).............................................142
Figura 5. (A) Valores de teor de fármaco (µg/ml); (B) eficiência de
encapsulação (%); (C) tamanho de partícula (nm); (D) taxa de recuperação (%)
e (E) potencial zeta (mV) obtido para as formulações de NLS. ** representa a
diferença estatística em relação à NE (Dy:OR 0:100) e as demais preparações
(p
<
0.01)............................................................................................................147
Figura 6. Valores de teor de fármaco, tamanho de partícula e taxa de
recuperação para as formulações de Nanoemulsão. (A) teor de fármaco
g/ml); (B) taxa de recuperação (%); (C) tamanho de partícula (nm).
*
diferença
estatística em relação à NE 2.5 mg (p
<
0,05)...................................................149
30
Figura 7. Estudo de estabilidade de NLS a 4°C e 25°C. (A) Teor de diclofenaco
g/ml); (B) Eficiência de encapsulação (%); (C) Tamanho de partícula (nm) e
(D) pH..............................................................................................................155
Figura 8. Estudo de estabilidade de NE a 4°C ou 25°C. (A) Teor de diclofenaco
g/ml); (B) pH; (C) Tamanho de partícula (nm) e (D) Potencial Zeta (mV)....157
Figura 9. Fotografias de formulações contendo diclofenaco obtidas após 30
dias de preparo e armazenadas a 4°C................ ............................................158
CAPÍTULO 4: Avaliação da Atividade Antiinflamatória de Nanocarreadores
Lipídicos contendo diclofenaco
Figura 1. Esquema do experimento para construção da curva dose-resposta
intraperitoneal de diclofenaco livre em modelo de inflamação articular induzida
por CFA............................................................................................................168
Figura 2. Injeção endovenosa por punção gengival realizada para
administração intravenosa de diclofenaco livre e encapsulado para os estudos
de avaliação da resposta antiinflamatória do fármaco no modelo de
incapacitação articular.....................................................................................169
Figura 3. Esquema do experimento para avaliação da atividade antiinflamatória
de NLS e NE contendo diclofenaco após administração intravenosa em modelo
de inflamação articular induzida por CFA........................................................170
Figura 5. Esquema do experimento para avaliação da atividade antiinflamatória
de NLS e NE contendo diclofenaco após administração intra-articular em
modelo de inflamação articular induzida por CFA...........................................171
Figura 6. Esquema do experimento para avaliação da liberação de TNF após
administração de SLN e NE com ou sem diclofenaco e solução de fármaco
não-encapsulado em modelo de inflamação articular induzida por CFA.........172
Figura 7. Efeito do tratamento intraperitoneal com diclofenaco na incapacitação
(tempo de elevação de pata, TEP) (A); diâmetro articular (B) induzidos por
CFA. Diclofenaco (0,5; 5,0 e 10,0 mg/kg; i.p.) foi administrado 23 h após o CFA.
O grupo controle recebeu PBS no mesmo volume. A contagem total de
leucócitos do fluido sinovial foi realizada no sétimo dia após o tratamento. Cada
ponto / barra representa a média ± E.P.M. de seis animais............................174
Figura 8. Efeito do tratamento intravenoso com diclofenaco livre ou
encapsulado na forma de nanoemulsões (NE) na incapacitação (tempo de
elevação de pata, TEP) (A); diâmetro articular (B) induzidos por CFA.
Diclofenaco (50; 100 e 250 µg/kg; i.v.) foi administrado 23 h após o CFA. O
grupo controle recebeu PBS ou NE sem fármaco no mesmo volume (2 ml). A
31
contagem total de leucócitos do fluido sinovial foi realizada no sétimo dia após
o tratamento. Cada ponto / barra representa a média ± E.P.M. de seis
animais.............................................................................................................176
Figura 9. Efeito do tratamento intravenoso com diclofenaco livre ou
encapsulado na forma de nanopartículas lipídicas sólidas (NLS) na
incapacitação (tempo de elevação de pata, TEP) (A); diâmetro articular (B)
induzidos por CFA. Diclofenaco livre ou encapsulado (50; 100 e 250 µg, kg; i.v.)
foi administrado 23 h após o CFA. O grupo controle recebeu PBS ou NE sem
fármaco no mesmo volume (2 ml). A contagem total de leucócitos do fluido
sinovial foi realizada no sétimo dia após o tratamento. Cada ponto / barra
representa a média ± E.P.M. de seis animais. ...............................................177
Figura 10. Efeito do tratamento intra-articular com diclofenaco livre ou
encapsulado na forma de nanoemulsões (NE) na incapacitação (tempo de
elevação de pata, TEP) (A); diâmetro articular (B) induzidos por CFA.
Diclofenaco livre ou encapsulado (1,6; 160 ou 400 ng, i.a.) foi administrado 23 h
após o CFA. O grupo controle recebeu PBS ou NE sem fármaco no mesmo
volume (2 ml). A contagem total de leucócitos do fluido sinovial foi realizada no
sétimo dia após o tratamento. Cada ponto / barra representa a média ± E.P.M.
de seis animais................................................................................................179
Figura 11. Efeito do tratamento intra-articular com diclofenaco livre ou
encapsulado na forma de nanopartículas lipídicas sólidas (NLS) na
incapacitação (tempo de elevação de pata, TEP) (A); diâmetro articular (B)
induzidos por CFA. Diclofenaco livre ou encapsulado (1,6; 160 ou 400 ng, i.a.)
foi administrado 23 h após o CFA. O grupo controle recebeu PBS ou NE sem
fármaco no mesmo volume (2 ml). A contagem total de leucócitos do fluido
sinovial foi realizada no sétimo dia após o tratamento. Cada ponto / barra
representa a média ± E.P.M. de seis animais.................................................180
CAPÍTULO 5: Avaliação da Associação de Nanocarreadores Lipídicos
contendo Diclofenaco a Células Fagocíticas Articulares
Figura 1. Esquema do experimento para avaliação da influência da
concentração de nanocarreadores lipídicos na associação de células
fagocíticas articulares após administração intra-articular em modelo de
inflamação articular induzida por CFA.............................................................196
Figura 2. Esquema do experimento para avaliação da associação de
nanocarreadores lipídicos a células fagocíticas articulares em função do pós-
tratamento intra-articular em modelo de inflamação induzido por CFA...........197
Figura 3. Esquema do experimento para avaliação do tipo de associação de
nanocarreadores lipídicos a células fagocíticas articulares em função do tempo,
após administração intra-articular em modelo de inflamação articular induzida
por CFA............................................................................................................200
32
Figura 4. Esquema do experimento para avaliação da liberação de TNF após
administração de NLS e NE com ou sem diclofenaco em modelo de inflamação
articular induzida por CFA...............................................................................202
Figura 5. Fotomicrografia de nanopartículas contendo marcador lipofílico
Vybrant DIL (Molecular Probes) obtida por microscopia de fluorescência (40x).
Os nanocarreadores foram utilizados na avaliação da associação a células
fagocíticas articulares nos estudos de citometria de fluxo...............................204
Figura 6. Exemplos de dot plots obtidos por citometria de fluxo da avaliação da
associação de nanocarreadores lipídicos fluorescentes contendo diclofenaco
após administração intra-articular. O exemplo se refere ao estudo de
nanoemulsões contendo Vybrant DIL injetadas e diferentes diluições em PBS
estéril. As Figuras da coluna à esquerda se referem aos dot plots de
nanoemulsões não marcadas com o corante. A) população total de células
articulares; B) população de macrófagos; C) população de granulócitos. As
setas vermelhas referem-se à população de macrófagos presente no líquido
sinovial de animais inflamados com CFA........................................................208
Figura 7. Influência na associação de nanocarreadores lipídicos fluorescentes,
a células fagocíticas articulares em função da concentração de partículas
administradas na articulação de animais inflamados com CFA analisado por
citometria de fluxo. A) NLS = nanopartículas lipídicas sólidas sem fármaco;
NLS-DF= nanopartículas lipídicas sólidas contendo diclofenaco; B) NE =
nanoemulsões sem fármaco; NE-DF= nanoemulsões contendo diclofenaco. Os
gráficos foram plotados através da Média ± Desvio Padrão de dois
experimentos independentes (n= 3 animais por grupo)..................................209
Figura 8. Avaliação da associação de nanocarreadores lipídicos fluorescentes,
a células fagocíticas articulares em função do tempo de pós-tratamento de
partículas administradas na articulação de animais inflamados com CFA
analisado por citometria de fluxo. A) NLS = nanopartículas lipídicas sólidas sem
fármaco; NLS-DF= nanopartículas lipídicas sólidas contendo diclofenaco; B)
NE = nanoemulsões sem fármaco; NE-DF= nanoemulsões contendo
diclofenaco (n= 3 animais por grupo)...............................................................211
Figura 9. Avaliação do tipo de associação de nanocarreadores lipídicos
fluorescentes contendo diclofenaco, a células fagocíticas articulares de animais
inflamados com CFA após análise por citometria de fluxo. A) NLS-DF=
nanopartículas lipídicas sólidas contendo diclofenaco; B) NE-DF=
nanoemulsões contendo diclofenaco (n= 3 animais por grupo)......................214
Figura 10. Avaliação da liberação de TNF após administração in vivo de
Nanopartículas Sólidas Lipídicas e Nanoemulsões sem ou contendo
diclofenaco 3h; 12; 24; 48; 72 e 96 horas após o tratamento com os
nanocarreadores ou fármaco livre na mesma dose.........................................215
33
CAPÍTULO 6: Avaliação da Permeação Cutânea ex vivo de
Nanocarreadores Lipídicos contendo Diclofenaco
Figura 1. Dissecação da pele de orelha suína (à equerda) e tecido pronto para os
experimentos, após descarte da hipoderme (à direita)........................................223
Figura 2. Disposição das células de difusão tipo Franz no equipamento (à
esquerda) e após montagem, para aplicação dos nanocarreadores e da solução
do fármaco não-encapsulado...............................................................................225
Figura 3. Curva de calibração diclofenaco ácido em meio PBS:EtOH (70:30)
obtida após análise por CLAE.........................................................................231
Figura 4. Cinética de permeação ex vivo de NLS e NE..................................233
34
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 1: Revisão de Literatura
CAPÍTULO 2: Avaliação do Potencial Pró-inflamatório Articular de
Nanocarreadores Poliméricos e Lipídicos
Tabela 1. Valores de tamanho de partícula (nm), índice de polidispersão (i.p.) e
potencial zeta (mV) de nanopartículas poliméricas e lipídicas........................117
Capítulo 3: Desenvolvimento de Nanocarreadores Lipídicos contendo
diclofenaco
Tabela 1. Valores obtidos nos ensaios de linearidade, limite de detecção e
limite de quantificação para o diclofenaco ácido.............................................152
Tabela 2. Valores encontrados no teste de repetibilidade de NLS e NE (7,5
µg/ml)...............................................................................................................153
Tabela 3. Valores encontrados no teste de recuperação para NLS e NE.......153
Tabela 4. Valores encontrados na determinação da eficiência de encapsulação
e teor de fármaco para NLS e NE de diclofenaco...........................................154
CAPÍTULO 4: Avaliação da Atividade Antiinflamatória de Nanocarreadores
Lipídicos contendo diclofenaco
CAPÍTULO 5: Avaliação da Associação de Nanocarreadores Lipídicos
contendo Diclofenaco a Células Fagocíticas Articulares
Tabela 1. Valores de teor de diclofenaco (µg/ml) e eficiência de encapsulação
(%) obtidos por CLAE a partir de formulações de NLS e NE fluorescentes
empregadas na avaliação da associação a células fagocíticas articulares no
estudo de citometria de fluxo...........................................................................204
35
CAPÍTULO 6: Avaliação da Permeação Cutânea ex vivo de
Nanocarreadores Lipídicos contendo Diclofenaco
Tabela 1. Solubilidade do diclofenaco nas soluções de PBS:etanol e
concentração máxima permitida para manutenção de condições sink... .......231
Tabela 2. Permeação do diclofenaco através da pele de orelha de porco: fluxo,
coeficiente de permeabilidade e tempo de latência.........................................233
36
LISTA DE ABREVIATURAS
AINES - Antiinflamatório Não-Esteroidal
AR - Artrite Reumatóide
AUC - Área abaixo da curva
CFA - Complete Freund Adjuvant
DA - Diâmetro Articular
E.P.M. - Erro Padrão da Média
EDTA - Etilenodiaminotetracético
i.a. - Intra-articular
i.p. - Intraperitoneal
i.v. - Intravenoso
IFA - Complete Freund Adjuvant
IL-1 - Interleucina do tipo 1
J
ss
- Fluxo de Steady State
kDa - quilo dalton
Kp - Coeficiente de Permeabilidade
MON - Mononucleares
NE - Nanoemulsões
NLS - Nanopartículas Lipídicas Sólidas
PBS - Phosphate Buffer Saline
PLA - Polylactic Acid
PLA-PEG - Poly(lactic acid)-poly(ethylene glycol)
PLGA - Poly(lactic-co-glycolic acid)
PMN - Polimorfonucleares
PVA - Álcool Polivinílico
PVP - Polivinilpirrolidona
S.D. - Standard deviation
SLN - Solid Lipid Nanoparticles
SPION - Superparamagnetic Iron Oxide Nanoparticles
TEP - Tempo de Elevação da Pata
TNF - Tumor Necrosis Factor
37
ÍNDICE
INTRODUÇÂO...................................................................................................43
OBJETIVOS......................................................................................................48
CAPÍTULO 1: Revisão de Literatura
1. A ARTRITE REUMATÓIDE...........................................................................50
1.1. Dor e Inflamação na Artrite Reumatóide......................................54
2. ARTRITE INDUZIDA POR ADJUVANTE COMPLETO DE FREUND .........55
3. A TERAPIA DA ARTRITE REUMATÓIDE E AS LIMITAÇÕES NO USO DE
FÁRMACOS ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDAIS (AINES)..............59
4. NOVAS ESTRATÉGIAS NO TRATAMENTO DE DOENÇAS
ARTICULARES E A UTILIZAÇÃO DE NANOCARREADORES DE
FÁRMACOS......................................................................................................66
4.1. Nanopartículas...............................................................................67
4.1.2. Nanopartículas Lipídicas Sólidas (NLS)..................................69
4.1.3. Nanoemulsões (NE)................................................................75
4.2. A utilização de sistemas nanocarreadores de fármacos em
doenças articulares.................................................................................79
5. A VIA TÓPICA COMO ALTERNATIVA NO TRATAMENTO DE DOENÇAS
INFLAMATÓRIAS ARTICULARES ATRAVÉS DE NANOCARREADORES
PARA ADMINISTRAÇÃO CUTÂNEA...............................................................83
6. LIBERAÇÃO INTRACELULAR DE RMACOS ATRAVÉS DA
ADMINISTRAÇÃO DE NANOCARREADORES...............................................87
38
CAPÍTULO 2: Avaliação do Potencial Pró-inflamatório Articular de
Nanocarreadores Poliméricos e Lipídicos
METODOLOGIA
2.1. Preparação das Nanopartículas Poliméricas e Lipídicas.........105
2.2. Determinação do tamanho, índice de polidispersão e potencial
zeta das Nanopartículas.....................................................................107
2.3. Avaliação do potencial pró-inflamatório de nanopartículas em
articulações naïve ou pré-sensibilizadas com carragenina............108
2.3.1. Animais.................................................................................108
2.3.2. Avaliação da incapacitação articular.....................................108
2.3.3. Avaliação do edema articular.................................................110
2.3.4. Avaliação do leucograma do fluido sinovial...........................111
2.3.5. Análise estatística...................................................................113
RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................114
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES...........................................................124
REFERÊNCIAS...............................................................................................125
CAPÍTULO 3: Desenvolvimento de Nanocarreadores Lipídicos contendo
diclofenaco
METODOLOGIA
3.1. Obtenção do diclofenaco na forma de ácido livre (DF)............130
3.2. Desenvolvimento de Nanopartículas Lipídicas Sólidas (NLS) e
Nanoemulsões (NE)............................................................................130
3.2.1. Estudo das condições de preparação de NLS...................130
3.2.1.1. Determinação da concentração de tensoativo na
preparação das nanopartículas lipídicas sólidas (NLS)........130
39
3.2.1.2. Determinação da proporção lipídio/óleo na
preparação de Nanopartículas Lipídicas Sólidas (NLS)
contendo diclofenaco ácido..................................................132
3.2.2. Estudo das condições de preparação de Nanoemulsões (NE)
contendo diclofenaco....................................................................133
3.3. Determinação do tamanho de partícula, índice de polidispersão
e potencial zeta de NLS e NE.............................................................135
3.4. Determinação da eficiência de encapsulação e teor de
diclofenaco nas suspensões por cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE).................................................................................135
3.4.1. Condições Cromatográficas...............................................136
3.4.2. Validação do método de doseamento do diclofenaco por
CLAE.............................................................................................136
3.4.2.1. Linearidade.............................................................136
3.4.2.2. Especificidade..........................................................136
3.4.2.3. Precisão...................................................................137
3.4.2.4. Exatidão...................................................................137
3.4.2.5. Limite de detecção (LOD) e limite de quantificação
(LOQ)....................................................................................138
3.4.2.6. Determinação da Eficiência de Encapsulação e Teor
de fármaco............................................................................138
3.5. Estudo de estabilidade de nanopartículas lipídicas sólidas e
nanoemulsões.....................................................................................139
RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................140
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES...........................................................159
REFERÊNCIAS...............................................................................................162
40
CAPÍTULO 4: Avaliação da Atividade Antiinflamatória de Nanocarreadores
Lipídicos contendo diclofenaco
METODOLOGIA
4.1. Curva dose-resposta intraperitoneal de diclofenaco em modelo
de inflamação articular induzido por CFA........................................166
4.1.2. Animais...............................................................................166
4.1.3. Administração intraperitoneal de diclofenaco em animais com
inflamação articular induzida por CFA..........................................166
4
.2. Curva dose-resposta intravenosa de diclofenaco em modelo de
inflamação articular induzido por CFA.............................................168
4.2.1. Animais...............................................................................168
4.2.2. Administração intravenosa de diclofenaco livre e encapsulado
em NLS e NE...................................................................................168
4.3. Curva dose-resposta intra-articular de diclofenaco livre e
encapsulado em NLS e NE em modelo de inflamação articular
induzida por CFA................................................................................170
4.3.1. Animais................................................................................170
4.3.2. Administração intra-articular de diclofenaco livre e
encapsulado em NLS e NE.............................................................170
4.3.3. Avaliação da liberação de TNF após administração in vivo de
Nanopartículas Sólidas Lipídicas e Nanoemulsões.........................171
RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................173
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES...........................................................187
REFERÊNCIAS...............................................................................................189
41
CAPÍTULO 5: Avaliação da Associação de Nanocarreadores Lipídicos
contendo Diclofenaco a Células Fagocíticas Articulares
METODOLOGIA
5.1. Preparação e caracterização dos nanocarreadores lipídicos
fluorescentes.......................................................................................193
5.1.2. Determinação do tamanho, índice de polidispersão e
potencial zeta das nanopartículas.................................................193
5.2. Indução da inflamação articular por CFA..................................194
5.3. Avaliação da influência da concentração de nanocarreadores
fluorescentes na associação de células fagocíticas articulares....195
5.4. Avaliação da associação das partículas por células fagocíticas
articulares por citometria de fluxo....................................................198
5.5. Avaliação do tipo de associação dos nanocarreadores a células
fagocíticas articulares........................................................................201
RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................203
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES...........................................................216
REFERÊNCIAS...............................................................................................217
CAPÍTULO 6: Avaliação da Permeação Cutânea ex vivo de
Nanocarreadores Lipídicos contendo Diclofenaco
METODOLOGIA
6.1. Avaliação da permeação cutânea ex-vivo do diclofenaco ácido
encapsulado em nanocarreadores lipídicos........................................222
6.1.1 Preparação das membranas para difusão...............................222
6.1.2. Cinética de permeação cutânea..............................................223
6.1.2.1. Seleção do meio receptor..........................................223
42
6.1.2.2 Cinética de permeação cutânea propriamente dita....224
6.1.2.3 Quantificação do diclofenaco ácido por cromatografia
líquida de alta eficiência (CLAE)............................................225
6.1.2.3.1 Condições cromatográficas........................225
6.1.2.3.2 Construção da curva de calibração do
diclofenaco ácido......................................................226
6.1.2.3.3 Determinação do diclofenaco ácido no meio
receptor........................................................................226
6.1.2.4. Determinação dos parâmetros de permeação
cutânea.....................................................................................227
6.2. Análise estatística........................................................................227
RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................228
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES...........................................................236
REFERÊNCIAS...............................................................................................237
CONCLUSÕES FINAIS...................................................................................238
43
INTRODUÇÃO
O diclofenaco é um fármaco de ampla utilização pertencente à classe
dos antiinflamatórios não-esteroidais, utilizado em processos reumáticos. O
nível plasmático deste fármaco aumenta rapidamente após a administração
oral, porém o mesmo sofre efeito de primeira passagem hepática quando
administrado por esta via, ficando 50 a 60% biodisponível. Apesar de ser
considerado um fármaco de primeira escolha no tratamento da dor aguda e
crônica em condições inflamatórias (Todd e Sorkin, 1998), apresenta sérios
efeitos adversos (no sistema nervoso central, reações dermatológicas,
alterações na função do fígado e efeitos hematológicos), sendo que os mais
freqüentes são os relacionados ao trato gastrointestinal (Ciucci, 1979;
Ciccolunghi, 1979; Todd e Sorkin, 1998).
Atualmente, uma alternativa acessível para melhorar a seletividade, a
eficiência e a especificidade da substância ativa é associá-la a um sistema
carreador, como as nanopartículas e ou emulsões nanométricas (Andrieu e
col., 1989; Cappel e Kreuter, 1991; Ammoury e col., 1993; Guterres e col.,
1995b; Calvo e col., 1996). As nanopartículas são sistemas coloidais de
tamanho inferior a 1 µm, geralmente de natureza polimérica ou lipídica,
podendo apresentar uma estrutura matricial ou de reservatório, sendo
denominadas nanoesferas e nanocápsulas, respectivamente. O objetivo
principal da nanotecnologia é projetar sistemas de transporte de fármacos
miniaturizados, visando melhorar a estabilidade, diminuir a dose terapêutica e
conseqüentemente os efeitos colaterais, bem como aumentar a eficácia do
tratamento (Legrand e col., 1999; Magalhães e col., 2000).
44
Nanopartículas lipídicas lidas (NLS) foram desenvolvidas no início dos
anos 90 como alternativa a outros sistemas de fármacos como as emulsões,
lipossomas e as nanopartículas poliméricas. Na sua produção se somam as
vantagens das partículas sólidas com as das emulsões e dos lipossomas. As
vantagens da utilização de nanopartículas lipídicas sólidas como vetores
incluem: a utilização de lipídios fisiológicos em sua formulação, a ausência de
solventes orgânicos em sua preparação e a possibilidade de serem utilizadas
num amplo espectro pela administração através da via cutânea, oral ou
intravenosa (Garzón e Fernández, 2009). Nanoemulsões podem ser
classificadas como uma dispersão nanométrica de gotículas oleosas em uma
fase aquosa externa, estabilizada por um sistema tensoativo adequado
(Saettone, Giannaccini e Monti, 2000; Vandamme, 2002). Estas apresentam
vantagens em relação ao aumento da solubilidade de fármacos lipofílicos, bem
como, o aumento da permeação cutânea demonstrado em modelos ex vivo e in
vivo.
A utilização de vetores nanoparticulados construídos a partir de diversos
tipos de materiais e contendo diferentes classes de fármacos antiinflamatórios,
anti-reumáticos ou analgésicos, tem apresentado nos últimos 4 anos,
resultados promissores no tratamento da artrite em modelos experimentais. Os
estudos apontam que a melhora do tratamento está principalmente associada
ao efeito de liberação prolongada, aumento da vetorização do fármaco ao
tecido articular e diminuição da toxicidade quer seja pela via local ou sistêmica.
A possibilidade de se obter uma concentração elevada de diclofenaco no local
da lesão e de reduzir os efeitos colaterais gastrointestinais ocasionados pelo
mesmo conduziu o desenvolvimento e o estudo da atividade antiinflamatória de
45
nanocarreadores lipídicos contendo diclofenaco. Cabe ressaltar que o
existem estudos específicos sobre o assunto que comprovem a estabilidade do
diclofenaco nanoencapsulado, e que avaliem a atividade farmacológica após a
administração intra-articular, o que conFigura a originalidade desta proposta de
desenvolvimento tecnológico desse tipo de preparação. As formulações
desenvolvidas estão em fase de depósito de patente junto ao Departamento de
Propriedade Intelectual da Universidade Federal de Santa Catarina, DPI/UFSC.
46
REFERÊNCIAS
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PUISIEUX, F.; BENITA, S. Indomethacin-loaded poly(D,L-lactide)
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activity evaluation in rats. Clinical Materials. 13: 121-130, 1993.
ANDRIEU, V.; FESSI, H.; DUBRASQUET, M.; DEVISSAGUET, J.P. PUISIEUX,
F.; BENITA, S. Pharmacokinetic evaluation of indomethacin nanocapsules.
Drug Design and Delivey. 4: 295-302, 1989.
CALVO, P.; ALONSO, M.J.; VILA-JATO, J.L.; ROHINSON, J.R. J. Pharm.
Pharmacol. 48:1147-52, 1996b.
CAPPEL, M.; KREUTER, J. Effect of nanoparticles on transdermal drug
delivery. Journal of Microencapsulation. 8(3): 369-374, 1991.
CICCOLUNGHI S.N.; SCUBIGER, B.I.; REDDROP, R. Comparisons of
tolerability findings in international clinical trials. Rheumatology and
Rehabilitation. 2: 122-134, 1979.
CIUCCI, A.G. International reports on adverse drug reactions and tolerability,
and the United Kingdom multicentre study of Voltarol. Rheumatology and
Rehabilitation. 2: 116-121, 1979.
GARZÓN, M.L.S; FERNÁNDEZ, B.G. Las nanopartículas sólidas lipídicas y los
acarreadores lipídicos nanoestructurados en usos terapêuticos. Rázon y
Palabra. 14 pp, 2009.
GUTERRES, S.S.; FESSI, H.; BARRATT, G.; PUISIEUX, F.; DEVISSAGUET,
J.P. Poly(D,L-lactide) nanocapsules containing non-steroidal anti-inflammatory
drugs: gastrointestinal tolerance following intravenous and oral administration.
Pharmaceutical Research. 12(10):1545-1547, 1995.
LEGRAND, B.; MOSQUEIRA, V.; FESSI, H.; DEVISSAGUET, J. Polymeric
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9(5): 411-418, 1999.
MAGALHÃES, N.; PONTES, A.; PEREIRA, V.; CAETANO, M. Colloidal carriers
for benzathine penicilin G: Nanoemulsions and nanocapsules. International
Journal of Pharmaceutics. 208: 71-80, 2000.
SAETTONE, M.F.; B. GIANNACCINI; D. MONTI. Ophthalmic Emulsions And
Suspensions. Pharmaceutical Emulsions And Suspensions (Marcel Dekker,
Inc). 303-22: 2000.
TODD, P.A.; SORKIN, E.M. Diclofenac sodium: a reappraisal of its
pharmacodynamic and pharmacokinetic properties, and therapeutic efficacy.
Drugs. 35: 244-285, 1988.
47
VANDAMME, T.F. Progr. Retinal Eye Res. 21: 15-34, 2002.
48
OBJETIVOS
1) Objetivo Geral:
Este trabalho tem como principal objetivo, desenvolver e avaliar a atividade
antiinflamatória de nanocarreadores lipídicos contendo diclofenaco em modelo
de artrite adjuvante induzida por CFA m ratos.
2) Objetivos Específicos:
Avaliar o potencial pró-inflamatório de nanocarreadores lipídicos e
poliméricos em articulações naïve ou pré-sensibilizadas.
Preparar e caracterizar nanocarreadores lipídicos do tipo nanopartículas
lipídicas sólidas e nanoemulsões contendo diclofenaco.
Avaliar a estabilidade dos nanocarreadores frente a diferentes condições
de armazenamento.
Avaliar o potencial antiinflamatório de nanocarreadores lipídicos
contendo diclofenaco em modelo de artrite adjuvante induzida por CFA
em ratos.
Investigar a associação de nanocarreadores lipídicos a células
fagocíticas articulares.
Avaliar a permeação cutânea ex vivo de nanocarreadores lipídicos
contendo diclofenaco, empregando célula de difusão de Franz.
49
CAPÍTULO 1:
REVISÃO DE LITERATURA
50
1. A ARTRITE REUMATÓIDE
Dentre as várias artropatias, a artrite reumatóide (AR) é uma das
patologias auto-imunes mais recorrentes, que apresenta prevalência mundial
de 1 a 1,5% em diversas etnias, com uma maior incidência em mulheres mas,
em ambos os sexos, a faixa etária encontra-se entre 30 a 50 anos (Carvalho e
col., 2000; Khurana e Berney, 2005; Ministério da Saúde, 2002). O motivo para
esta diferença entre sexos é desconhecido, mas, pressupõe-se estar
relacionado com questões hormonais e funções imunológicas (Khurana e
Berney, 2005). Pesquisas recentes realizadas nos Estados Unidos revelaram
que, entre os indivíduos com artrite, encontram-se principalmente mulheres
idosas, com menor instrução, com peso corporal acima do normal ou obesas,
apresentando freqüentemente ansiedade e depressão. Estas mulheres também
apresentaram limitações funcionais e sociais, comorbidades (cardiopatias e
osteoporose) e não realizavam atividade física (Sihih e col., 2006).
No Brasil, estima-se que a AR atinja 1% da população (Ministério da
Saúde, 2002). Devido ao seu caráter progressivo, os indivíduos que
desenvolvem AR apresentam deformidades e incapacidade funcional. Diante
disto, esta doença provoca importante impacto social e econômico, resultado
do afastamento do trabalho e pelo gasto do serviço de saúde pública com a
terapêutica (Laurindo e col., 2002). Um estudo epidemiológico realizado na
capital mais populosa do Brasil, São Paulo, por Louzada-Júnior e
colaboradores (2007), revelou que dos 1.381 pacientes, 86% eram mulheres,
caucasianas, entre a quarta e quinta década com um tempo dio de doença
de 7,2 anos. Uma minoria (5%) foi classificada como grave, e a maioria
51
apresentavam classe funcional I e II. As manifestações extra-articulares
ocorreram em 23,3%, e o fator reumatóide era positivo em 71% dos pacientes.
Somente um terço possuía acompanhamento radiológico e estava trabalhando.
Um quarto dos pacientes estava freqüentando programas de reabilitação, e um
terço possuía avaliações de qualidade de vida e de atividade da doença. Este
estudo regional é uma pequena amostra da realidade em nosso país, e faz da
AR uma das principais patologias articulares alvo de estudos, principalmente
no que diz respeito ao controle da doença e à melhora da qualidade de vida
através da descoberta de novas ações terapêuticas.
Doença crônica, sistêmica e inflamatória, cuja etiologia ainda não se
encontra elucidada, a artrite reumatóide apresenta sinovite com presença de
anticorpos e de tecido granulomatoso que invade e destrói as estruturas
periarticulares como cartilagem articular, osso subcondral, tendões e
ligamentos (Firestein, 2003; Khurana e Berney, 2005). De maneira geral, esta
afecção acomete pequenas e grandes articulações de forma simétrica ou não,
com rigidez matinal, fadiga, perda de peso e apresenta um curso clínico
flutuante com períodos de melhora e exacerbação dos sintomas articulares. O
edema da sinóvia e as estruturas periarticulares contribuem para a rigidez por
interferir na mecânica normal da articulação (Gomes, 2008).
O diagnóstico é realizado através de testes clínicos pela atividade da
doença, e laboratorias através de marcadores como a proteína C reativa,
velocidade de eritrossedimentação e estudos radiológicos (Cailliet, 2001;
Laurindo e col., 2002). A inflamação da sinóvia tem uma duração mínima de
seis semanas segundo os critérios do Colégio Americano de Reumatologia
52
(Macgregor, 1995). O curso da doença pode variar desde acometimento leve e
intermitente, até a forma grave e progressiva, e em 55-65% dos casos, inicia
insidiosamente de semanas a meses. Dos pacientes, 8-15% tem o início agudo
dos sintomas que atingem o ponto máximo em poucos dias (Brandão, Ferraz e
Zerbini, 1997).
A artrite reumatóide envolve a participação do antígeno leucocitário
específico ao gene humano HLA-DR (do inglês, human leukocyte antigens) que
reside no complexo de histocompatibilidade e promove a apresentação de
antígeno. A célula apresentadora de antígeno reconhece o HLA-DR e o
apresenta para os linfócitos T. Estes linfócitos ativados proliferam e dão origem
aos clones de células T. Na membrana sinovial, os linfócitos T CD4+ secretam
mediadores inflamatórios, como a interleucina do tipo 1 (IL-1) e fator de
necrose tumoral (TNF). A reação se amplifica com a produção destas e de
outras citocinas pelos macrófagos, sinoviócitos, fibroblastos e células
endoteliais (Laurindo e col., 2002). A sinóvia apresenta-se edemaciada, com
infiltrado leucocitário proeminente, formando folículos linfóides ricos em
linfócitos T e plasmócitos. Macrófagos induzem a formação de uma rede
extensa de vasos sanguíneos, caracterizada como angiogênese da membrana
sinovial. Linfócitos circulantes, principalmente os linfócitos T, aderem-se ao
endotélio de vênulas pós-capilares e migram através de suas paredes,
alojando-se em vasos abaixo da sinóvia. Os linfócitos T ativam as células B
que se proliferam e se diferenciam em plasmócitos que produzem fatores
reumatóides. Estes formam complexos imunes que aumentam a
permeabilidade vascular e promovem o acúmulo de células polimorfonucleares.
Sob a ação dos fatores de crescimento e proliferação dos fibroblastos e
53
angiogênese, formação de um tecido granulomatoso em particular, na
região de contato entre a membrana sinovial, cartilagem e osso com
características tumorais capaz de invadir e destruir a articulação (Gomes,
2008).
Figura 1. Figura ilustrativa de uma articulação de joelho normal (A) e de um
joelho com artrite reumatóide (B).
A etiologia da doença ainda encontra-se obscura, entretanto se tem
descrito que fatores causais como susceptibilidade genética, artritogênio
exógeno primário, reação auto-imune nas articulações sinoviais e mediadores
do dano articular constituem as principais causas para evolução da doença
(Robins, 1996). Diversos estudos têm sido desenvolvidos na elucidação da
Cápsula Articular
Membrana
Cartilagem
Cápsula Articular
Osso
Osteoclasto
Fibroblasto
Macrófago
Célula Dendrítica
Célula T
Plasmócito
Célula B
Angiogênese
Mastócito
Linhagem
Sinovial
Hiperplásica
Neutrófilo
Pannus
B
A
Adaptado: www.ff.up.pt/.../artrite_reumatóide.html. (Acesso em 20/06/2009)
54
origem desta afecção, o que poderá proporcionar contribuições na prevenção,
diagnóstico, e terapia da doença.
1.1. Dor e Inflamação na Artrite Reumatóide
A dor é um dos principais sintomas de articulações acometidas pela
artrite (Schaible e Grubb, 1993). Esta sensação é caracterizada por
hiperalgesia e dor espontânea (dor em repouso). Segundo a IASP
(International Association for the Study of Pain), hiperalgesia é definida como
uma resposta aumentada a um estímulo doloroso e a dor, é definida como um
experiência sensitiva e emocional desagradável, associada a danos reais ou
potenciais do tecido (Meskey e Bogduk, 1994).
Décadas antes de evidências experimentais diretas, postulou-se a
existência de nociceptores, fibras nervosas específicas que agiriam como um
sistema imediato de alerta, capazes de detectar danos teciduais ou estímulos
lesivos (McMahon e Koltzenburg, 1990). A partir desta hipótese, pesquisadores
encontraram neurônios sensoriais primários, não mielinizados ou finamente
mielinizados, inervando a pele de animais e humana (Torebjörk, 1985), os
quais respondiam somente a estímulos mecânicos e térmicos intensos.
Trabalhos subseqüentes identificaram estes mesmos tipos de neurônios
aferentes inervando músculos (Mense, 1986) e articulações (Schaible e
Schimdt, 1984), os quais eram ativados somente por estímulos fora da faixa
normal fisiológica. Assim, tornou-se largamente aceita a idéia de que a dor
aguda e reações associadas, tais como reflexos autonômicos, são evocadas
pela ativação destas fibras específicas, chamadas nociceptores.
55
Os nociceptores da articulação estão presentes na cápsula articular,
ligamentos, ossos, periósteo e próximo aos vasos. Estas fibras são sensíveis à
pressão e ao movimento articular. Em articulações artríticas, analisadas em
modelos experimentais, estas repostas estão aumentadas e são observadas
em todos os tipos de fibras aferentes (Schaible e Schimidt, 1984). A inflamação
é uma resposta ou reação de proteção crítica à irritação, injúria ou infecção,
caracterizada por rubor, calor, inchaço, perda de função e dor (Levine e
Reichling, 1999). O aumento da sensibilidade à dor resulta de uma
sensibilização do sistema nociceptivo, e está relacionada com a produção de
mediadores inflamatórios como a bradicinina, as prostaglandinas, os
neuropeptídeos e as citocinas, os quais ativam receptores nas fibras nervosas
correspondentes. Além disso, a expressão de receptores, como os da
bradicinina e das neurocininas está aumentada (Shaible e col., 1993). Os
mediadores inflamatórios agem em alvos específicos causando liberação local
de outros mediadores da inflamação, por exemplo, neutrófilos (Levine e
Reichling, 1999).
2. ARTRITE INDUZIDA POR ADJUVANTE COMPLETO DE FREUND (CFA)
O estudo dos mecanismos pelos quais a artrite reumatóide se
desenvolve baseia-se em estudos clínicos (Müller-Ladner e col., 2005) e em
modelos experimentais realizados em animais (Schaible e Grubb, 1993; Bars e
col., 2001). A indução de artrite em animais tem sido realizada através da
administração de agentes artritogênicos como o pristane (Zheng e col., 2002),
zymosan (Guerreiro e col., 2006) o adjuvante completo (Nagakura e col., 2003;
56
Cai e col., 2006; Whitehouse, 2007) e o adjuvante incompleto de Freund (CFA)
(Zhang e col., 1999).
A primeira descrição de artrite induzida por adjuvante foi realizada por
Pearson em 1956, e definida como uma patologia induzida em ratos com
susceptibilidade genética por uma inoculação simples de micobactéria
suspensa em óleo, substância conhecida como Adjuvante Completo de Freund
(CFA) (Wauben, Wagneaar-Hilers e Wan Eben, 1994). Durante a tentativa de
induzir uma polimiosite através da injeção intramuscular de CFA, Pearson
percebeu o desenvolvimento de uma artrite crônica nos animais e padronizou
um modelo experimental de artrite induzida por CFA. Este modelo reproduzia
sinais e sintomas semelhantes aos da artrite reumatóide em humanos
(Pearson, 1956).
O adjuvante completo e o incompleto de Freund têm sido utilizados para
a indução de artrite em animais por mais de cinqüenta anos. O adjuvante
incompleto de Freund (IFA) é composto por óleo de parafina contendo mono-
oleato de manitol como surfactante. Entretanto, o adjuvante completo de
Freund (CFA) contém os mesmos componentes do IFA com adição de uma
micobactéria morta (Billiau e Matthys, 2001). As micobactérias que usualmente
são utilizadas por pesquisadores para induzir artrite são o Mycobacterium
tuberculosis ou butyricum. Estudos realizados por Whitehouse e colaboradores
(1974), estabeleceram que o desenvolvimento da artrite por adjuvante se deve
tanto pela natureza do óleo utilizado para preparar o adjuvante, como também
pela presença da peptidioglicana na parede celular da micobactéria que,
57
segundo estes autores, constitui uma combinação que favorece o
desenvolvimento da artrite (Gomes, 2008).
A característica auto-imune da artrite induzida por adjuvante foi
primeiramente descrita por Pearson, quando este retirou clones de células T
dos linfonodos de animais que receberam injeção de CFA e transferiu para
animais naïve, os quais desenvolveram subseqüentemente uma poliartrite
(Carvalho e col., 2002). Estudos posteriores demonstraram que a artrite
induzida por adjuvante envolve a ativação de linfócitos T (Yoshino e Cleland,
1992). Outros estudos têm demonstrado que uma proteína presente na parede
bacteriana seria a responsável por essa ativação das células T.
Especificamente a hsp de 65 kDa (heat shock protein) estaria envolvida na
patogênese desta artrite auto-imune (Gomes, 2008).
A indução da artrite por CFA em animais tem revelado extensas
variações na freqüência e severidade de lesões de acordo com as diferentes
raças. Os camundongos geralmente não são susceptíveis à indução de artrite
por adjuvante (Whitehouse, 1974). Por outro lado, os ratos desenvolvem com
maior facilidade a artrite induzida por CFA. No entanto, também ocorrem
variações entre as diferentes espécies de ratos. Estudos que analisaram a
severidade da artrite por adjuvante em quatro diferentes espécies de ratos,
tanto machos como fêmeas, revelaram que a espécie Holtzmann apresenta
maior susceptibilidade ao desenvolvimento da doença, enquanto que a espécie
Buffalo é a menos susceptível. Esta comparação foi realizada dentre as
espécies Sprague-Dawley, Holtzmann, Charles River e Buffalo (Swingle e col.,
1969).
58
Banik e colaboradores (2002) compararam a suscetibilidade para a
artrite por adjuvante entre as raças Lewis, Wistar e Sprague-Dawley e
constataram que os animais da raça Lewis desenvolvem os sinais artríticos
mais precocemente e com maior severidade que os animais das demais
espécies, seguido dos animais da raça Wistar e finalmente pelos Sprague-
Dawley (Gomes, 2008). Estudos de Wauben e colaboradores (1994)
demonstraram que não diferenças significativas na suscetibilidade ao
desenvolvimento de artrite por adjuvante quando comparados ratos machos e
fêmeas. Por outro lado, estudos mais recentes (Cook e Moore, 2006) revelam
diferenças no comportamento nociceptivo entre machos e fêmeas submetidos
à indução de artrite por CFA.
Cai e colaboradores (2006) observaram que machos da raça Sprague-
Dawley desenvolveram uma artrite mais severa, tanto em relação ao escore
artrítico quanto ao desenvolvimento de edema de pata. Em relação à idade, as
diferenças o em relação à indução de artrite. Ratos jovens, de até 7 dias de
nascimento, não são considerados suscetíveis à doença, apenas animais com
mais de 21 dias de vida. Por outro lado, animais mais velhos (com 9 meses ou
mais), foram considerados relativamente resistentes ao desenvolvimento da
artrite por adjuvante (Glenn e Grey, 1965). A idade cuja susceptibilidade é
maior parece ser o período entre 6 e 12 semanas após o nascimento dos
animais (Wauben, 1994).
A justificativa para o uso do modelo de artrite induzida por adjuvante em
animais reside na semelhança que este modelo apresenta com a doença
reumatóide em humanos (Cai e col., 2006; Pearson, 1956; Taurog e col.,
59
1988). Tais semelhanças incluem as mudanças histopatológicas, a infiltração
celular, a hipersensibilidade e o edema da articulação afetada (Donaldson e
col., 1993; Wilson e col., 2006). O modelo de artrite induzida por adjuvante
permite o estudo da etiopatogenia da artrite auto-imune, o prognóstico da
doença e possibilita o estudo da efetividade do tratamento.
3. A TERAPIA DA ARTRITE REUMATÓIDE E AS LIMITAÇÕES NO USO DE
FÁRMACOS ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDAIS (AINES)
O diagnóstico e o início imediato do tratamento são fundamentais para o
controle da doença e para a progressão da incapacidade funcional e lesões
articulares irreversíveis. A cura ainda não existe, mas agentes que
temporariamente diminuem os sintomas e a gravidade da destruição articular.
Desse modo, os objetivos do tratamento são prevenir ou controlar a lesão, bem
como a perda da função e diminuir a dor e assim melhorando a qualidade de
vida do paciente. Sendo assim, o tratamento farmacológico varia de acordo
com o estágio da doença e da severidade (Calliet, 2001; Laurindo e col., 2002).
Reumatologistas comumente prescrevem antiinflamatórios não-
esteroidais (AINES), analgésicos comuns, fármacos modificadores da doença e
fisioterapia. Em alguns casos, o uso de corticosteróide oral e/ou intra-articular
de baixa dose se faz necessário, principalmente quando ocorre pouca
responsividade dos pacientes artríticos aos AINES e quando não um
acometimento ltiplo das articulações (Palazzi e col., 2004). Injeções intra-
articulares de dexametasona, por exemplo, promovem alívio dos principais
sintomas da artrite reumatóide e osteoartrite (Lashina e col., 2000; Stein e col.,
60
1999). No entanto, a absorção sistêmica não permite o uso prolongado deste
tipo de medicamento.
O tratamento com fármacos deve ser mantido enquanto se observarem
sinais inflamatórios ou o paciente apresentar dores articulares (Ministério da
Saúde, 2002). cerca de sete anos, a clínica reumatológica passou para um
estágio inovador no tratamento da artrite baseado em agentes biológicos. Estes
fármacos inibem de maneira direta e específica as citocinas extremamente
envolvidas no processo inflamatório. Existem três medicamentos
comercializados, que m apresentado bons resultados, como o etanercept
(receptor solúvel para TNF) (Moreland e col., 1999); infliximab (anticorpo anti-
TNF) (Maini e col., 1999) e adalimumab (Weinblatt e col., 2003). A limitação do
uso se baseia no alto custo médio que se encontra entre 4 a 5 mil reais/mês
por paciente (Ministério da Saúde, 2002).
Outra classe de fármacos empregada são os fármacos modificadores da
doença. Estas moléculas inibem o fator de necrose tumoral (TNF) e interleucina
1 (IL-1), que provocam a inflamação e a dor nas articulações. A inibição destas
citocinas limita o dano articular, o que acarreta na diminuição do curso natural
da doença e reduz os principais sintomas inflamatórios articulares (Goldenberg
e col., 1999). Alguns exemplos utilizados incluem a sulfasalazina, o metotrexato
e leflunomide.
A sulfasalazina está entre os fármacos mais efetivos contra a artrite
reumatóide. Este fármaco é uma combinação entre um antibiótico, a
sulfapiridina, e um agente antiinflamatório, o ácido 5-aminosalicílico e tem sido
utilizado como segunda linha no tratamento combinado com o metotrexato. A
61
sulfasalazina age ao exercer uma ampla variedade de atividades
antibacterianas, antiinflamatórias e imunossupressivas, afetando populações
celulares alvo como células epteliais, neutrófilos, linfócitos B e T, mastócitos,
células NK (natural killer) e células endoteliais. Os efeitos imunossupressivos
deste fármaco incluem a supressão da produção de citocinas, da quimiotaxia
de células polimorfonucleares, da expressão de moléculas de adesão de
leucócitos, da produção de anticorpos e do seqüestro de radicais livres (Kang e
col., 1999; Hasko e col., 2001).
Entre os fármacos antiinflamatórios, os AINES ainda continuam como os
mais empregados em determinadas fases da doença. Estes inibem a atividade
enzimática da ciclooxigenase resultando no decréscimo da formação dos
precursores de prostaglandinas e tromboxanos a partir do ácido araquidônico.
Embora os exatos mecanismos não tenham sido claramente elucidados, os
AINES exercem atividade antiinflamatória, analgésica e antipirética
principalmente por meio da inibição da isoenzima COX-2. A inibição da COX-1
é provavelmente responsável pelos efeitos indesejáveis destes fármacos sobre
a mucosa gastrointestinal e agregação plaquetária (McEvoy, 2000).
O principal problema associado à terapia oral com AINES reside na
capacidade destes fármacos induzirem lesões na mucosa gastroduodenal com
o possível surgimento de úlcera gástrica, sangramento e perfuração da
mucosa. Ainda sob determinadas condições, a toxicidade renal pode ocorrer,
embora menos freqüente. As prostaglandinas desempenham uma função
protetora da mucosa do estômago e do duodeno, pois estimulam a secreção de
muco e bicarbonato, aumentam a hidrofobicidade na superfície das lulas
62
epiteliais e aumentam o fluxo sanguíneo da mucosa. As prostaglandinas são
também protetoras da microvasculatura e podem aumentar o fluxo de água da
camada serosa para a mucosa, o que possibilita a diluição das substâncias
lesivas. A abolição destas propriedades deixa a mucosa mais vulnerável ao
dano (Hawkey, 1994). Por outro lado, o risco individual de toxicidade pelos
AINES é baixo, porém, considerando-se o amplo uso destes fármacos, o
número de casos é grande e com gravidade considerável. Os fatores de risco
para os pacientes são idade superior a 65 anos, doenças associadas, história
prévia de úlcera ptica, uso concomitante de corticosteróides ou
anticoagulantes, doses altas ou o uso múltiplo desta classe farmacológica
(Macneil, 1993). Entre os AINES, o diclofenaco ainda possui atenção
considerável, uma vez que a venda livre do medicamento favorece o seu uso e
conseqüentemente o surgimento dos efeitos colaterais anteriormente
comentados.
Quimicamente, o diclofenaco corresponde ao ácido 2-[(2’, 6’-
diclorofenil)amino]fenil]acético, um ácido orgânico fraco, derivado do ácido
fenilacético, pertencente ao grupo dos ácidos carbolicos (Figura 1). Na sua
forma de ácido livre, apresenta pKa de 4,0 e coeficiente de partição em n-
octanol e tampão aquoso (pH 7,0) igual a 13,4. É usado na forma de ácido
livre, de sal de detilamônio, sal potássico, resinato e de sal sódico (Smith e
Reynard, 1995; Korolkovas, 1997). Encontra-se disponível em formas
farmacêuticas que podem ser utilizadas pelas vias oral, retal, intramuscular,
oftálmica e tópica.
A dose usual para adultos, por via oral, recomendada é de 150 a 200 mg,
que pode ser dividida em 3 a 4 vezes ao dia (Smith e Reynard, 1995). O nível
63
plasmático aumenta rapidamente após a administração oral, porém, o mesmo
sofre efeito de primeira passagem hepática quando administrado por esta via,
ficando somente 50
a 60% biodisponível. A farmacocinética e o metabolismo do
diclofenaco foram investigados em várias espécies animais e no homem,
utilizando o
14
C radioativo e formas não-radioativas do fármaco (Riess e col.,
1978; John 1979). O diclofenaco é rápida e completamente absorvido após
administração oral, retal e intramuscular, com um máximo de concentração de
fármaco após 2,5 horas (John, 1979).
Figura 2. Estrutura química do diclofenaco de sódio.
O diclofenaco é uma molécula extensivamente metabolizada em animais,
e no homem, por conjugação direta ou por hidroxilação de um ou ambos os
anéis aromáticos seguida de conjugação do derivado. O principal metabólito no
homem é o 4’-hidroxiderivado que possui atividade antiinflamatória fraca (Riess
e col., 1978). É eliminado principalmente por metabolização e
subseqüentemente por excreção urinária ou biliar dos conjugados glucorônicos
64
ou sulfatos do fármaco (Raz e col., 1988). No homem, a excreção renal excede
a excreção biliar (Riess e col., 1978).
Após sua administração, o diclofenaco fica retido no líquido sinovial por
um período de tempo significativamente maior do que no plasma. Apesar de
concentrações similares do fármaco serem encontradas no plasma e no fluido
sinovial, após 4 horas da administração, a velocidade de declive é
significativamente menor na articulação sinovial, na qual altas concentrações
são mantidas por mais tempo (Fowler, 1986). A sua prolongada retenção no
fluido sinovial diferencia o diclofenaco de outros AINES, persistindo com
concentrações elevadas, acima do nível plasmático, por 24 horas. Este fato,
associado com a meia-vida plasmática de 2 horas e a falta de acumulação do
ácido livre em pacientes com doença renal ou hepática, permite a posologia de
uma a duas doses por dia, embora doses de 3 vezes ao dia sejam usualmente
prescritas. Desta forma, as doses do fármaco não requerem redução em
pacientes com comprometimento da função hepática e renal (Smith e Reynard,
1995).
Apesar de ser considerado um fármaco de primeira escolha no
tratamento da dor aguda e crônica em condições inflamatórias (Todd e Sorkin,
1988), sua limitação de uso é devido a sérios efeitos adversos (no sistema
nervoso central, reações dermatológicas, alterações na função do fígado e
efeitos hematológicos), sendo que os mais freqüentes são os relacionados ao
trato gastrointestinal. (Ciucci, 1979; Ciccolunghi, 1979; Todd e Sorkin, 1988).
Reações adversas relacionadas ao fármaco são responsáveis por
aproximadamente um quarto de todas as reações adversas relatadas ao
65
Comitê de Segurança de Medicamentos do Reino Unido. Mais de 80% dos
efeitos indesejáveis de todos os casos de interrupção do tratamento por
intolerância ocorrem nas seis primeiras semanas, e a tolerância do diclofenaco
não decaiu com o tempo (Ciccolunghi e col., 1979; Milão, 2001).
O diclofenaco provoca lesões na mucosa gastrointestinal por um
mecanismo complexo. As lesões produzidas em animais de laboratório
dependem de dois mecanismos diferentes. O primeiro deles se pela ação
local exercida pelo contato com a mucosa gastrointestinal, a qual é referida
como mecanismo de contato direto, pela grande concentração de fármaco na
mucosa, e uma ação sistêmica, que ocorre após absorção (Cioli e col., 1979;
Fara e Myrback, 1990). Localmente, por serem ácidos fracos, os AINES
penetram nas células da mucosa onde se ionizam e originam edema e
hemorragia, o que facilita a lesão da célula parietal e limita o papel protetor do
muco gástrico. Por outro lado, o mecanismo sistêmico de toxicidade
gastrointestinal do diclofenaco parece estar relacionado com sua ação
antiinflamatória, o que é demonstrado pelo fato de que a potência das duas
atividades, tóxica e antiinflamatória, é freqüentemente proporcional. Desta
forma, o diclofenaco induz dano no trato gastrointestinal por múltiplos
mecanismos. A atividade ulcerogênica pode variar em regiões diferentes do
trato gastrointestinal. Essas diferenças são devido a diferentes cinéticas de
absorção nas várias regiões do trato gastrointestinal, distribuição intracelular
nas células mucosas, disponibilidade sistêmica e diferenças quantitativas e
qualitativas nos sistemas bioquímicos e fisiológicos afetados pelos rmacos
(Rainsford, 1989). No trato intestinal, dois outros fatores influenciam a
ulcerogenicidade: sua capacidade de sofrer extensiva circulação entero-
66
hepática, especialmente na região jejuno-ileal, e a presença de bactérias, as
quais podem contribuir para alterações imuno-inflamatória (Rainsford, 1989).
4. NOVAS ESTRATÉGIAS NO TRATAMENTO DE DOENÇAS
ARTICULARES E A UTILIZAÇÃO DE NANOCARREADORES DE
FÁRMACOS
A intensidade do efeito farmacológico é diretamente proporcional à
concentração de fármaco no local de ação desejado. Dessa forma, grandes
quantidades são administradas para obtenção de efeito terapêutico desejado, o
que acarreta o aparecimento de toxicidade decorrente da ação da substância
ativa em outros sítios. Alterações na estrutura química molecular por estratégias
sintéticas, visando aumentar a afinidade do fármaco pelo tecido em disfunção,
são algumas vezes propostas para minimizar este problema. No entanto, o
desenvolvimento de novos protótipos pode ser laborioso e dispendioso. Por
outro lado, uma abordagem para contornar esta limitação, constitui-se na
associação do rmaco a um sistema de liberação que permita a
alteração/adequação de suas propriedades físico-químicas, sem alterar seu
mecanismo de ação (Couvreur e col., 1995).
O desenvolvimento de sistemas de liberação de fármacos tem contribuído
para controlar suas velocidades de liberação no organismo, modulando-a de
forma que estas substâncias atravessem as barreiras biológicas, penetrem na
circulação e atinjam o alvo farmacológico. Por sua vez, estes sistemas (Drug
Targetting Systems) permitem direcionar o fármaco no organismo, evitando seu
acúmulo em outros órgãos, onde pode ser potencialmente tóxico, e elevar sua
67
concentração no local onde deve exercer seu efeito farmacológico. Dentre eles
estão incluídos os sistemas coloidais carreadores de rmacos (Colloidal Drug
Carriers), que envolvem principalmente lipossomas, nanopartículas poliméricas
e lipídicas bem como, emulsões submicrométricas (Schaffazick e col., 2003).
Novos sistemas de liberação de fármacos podem apresentar diversas
vantagens sobre sistemas convencionais. O reduzido tamanho de partícula
possibilita a administração parenteral e por outras vias, e seu direcionamento
ao órgão ou sítio desejado. O direcionamento do fármaco ao seu local pode
não apenas melhorar sua eficácia terapêutica, como também contribuir para a
redução da dose administrada, com conseqüente redução de seus efeitos
colaterais (Couvreur e col., 1995). Além da possibilidade de direcionar o
transporte de fármacos diretamente aos tecidos alvos, a utilização de sistemas
nanoestruturados apresenta outras vantagens, tais como: prolongar a liberação
do fármaco, proteger a molécula contra a degradação in vivo e durante o
armazenamento, aumentar o conforto do paciente devido à redução do número
de administrações, além de permitir a administração de fármacos hidrofóbicos
pela via intravenosa em dispersões aquosas (Gref e col., 1995; Fonseca e col.,
2002; Gupte e Ciftci, 2004).
4.1. Nanopartículas
A nanomedicina é um ramo da nanotecnologia aplicada no campo da
saúde cujo avanço está direcionado ao desenho de partículas, materiais e
dispositivos nanométricos no intuito de penetrarem facilmente na maioria das
células (10 a 20 µm) sem ativar uma resposta imune acentuada e interagir com
68
os meios biológicos de maneira mais eficiente e mais precisa do que as
tecnologias convencionais. Os possíveis benefícios da nanomedicina parecem
inesgotáveis, proporcionando novos métodos de diagnóstico e cura de
enfermidades, diferentes tipos de ferramentas para o monitoramente de alguns
parâmetros biológicos e melhores sistemas de administração de fármacos mais
eficazes, mais seguros e menos tóxicos. Sem dúvida, o desenvolvimento de
produtos e sistemas cada vez mais sofisticados serão economicamente
inalcançáveis para alguns setores da população. A Fundação Nacional de
Ciência dos Estados Unidos prediz que em 2015 a metade do mercado de
produtos farmacêuticos usará o conhecimento da nanotecnologia, totalizando
um investimento de 10 bilhões de dólares (Garzón e Fernández, 2009).
Nanopartículas são sistemas coloidais submicrônicos (<1µm), nos quais o
fármaco está encapsulado e/ou adsorvido na superfície do carreador. São
constituídos preferencialmente de materiais biodegradáveis e biocompatíveis tais
como os poliésteres alifáticos e/ou lipídios. Segundo a sua estrutura, estes
sistemas se distinguem em matriciais e reservatórios, sendo denominados de
nanoesferas e nanocápsulas, respectivamente (Figura 3). Nas nanoesferas, a
substância ativa encontra-se dispersa na matriz formada, enquanto nas
nanocápsulas, ela se encontra preferencialmente dissolvida em um núcleo interno
oleoso, revestido por um polímero. Os métodos de obtenção das nanopartículas
são vários e sua escolha reside no tipo de material empregado na obtenção das
partículas e nas características físico-químicas do fármaco que deverá ser
encapsulado. Entre aqueles mais empregados na literatura, encontram-se a
nanoprecipitação de materiais poliméricos e homogeneização/dispersão à quente,
69
quando materiais de natureza lipídica são empregados (Montasser e col., 2000;
Venkateswarlu e Manjunath, 2005).
Adaptado: http://www.scielo.br/img/revistas/qn/v26n5/17209f1.gif. (Acesso em 20/06/2009)
Figura 3. Representação esquemática de nanocápsulas e nanoesferas: a)
fármaco dissolvido no núcleo oleoso das nanocápsulas; b) fármaco adsorvido à
parede das nanocápsulas; c) fármaco retido na matriz das nanoesferas; d)
fármaco adsorvido ou disperso molecularmente na matriz das nanoesferas.
4.1.2. Nanopartículas Lipídicas Sólidas (NLS)
Nanopartículas lipídicas sólidas (SLN, do inglês solid lipid nanoparticles),
foram desenvolvidas no início dos anos 90 como alternativa a outros sistemas de
fármacos como as emulsões, lipossomas e as nanopartículas poliméricas. Na sua
produção se somam as vantagens das partículas lidas com as das emulsões e
dos lipossomas. NLS podem ser produzidas simplesmente pela substituição do
lipídio líquido das emulsões, por um lipídio sólido, o que significa que são sólidas
a temperatura ambiente e também na temperatura coporal. Possuem forma
esférica, com um diâmetro entre 50 e 500 nm dispersas em meio aquoso e
formam um sistema coloidal (com uma proporção de água de 70-95%) que
permitem a administração de medicamentos de maneira controlada e localizada.
As vantagens da utilização de nanopartículas lipídicas sólidas como vetores
70
incluem: a utilização de lipídios fisiológicos em sua formulação, a ausência de
solventes orgânicos em sua preparação e a possibilidade de serem utilizadas num
amplo espectro pela administração através da via cutânea, oral ou intravenosa
mediante as formas convencionais como pomadas, comprimidos, cápsulas,
suspensões ou soluções injetáveis (Venkateswarlu e Manjunath, 2004; Garzón
col., 2009).
NLS protegem os fármacos susceptíveis à degradação pela influência de
agentes externos como a água e luz, apresentam uma melhor
biodisponibilidade e podem ser desenhadas para alcançarem perfis de
liberação prolongada de substâncias ativas pouco solúveis em água ao
incorporá-las na matriz lipídica sólida. Entre as desvantagens, encontram-se o
possível crescimento das partículas durante seu armazenamento, a tendência
de gelificação, a existência de mudanças inesperadas em suas transições
polimórficas e sua inerente capacidade limitada na incorporação de fármacos
pela estrutura cristalina do lipídio sólido (Garzón e Fernández, 2009).
As nanopartículas lipídicas sólidas possuem um núcleo lido que
podem solubilizar fármacos lipofílicos. O núcleo se estabiliza com tensoativos e
co-tensoativos que se aderem à superfície do lipídio criando uma barreira
física. Para sua utilização com fins farmacêuticos todos os ingredientes
utilizados em sua preparação devem ser geralmente reconhecidos como
materiais seguros (GRAS - Generally Recognized as Safe). Uma representação
esquemática das NLS se apresenta na Figura 4.
71
Figura 4. Representação esquemática de uma nanopartícula lipídica lida -
NLS (Jores, e col., 2003).
As propriedades e a estabilidade das NLS têm melhorado mediante a
adição de lipídios líquidos nos quais o fármaco geralmente é mais solúvel,
dando lugar a novos sistemas nanoparticulados conhecidos como carreadores
lipídicos nanoestruturados (NLC), que consistem em matrizes formadas por um
lipídio solidificado com padrões cristalinos específicos, que incluem
nanocompartimentos de lipídio líquido no qual o fármaco está dissolvido. O
propósito original dos NLC foi evitar a recristalização tanto da fase lipídica
assim como de substâncias ativas encapsuladas para prevenir a separação
dos fármacos.
As nanopartículas lipídicas sólidas podem incorporar diferentes tipos de
fármacos de caráter lipofílico e hidrofílico, ao empregarem-se lipídios como a
triestearina e ácido esteárico, tensoativos como a lecitina e taurocolato de
Fármacos lipofílicos
como o diclofenaco
ácido
Lipídios como a
triestearina e ácido
esteárico
Tensoativos como a
lecitina e taurocolato de
sódio
72
sódio. A capacidade de incorporação das NLS varia entre 1 e 5%, uma vez que
se têm reportado valores próximos a 50% dependendo do sistema utilizado.
Uma primeira consideração para ter uma capacidade de incorporação elevada
nas NLS é a alta solubilidade do fármaco no lipídio fundido; outras variáveis
que influenciam a incorporação são a estrutura física e química da matriz
lipídica sólida e o estado polimórfico do material lipídico. Em termos gerais, o
estudo das NLS não deverá ser dirigido apenas a capacidade de incorporação
do fármaco, mas também a outras características como tamanho e carga
superficial (potencial zeta) que será determinante na prevenção da agregação
e coalescência (Joshi e Müller, 2009; Garzón e Fernández, 2009).
Muitos investigadores têm desenvolvido e otimizado os processos para
obtenção e escalonamento das NLS, combinando diferentes técnicas de
ruptura e dispersão da fase lipídica, tais como a homogeneização à alta
pressão (a frio ou a quente), a microemulsificação com agitação a alta
velocidade ou por meio de ultrassom, a emulsificação mediante evaporação ou
difusão do solvente na qual se encontra dissolvida a fase oleosa, a dupla
emulsificação (a/o/a) e nanoesferonização a alta velocidade (Pardeike,
Hommos e Müller, 2009).
A liberação de um composto lipofílico a partir destes carreadores
lipídicos é o resultado da combinação de vários mecanismos de partição entre
as fases lipídicas que os constituem, o tensoativo e o meio aquoso que os
rodeia. Os processos de elaboração das NLS incluem a preparação da fase
oleosa mediante a fusão ou dissolução dos lipídios de tal maneira que perdem
sua estrutura cristalina inicial. Os lipídios que formam a matriz devem ser
73
escolhidos mediante a sua capacidade de dissolver o fármaco, escolhendo
aqueles que apresentam altos coeficientes de partição (o/a). A concentração de
fármaco dispersa na matriz lipídica pode ter um efeito significativo no tamanho
e na estrutura das partículas.
O aumento da capacidade de incorporação de NLS requer o
acomodamento do fármaco dentro das imperfeições da matriz, na qual o lipídio
deve se solidificar com um empacotamento cristalino pouco ordenado e
apresentar grandes distâncias intermoleculares. Esta situação se favorece
utilizando diferentes tipos de ácidos graxos ou adicionando um componente
químico diferente, tal como um óleo. Se durante a etapa de esfriamento do
processo da obtenção, o lipídio cristaliza antes do fármaco, uma separação de
fases devido à expulsão de uma parte do fármaco durante a cristalização da
matriz de lipídios é produzida, dando lugar a um cleo com um recobrimento
enriquecido com o fármaco, o qual permanece associado com a parte sólida
das nanopartículas. Uma vez as partículas suspensas no meio de dissolução,
uma liberação inicial liberação prolongada não seria possível (Pardeike,
Hommos e Müller, 2009).
Lipídios líquidos possuem uma maior capacidade de solubilizarem
fármacos do que lipídios sólidos, o que fazem dos NLC estruturas que
apresentam uma maior capacidade de incorporação e melhor controle da
liberação que as NLS. Por outro lado é considerado que as dispersões de NLC
não apresentem vantagens sobre as nanoemulsões convencionais pela
probabilidade de que uma porção do óleo e do fármaco incorporados na matriz
74
lipídica são expulsos da massa do lipídio fundido durante o esfriamento e a
cristalização.
As características principais das NLS tais como: tamanho de partícula,
grau de dispersão do tamanho de partículas, potencial zeta, eficiência de
encapsulação, e cinética de liberação o determinadas pela natureza da
matriz do lipídio, pela mistura dos tensoativos, a viscosidade fase lipídica e
aquosa no momento da emulsificação e pelos parâmetros de produção.
Triglicerídeos como a tricaprina, trilaurina, trimiristina, tripalmitina e triestearina,
bem como os monoglicerídios (monoestearato de glicerol, behenato de glicerol,
palmitato-estearato de glicerol), ácidos graxos (esteárico, palmítico, decanóico
e behénico), ceras (palmitato de cetila) e óleos (alfa tocoferol e ésteres cáprico-
caprílicos), são os materias mais utilizados (Garzón e Fernández, 2009).
A segunda etapa do processo consiste na preparação da fase aquosa,
na qual é preparada pela dissolução de uma alta concentração de tensoativos.
A natureza e concentração dos tensoativos ou emulsificantes, apresentam
grande impacto nas propriedades físicas das nanopartículas, uma vez que são
adsorvidos na superfície das nanogotículas, formando uma barreira estérica
que afeta a estabilidade física, o tamanho de partícula, potencial zeta,
estabilidade química e propriedades biofarmacêuticas. As misturas dos
tensoativos geralmente têm um efeito sinérgico, produzindo uma película
interfacial com alta capacidade de recobrimento e com viscosidade suficiente
para diminuir a agregação das partículas. Os tensoativos e co-tensoativos
melhoram a estabilidade física das partículas ao aumentar os efeitos estéricos
e a rigidez da película externa e também ao modificar a carga superficial das
75
partículas. Entre eles, se encontram os fosfolipídios como a lecitina de soja, de
ovo e fosfatidilcolina, copolímeros de óxido de etileno, óxido de propileno como
o poloxâmero 188, poloxâmero 182, poloxâmero 407, poloxamina 908;
copolímeros de óxido de etileno e sorbitano/óxido de propileno como o
polisorbato 20, polisorbato 60, polisorbato 80; polímeros poliésteres de ácool
alquil-arílico como o tyloxapol; sais biliares como o colato de sódio, glicolato de
sódio, taurocolato de sódio e taurodeoxicolato de sódio e polímeros
estabilizadores como o álcool polivinílico (PVA) e polivinilpirrolidona (PVP)
(Joshi e Müller, 2008, Garzón e Fernández, 2009).
A terceira etapa na elaboração de nanocarreadores lipídicos consiste na
formação de uma pré-emulsão ao misturar a fase oleosa e aquosa a frio ou a
quente, mediante agitação mecânica vigorosa ou ultrassom. A formação de
nanopartículas requer energia suficiente. A última etapa consiste na
concentração e purificação da dispersão aquosa de NLS mediante processos
de evaporação, ultracentrifugação, ultrafiltração, liofilização (mediante a adição
de crioprotetores como a manose, trehalose, maltose, PVP ou PVA), o que
permite a facilitação do manejo e administração (Manjunath, Reddy e
Venkateswarlu, 2005).
4.1.3. Nanoemulsões (NE)
Nos últimos anos, nanoemulsões óleo em água têm sido particularmente
investigadas como um sistema potencial para administração de diversos
fármacos (Ding, Tien e Olejnik, 1995; Calvo e col., 1996a; Calvo, Vila-Jato e
Alonso, 1996b; Abdulrazik e col., 2001). Do ponto de vista farmacêutico, podem
76
ser classificadas como uma dispersão nanométrica de gotículas oleosas em
uma fase aquosa externa, estabilizada por um sistema tensoativo adequado.
Apresentam-se como líquidos de aspecto leitoso, com reduzido diâmetro de
gotícula e baixa viscosidade, o que possibilita sua administração por diversas
vias. O rmaco veiculado encontra-se preferencialmente disperso e/ou
adsorvido no núcleo oleoso da nanoestrutura (Saettone, Giannaccini e Monti,
2000; Vandamme, 2002).
O cleo oleoso das nanoemulsões pode apresentar composição e
proporções variáveis. Óleos de origem vegetal ou semi-sintética, constituídos
principalmente de triglicerídeos de cadeia média e longa, têm sido
extensivamente empregados. Triglicerídeos de cadeia longa provenientes de
óleos vegetais, como o de soja, foram empregados isoladamente no preparo de
emulsões contendo pilocarpina (Naveh e col., 2000). Contudo, atualmente se
observa um interesse crescente no uso de triglicerídeos de cadeia média
obtidos da hidrólise do óleo de côco seguida da esterificação dos ácidos graxos
livres, principalmente cáprico e caprílico, com o glicerol (Benita e Levy, 1993;
Naveh e col., 2000). Triglicerídeos de cadeia média são cerca de 100 vezes
mais miscíveis em água que os análogos de cadeia longa e são capazes de
dissolver altas quantidades de fármacos lipossolúveis (Muchtar e Benita, 1994).
Uma ampla variedade de tensoativos pode ser empregada no preparo
de nanoemulsões. A segurança de uso deve ser respeitada, uma vez que estas
substâncias muitas vezes apresentam reações inflamatórias, dor e irritação
local. Lecitinas são tensoativos de origem natural amplamente empregadas no
desenvolvimento de nanoemulsões, devido principalmente à sua
77
biocompatibilidade. Essas substâncias são misturas complexas de fosfolipídeos
extraídos da gema de ovo ou da soja, cujo maior componente é a
fosfatidilcolina. Lecitinas estão presentes na composição de praticamente todas
as nanoemulsões descritas na literatura, sendo que a composição usual está
compreendida entre 1,2 e 2,4% para emulsões contendo 10 a 20% de fase
interna, respectivamente (Fronza, Campos e Teixeira, 2004).
Devido à composição heterogênea das lecitinas, a estabilidade das
nanoemulsões obtidas pode variar de maneira significativa. Assim, a
combinação de lecitinas com tensoativos sintéticos (co-tensoativos), como o
polissorbato 80 (Zurowska e col., 1999) e principalmente o poloxâmero 188
(Law, Huang e Chiang, 2000) tem sido descrita na preparação de
nanoemulsões. O poloxâmero 188 é um copolímero do óxido de etileno e
propileno, de natureza o iônica, extensivamente utilizado por suas
propriedades de estabilização estérica de estruturas coloidais. Nanoemulsões
contendo o poloxâmero 188 apresentaram uma maior estabilidade em relação
a outros tensoativos, como o polissorbato 80, frente à operação de
esterilização devida provavelmente a uma maior resistência a sua desidratação
durante a autoclavagem. A adição de outros componentes tensoativos na fase
oleosa, como o lipídeo catiônico estearilamina, também tem sido realizada
visando uma melhor estabilidade das nanoemulsões devido à repulsão
eletrostática promovida pela carga de superfície. A estearilamina confere uma
carga positiva ao núcleo oleoso proveniente do seu grupamento amônio
ionizado no pH das formulações (Froza, Campos, Teixeira, 2004).
78
A técnica mais empregada na preparação de nanoemulsões é a
emulsificação clássica seguida da redução do diâmetro médio através de
métodos físicos (Sznitowska e col., 2001). Este procedimento pode ser dividido
em duas diferentes fases. Na primeira etapa, as fases aquosa e oleosa,
contendo os componentes hidrofílicos ou lipofílicos, respectivamente, o
aquecidas separadamente (~70°C) e emulsionadas atra vés do uso de
homogeneizadores de alta velocidade. A emulsão primária obtida apresenta um
diâmetro de gotícula submicrométrico, influenciado pelo equipamento utilizado
e pelas condições operacionais. Após resfriamento, na segunda etapa, o
diâmetro de gotícula é reduzido até cerca de 100 a 200 nm através da
utilização de homogeneizadores de alta pressão ou microfluidizadores. A
otimização das condições, como pressão e número de ciclos de
homogeneização, é geralmente determinada experimentalmente para cada
sistema desenvolvido e tipo de equipamento utilizado (Teixeira e col., 2002).
A técnica de emulsificação espontânea seguida de deslocamento de
solvente, também foi descrita para a preparação de nanoemulsões. Nesta
técnica, o fármaco lipofílico é dissolvido em um solvente orgânico juntamente
ao óleo, que constitui a fase interna da preparação, e um tensoativo lipofílico. A
fase dispersante é formada por água e freqüentemente adicionada de um
segundo tensoativo de natureza hidrofílica. Após, verte-se a fase orgânica
sobre a aquosa mediante agitação moderada e o solvente orgânico é retirado
por destilação à pressão reduzida. Esse procedimento apresenta como
vantagens a possibilidade de preparação de pequenos volumes de amostra em
baixas temperaturas, o que pode ter interesse para fármacos termolábeis
(Froza, Campos e Teixeira, 2004).
79
4.2. A utilização de sistemas nanocarreadores de fármacos em doenças
articulares
A utilização de vetores nanoparticulados construídos a partir de diversos
tipos de materiais e contendo diferentes classes de fármacos antiinflamatórios,
anti-reumáticos ou analgésicos, tem apresentado nos últimos 4 anos,
resultados promissores no tratamento da artrite em modelos experimentais. Os
estudos apontam que a melhora do tratamento está principalmente associada
ao efeito de liberação prolongada, aumento da vetorização do fármaco ao
tecido articular e diminuição da toxicidade quer seja pela via local ou sistêmica.
Nanopartículas de PLGA/PLA e PLGA/PLA-PEG (partículas furtivas ou
stealths), contendo fosfato de betametasona, foram preparadas e avaliadas
quanto ao seu potencial antiinflamatório em modelo experimental de artrite
adjuvante, induzida por colágeno do tipo II. Partículas no tamanho entre 45 e
115 nm, foram administradas pela via intravenosa. Nanocarreadores
fluorescentes também foram administrados e avaliados quanto à distribuição in
vivo através de estudos imagem. Nanopartículas contendo PEG exibiram alta
atividade antiinflamatória, com redução da inflamação da pata em 35%,
mantendo o efeito em até nove dias com apenas uma única aplicação,
enquanto nanopartículas não-furtivas apresentaram efeito menor, mas ainda
maior do que o fármaco administrado livremente. Os autores sugerem que o
efeito terapêutico observado após administração de nanopartículas furtivas
pode estar relacionado com a circulação prolongada destes vetores, e com a
liberação sustentada in situ do fármaco (Ishihara e col., 2009).
80
Nanocarreadores de poli-N-isopropilacrilamida e etilglicinato contendo
indometacina foram avaliados em estudo realizado por Zhang e colaboradores
(2008). Estudos de farmacocinética in vivo após administração subcutânea
demonstraram que os vetores proporcionaram uma liberação prolongada ao
fármaco, e em relação ao fármaco livre na mesma dose, os nanocarreadores
apresentaram prolongada concentração plasmática. Animais inflamados com
carragenina ou adjuvante completo de Freund e tratados com os
nanocarreadores, indicaram efeito terapêutico sustentado após administração
intra-articular dos vetores. Os autores apontam que este tipo de tratamento
apresentou vantagens em relação às terapias convencionais, uma vez que
evita problemas relacionados à toxicidade do trato gastrointestinal induzida
pelo tratamento através da via oral.
Nanopartículas lipídicas sólidas encapusaladas com actarite, um
fármaco anti-reumático pobremente solúvel em água, foram administradas pela
via intravenosa e avaliado a redução da toxicidade como nefrotoxicidade e
efeitos no trato gastrointestinal em coelhos. Carreadores de tamanho de 241 ±
23 nm com potencial zeta de -17,14 ± 1.6 mV e 50,87% de eficiência de
encapsulação, apresentaram maior tempo de meia vida (9,373 horas), quando
comparado a solução do fármaco na mesma dose (0,917 horas). A área
abaixo da curva (AUC) das NLS de actarite foi 1,88 vezes maior do que a
solução do fármaco. A vetorização dos nanocarreadores foi aumentada de
6,31% a 16,29% no baço, enquanto a distribuição renal foi significativamente
reduzida (Ye e col., 2008).
81
O efeito anti-reumático do metotrexato foi investigado por Zykova e
colaboradores (2007) após administração de nanocarreadores compostos de
fosfolipídeos (Phosphogliv), uma emulsão de 50 nm estabilizada com ácido
glicírrico. Um alto efeito terapêutico foi observado em modelo de artrite
adjuvante em ratos quando comparado à forma livre do fármaco. O aumento da
atividade anti-artrítica pode ter sido influenciado pela associação do
estabilizante que possui atividade antiinflamatória. Nanopartículas de PLA
contendo triptolide, um composto de origem natural, foram semelhantemente
avaliadas quanto à atividade anti-artrítica em artrite adjuvante induzida por CFA
após administração pela via oral. Estes resultados também demonstraram um
efeito antiinflamatório no tratamento com os carreadores (Liu e col., 2005).
Estudo realizado por Thakkar e colaboradores (2007), avaliou a retenção
de nanopartículas lipídicas sólidas contendo celecoxibe em articulações de
ratos artríticos. Estudos in vitro revelaram que as nanopartículas exibiram um
perfil de liberação prolongado. As nanopartículas não apresentaram infiltrado
inflamatório de 3 a 7 dia após administração intra-articular, demonstrando sua
biocompatibilidade para uso articular. O fármaco não encapsulado apresentou
rápido clearance da articulação inflamada para a circulação sanguínea,
enquanto NLS foram associadas a baixos níveis sanguíneos. A concentração
articular do rmaco encapsulado foi 16 vezes maior em 4 horas, e 15 vezes
maior em 24 horas após a administração intra-articular.
Nanopartículas de quitosana foram administradas em articulações de
coelhos como vetores para terapia gênica. Este estudo demonstrou que genes
podem ser transferidos a condrócitos articulares em cultura de células
82
primárias. Nanopartículas de quitosana-DNA contendo genes para interleucina
1RA (1L-1RA) ou interleucina 10 (IL-10) foram injetadas diretamente nas
articulações de joelho de coelhos com osteoartrite induzida, para se avaliar a
transferência in vivo dos vetores de quitosana. A expressão de IL-1Ra foi
detectada no fluido sinovial articular nos grupos tratados com os vetores.
Entretanto, nenhuma expressão de IL-10 foi demonstrada para o vetor
contendo o respectivo gene, demonstrando que a eficiência de transfecção de
nanopartículas quitosana-DNA está intimamente relacionada ao tipo de produto
gênico. Além da transfecção, observou-se que nanopartículas de IL-1Ra
reduziram as lesões quando a histologia da cartilagem foi avaliada (Zhang e
col., 2006).
Em estudo semelhante, Zhao e colaboradores (2006) desenvolveram
nanopartículas de quitosana-pEGFP na ordem de examinar o potencial da
quitosana como um vetor não-viral na transfecção de genes exógenos a
condrócitos de cultura primária, para o tratamento de doenças articulares.
Partículas catiônicas na faixa de tamanho entre 100-300 nm foram incubadas e
sua resposta analisada por citometria de fluxo, demonstrando que uma
transfecção eficiente foi alcançada com porcentagem de lulas positivas
acima de 50%. Estes resultados indicam que nanopartículas podem ampliar a
terapêutica em doenças articulares através da administração de biofármacos
importantes no controle da doença.
Nanopartículas superparamagnéticas compostas de óxido de ferro
(SPION, do inglês, superparamagnetic iron oxide nanoparticles) foram
recobertas com álcool polivinílico (PVA) ou o copolímero álcool vinílico/amino
83
vinílico e funcionalizadas com os fluorocromos Cy3.5 ou Texas Red. As
suspensões foram incubadas in vitro com células sinoviais de ovelhas por 3,
24, 72 e 120 horas. A internalização nos sinoviócitos bem como a
biocompatibilidade foram visualizadas por microscopia confocal de
fluorescência e através da análise de lulas marcadas com fluorocromos por
citometria de fluxo.
SPION-amino-PVA foram detectados em estruturas
citoplasmáticas como os lisossomos após 3 horas de incubação. SPION-PVA-
Cy3.5 e SPION PVA-Texas Red foram encontrados em 80% das células e não
alteraram a morfologia e a viabilidade durante o estudo quando comparado ao
grupo controle (Shulze e col., 2006).
5. A VIA TÓPICA COMO ALTERNATIVA NO TRATAMENTO DE DOENÇAS
INFLAMATÓRIAS ARTICULARES ATRAVÉS DE NANOCARREADORES
PARA ADMINISTRAÇÃO CUTÂNEA
Os graves efeitos colaterais apresentados pelos AINES, administrados
pela via oral, conduziram a uma revisão das potencialidades de outras vias de
administração para esta classe terapêutica.
A utilização da via tópica para
administração deste fármaco tem sido investigada com o objetivo de evitar o
metabolismo de primeira passagem, reduzir a toxicidade associada com a
terapia sistêmica e, concomitantemente, manter seu efeito local (Radermacher e
col., 1991; Takahashi e col., 1995; Müller e col., 1998). Esta perspectiva oferece
um desafio especial em desenvolver uma formulação adequada que possibilite a
penetração do rmaco através da barreira constituída pelo estrato córneo,
permeações através das mais profundas camadas da pele e que garanta a
atividade e efetividade terapêutica (Seth, 1992). Diversas estratégias
84
farmacotécnicas têm sido adotadas no que diz respeito à alteração de
componentes de distintas formulações que permitam uma maior penetração do
fármaco no tecido cutâneo. Entretanto, os estudos ainda não apresentam um
medicamento efetivo, mas diversas perspectivas na melhora terapêutica do
diclofenaco quando aplicado topicamente.
A concepção de impermeabilidade relativa da pele limitou, durante muito
tempo, a utilização da administração através desta via aos tratamentos
puramente dermatológicos (Brandau e Lippold, 1982). Hoje, sabe-se que esta
barreira o é absoluta e que a penetração cutânea de um fármaco,
condicionada, principalmente por suas características físico-químicas, pode
viabilizar sua absorção e, conseqüentemente, a concentração terapêutica no
local de ação (Hielsh, 1994). Essa penetração está relacionada com um
processo de difusão passiva através das diferentes camadas da pele, que por
sua vez, é extremamente dependente de um fenômeno de partição na interface
pele/forma farmacêutica (Hiesh, 1994; Walker e Smith, 1996).
Em relação ao diclofenaco de sódio, foi demonstrado que o mesmo
apresenta fraca penetração através da pele (Nishihata e col., 1987), é
relativamente retido pelo tecido cutâneo para uma terapia localizada (Nishihata e
col., 1987; Seth, 1992; El-Hadidi e El-Garf, 1991), fica retido no líquido sinovial
por um período de tempo significativamente maior que no plasma (Todd e
Sorkin, 1988; Smith e Reynard, 1995) e possui como único efeito adverso, após
aplicação tópica, sinais de irritação localizada, segundo estudo realizado em 120
pacientes por El-Hadidi e El-Garf (1991). A baixa concentração encontrada no
plasma, em estudo realizado por Seth (1992), é um indicativo que, depois da
aplicação cutânea, uma menor incidência de efeitos adversos pode ocorrer, ao
85
contrário do que é relatado para altos níveis plasmáticos de rmacos
encontrados depois da administração oral ou parenteral. Embora amplamente
utilizado, atualmente ainda não é possível um tratamento tópico efetivo com
diclofenaco que atinja altas concentrações nos tecidos articulares mais
profundos e que diminua a dor e os efeitos inflamatórios recorrentes da
instalação do processo auto-imune.
Nos últimos anos, a tecnologia farmacêutica tem contribuído para
contornar os obstáculos pertinentes à penetração através da pele,
desenvolvendo novas formas farmacêuticas. Nanopartículas demonstraram
que são capazes de aumentar a permeabilidade de algumas substâncias
através de membrana de Cellotape
®
, como em estudo realizado por Kreuter e
colaboradores (1983). Rolland e colaboradores dez anos depois observaram
uma influência direta do tamanho das partículas na penetração da pele.
Partículas menores que 3 µm se distribuem ao acaso no estrato córneo e nos
folículos pilosos. O principal caminho de penetração das partículas avaliadas
foi através da rota transepidermal, visto que a superfície externa dos orifícios
transfoliculares representa somente 0.1% da superfície total da pele.
Micropartículas maiores (10-20 µm) não penetram na pele e ficam retidas na
superfície externa do extrato córneo.
A utilização da via cutânea como via de entrada de fármacos
antiinflamatórios no tratamento da artrite reumatóide entre outras doenças
articulares, somada às vantagens de sistemas carreadores de fármacos, podem
conferir uma melhora substancial na terapêutica deste tipo de processo patológico
uma vez que o medicamento seja aplicado de forma não-invasiva topicamente.
86
Desta forma, acredita-se que o estudo através do desenvolvimento e avaliação de
vetores nanoestruturados contendo AINES descreva um promissor protótipo no
tratamento de doenças inflamatórias articulares que permitirá a aplicação deste e
de outros fármacos com características similares, através do aumento da
permeabilidade cutânea, diminuição da dose terapêutica e conseqüentemente dos
efeitos colaterais indesejáveis.
Em estudo realizado por Baboota e colaboradores (2007), foi investigado o
potencial de nanomeulsões na liberação transdermal de celecoxibe. O estudo de
permeação in vitro através da pele foi comparado com o gel convencional do
fármaco. Um aumento significativo do fluxo de steady state (J
ss
), coeficiente de
permeabilidade (Kp) e de outros parâmetros de permeação, foram observados
nas nanoemulsões. O efeito antiinflamatório das formulações foi demonstrado
através da inibição significativa do edema de pata induzido por carragenina logo
após 24 horas de aplicação dos géis. Semelhantemente, nanoemulsões de
aceclofenaco foram preparadas e avaliadas quanto à permeabilidade e resposta
terapêutica. As nanoemulsões foram avaliadas ex vivo através de célula de Franz
em pele abdominal de ratos, e um aumento expressivo da permeação foi
observado em relação ao gel convencional do fármaco. Após 24 horas de
administração das formulações uma significativa redução do edema de pata
induzido por carragenina foi observado quando comparado ao fármaco não-
encapsulado.
87
6. LIBERAÇÃO INTRACELULAR DE RMACOS ATRAVÉS DA
ADMINISTRAÇÃO DE NANOCARREADORES.
Fármacos podem agir através de muitos mecanismos e vias específicas.
Em alguns casos, a passagem através da membrana celular a um tipo de
célula ou tecido específico é essencial, principalmente quando o alvo
farmacológico está localizado no interior da célula. Neste caso, uma série
complexa de interações celulares é necessária. Por exemplo, a molécula
terapêutica geralmente deve: (1) atravessar uma ou várias membranas
biológicas (mucosa, epitélio, endotélio); (2) difundir-se através da membrana
plasmática; e (3) ter acesso a organelas apropriadas onde o alvo farmacológico
está localizado. Para os fármacos cujo alvo é localizado intracelularmente, o
desvio destas vias pode não somente diminuir a eficiência terapêutica, mas
também acarretar efeitos colaterais e toxicidade. quase 30 anos atrás, a
idéia de que pequenos carreadores possuíam características ideais para a
liberação intracelular de fármacos foi demonstrada através da concentração
aumentada de lipossomas e nanopartículas encapsuladas com fármacos que
não podiam ser difundidos intracelularmente. Estes estudos apontam que
nanocarreadores possuem grande potencial para liberação intracelular de
pequenas moléculas, bem como, de macromoléculas como ácidos nucléicos,
peptídeos ou proteínas que são instáveis em condições fisiológicas e
geralmente incapazes de atravessarem membranas celulares.
De acordo com as características físico-químicas dos nanocarreadores e
a natureza das lulas-alvo, dois principais mecanismos de internalização
podem ocorrer: a fagocitose ou endocitose (por exemplo, clatrina, caveolina-
88
dependente) (Figura 5). Após a internalização, a liberação do fármaco dentro
do ambiente enzimático dos lisossomos ou diretamente no citoplasma, por
exemplo, tem importante impacto na atividade farmacológica. A fagocitose
ocorre primeiramente em células especializadas como macrófagos, monócitos,
neutrófilos e células dendríticas. A via mediada por fagocitose pode ser descrita
através de três distintas maneiras: reconhecimento por opsonização na
corrente sanguínea; adesão de nanopartículas opsonizadas aos macrófagos e
ingestão das partículas (Aderem e Underhill, 1999).
A opsonização é um importante processo que ocorre antes da
fagocitose, que consiste no reconhecimento de partículas estranhas através da
adsorção de proteínas chamadas de opsoninas, deixando as partículas
passíveis de reconhecimento por células fagocíticas. A partir de receptores
específicos (receptores Fc, complemento, manose, frutose ou scavenger)
nanopartículas são internalizadas através da ação de enzimas GTPases, e pela
ação da actina formando extensões de superfície celular (pseudópodos) que
englobam as partículas (Caron e Hall, 1998; Hillaireau e Couvreur, 2009).
Como a actina é despolimerizada a partir dos fagossomos, o vácuolo torna-se
acessível aos endossomos primários. Através de uma série de fusões, o
conteúdo vacuolar irá maturar, fundindo-se com endossomos tardios e
lisossomos para formar o fagolisossomo. A taxa de eventos depende das
propriedades superficiais dos carreadores, e os fagolisossomos tornam-se
ácidos devido a bombas de prótons ATPase localizadas na membrana e
adquirem muitas enzimas, incluindo estearases e catepsinas (Claus e col.,
1998).
89
Adaptado de Hillaireau e Couvreur, 2009.
Figura 5. Principais vias de internalização celular de nanocarreadores. A)
Fagocitose é um mecanismo que ocorre em células fagocíticas profissionais
com a participação de actina. B) Endocitose mediada por clatrina é uma ampla
via de internalização de nanopartículas associada com a formação de cristais
de clatrina e dependente de dinamina GTPase. C) Endocitose mediada por
caveolina ocorre em invaginações da membrana coberta por dímeros de
caveolina, também dependente de dinamina. D) Macropinocitose é uma via
baseada em actina que engolfa partículas e o meio extracelular com pouca
seletividade. E) Outras vias de endocitose podem estar envolvidas na
internalização de nanopartículas independentes de clatrina e caveolina.
Os fatores que determinam a adsorção das proteínas plasmáticas à
superfície das partículas incluem composição química, carga e hidrofilicidade.
A interação das partículas com as proteínas plasmáticas irá depender das
propriedades de superfície das mesmas. A carga da superfície das partículas
influencia a interação eletrostática com os componentes da corrente
sangüínea, sendo que superfícies carregadas negativamente favorecem a
eliminação das partículas da circulação em relação àquelas neutras ou
carregadas positivamente. As características de hidrofilicidade/hidrofobicidade
das partículas também influenciam no processo de opsonização e na força de
interação que governa na adesão de partículas à célula. Em geral, quanto
maior a hidrofobicidade da partícula, maior é a adsorção de opsoninas e mais
90
rápida é sua remoção pelo sistema fagocítico mononuclear (Stolnik e col.,
1994).
Dentre as vias não-fagocíticas, a endocitose mediada por clatrina, ocorre
constitutivamente em células de mamíferos e participa de processos
importantes na captura de nutrientes e comunicação intracelular. Para a
maioria dos tipos celulares, esta via serve como o principal mecanismo de
internalização de macromoléculas e constituintes da membrana plasmática. A
endocitose tipicamente ocorre na região da membrana enriquecida com
clatrina. A formação do vacúolo endocítico forma estruturas tipo cestas devido
à polimerização de unidades de clatrina. Os cristais de clatrina permitem a
invaginação da partícula através de dinamina GTPase, que dão origem a
vesículas protéicas com tamanho entre 100 e 120 nm. Estas vesículas liberam
seu conteúdo nos endossomos primários que são acidificados por bombas
dependentes de prótons. Os endossomos primários maturam em endossomos
tardios, que após a fusão com vesículas perilisossomais, geram um ambiente
propício para a liberação do fármaco pela degradação do carreador (Mukherjee
e col, 1997; Hillaireau e Couvreur, 2009).
Embora a via mediada por clatrina apresente grande participação na
internalização de nanocarreadores, uma via mediada por outro tipo de proteína,
a caveolina, tem sido descrita na literatura. A caveolina é uma proteína
dimérica enriquecida com colesterol e esfingolipídios. Caveolinas são
particularmente abundantes em células endoteliais, onde podem constituir 10-
20% da superfície celular, mas também células de músculo liso e fibroblastos
91
(Conner e Schmid, 2003) e estão envolvidos na endocitose de várias proteínas,
vírus e nanopartículas. (Marsh e Helenius, 2006).
A internalização de vetores nanoparticulados tem recebido grande
destaque no tratamento de doenças intracelulares como a tuberculose,
leishmaniose, entre outras. Entretanto, a utilização de nanopartículas no
tratamento de doenças inflamatórias articulares pouco tem sido investigada,
embora estes carreadores apresentem a possibilidade de formação de um
depósito de fármaco no interior celular, o que favorecia a proteção do carreador
frente à degradação de enzimas extracelulares, diminuição da dose e efeitos
colaterais, bem como a possibilidade de liberação prolongada ao tecido alvo.
92
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102
CAPÍTULO 2:
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL PRO-INFLAMATÓRIO ARTICULAR
DE NANOCARREADORES POLIMÉRICOS E LIPÍDICOS
103
Diversos materiais naturais e sintéticos biodegradáveis têm sido usados
na obtenção de nanopartículas. Polímeros como poli-ε-caprolactona (PCL), poli
(ácido lático) (PLA) e poli (ácido lático-co-glicólico) (PLGA) o amplamente
empregados na preparação de carreadores nanoparticulados. Estes polímeros
sofrem hidrólise formando compostos atóxicos que são eliminados por vias
endógenas, sendo aprovados para uso interno devido as suas características
de biodegradabilidade e biocompatibilidade (Velez e col., 2002; Panyam e
Labhasetwar, 2003). Entretanto, muitos problemas decorrentes do uso de
nanopartículas poliméricas são provenientes da toxicidade dos componentes
da formulação e dos resíduos de solventes orgânicos utilizados na preparação,
bem como da dificuldade de escalonamento da produção. Para contornar
alguns destes obstáculos, as nanopartículas lipídicas sólidas (NLS) foram
introduzidas como alternativa aos carreadores poliméricos, principalmente por
serem preparadas unicamente a partir de excipientes aceitáveis para uso
farmacêutico, além de poderem ser obtidas sem o emprego de solventes
orgânicos (Müller e col., 2002).
Nanocarreadores contendo fármacos antiinflamatórios têm sido testados
em vários modelos induzidos em animais, após a administração por diferentes
vias (Zhang e col., 2006; Shakeel e Faisal., 2009). A administração tópica
destes carreadores tem demonstrado resultados promissores e de grande
aplicabilidade (Yin e col., 2009, Skandar e col., 2009; Shakeel e Faisal, 2009).
Entretanto, a avaliação do potencial pró-inflamatório de nanocarreadores em
articulações, ainda não foi estudada. Este capítulo concerne à avaliação de três
diferentes tipos de sistemas nanoparticulados quanto à capacidade de
104
induzirem alterações nociceptivas e inflamatórias em articulações de joelho de
ratos, naïves ou sensibilizados. A realização deste estudo permitiu a seleção
de um dos nanocarreadores para a realização dos estudos posteriores (Faria e
col., 2009, Journal of Pharmaceutical Sciences).
105
METODOLOGIA
2.1. Preparação das Nanopartículas Poliméricas e Lipídicas
Nanocápsulas poliméricas foram preparadas a partir dos polímeros poli
(D,L-ácido lático) (PLA, 16 kDa, Boehringer Ingelheim, França) e seu
copolímero metoxi (polietilenoglicol)-b-poli (D,L-ácido lático) (mPEG-PLA, 49
kDa, 20% PEG 5000, Alkermes, Estados Unidos) através da técnica de
deposição interfacial do polímero pré-formado (Faria e col., 2005). Brevemente,
40 mg de PLA ou mPEG-PLA foram dissolvidos em 40 mg de Span 80 (Beraca,
São Paulo), e a esta solução, foram adicionados 125 µl de miglyol, utilizado
com óleo na formação das nanocápsulas. Esta solução orgânica foi adicionada
a 20 ml de fase aquosa contendo Tween 80 (0,15%) (Delaware, São Paulo)
sob agitação magnética moderada. O solvente orgânico foi removido por
evaporação sob pressão reduzida (Quimis Q-344B2, Brasil) e o volume final
ajustado a 10 ml.
Figura 1. Esquema de preparação das nanocápsulas poliméricas.
Miglyol
PLA ou PLA-PEG
Span 80
Acetona
Tween 80
Água
Evaporação do solvente orgânico
Concentração das suspensões
Suspensão de
Nanocápsula
s
Nanoprecipitação
Agitação magnética
106
Nanopartículas Lipídicas lidas (NLS) foram preparadas pela técnica
de homogeneização à quente com auxílio de ultrassom (Unique, São Paulo)
(Faria e col., 2009). Em balão volumétrico, foram adicionados 2,5 gramas do
lipídio tripalmitato de glicerila (Dynasan
®
116), Condea - Witten, Alemanha), 500
mg de lecitina de soja (Lipoid S75) (Lipoid GmbH, Alemanha) e o volume
completado com diclorometano para 100 ml. Esta mistura foi colocada em
banho de ultrassom até completa dissolução. Em um balão de fundo redondo,
foram adicionados 2,0 ml da solução de lipídio/lecitina, totalizando 100 mg de
lipídio. O diclorometano presente na mistura foi removido por evaporação à
pressão reduzida a 60°C. Em seguida, a mistura sóli da foi fundida a 70ºC em
banho-maria. A fase aquosa, com volume de 20 ml contendo Pluronic F68
®
(1%, p/V) (BASF, Alemanha) foi preparada em erlenmeyer com tampa,
aquecida a 70ºC e posteriormente adicionada à fase orgânica. A pré-emulsão
foi sonicada com o auxílio de ultrassom durante cinco minutos a 20 W. A
suspensão de nanopartículas foi transferida para um béquer de 50 ml, resfriada
à temperatura ambiente sob agitação magnética moderada. Após 24 horas, a
suspensão foi centrifugada a 5000 rpm durante 20 minutos e o volume reduzido
a 10 ml por evaporação sob pressão reduzida (Figura 2).
107
Lecitina S75
®
Dynasan
®
Diclorometano
Rota
-
evaporação
Fase orgânica
Tensoativo
+
Água
Fase aquosa
Aquecimento a
70°C e mistura de
ambas as fases
Sonicação
Rota
-
evaporação
Nanopartículas
Lipídicas
Sólidas
Figura 2. Esquema de preparação das Nanopartículas Lipídicas Sólidas.
2.2. Determinação do tamanho, índice de polidispersão e potencial zeta
das Nanopartículas
A determinação do diâmetro médio das nanopartículas poliméricas e
lipídicas foi realizada pela técnica de espectroscopia de correlação fotônica. O
potencial zeta das mesmas formulações foi determinado a partir da medida da
mobilidade eletroforética das partículas associada à Anemometria do Laser
Doppler, após submeter as partículas a um campo elétrico de 150 V/cm.
Ambas as medidas foram realizadas em equipamento Zetasizer Nano Series
(Malvern Instruments, Worcestershire, Reino Unido) após diluição das
suspensões em 10 vezes com água ultra-pura (Milli-Q, Millipore, EUA) a 25°C
(Faria e col., 2009).
108
2.3. Avaliação do potencial pró-inflamatório de nanopartículas em
articulações naïve ou pré-sensibilizadas com carragenina
2.3.1. Animais
Os experimentos foram realizados com 48 ratos fêmeas Wistar (250-350
g), mantidos sob temperatura controlada (19 - 2C) , com ciclo claro-escuro de
12 horas e regime de água e comida ad libitum. Todos os experimentos foram
conduzidos de acordo com o regimento ético da IASP (International Association
for Study of Pain) e aprovado pelo comitê de ética para experimentação animal
desta instituição.
2.3.2. Avaliação da incapacitação articular
A incapacitação articular foi mensurada através do tempo de elevação
da pata (TEP) direita dos animais, em segundos, com o auxílio do sistema de
registro proposto por Tonussi e Ferreira (1992). Neste sistema de registro, os
animais são submetidos à deambulação forçada em um cilindro de aço inox (30
cm de largura e 30 cm de diâmetro) em rotação contínua a uma velocidade
constante de 3 rpm e por um período de 60 segundos. Sapatilhas metálicas
foram ajustadas nas patas traseiras, sendo que, apenas a sapatilha da pata
direita é conectada a um computador que registra o tempo total que esta pata
fica sem tocar a superfície do cilindro no período de 60 segundos. O TEP de
animais naïve, ou seja, sem nenhum tratamento intra-articular é de
aproximadamente 10 segundos. O aumento do TEP após a injeção na
articulação de agentes flogísticos indica desenvolvimento de incapacitação
articular.
109
Para avaliação do potencial pró-inflamatório nas articulações naïve, foi
realizado o registro do TEP basal, medida do membro ipsilateral (articulação
tíbio-femural direita) antes da administração das suspensões de
nanopartículas. As medidas do TEP após os tratamentos foram realizadas
durante a cada hora, durante um período de 6 horas. As nanopartículas foram
administradas após diluição em PBS estéril (50 µl de nanopartículas + 50 µl de
PBS).
Na avaliação das articulações pré-sensibilizadas, os animais receberam
300 µg de carragenina (multiple type kappa/lambda, BDH Chemicals-Poole,
Inglaterra) administrados diretamente na articulação tíbio-femural direita (50 µl)
sete dias antes da administração intra-articular de nanopartículas. Os
carreadores foram administrados após diluição em PBS estéril (50 µl de
nanopartículas + 50 µl de PBS). As medidas basais também foram registradas
e após o tratamento com as nanosuspensões, as medidas do TEP foram
realizadas durante a cada hora, num período de 6 horas. A Figura 3A
demonstra a sapatilha metálica acoplada à pata do rato e a Figura 3B, o
aparelho de registro do TEP e os animais realizando a deambulação. A Figura
4 representa o protocolo experimental.
110
Figura 3. (A) sapatilhas metálicas acopladas na pata traseira do rato; (B)
aparelho para deambulação forçada (esquerda) e sistema de registro da
incapacitação articular (direita).
Figura 4. Esquema do experimento para avaliação do potencial pró-
inflamatório de nanopartículas em articulações naïves e pré-sensibilizadas.
2.3.3. Avaliação do edema articular
A avaliação do edema da articulação tíbio-femural foi realizada com o
auxílio de um paquímetro não digital onde as medidas foram expressas através
do aumento do diâmetro articular (DA, cm). Medidas basais foram tomadas
Pré-
sensibilização
Carragenina
- 3 dias 0 h 1 h 2 h 3 h 4 h 5 h 6 h
Nanopart
í
culas ou
PBS
T
T
E
E
P
P
e
e
d
d
i
i
â
â
m
m
e
e
t
t
r
r
o
o
a
a
r
r
t
t
i
i
c
c
u
u
l
l
a
a
r
r
Eutanásia e
contagem celular
111
antes dos tratamentos e a cada hora, durante 6 horas após o tratamento com
as nanopartículas. Para isso, os animais foram imobilizados, delicadamente,
dentro de um cone de polietileno, no qual foi possível o acesso apenas ao
joelho para obtenção da medida da articulação (Figura 5).
Figura 5. Avaliação do edema articular das articulações tíbio-femural.
2.3.4. Avaliação do leucograma do fluido sinovial
Após o término dos protocolos experimentais os animais foram
eutanasiados para posterior coleta de células do fluido sinovial. A eutanásia foi
realizada através da injeção intraperitoneal de hidrato de cloral (15%, 2 ml),
seguido de deslocamento cervical, para certificar-se do óbito dos animais. O
leucograma do fluido sinovial foi realizado com o objetivo de avaliar
quantitativamente a migração de leucócitos para o fluido sinovial da articulação
tíbio-femural. Este procedimento foi realizado após as medidas do TEP e
edema. Após eutanásia dos animais, a cápsula articular foi exposta para a
coleta de 5
µl de fluido sinovial e confecção de um esfregaço em lâmina de
112
vidro. Confeccionou-se um esfregaço do fluido sinovial coletado de cada animal
o qual foi, posteriormente, corado com os corantes May-Grünwald e Giemsa e
utilizado para a contagem diferencial de leucócitos (MON, mononucleares;
PMN, polimorfonucleares) em microscópio óptico (aumento de 100x).
Imediatamente após a coleta do fluido sinovial para confecção do esfregaço, foi
realizada uma lavagem da cavidade articular com 100 µl de solução fisiológica
0,9 % contendo EDTA (5%). Este lavado foi utilizado para a contagem total de
leucócitos com aulio de uma câmara de Neubauer e microscópio óptico
(aumento de 40x).
Os dados foram expressos como contagem total de células por milímetro
cúbico de fluido sinovial ± E.P.M (erro padrão da média) (células totais,
CT/mm
3
). O cálculo da quantidade relativa de MON e PMN foi realizado a partir
da contagem total e os dados foram expressos como média relativa de MON ou
PMN ± E.P.M. A Figura 6 ilustra leucócitos mononucleares (MON) e
polimorfonucleares (PMN) em lâmina confeccionada para a contagem
diferencial com auxílio de microscópio óptico (aumento de 100x).
113
Figura 6: Leucócitos mononucleares (MON) e polimorfonucleares (PMN) em
lâmina confeccionada para a contagem diferencial.
2.3.5. Análise estatística
A análise estatística foi realizada através da utilização do programa
GraphPad Prism4
®
. Comparações múltiplas para medidas não pareadas foram
realizadas através de ANOVA de uma via. Os níveis de significância foram
determinados pelo teste de comparação múltipla através do post hoc de Tukey.
Os dados foram plotados como ± E.P.M.
114
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As vantagens da utilização de sistemas nanoparticulados na liberação
de rmacos abrangem a facilidade de controle do tamanho de partícula e das
propriedades de superfície, e a possibilidade de modulação das características
de liberação e de degradação do carreador por meio da seleção dos materiais
e da técnica de preparação. Além disso, ressalva-se a possibilidade de
administração por diversas vias, incluindo as vias parenteral, oral, nasal, intra-
ocular, intra-articular entre outras (Mohanraj e Chen, 2006).
Vários métodos de obtenção de nanopartículas poliméricas são descritos
na literatura e podem ser classificados naqueles que envolvem a polimerização
in situ de um monômero e naqueles que utilizam polímeros pré-formados. De
acordo com os procedimentos empregados para obtenção de nanocarreadores,
os métodos que utilizam polímeros pré-formados, tais como PLA, PLGA e PCL,
podem ainda ser classificados em várias categorias: emulsão/evaporação do
solvente, deslocamento do solvente ou nanoprecipitação, salting-out e
emulsão/difusão do solvente. Estas técnicas apresentam certa similaridade
entre si, pois todas envolvem a preparação de uma fase orgânica contendo o
polímero e o tensoativo, e de uma fase aquosa contendo estabilizantes, que
constituirá a fase dispersante ou contínua da suspensão coloidal (Quintanar
Guerrero e col., 1998; Bala, Harbaran e Kumar e col., 2004).
A nanoprecipitação, também conhecida como nanodeposição do
polímero pré-formado, é um método amplamente empregado na obtenção de
nanocápsulas poliméricas. Neste procedimento, o polímero é dissolvido num
solvente orgânico que apresenta miscibilidade com a água. Na fase orgânica,
115
pode-se ainda adicionar o rmaco insolúvel ou pouco solúvel em água, um
óleo e o tensoativo escolhido. Esta fase é vertida na fase aquosa contendo o
estabilizante hidrofílico em agitação magnética moderada (Montasser e col.,
2000). Durante a mistura das fases, a suspensão instantaneamente torna-se
leitosa e as nanocápsulas o formadas devido à rápida difusão do solvente
orgânico na fase aquosa, o que leva a formação de gotículas nanométricas de
óleo contendo fármaco encapsulado, cujo polímero insolúvel é depositado,
formando uma parede polimérica. Em seguida, o solvente orgânico é removido
sob rota-evaporação e a nanosuspensão é concentrada até o volume final
desejado. A origem do mecanismo de formação de nanocápsulas pode ser
explicada em termos da turbulência interfacial ou agitação espontânea da
interface entre as duas fases líquidas em desequilíbrio envolvendo fluxo,
difusão e processos de superfície. Assim, a rápida difusão do solvente orgânico
da fase orgânica para a fase aquosa leva à formação de nanogotículas de óleo,
como resultado da tensão interfacial diminuída, e à migração do polímero
insolúvel para a interface óleo-água onde é depositado, formando uma parede
polimérica (Fessi e col., 1989; Quintanar-Guerrero e col., 1998).
Embora a utilização das nanopartículas poliméricas seja muito comum
na encapsulação de várias classes de rmacos, esses sistemas apresentam
algumas limitações devido aos resíduos de solventes orgânicos necessários
para a solubilização dos materiais poliméricos, da citotoxicidade de alguns
polímeros e da dificuldade de transposição do processo de produção da escala
laboratorial para industrial. Nos últimos anos, o principal objetivo das pesquisas
em relação às cnicas de preparação de carreadores nanoestruturados de
fármacos, reside no desenvolvimento de sistemas estáveis e no emprego de
116
solventes ou excipientes aprovados para uso interno (Mehnert Mäder, 2001;
Heurtault e col., 2002). Nanopartículas lipídicas (NLS) foram propostas como
novos carreadores de fármacos hidrofóbicos nos últimos anos. Esses sistemas
são compostos por lipídios e uma combinação de tensoativos hidrofílicos ou
lipofílicos aprovados para uso interno pelo FDA. Algumas formulações incluem
a adição de fosfolipídios para aumentar a sua estabilidade. A lecitina, por
exemplo, atua como um “esqueleto” na estrutura da parede semi-sólida ao
redor do núcleo, conferindo grande estabilidade a esses sistemas (Anton e col.,
2008).
Nanocarreadores lipídicos e poliméricos foram preparados com o
objetivo de encapsular o diclofenaco para posterior investigação em modelo
articular inflamatório. Antes que o fármaco fosse encapsulado, a avaliação do
potencial pró-inflamatório dos nanocarreadores poliméricos e lipídicos foi
investigada no intuito de escolher entre eles, o sistema mais biocompatível com
o tecido articular. Para isto, nanocápsulas tendo PLA (N-PLA) ou PLA-PEG (N-
PLA-PEG) como componente da parede polimérica foram preparadas, assim
como nanopartículas lipídicas sólidas (NLS) a partir do Dynasan 116
®
. As
partículas foram caracterizadas logo após a preparação quanto ao tamanho de
partícula, índice de polidispersão e potencial zeta. A tabela 1 demonstra os
valores encontrados na caracterização dos nanocarreadores. Os baixos valores
de polidispersão indicam que as partículas formadas são monodispersas em
todas as formulações obtidas. N-PLA apresentaram maiores valores de
tamanho de partícula e potencial zeta quando comparado aos demais
carreadores.
117
Tabela 1. Valores de tamanho de partícula (nm), índice de polidispersão (i.p.) e
potencial zeta (mV) de nanopartículas poliméricas e lipídicas.
Tamanho (nm) i.p. Potencial Zeta (mV)
N-PLA 251 0,170 -33,2
N-PEG- PLA
169 0,120 -22,1
NLS 105 0,279 -13,0
Ameller e colaboradores (2003) relataram que a presença de cadeias de
polietilenoglicol, tende a reduzir levemente o diâmetro médio das
nanocápsulas, independente da natureza da cadeia do poliéster do copolímero.
Este efeito pode ser atribuído às propriedades anfifílicas do copolímero que
contribuem para a formação das nanocápsulas. Desta forma, pode-se explicar
a diminuição do tamanho de partícula nas nanocápsulas 20-100 nm em virtude
da técnica utilizada, uma vez que a alta força de cisalhamento obtida através
da agitação ultrassônica, contribui para a diminuição do tamanho do carreador.
A carga de superfície de sistemas nanoestruturados é estimada por
medidas de potencial zeta e não pode ser medida diretamente, mas após a
aplicação de um campo elétrico ao seu redor. As partículas movem-se na
presença do campo elétrico em direção ao eletrodo de carga oposta e, desta
forma, o potencial elétrico pode ser determinado pela medida da sua
velocidade de migração. O valor do potencial zeta é influenciado pela carga de
diferentes componentes da formulação e pela composição da fase dispersante.
Geralmente, nanopartículas de PLA apresentam carga superficial negativa. A
carga negativa está associada à presença de grupos carboxílicos terminais do
polímero, localizados na superfície e/ou presença de surfactantes adsorvidos
118
(Gref e col., 2000). Em contraste, a presença das cadeias de PEG reduziu o
potencial zeta e de modo geral, nanopartículas preparadas a partir do mPEG-
PLA apresentam valores de potencial zeta próximos ao zero, devido ao
mascaramento dos grupos carboxílicos terminais do PLA pelas cadeias de
PEG (Govender e col., 2000). Por outro lado, nanopartículas lipídicas
apresentaram baixos valores de potencial, provavelmente devido ao
mascaramento das cargas negativas da lecitina pelo surfactante poloxamer
188.
A Figura 7 apresenta os valores obtidos no teste de incapacitação
articular avaliado através da medida do tempo de elevação de pata (TEP), bem
como do aumento do diâmetro articular antes e após a injeção das
nanopartículas em articulações naïve.
Nenhuma incapacitação foi observada após injeção de N-PLA, N-PEG-
PLA ou NLS. Entretanto, N-PLA aumentou significativamente o diâmetro
articular quando comparado ao grupo controle (p<0,001). N-PLA também
produziu aumento na infiltração celular no líquido sinovial após 6 horas, quando
comparado ao grupo controle (p<0,001), com predominância da migração de
leucócitos PMN.
119
Figura 7. Efeito das nanopartículas na incapacitação, diâmetro articular e
contagem de leucócitos em articulações naive. N-PLA, N-PEG- PLA e NLS
foram injetadas na articulação tíbio-femural direita. Os animais controle
receberam PBS estéril. Incapacitação articular (A) e diâmetro articular (B)
foram tomados até a sexta hora e o leucograma do líquido sinovial foi realizado
após 6 horas (C). * e** e *** indicam diferença estatística do grupo controle
com p<0,05; 0,01 e 0,001, respectivamente (ANOVA de uma via seguida de
post-hoc Tukey). Todos os resultados foram expressos com M ± E.P.M. de seis
animais por grupo.
A Figura 8 apresenta os valores obtidos no teste de incapacitação
articular, avaliado através da medida do tempo de elevação de pata (TEP),
bem como do aumento do diâmetro articular antes e após a injeção de
nanopartículas em articulações pré-sensibilizadas com carragenina. O grupo
tratado com N-PLA apresentou aumento do tempo de elevação de pata (TEP)
quando comparado ao grupo controle (p<0,001). Em adição, N-PLA também
aumentou significativamente o diâmetro articular quando comparado ao grupo
PBS (p<0,001). Os demais carreadores também apresentaram aumento do
diâmetro, embora tenham atingidos valores menores do que N-PLA. N-PLA
120
produziu aumento na infiltração celular no líquido sinovial após 6 horas, quando
comparado ao grupo controle (p<0,001), com predominância da migração de
leucócitos PMN em relação aos MON. Embora N-PEG-PLA e NLS tenham
produzido aumento da migração de leucócitos para o líquido sinovial, os
valores não foram diferentes do grupo controle.
Figura 8. Efeito das nanopartículas na incapacitação, diâmetro articular e
contagem de leucócitos em articulações pré-sensibilizada com carragenina. N-
PLA, N-PEG- PLA e NLS foram injetadas na articulação tíbio-femural direita.
Os animais controle receberam PBS estéril. Incapacitação articular (A) e
diâmetro articular (B) foram tomados até a sexta hora e o leucograma do
líquido sinovial foi realizado após 6 horas (C). * e** e *** indicam diferença
estatística do grupo controle com p<0,05; 0,01 e 0,001, respectivamente
(ANOVA de uma via seguida de post-hoc Tukey). Todos os resultados foram
expressos com M ± E.P.M. de seis animais por grupo.
De acordo com os resultados obtidos no estudo in vivo, nanopartículas
preparadas a partir dos distintos materiais biodegradáveis podem desenvolver
diferentes graus de reação inflamatória após administração no tecido articular.
121
A reação inflamatória parece ser proporcional à alteração do tecido, uma vez
que articulações previamente estimuladas apresentaram maior grau pró-
inflamatório em relação aos animais não sensibilizados. Estímulos articulares
promovem o influxo de células inflamatórias do tipo polimorfo (PMN) e
mononucleares (MON), e embora células PMN apresentem um curto período
de vida, células MON permanecem no tecido por vários dias. Esta estimulação
prévia dramaticamente sensibiliza o tecido diante de um segundo estímulo com
a mesma ou outro tipo de substância, no caso, as nanopartículas. Diferentes
mecanismos podem estar envolvidos na sensibilização articular, e as lulas
MON remanescentes podem ser particularmente importantes (Tonussi e
Ferreira, 1992; Bressan, Cunha e Tonussi, 2006). A observação de que
nanopartículas produzem reações mais intensas em condições pós-inflamatória
é particularmente relevante sobre os testes feitos em tecido naïve, quando o
objetivo é o uso terapêutico destas preparações.
Os efeitos toxicológicos dos sistemas nanoestruturados dependem do
tamanho, da carga superficial, forma, composição química e da área
superficial. Enquanto o tamanho de partícula influencia na interação dos
carreadores com os sistemas biológicos, incluindo adsorção, metabolismo e
excreção, características superficiais afetam a captura e translocação pelo
organismo (Jiang, Oberdorster e Biswas, 2009). Nanopartículas de PLGA e
PLA ativam lulas do sistema imune (atividade adjuvante) e podem produzir
aumento da resposta inflamatória. Nanopartículas poliméricas constituídas de
materiais hidrofóbicos são rapidamente removidas da circulação sanguínea por
processo de fagocitose uma vez que a opsonização pode ser aumentada
(Mosqueira e col., 1999). É importante ressaltar, que em virtude de a superfície
122
protéica ser heterogênea e expor grupos carregados positiva ou
negativamente, com ligações de hidrogênio e regiões não-polares, é
convincente de que não somente interações hidrofóbicas, mas também iônicas,
acontecem na adsorção de proteínas, direcionando a captura por lulas
imunes. Concernente aos sistemas nanoestruturados empregados neste
estudo, N-PEG-PLA apresentaram menor potencial zeta. Devido à flexibilidade
de cadeia e neutralidade elétrica das cadeias de PEG, é proposto que
moléculas do co-polímero formam uma “nuvem” molecular sobre a superfície
da partícula, produzindo um efeito repulsivo que é energeticamente
desfavorável à adsorção de proteínas (Gref e col., 2000; Gref e col., 1995).
Estas diferenças nas propriedades superficiais podem explicar porque N-PEG-
PLA produzem menor grau inflamatório do que N-PLA no tecido articular. Em
relação ao tamanho do nanocarreador, estudos demonstram a influência na
captura por macrófagos e conseqüentemente no aumento da resposta
inflamatória. Entretanto, diante dos resultados obtidos neste estudo, o tamanho
não parece ser o principal fator pelo qual a resposta pró-inflamatória é
produzida, uma vez que os valores não são tão diferentes entre si. Uma
extensão interessante deste estudo pode avaliar outros tamanhos de partícula
para cada tipo de material, embora esta variável não possa ser isolada da
alteração da composição química dos componentes da formulação.
Nos últimos anos, nanopartículas lipídicas sólidas (NLS) m sido
desenvolvidas com alta capacidade de associação dos fármacos e rápida
degradação quando comparadas aos carreadores lipídicos. Estes sistemas
combinam as vantagens dos lipossomas relacionado ao uso de compostos
biocompatíveis na preparação com maior estabilidade in vivo do que sistemas
123
poliméricos. Entretanto, alguns estudos têm mostrado que o uso de compostos
lipídicos compatíveis, não garantem uma baixa resposta imune. Porém,
diferenças na captura fagocítica de NLS em relação às NLS pegladas após
incubação de macrófagos murinos J774 A12 com estas partículas, foram
demonstradas em estudo realizado por Bocca e colaboradores, (1998).
Os lipídios mais freqüentemente usados para preparar NLS são ésteres
de triglicerídeos, que não dispõem de grupos ionizáveis em sua estrutura.
Portanto, a carga negativa de NLS pode ser atribuída à presença de lecitina
usada como estabilizante hidrofóbico nas preparações. Por outro lado,
nanopartículas lipídicas apresentaram baixos valores de potencial, devido ao
fato de que a estabilização do surfactante não-iônico hidrofílico, poloxamer 188,
pôde mascarar as cargas negativas da lecitina. Estas propriedades superficiais
foram provavelmente responsáveis por prevenirem a captura de NLS por
macrófagos, e conseqüentemente a resposta inflamatória. É importante
ressaltar que a injeção de nanopartículas em articulações naïve ou pré-
sensibilizada não produziram evidentes sinais inflamatórios. O baixo potencial
pró-inflamatório das NLS estabilizadas com poloxamer em articulações pré-
sensibilizadas é uma observação particularmente importante, uma vez que os
sistemas se destinam a articulações inflamadas, como em situações clínicas.
Em adição, NLS podem apresentar vantagens sobre as partículas poliméricas
quando se almeja uma aplicação tópica, uma vez que nanocarreadores
lipídicos podem aumentar a penetração cutânea (Schäfer-Korting, Mehnert e
Korting, 2007) e foram escolhidos para continuação dos estudos envolvendo a
encapsulação do diclofenaco, bem como da atividade antiinflamatória articular.
124
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES
O presente estudo demonstrou que sistemas nanoestruturados
preparados a partir de diferentes materiais biodegradáveis podem produzir
diferentes graus de reação inflamatória no tecido articular. Esta reação parece
ser dependente não somente da alteração tecidual após sensibilização quando
comparado a articulações naïve, mas também demonstra influência das
características superficiais afetadas pela composição química dos materiais
usados. Em adição, uma única injeção nanopartículas lipídicas estabilizadas
com poloxamer 188 ou nanocarreadores peglados, não causaram inflamação
articular. Estes resultados podem oferecer vantagens no tratamento da artrite,
através da injeção intra-articular, terapia de pulso e aplicações tópicas de
fármacos antiinflamatórios encapsulados por estes carreadores.
Finalmente, nanopartículas lipídicas sólidas foram escolhidas como
potenciais carreadores na entrega de fármacos à articulação devido ao baixo
potencial pró-inflamatório, bem como pelas vantagens relacionadas à aplicação
tópica, e serão utilizadas no estudo de desenvolvimento de nanocarreadores
lipídicos contendo diclofenaco, como também na avaliação da atividade
antiinflamatória em modelos animais.
125
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128
CAPÍTULO 3:
DESENVOLVIMENTO DE NANOCARREADORES LIPÍDICOS
CONTENDO DICLOFENACO
129
O emprego de materiais lipídicos na elaboração de sistemas carreadores
de fármacos tem emergido nas últimas décadas e apresentado resultados
promissores na aplicação tópica e local em diversos processos patológicos bem
como no uso cosmético. Nanopartículas lipídicas lidas são preparadas a partir
de lipídios, tais como triglicerídeos altamente purificados ou misturas de
glicerídeos, que se apresentam no estado sólido em temperatura ambiente e
corporal. As NLS combinam as vantagens tais como boa estabilidade física,
capacidade de transporte de fármacos lipofílicos, proteção de fármaco frente à
degradação, biocompatibilidade, além da facilidade de preparação e
escalonamento.
De acordo com os resultados obtidos no estudo do potencial pró-
inflamatório articular de nanopartículas discutido anteriormente, nanocarreadores
lipídicos foram escolhidos para dar continuidade aos estudos de encapsulação do
diclofenaco devido à baixa resposta inflamatória observada, bem como pela
potencialidade do emprego destes carreadores na aplicação cutânea em modelo
de doença inflamatória crônica. Neste contexto, foram desenvolvidos dois tipos de
nanoestruturas, nanopartículas lipídicas sólidas (NLS) e nanoemulsões (NE) para
administração intra-articular. Os estudos de formulação estão em fase de depósito
de patente sob orientação do Departamento de Propriedade Intelectual
(DPI/UFSC).
130
METODOLOGIA
3.1. Obtenção do diclofenaco na forma de ácido livre (DF)
No intuito de tornar o diclofenaco de sódio mais hidrofóbico e aumentar a
encapsulação nos carreadores lipídicos, o derivado ácido do sal sódico foi
obtido. Uma solução aquosa de diclofenaco de sódio (Galena, São Paulo) foi
acidificada a pH 4,0 utilizando-se quantidade suficiente de solução de ácido
acético a 10%. A substância ativa na forma ácida foi obtida através de três
extrações consecutivas com clorofórmio. A fase clorofórmica foi filtrada sob
sulfato de sódio anidro e evaporada em evaporador rotatório até eliminação do
solvente. O produto obtido foi mantido em dessecador, durante 24 horas e
caracterizado por ressonância magnética nuclear (RMN), ponto de fusão e
análise elementar (Guterres e col., 1995).
3.2. Desenvolvimento de Nanopartículas Lipídicas Sólidas (NLS) e
Nanoemulsões (NE)
3.2.1. Estudo das condições de preparação de NLS
3.2.1.1. Determinação da concentração de tensoativo na preparação das
nanopartículas lipídicas sólidas (NLS)
Nanopartículas lipídicas sólidas foram preparadas pela técnica de
homogeneização a quente por ultrassom (Saupe e col., 2005). As
nanopartículas foram produzidas a partir de um lipídio sólido à temperatura
ambiente e estabilizadas por surfactantes em ambas as fases da emulsão. Em
balão volumétrico, foram adicionados 2,5 gramas do lipídio Dynasan 114
®
131
(2,5% p/V) (Condea - Witten, Alemanha), 500 mg de lecitina de soja (Lipoid
S75, 0,5% p/V) e o volume completado com diclorometano para 100 ml. Esta
mistura foi colocada em banho de ultrassom até completa dissolução. Em um
balão de fundo redondo, foram adicionados 2,0 ml da solução de lipídio/lecitina,
totalizando 100 mg de lipídio. O diclorometano foi removido por evaporação à
pressão reduzida a 60°C. Em seguida, a mistura sóli da foi fundida a 70ºC em
banho-maria. A fase aquosa no volume de 20 ml contendo diferentes
concentrações do tensoativo Pluronic F68 (0,5%), taurocolato de dio (0,05;
0,1; 0,2 e 0,5%) (p/V), foi preparada em erlenmeyer com tampa, aquecida a
70ºC e posteriormente adicionada à fase orgânica. A pré-emulsão foi sonicada
com o auxílio de uma ponta de ultrassom durante cinco minutos a 20 W. A
suspensão de nanopartículas foi transferida para um béquer de 50 ml, resfriada
à temperatura ambiente com o auxílio de um agitador magnético. Após 24
horas, a suspensão foi centrifugada a 5000 rpm durante 20 min e o volume
reduzido a 10 ml sob rota-evaporação (Figura 1). As formulações obtidas foram
armazenadas em geladeira ao abrigo da luz. As partículas obtidas foram
caracterizadas quanto ao tamanho, índice de polidispersão e potencial zeta.
132
Lecitina S75
®
Dynasan
®
Diclorometano
Rota-evaporação
60°C
Fase orgânica
Tensoativo
+
Água
Fase aquosa
Aquecimento a
70°C e mistura de
ambas as fases
Sonicação
Rota-evaporação
Nanopart
ículas
Lipídicas
Sólidas
Figura 1. Esquema de preparação das Nanopartículas Lipídicas Sólidas.
3.2.1.2. Determinação da proporção lipídio/óleo na preparação de
Nanopartículas Lipídicas Sólidas (NLS) contendo diclofenaco ácido
Um segundo estudo de formulação foi realizado no intuito de aumentar a
incorporação de diclofenaco às NLS. Para isto, diferentes proporções de óleo
de cino (OR) (Sigma-Aldrich, Alemanha) foram acrescentadas diretamente à
mistura do lipídio sólido Dynasan 114
®
(Dy:OR 100:0; 80:20; 50:50) até obter-
se 100% de óleo na fase orgânica, o que deu origem a outro tipo de
nanoestrutura denominada de nanoemulsão. As partículas foram preparadas
com pequenas modificações da metodologia descrita em 3.2.1.1. (Figura 2).
Uma alíquota de 1 ml de uma solução de diclofenaco em diclorometano
(5mg/ml) foi adicionada na mistura de lecitina, Dynasan 114
®
e óleo de rícino
quando adicionado. Taurocolato de sódio (Sigma-Aldrich, Estados Unidos) foi o
tensoativo adicionado à fase aquosa na concentração de 0,05% (p/V). As
133
Rota
-
evaporação
Fase org
â
nica
Taurocolato de sódio
+
Água
Fase aquosa
A
quecimento
a
70°C e mistura de
ambas as fases
Sonica
ção
Rota
-
evaporação
Nanopartículas
Lipídicas Sólidas
Diclofenaco
Lecitina S75
®
Dynasan
®
Óleo de Rícino
Diclorometano
partículas foram caracterizadas quanto ao tamanho, potencial zeta, eficiência
de encapsulação, teor de fármaco e rendimento.
Figura 2. Esquema de preparação das Nanopartículas Lipídicas Sólidas.
3.2.2. Estudo das condições de preparação de Nanoemulsões (NE)
contendo diclofenaco
De acordo com o aumento obtido na incorporação do diclofenaco nas
preparações através da adição do óleo de rícino, um estudo de pré-formulação
foi empregado para aumentar a concentração de diclofenaco nas
nanoemulsões. As formulações foram preparadas pela técnica de difusão do
solvente a quente. Primeiramente, uma solução de lecitina de soja (Lipoid S75)
a 20 mg/ml foi preparada em balão volumétrico de 100 ml cujo volume foi
completado com uma mistura de acetona:etanol (60:40) e aquecida para
completa dissolução. Uma solução do fármaco diluída em acetona:etanol
(60:40) em diferentes concentrações (2,5; 5,0; 10,0 e 15,0 mg/ml) também foi
134
Fase orgânica
Taurocolato de sódio
+
Água
Fase aquosa
A
quecimento
a
70
°
C
e
Mistura ambas as fases
Agitação
magnética
Rota
-
evaporação
Nanoemulsão
Diclofenaco
Lecitina S75
®
Óleo de Rícino
Acetona:Etanol (60:40)
preparada e adicionada às preparações. Em seguida, em erlenmeyer com
tampa foram adicionados 0,5 ml da solução de lecitina, 1,0 ml da solução de
fármaco e 3,5 ml da mistura acetona:etanol (60:40). Esta solução foi aquecida
a 70ºC em banho-maria. Posteriormente, com o auxílio de uma pipeta pasteur,
a fase orgânica aquecida foi adicionada a 50 ml de fase aquosa contendo
taurocolato 0,05% (p/V) à mesma temperatura e sob agitação magnética
moderada. A emulsão formada foi mantida sob agitação até resfriamento
(Figura 3). Após 24 horas, o volume da preparação foi reduzido a 20 ml e em
seguida a emulsão foi filtrada em papel filtro 0,28 µm e armazenada em
geladeira ao abrigo da luz. As partículas foram igualmente caracterizadas
quanto ao teor de fármaco, rendimento e potencial zeta.
Figura 3. Esquema de preparação de Nanoemulsões.
135
3.3. Determinação do tamanho de partícula, índice de polidispersão e
potencial zeta de NLS e NE
O diâmetro médio e o potencial zeta dos nanocarreadores lipídicos
foram determinados por espectroscopia de correlação fotônica e por
anemometria laser Doppler, respectivamente, em um equipamento
Nanozetasizer (Malvern Instruments, Reino Unido). Para todas as medidas, as
amostras foram diluídas com água destilada filtrada até concentração
adequada. As análises de tamanho foram realizadas em 120 s a 25º C, usando
um ângulo de detecção de 173º. Para as medidas de potencial zeta, as
amostras foram colocadas em uma lula eletroforética, e um potencial de 150
mV foi estabelecido. O potencial zeta foi calculado a partir da medida de
mobilidade eletroforética, empregando a equação de Smoluchowski.
3.4. Determinação da eficiência de encapsulação e teor de diclofenaco
nas suspensões por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE)
3.4.1. Condições Cromatográficas
As análises foram realizadas em cromatógrafo líquido de alta eficiência
Shimadzu Prominence, equipado com duas bombas LC-20AD; desgaseificador
on line (DGU-20A3); um detector UV/Vis photodiode array (SPD-M20A); auto-
injetor (SIL-20A); um controlador em módulo BUS (CBM 20A) e software
Solution (versão 3.40.299) para aquisição e processamento (Schimadzu Co.,
Kyoto, Japão). A separação cromatográfica foi realizada em coluna analítica
Econosphere (RP-18, 150 mm x 4,6 mm) contendo partículas de 5 µm de
tamanho protegida por um guarda-coluna (20 x 2mm) empacotada com
136
partículas de octadecilsilano (Altech Co., Milwaukee, EUA). A fase móvel foi
composta de uma mistura de acetonitrila e água acidificada a pH 4,0 (ácido
acético, 40%), e eluída de modo isocrático num fluxo de 1 mL/min. As amostras
foram injetadas automaticamente, num volume de 10 µl à temperatura
ambiente (25°C) e a detecção foi alcançada a 276 nm .
3.4.2. Validação do método de doseamento do diclofenaco por CLAE
3.4.2.1. Linearidade
A linearidade foi avaliada no alcance de 1,0-25,0 µg/ml. Para isto, 100
mg de diclofenaco foram exatamente pesados, transferidos para balão
volumétrico de 100 ml e dissolvidos em uma mistura de acetonitrila:água (pH
4.0, ácido acético 40%) (50:50). Uma alíquota de 1,0 ml desta solução foi
retirada e dissolvida em 10 ml do mesmo solvente. A partir desta solução,
foram preparadas soluções padrão nas concentrações de 1,0; 2,5; 5,0; 10,0;
25,0 e 50,0 µg/ml. As soluções foram analisadas por CLAE e as áreas dos
picos referentes a cada concentração foram plotadas em gráfico de
concentração versus absorção. A equação da reta e o coeficiente de correlação
foram calculados pela análise de regressão linear. A linearidade foi expressa
através do coeficiente de correlação cujo valor deve ser > 0,9990.
3.4.2.2. Especificidade
Formulações sem diclofenaco de NLS e NE foram utilizadas para
avaliação da especificidade. Uma alíquota de 0,5 ml das suspensões foi
transferida para tubo de ensaio contendo 9,5 ml de metanol. Em seguida, a
137
mistura foi sonicada em banho de ultrassom por 15 minutos e posteriormente
centrifugada a 4000 rpm durante 20 minutos. As amostras foram filtradas em
membrana de filtração 0,45 µm e analisadas por CLAE em triplicata conforme
descrito anteriormente. Este teste foi realizado no intuito de investigar a
interferência dos excipientes na seletividade de separação do diclofenaco.
3.4.2.3. Precisão
A precisão intra-dia (repetibilidade) e precisão inter-dia (precisão
intermediária) foram avaliadas através da análise cromatográfica de seis
amostras de NLS e NE brancas (sem fármaco) batizadas com padrão de 7,5
µg/ml de diclofenaco, analisadas durante o mesmo dia e em três dias sobre as
mesmas condições. A precisão foi expressa através do desvio padrão relativo
(DPR) cujos valores devem estar abaixo de 2%.
3.4.2.4. Exatidão
A exatidão foi calculada através do teste de recuperação. NLS e NE sem
fármaco foram batizadas com diferentes concentrações conhecidas de
diclofenaco (baixa, média e alta), correspondendo a 5,0; 7,5 e 10,0 µg/ml do
fármaco, respectivamente. A recuperação dos padrões adicionados foi
determinada em triplicata e calculada pela fórmula: R%= (S
N
B
N
/ S
s
) x 100,
onde R é a recuperação, S
N
é a NLS ou NE, B
N
é o placebo de NLS ou NE, e
S
s
é a solução padrão.
138
3.4.2.5. Limite de detecção (LOD) e limite de quantificação (LOQ)
O LOD e LOQ foram determinados usando a curva de calibração. Estes
parâmetros foram calculados como 3.3 σ S
-1
e 10 σ S
-1
, respectivamente, onde
S é o slope da curva de calibração e σ é o desvio padrão do intercepto-y da
equação de regressão linear.
3.4.2.6. Determinação da Eficiência de Encapsulação e Teor de fármaco
A concentração de diclofenaco foi determinada após completa
dissolução das nanopartículas (NLS ou NE) em metanol (concentração total) e
no ultrafiltrado (NLS) obtido após separação das partículas por
ultrafiltração/centrifugação, empregando-se unidades Ultrafree-MC 100.000 Da
(Millipore, Estados Unidos) (concentração no filtrado), a 10.000 rpm por 20
minutos. Para determinação da concentração total, uma alíquota de 0,5 ml das
suspensões (NLS e NE) foi transferida para tubo de ensaio contendo 9,5 ml de
metanol. A mistura foi sonicada me banho de ultrassom por 15 minutos e
centrifugada a 4000 rpm por 20 minutos. Posteriormente, as soluções foram
filtradas em membrana de filtração 0,45 µm e injetadas no cromatógrafo. As
amostras foram analisadas empregando-se uma solução do fármaco na
concentração de 25 µg/ml como padrão externo. A eficiência de encapsulação
(%) foi estimada como sendo a diferença percentual entre a quantidade de
fármaco presente na suspensão, após dissolução das partículas em metanol, e
aquela encontrada no filtrado pelo processo de ultrafiltração/centrifugação. O
teor foi determinado em µg/ml. A eficiência de encapsulação foi calculada
apenas pra NLS e o teor de fármaco para ambas as formulações.
139
3.5. Estudo de estabilidade de nanopartículas lipídicas sólidas e
nanoemulsões
No intuito de avaliar a estabilidade das preparações em função da
temperatura de estocagem, NLS e NE sem ou contendo diclofenaco (5,0 mg)
foram armazenadas à 4°C ou a 25°C, protegidas ao a brigo da luz. Medidas de
tamanho de partícula, índice de polidispersão e potencial zeta foram realizados
em aparelho Nanozetasizer através da diluição das suspensões (10x) em água
milli-Q a 25 °C. Nos mesmos tempos pré-determinados , logo após o preparo,
15, 30 e 60 dias, medidas de pH foram tomadas, bem como determinadas a
eficiência de encapsulação e teor de fármaco através da análise por CLAE.
140
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nanopartículas lipídicas sólidas têm sido usadas como sistemas
carreadores de fármacos pela boa estabilidade, liberação sustentada e pela
alta biocompatibilidade e permeabilidade principalmente em tecidos cutâneos.
Várias técnicas de preparação têm sido desenvolvidas na última década
incluindo a homogeneização à alta pressão, homogeneização a quente (Saupe
e col., 2005), técnicas de microemulsão (Gasco, 1993), e métodos
emulsificação/evaporação do solvente (Siekmann e Westesen, 1995). A difusão
do solvente é outra técnica que recentemente tem sido reportada na literatura
(Hu, Jiang e Du, 2005).
Na seleção dos tensoativos a serem utilizados no desenvolvimento de
NLS, deve-se levar em consideração a via de administração do produto final e
as características dos rmacos a serem utilizados. Os tensoativos mais
empregados para via parenteral são os fosfolipídios, os sais biliares, o
Cremophor
®
e o Tween 80, geralmente encontrados em altas concentrações. O
uso de um só emulsificante dá origem a emulsões grosseiras do tipo óleo/água,
com alta velocidade de coalescência na maioria dos casos, e pelo contrário, a
mistura de dois ou três surfactantes produz um efeito sinergista que facilita a
formação de uma película interfacial com maior cobertura superficial e maior
viscosidade, dificultando a agregação das partículas através da estabilização
da emulsão ao diminuir a velocidade de coalescência (Wang e col., 2007).
Os tensoativos reduzem a tensão superficial e facilitam a fragmentação
das gotas oleosas durante a homogeneização. O emulsificante ou mistura de
emulsificantes deve apresentar afinidade pelas gotas do lipídio fundido, assim
141
como pela superfície das nanopartículas sólidas. O aumento da concentração
do tensoativo pode alterar a capacidade de associação do fármaco às NLS
devido a seu efeito no coeficiente de partição. A adição dos emulsificantes na
fase oleosa e aquosa ainda pode refletir diretamente na distribuição do fármaco
no carreador, afetar o tamanho de partícula, modificar a fluidez da fase lipídica
e desta forma ter um impacto no desenvolvimento do processo (El-Harati,
Charcosset e Fessi, 2006).
Os tensoativos não-poliméricos e não-iônicos são mais facilmente
adsorvidos na superfície oleosa do que os estabilizantes poliméricos sintéticos
como o álcool polivinílico (PVA), o poloxamer 188, e outros de mesmo tamanho
de cadeia, altamente efetivos no tamanho de partícula, ainda que com utilidade
limitada em termos coalescência. Por outro lado, a repulsão eletrostática das
cargas dos tensoativos e a maior concentração dos estabilizantes estéricos
provocam o aumento da velocidade de cristalização do lipídio. Desta forma, o
uso combinado de surfactantes aumenta a estabilidade das NLS bem como
reduz o índice de polidispersão da preparação (Garzón e Fernández, 2009).
NLS foram preparadas através da técnica de homogeneização a quente
com auxílio de ponta de ultrassom. Um estudo inicial foi realizado com o
objetivo de avaliar o efeito da concentração de tensoativo sobre as
características de tamanho de partícula, índice de polidispersão e potencial
zeta. Os valores encontram-se plotados na Figura 4.
142
Figura 4. Valores de tamanho de partícula, índice de polidispersão e potencial
zeta de NLS. As partículas estão identificadas como P 0,5% poloxamer 188, T
0,05; 0,1; 0,2 e 0,5% de taurocolato de sódio. (A) Tamanho de partícula (nm). *
representa diferença mínima estatística entre as partículas de poloxamer 188 e
as partículas de taurocolato em todas as concentrações, bem como a diferença
mínima estatística entre as partículas de taurocolato de 0,05% e as demais
concentrações. Não houve diferença no tamanho das partículas de poloxamer
188 e as partículas de taurocolato 0,05% (p<0,05). Todos os resultados foram
expressos como média ± S.D. (ANOVA de uma via seguida de post hoc de
Tukey). (B) Índice de polidispersão (i.p.) de NLS. Não houve diferença no
índice de polidispersão entre as partículas de poloxamer 188 e as partículas de
taurocolato. (C) Valores de potencial zeta (mV). * representa diferença mínima
estatística entre as partículas de poloxamer 188 e as partículas de taurocolato
em todas as concentrações. Todos os resultados foram expressos como média
± S.D. (ANOVA de uma via seguida de post hoc de Tukey). n=2
Tamanho, distribuição do tamanho de partícula e estabilidade são
parâmetros importantes a serem considerados na escolha do carreador,
principalmente no intuito de atingir a segurança de uso da via pela qual se
deseja administrar o fármaco (Attama, Reichl e Müller-Goymann, 2008).
Durante o processo de produção muitos parâmetros influenciam as
propriedades físico-químicas das NLS envolvendo desde a constituição das
fases aquosa ou oleosa, a mesmo o tipo de solvente e a força de
cisalhamento aplicada através de equipamentos específicos. Estudos têm
P 0
,
5%
T
0,
05%
T 0
,1%
T 0,2%
T 0,5
%
0
100
200
300
400
*
*
A)
Tamanho de partícula (nm)
P 0
,
5%
T
0,05%
T 0
,1%
T 0,2%
T 0,5
%
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
*
*
B)
Índice de Polidispersão
-
80
-
60
-40
-
20
0
P 0,5%
T 0,05%
T 0,1%
T 0,2%
T 0,5%
*
*
C)
Potencial Zeta (mV)
143
indicado que o tipo de surfactante, bem como a concentração do mesmo,
afetam o diâmetro médio no momento da formação do carreador. Outros
fatores como a concentração de lipídio na fase interna, potência e tempo de
sonicação, velocidade de agitação e temperatura, podem interferir no tamanho
(Zhang, Fan e Smith, 2009). Neste estudo tanto a concentração lipídica quanto
as condições de sonicação e temperatura foram invariáveis. As medidas de
tamanho de partícula e índice de polidispersão foram realizadas logo após
duas semanas de preparo.
O tamanho médio das NLS variou entre 140-300 nm, e o índice de
polidispersão variou entre 0,2 e 0,35. Partículas de poloxamer 188 (0,5%) e
taurocolato 0,05% apresentaram menores tamanhos quando comparadas às
NLS nas concentrações maiores de taurocolato (p < 0,05). Não houve
diferença entre as preparações de poloxamer 118 (0,5%) e taurocolato (0,5%).
A presença de surfactantes reduz a tensão superficial entre o lipídio e a água e
facilita a formação de partículas sólidas durante a fase de resfriamento da
preparação. De acordo com a literatura, NLS produzidas com surfactantes não-
iônicos apresentam tamanhos menores do que aquelas preparadas a partir de
tensoativos iônicos ou anfotéricos (Zhang, Fan e Smith, 2009).
Semelhantemente, em nosso estudo, partículas de poloxamer 188
apresentaram tamanhos menores do que NLS preparadas com taurocolato de
sódio, um surfactante iônico. Altas concentrações de taurocolato de sódio
produziram partículas de maior tamanho que não variou à medida que o
surfactante foi adicionado às preparações, exceto para as formulações
contendo 0,5% do surfactante. Provavelmente a maior adsorção do tensoativo
iônico na superfície das partículas lipídicas devido às altas concentrações de
1
44
taurocolato utilizadas, resultou na formação de uma barreira estérica
importante na estabilidade da preparação e que impactou o tamanho de
partícula (Garzón e Fernández, 2009). Por outro lado, partículas de diâmetros
menores necessitam de uma alta energia superficial e conseqüentemente de
maior atividade termodinâmica resultando em menor estabilidade da
preparação. Em relação ao índice de polidispersão não houve diferença
mínima significativa entre as formulações testadas, e os valores encontrados
estão dentro dos limites aceitáveis para uma distribuição monomodal com
homogênea distribuição do tamanho de partícula (Zhang, Fan e Smith, 2009).
A carga superficial de nanopartículas é determinante na estabilidade
física e na reologia das dispersões aquosas de NLS. Neste caso, o potencial
zeta depende da conFiguração molecular que os diferentes lipídios adquirem
na camada externa das partículas, e de sua interação com os tensoativos. A
incorporação do fármaco em uma formulação onde a proporção do tensoativo é
insuficiente para estabilizar a carga da superfície das partículas pode-se
diminuir a estabilidade física dos carreadores a longo prazo (Schwarz e
Mehnert, 1999). Como exemplo, dispersões de NLS obtidas a partir de
diferentes matrizes lipídicas (Dynasan 112
®
, Witepsol H5
®
e Compritol 888
ATO
®
) e estabilizadas com lecitina de soja (Lipoid S75
®
) apresentam um
potencial zeta entre - 40 a - 50 mV, indicativo de alta estabilidade.
O potencial zeta foi negativo em todas as preparações e variou entre -
57,8 e -12,8 mV. No caso da NLS preparadas a partir do surfactante iônico, a
carga superficial apresentou valores maiores provenientes da interação e
distribuição do tensoativo na superfície das partículas, não tendo sido
145
observado diferenças no potencial zeta em função da concentração de
taurocolato testada (p<0,05). Em adição, a presença de poloxamer na
superfície das nanopartículas lipídicas pôde ter mascarado as cargas negativas
da lecitina e aumentado o valor em módulo da carga superficial. NLS
preparadas a partir de taurocolato apresentaram tamanho de partícula e índice
de polidispersão aceitáveis, além de que os altos valores de potencial zeta
sugerem alta estabilidade dos nanocarreadores em relação aos fenômenos
superficiais de coalescência e agregação. Desta forma, a concentração de
0,05% foi escolhida como ideal para o estudo da encapsulação do diclofenaco
a partir destes carreadores.
Após a preparação de nanopartículas lipídicas produzidas unicamente
com lipídios sólidos, pelo menos uma parte das partículas cristaliza-se em uma
modificação estrutural de energia mais elevada (α ou β´). Durante a
estocagem, a forma β, uma forma mais estável do lipídio pode ser obtida.
Devido a este alto grau de organização, o número de imperfeições na estrutura
do cristal é obtido levando a expulsão do fármaco (Pardeike, Hommos e Müller,
2009). Diante deste problema, uma segunda geração de nanopartículas
lipídicas foi desenvolvida, cuja preparação envolve a adição de um lipídio
líquido à matriz sólida. Devido à presença do óleo na mistura, uma diminuição
do ponto de fusão é observada quando comparado ao lipídio sólido, porém, as
partículas ainda continuam lidas à temperatura ambiente (Müller e Olbrich,
2000). Esta nova geração de nanopartículas lipídicas também é conhecida
como carreadores lipídicos nanoestruturados (nanostructured lipid carriers)
(Pardeike, Hommoss e Müller, 2009). Por apresentarem uma menor
organização da matriz lipídica, uma maior concentração de fármaco pode ser
146
associada ao sistema. Em geral, o fármaco pode se localizar entre as cadeias
de ácidos graxos, entre as camadas de lipídio e/ou nas imperfeições da matriz
lipídica (ex. agregados amorfos de fármacos).
Assim, com o intuito de aumentar a concentração de diclofenaco nas
nanopartículas, um segundo estudo de formulação foi efetuado através da
adição de óleo de rícino à fase interna. As partículas foram preparadas como
descrito anteriormente, alterando-se apenas a proporção lipídio:óleo de rícino
(100:0; 80:20: 50:50; 0:100). Todas as preparações foram acrescidas de uma
mesma quantidade inicial de diclofenaco ácido (5mg), mantendo-se a
concentração de taurocolato de 0,05% na fase aquosa. Os valores
encontrados para teor de fármaco, eficiência de encapsulação, tamanho de
partícula, taxa de recuperação e potencial zeta, encontram-se demonstrados
na Figura 5. O teor de fármaco aumentou cerca de cinco vezes quando 100%
de óleo de rícino foram adicionados à preparação (p < 0,01), dando origem a
um novo tipo de sistema nanoestruturado denominado nanoemulsão (NE). As
nanoemulsões são sistemas dispersos formados por uma fase oleosa e aquosa
estabilizadas por surfactantes e apresentam grandes aplicações principalmente
na administração de fármacos pela pele (Guglielmini, 2008). Nas demais
proporções não houve aumento significativo no teor de diclofenaco (Figura
5(A)), embora haja uma leve tendência no aumento do teor das preparações
cuja proporção de óleo foi de 50%. A eficiência de encapsulação apresentou
valores próximos de 100% e não foi alterada com a adição de óleo de cino
(Figura 5(B)). O rendimento das preparações demonstrado pela taxa de
recuperação, ou seja, a relação entre a quantidade inicial adicionada e a
encontrada experimentalmente, apresentou aumento significativo quando 100%
147
de óleo foram adicionados (p < 0,01) (Figura 5(D)). Este aumento no
rendimento pode estar associado ao aumento da solubilidade do diclofenaco
nas gotículas do óleo. O tamanho de partícula apresentou valores dentro da
faixa de 200 nm e não sofreu alteração com a adição do lipídio líquido (Figura
5(C)). O potencial zeta também não sofreu alteração significativa em todas as
formulações testadas, e apresentou valores próximos a - 60 mV, o que indica a
formação de partículas altamente estáveis (Figura 5(E)).
Figura 5. (A) Valores de teor de fármaco (µg/ml); (B) eficiência de
encapsulação (%); (C) tamanho de partícula (nm); (D) taxa de recuperação (%)
e (E) potencial zeta (mV) obtido para as formulações de NLS. ** representa a
diferença estatística em relação à NE (Dy:OR 0:100) e as demais preparações
(p
<
0.01). Todos os resultados foram expressos como média ± S.D. (ANOVA de
uma via seguida de post hoc de Tukey). n=2
**
**
148
Em virtude do aumento do teor de fármaco encontrado nas
nanoemulsões, um estudo de formulação foi realizado utilizando diferentes
quantidades iniciais de diclofenaco dissolvido na fase orgânica. Este estudo
também teve como objetivo otimizar a taxa de recuperação do diclofenaco nas
nanoemulsões. Para isto, as partículas foram preparadas pela técnica de
emulsificação/evaporação do solvente a quente (Siekmann e Westesen, 1995).
A Figura 6 apresenta os resultados encontrados no estudo de
formulação das nanoemulsões preparadas pela técnica de
emulsificação/evaporação do solvente a quente. Conforme pode ser
observado, os valores de teor de fármaco variaram entre 100 e 350 µg/ml e a
taxa de recuperação variou entre 40 e 90%. O teor de diclofenaco aumentou à
medida que mais fármaco foi adicionado à preparação. Entretanto, a taxa de
recuperação diminui com o aumento da quantidade de diclofenaco adicionado.
Estes resultados indicam que possivelmente, a saturação do carreador é
alcançada rapidamente e acima de 2,5 mg, a fração excedente de fármaco
precipita E pode ter sido eliminada por filtração. Entretanto, mesmo com esta
perda de fármaco, a concentração de diclofenaco pareceu aumentar, mesmo
após a saturação do vetor. Acima de 10 mg de diclofenaco, uma redução
significativa da recuperação foi observada. Na Figura 6(C), encontram-se
plotados os valores de tamanho de partícula que aumentou significativamente
quando quantidades maiores de diclofenaco foram adicionadas à preparação.
Todas as preparações apresentaram potencial zeta próximo a - 60 mv (dados
não mostrados), indicando alta estabilidade das preparações.
De acordo com os resultados obtidos nos estudos de pré-formulação,
nanopartículas sólidas lipídicas, modificadas pela adição de 50% de óleo,
149
apresentaram ótimos valores de eficiência de encapsulação, teor de fármaco,
tamanho de partícula e potencial zeta quando 5 mg de diclofenaco foram
adicionado à fase interna. Embora quantidades iniciais de diclofenaco acima de
5 mg apresentaram maior teor de fármaco para as nanoemulsões, a taxa de
recuperação decaiu significativamente e partículas maiores foram obtidas.
Desta forma, nanoemulsões contendo 5 mg de diclofenaco também foram
escolhidas para dar continuidade aos estudos de avaliação do potencial pró-
inflamatório de nanocarreadores lipídicos.
Figura 6. Valores de teor de fármaco, tamanho de partícula e taxa de
recuperação para as formulações de Nanoemulsão. (A) teor de fármaco
g/ml); (B) taxa de recuperação (%); (C) tamanho de partícula (nm).
*
diferença
estatística em relação à NE 2.5 mg (p
<
0,05).Todos os resultados foram
expressos como média ± S.D. (ANOVA de uma via seguida de post hoc de
Tukey). n=2
A necessidade de assegurar a qualidade de preparações
medicamentosas através da quantificação de fármacos está sendo cada vez
mais reconhecida e exigida. Para garantir que um novo método analítico gere
informações confiáveis sobre a amostra, ele deve sofrer uma avaliação
denominado validação. A validação de um método é um processo contínuo que
A)
B) C)
150
começa no planejamento da estratégia analítica e continua ao longo de todo o
seu desenvolvimento. Para registro de novos produtos, todos os órgãos
reguladores do Brasil e de outros países exigem a validação de metodologia
analítica e, para isso, a maioria deles tem estabelecido documentos oficiais que
são diretrizes a serem adotadas no processo de validação (ICH, 1995).
É necessário que os estudos de validação sejam representativos e
conduzidos de modo que a variação da faixa de concentração e os tipos de
amostra sejam adequados. A freqüência com que o método será utilizado
(muitas vezes em um dia, uma vez em um dia, uma vez a cada mês) também
influencia o tipo de estudo de validação que é necessário. Os parâmetros
analíticos devem ser baseados na intenção do uso do método e o objetivo
deste pode incluir também os diferentes tipos de equipamento e os lugares em
que o método será utilizado. Diversos órgãos, como Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), International Conference on Harmonization (ICH)
e Food and Drug Administration (FDA), disponibilizam guias contendo as
diretrizes que devem ser seguidas em processos de validação. Os parâmetros
mais comumente exigidos são especificidade, linearidade, exatidão, precisão,
limite de detecção e limite de quantificação.
A especificidade é a capacidade do método analítico de quantificar a
substância de interesse em presença de outros componentes que possam
estar presentes, como impurezas, produtos de degradação e excipientes e
assim eliminar a interferência destes sobre o método. Linearidade é a
capacidade do método de demonstrar que os resultados experimentais são
proporcionais à concentração do fármaco na amostra, em um dado intervalo. A
151
exatidão é expressa através da concordância entre os resultados experimentais
e o valor verdadeiro ou aceito como referência. a precisão, que abrange a
repetibilidade e a precisão intermediária, expressa a proximidade de resultados
experimentais em uma série de medidas de uma mesma amostra. O limite de
detecção corresponde à menor concentração de fármaco presente na amostra
que pode ser detectada, mas não necessariamente quantificada e o limite de
quantificação, corresponde à menor concentração de fármaco presente na
amostra que pode ser determinada quantitativamente com precisão e exatidão
adequadas (BRASIL, 2003; ICH, 2005).
A linearidade foi avaliada através da construção de uma curva de
calibração no alcance de 1-25 µg/ml. Quantidades apropriadas da solução
estoque de diclofenaco ácido foram diluídas em mistura de acetonitrila:água
(pH 4,0, ácido acético) (50:50), e soluções padrão foram obtidas nas
concentrações de 1; 2,5; 5; 7,5; 10 e 25 µg/ml. As amostras da curva de
calibração foram injetadas em triplicata no cromatógrafo. A análise da
regressão linear foi usada para avaliação dos dados. A linearidade foi expressa
através do coeficiente de correlação e os valores devem ser > 0, 9990 (Tabela
1). Os valores para o ensaio de linearidade foram satisfatórios. A resposta para
o fármaco foi linear e equação da reta foi y= 23764x + 3178,9 (n=15) e
apresentou excelente coeficiente de correlação (R
2
= 0,9999).
152
Tabela 1. Valores obtidos nos ensaios de linearidade, limite de detecção e
limite de quantificação para o diclofenaco ácido.
Alcance da Linearidade (µg/ml) Área do pico (média e D.P.R)*
1,0 25402 ± 0,41
2,5 62459 ± 0,21
5,0 123466 ± 0,14
7,5 179836 ± 0,45
10,0 243348 ± 0,15
25,0 596510 ± 0,20
Equação y= 23764x + 3178,9
R
2
0,9999
LOQ 0,14 (µg/ml)
LOD 0,044 (µg/ml)
* Média ± SD (n=3)
Amostras de nanopartículas lipídicas sólidas e de nanoemulsões sem
fármaco foram preparadas para avaliar o método de especificidade. Neste
ensaio, a interferência dos excipientes na seletividade da separação do
diclofenaco foi investigada. Uma alíquota de 0,5 ml das suspensões foi diluída
em 9,5 ml de metanol e após sonicação e centrifugação, as amostras foram
injetadas em triplicata no cromatógrafo. Os resultados encontrados através da
análise dos cromatogramas demonstraram que o método é específico e que
não interferência ou sobreposição dos componentes das formulações de
NLS ou NE em relação ao diclofenaco ácido no comprimento de onda em 276
nm.
A repetibilidade e a precisão intermediária foram determinadas pela
análise de seis replicatas da mesma amostra de NLS ou NE e avaliou-se o
desvio padrão relativo (D.P.R.) da área do pico do diclofenaco (Tabela 2). Uma
153
satisfatória variabilidade intra-dia e inter-dia foi obtida com valores de D.P.R.
encontrados abaixo de 2%. A precisão foi determinada através do teste de
recuperação pela contaminação de amostras sem fármaco com três níveis de
concentração de diclofenaco (alta, dia e baixa). As dias dos valores das
porcentagens de recuperação de cada concentração estão demonstradas na
Tabela 3. O ensaio de recuperação demonstrou que o todo é sensível na
determinação do diclofenaco a partir das nanopartículas. Os valores de D.P.R.
das áreas dos picos de diclofenaco encontraram-se abaixo do valor aceitável
de 2%. Na determinação do teor de rmaco e eficiência de encapsulação, os
valores do D.P.R. encontrados estão abaixo de 2% (Tabela 4).
Tabela 2. Valores encontrados no teste de repetibilidade de NLS e NE (7,5
µg/ml).
NLS NE
Dia 1 174013 ± 0,33 186684 ± 0,13
Dia 2 178118 ± 0,10 180532 ± 0,11
Dia 3 177516 ± 0,09 185752 ± 0,19
Inter-dia 176549 ± 1,07 184323 ± 1,52
* Média ± SD (n=6)
Tabela 3. Valores encontrados no teste de recuperação para NLS e NE.
Amostra Concentração (µg/ml) Média recuperação ± D.P.R.
NLS 5,0 98,72 ± 0,73
7,5 97,37 ± 0,25
10,0 97,97 ± 0,25
NE 5,0 100,56 ± 0,26
7,5 103,32 ± 0,43
10,0 99,09 ± 0,33
* Média ± SD (n=3)
154
Tabela 4. Valores encontrados na determinação da eficiência de encapsulação
e teor de fármaco para NLS e NE de diclofenaco.
* Média ± SD (n=3)
De acordo com os resultados obtidos no estudo de validação da
metodologia de detecção analítica do diclofenaco, não houve interferência dos
componentes de ambas as formulações de NLS e NE na detecção do fármaco.
O método se mostrou linear e preciso em todas as análises realizadas. Todos
os resultados foram satisfatórios e o método demonstrou-se adequado para
análises diretas do diclofenaco em sistemas lipídicos nanoestruturados.
A avaliação da estabilidade da formulação, após o preparo e durante o
processo de armazenamento, é um procedimento importante para assegurar o
uso e garantir a concentração de fármaco no produto. Diversos testes podem
avaliar a estabilidade de nanopartículas como avaliação macroscópica através
dos fenômenos de cremagem, floculação ou segração de fases, bem como
avaliações do pH, tamanho de partícula, potencial zeta, teor e eficiência de
encapsulação do fármaco. Com esta finalidade, nanopartículas lipídicas sólidas
e nanoemulsões foram preparadas conforme metodologia anteriormente
descrita e caracterizadas após 60 dias de armazenamento a 4 e 25º C. NLS
contendo diclofenaco foram analisadas quanto ao teor de fármaco e eficiência
de encapsulação durante 60 dias e não apresentaram diferença mínima
significativa quando analisadas estatisticamente durante dois meses diante das
Amostra Área do pico Teor de diclofenaco (µg/ml)
D.P.R.
EE%
NLS (total) 213633 ± 1018 177,0 ± 8,85 0,48 94,44
NLS (filtrado) 237045 ± 1316 9,84 ± 0,56 0,56
NE 173902 ± 966 143,60 ± 7,18 0,56
155
duas condições de estocagem (Figura 7(A e B)). Igualmente, o diâmetro médio
das partículas e o pH não variaram significativamente após 15 e 30 dias de
armazenamento, respectivamente (Figuras 7(C) e 7(D)). O tamanho de
partícula foi analisado durante 15 dias e também não demonstrou alteração
significativa (Figura 7(C)). O pH das formulações se mostrou estável durante 1
mês de estocagem (Figura 7(D)).
Figura 7. Estudo de estabilidade de NLS a 4°C e 25°C. (A) Teor de diclofenaco
g/ml); (B) Eficiência de encapsulação (%); (C) Tamanho de partícula (nm) e
(D) pH. Todos os resultados foram expressos como média ± S.D. (ANOVA de
uma via seguida de post hoc de Tukey). n=3
Nanoemulsões também foram submetidas ao teste de estabilidade sob
as mesmas condições das NLS. De acordo com os resultados demonstrados
na Figura 8(A), o teor de diclofenaco diminuiu significativamente a partir do 15°
A)
B)
C) D)
156
dia de estocagem para as formulações armazenadas a 25°C (p<0,001). Para
as formulações estocadas a C, a diminuição do teo r de fármaco se deu a
partir do 30° dia ( p<0,001). Os valores de pH também sofreram alteração a
partir do 15° dia para as NE sem ou contendo diclof enaco em ambas as
condições de estocagem (p<0,001) (Figura 8(B)). O tamanho de partícula e o
potencial zeta aumentaram significativamente a partir do 1 dia em todas as
formulações testadas nas diferentes condições de armazenamento (Figura 8(C-
D)) (p<0,001). Diante dos resultados apresentados, nanopartículas lipídicas
sólidas apresentaram-se mais estáveis do que nanoemulsões de acordo com
as condições de armazenagem testadas. A Figura 9 demonstra as formulações
de nanopartículas e nanoemulsões obtidas após 60 dias de preparo.
157
Figura 8. Estudo de estabilidade de NE a 4°C ou 25°C. (A) Teor de diclofenaco
g/ml); (B) pH; (C) Tamanho de partícula (nm) e (D) Potencial Zeta (mV).
Todos os resultados foram expressos como média ± S.D. (ANOVA de uma via
seguida de post hoc de Tukey, p<0,001). n=3
A)
B)
C)
D)
158
Figura 9. Fotografias de formulações contendo diclofenaco obtidas após 30
dias de preparo e armazenadas a 4°C.
NLS
NE
159
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES
Nanopartículas lipídicas sólidas foram preparadas através da cnica de
homogeneização a quente com auxílio de ponta de ultrassom. O tamanho
médio das NLS variou entre 140-300 nm, e o índice de polidispersão variou
entre 0,2 e 0,35. Partículas de poloxamer 188 (0,5%) e taurocolato (0,05%)
apresentaram menores tamanhos quando comparadas às NLS nas
concentrações maiores de taurocolato (0,1; 0,2 e 0,5%) (p<0,05). Em relação
ao índice de polidispersão, não houve diferença mínima significativa entre as
formulações testadas. O potencial zeta foi negativo em todas as preparações e
variou entre - 57,8 e -12,8 mV. No caso da NLS preparadas a partir do
surfactante iônico, em relação à carga superficial, não foi observado diferenças
no potencial zeta em função da concentração de taurocolato testada (p < 0,05).
NLS preparadas a partir de taurocolato apresentaram tamanho de partícula e
índice de polidispersão aceitáveis. Desta forma, a concentração de 0,05% foi
escolhida como ideal para o estudo da encapsulação do diclofenaco a partir
destes carreadores.
Com o intuito de aumentar a associação do diclofenaco nas
nanopartículas, um segundo estudo de formulação foi efetuado através da
adição de óleo de rícino à fase interna. NLS foram preparadas pela mesma
técnica, alterando-se apenas a proporção lipídio:óleo de rícino (100:0; 80:20:
50:50; 0:100). Todas as preparações foram acrescidas de uma mesma
quantidade inicial de diclofenaco ácido (5mg), mantendo-se a concentração de
taurocolato de 0,05% na fase aquosa. O teor de fármaco aumentou cerca de
cinco vezes quando 100% de óleo de rícino foram adicionados à preparação (p
< 0,01), dando origem a um novo tipo de sistema nanoestruturado denominado
160
nanoemulsão (NE). Nas demais proporções não houve aumento significativo no
teor, embora haja uma leve tendência no aumento do teor das preparações
cuja proporção de óleo foi de 50%. A eficiência de encapsulação apresentou
valores próximos de 100% e não foi alterada com a adição de óleo de rícino. O
rendimento das preparações demonstrado pela taxa de recuperação
apresentou aumento significativo quando 100% de óleo foram adicionados (p<
0,01). O tamanho de partícula apresentou valores dentro da faixa de 200 nm e
não sofreu alteração com a adição do lipídio líquido. O potencial zeta também
não sofreu alteração significativa em todas as formulações testadas, e
apresentou valores próximos a - 60 mV, o que indica a formação de partículas
altamente estáveis.
No intuito de aumentar a concentração de diclofenaco nas
nanoemulsões, diferentes quantidades de fármaco foram inicialmente
adicionadas às preparações (2,5; 5; 10 e 15 mg). O teor de fármaco variou
entre 100 e 350 µg/ml e a taxa de recuperação entre 40 e 90%. O teor de
diclofenaco aumentou à medida que mais fármaco foi adicionado à preparação.
Entretanto, a taxa de recuperação diminui com o aumento da quantidade de
diclofenaco adicionado. Acima de 10 mg de diclofenaco, uma redução
significativa da recuperação foi observada. Todas as preparações
apresentaram potencial zeta próximo a - 60 mv (dados não mostrados),
indicando alta estabilidade das preparações.
NLS contendo diclofenaco foram analisadas quanto ao teor de fármaco e
eficiência de encapsulação durante 60 dias e não apresentaram diferença
mínima significativa quando analisadas estatisticamente durante dois meses
161
diante das duas condições de estocagem, 4 ou 25°C, sempre protegidas ao
abrigo da luz. Igualmente, o diâmetro médio das partículas e o pH não variaram
significativamente após 15 e 30 dias de armazenamento, respectivamente. O
tamanho de partícula foi analisado durante 15 dias e também não demonstrou
alteração significativa. O pH das formulações se mostrou estável durante 1 mês
de estocagem. Nanoemulsões também foram submetidas ao teste de
estabilidade sob as mesmas condições das NLS. O teor de diclofenaco
diminuiu significativamente a partir do 15° dia de estocagem para as
formulações armazenadas a 25°C ( p<0,001). Para as formulações estocadas a
C, a diminuição do teor de fármaco se deu a parti r do 30° dia ( p<0,001). Os
valores de pH também sofreram alteração a partir do 15° dia para as NE sem
ou contendo diclofenaco em ambas as condições de estocagem (p<0,001). O
tamanho de partícula e o potencial zeta aumentaram significativamente a partir
do 1 dia em todas as formulações testadas nas dif erentes condições de
armazenamento (p<0,001). Diante dos resultados apresentados,
nanopartículas lipídicas lidas apresentaram-se mais estáveis do que
nanoemulsões de acordo com as condições de armazenagem testadas.
Em relação à validação do método cromatográfico, todos os parâmetros
avaliados como linearidade, especificidade, precisão e exatidão apresentaram
valores dentro dos limites aceitáveis.
162
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164
CAPÍTULO 4:
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓRIA DE
NANOCARREADORES LIPÍDICOS CONTENDO DICLOFENACO
165
A terapia farmacológica da artrite comumente envolve a utilização de
antiinflamatórios não-esteroidais (AINES), analgésicos comuns e fármacos
modificadores da doença (DMARDS). Em alguns casos, o uso de
corticosteróide oral e/ou intra-articular de baixa dose se faz necessário. O
tratamento com fármacos deve ser mantido enquanto se observarem sinais
inflamatórios ou o paciente apresentar dores articulares (Ministério da Saúde,
2002). Entre os fármacos prescritos, os AINES ainda continuam como os mais
empregados em determinadas fases da doença.
O principal problema associado à terapia oral com AINES reside na
capacidade destes fármacos induzirem injúria gastroduodenal com o possível
surgimento de úlcera gástrica, sangramento e perfuração da mucosa. Ainda
sob determinadas condições, a toxicidade renal pode ocorrer, embora menos
freqüente (Macneil, 1993).
Estudos demonstram que a encapsulação de fármacos antiinflamatórios
pode melhorar a resposta terapêutica através da diminuição de doses diárias
para manutenção do perfil plasmático, diminuição dos efeitos colaterais
indesejáveis, bem como a possibilidade de administração tópica ou local com
aumento da concentração do fármaco em tecidos profundos. Neste contexto, a
avaliação da atividade antiinflamatória in vivo de nanopartículas contendo
diclofenaco em modelo de inflamação articular induzida por CFA é descrita neste
capítulo. O objetivo principal foi, portanto, avaliar a eficácia terapêutica da
diclofenaco encapsulado e compará-la à forma livre do fármaco.
166
METODOLOGIA
4.1. Curva dose-resposta intraperitoneal de diclofenaco em modelo de
inflamação articular induzido por CFA
4.1.2. Animais
Os experimentos foram realizados com 24 fêmeas Wistar (250-350 g).
Os animais foram alimentados em regime ad libitum e mantidos no ciclo claro
escuro por 12 h a temperatura de 21°C ± C. Todos os experimentos foram
conduzidos de acordo com o guia ético da Associação Internacional para
Estudo da Dor (IASP, 1983) e aprovado pelo comitê de ética local para
experimentação animal (CEUA-UFSC).
4.1.3. Administração intraperitoneal de diclofenaco em animais com
inflamação articular induzida por CFA
No intuito de avaliar a atividade antiinflamatória do diclofenaco no
modelo de CFA, uma curva dose-resposta foi realizada (Figura 1). Para
indução da inflamação articular, animais naïve foram pré-sensibilizados através
da injeção intradérmica (i.d.) de 50 µl de CFA (0,5 mg/ml, Mycobacterium
tuberculosis - Difco, Alemanha) na base da cauda. Para isso, a área que
recebera a injeção foi previamente depilada e a assepsia do sítio de injeção foi
realizada através da aplicação de uma solução de álcool iodado (1%). Em
seguida, procedeu-se à injeção de CFA com auxílio de uma seringa de 1 ml e
agulha 13 x 4.5 mm (BD, tuberculina). A agulha foi inserida aproximadamente 1
cm subcutaneamente na base cauda (i.c.), e imediatamente após, injetou-se o
167
CFA. Este procedimento de injeção intradérmica constituiu no primeiro estímulo
inflamatório que os animais receberam sete dias antes da segunda estimulação
realizada pela via intra-articular. A injeção intra-articular (i.a.) de 50 µl de CFA
foi realizada na articulação tíbio-femural dos animais, sete dias após o primeiro
estímulo na cauda. Para isto os animais foram gentilmente imobilizados, a área
do sítio de injeção depilada e uma solução de álcool iodado (1%) foi aplicada
para assepsia. Em seguida procedeu-se à injeção de CFA com auxílio de uma
seringa de 1 ml e agulha 13 x 4,5 mm (BD, tuberculina). Após 23 horas de
estímulo i.a., os animais receberam injeção intraperitoneal de diclofenaco nas
doses 0,5; 5,0 ou 10,0 mg/Kg. Os animais controle receberam solução de PBS
estéril pela mesma via. Medidas da incapacitação articular, edema e peso,
foram tomados antes e após 1, 2 e 3 horas da injeção i.p. no primeiro dia de
tratamento. As medidas foram repetidas diariamente até sete dias após o
tratamento sistêmico do rmaco livre. No sétimo dia, os animais foram
eutanaziados através da aplicação i.p. de hidrato de cloral 15% (2ml) seguido
de deslocamento cervical e o líquido sinovial coletado através da lavagem
articular com 100 µl de salina heparinizada (0,5%). A contagem total de
leucócitos foi realizada conforme descrito anteriormente. A Figura 1 representa
o protocolo experimental para avaliação da atividade antiinflamatória através da
administração intraperitoneal do diclofenaco.
168
Figura 1. Esquema do experimento para construção da curva dose-resposta
intraperitoneal de diclofenaco livre em modelo de inflamação articular induzida
por CFA.
4
.2. Curva dose-resposta intravenosa de diclofenaco em modelo de
inflamação articular induzido por CFA
4.2.1. Animais
Os experimentos foram realizados com 64 fêmeas Wistar (250-350 g)
conforme item 4.1.2.
4.2.2. Administração intravenosa de diclofenaco livre e encapsulado em
NLS e NE
Para indução da inflamação articular, animais naïve foram submetidos
ao protocolo descrito em 4.1.3. Após 24 horas de estímulo i.a., os animais
receberam injeção endovenosa por punção gengival (Oliveira, Souza-Silva e
Tonussi, 2009) (Figura 2) de uma solução diclofenaco, NLS ou NE contendo
diclofenaco nas doses 50, 100 ou 250 µg/Kg. Os animais controle receberam
solução PBS estéril ou nanopartículas sem fármaco pela mesma via. Medidas
da incapacitação articular e edema foram tomadas antes e após 1, 2 e 3 horas
da injeção sistêmica no primeiro dia de tratamento. As medidas foram repetidas
Eutanásia
e
contagem celular
Pré-sensibilização
CFA i.d.
-
7 dias
0 dia
Diclo
i.p.
T
T
E
E
P
P
e
e
d
d
i
i
â
â
m
m
e
e
t
t
r
r
o
o
a
a
r
r
t
t
i
i
c
c
u
u
l
l
a
a
r
r
Re-estimulação
CFA i.a.
23
°
h
1
°
dia
3
horas
2
°
dia
3
°
dia
4
°
dia
5
°
dia
6
°
dia
7
°
dia
169
diariamente até sete dias após o tratamento sistêmico. No sétimo dia, os
animais foram eutanaziados através da aplicação i.p. de hidrato de cloral 15%
(2ml) seguido de deslocamento cervical e o líquido sinovial coletado através da
lavagem articular com 100 µl de salina heparinizada (0,5%) (Figura 3). A
contagem total de leucócitos foi realizada conforme descrito anteriormente.
Figura 2. Injeção endovenosa por punção gengival realizada para
administração intravenosa de diclofenaco livre e encapsulado para os estudos
de avaliação da resposta antiinflamatória do fármaco no modelo de
incapacitação articular.
170
Figura 3. Esquema do experimento para avaliação da atividade antiinflamatória
de NLS e NE contendo diclofenaco após administração intravenosa em modelo
de inflamação articular induzida por CFA.
4.3. Curva dose-resposta intra-articular de diclofenaco livre e
encapsulado em NLS e NE em modelo de inflamação articular induzida
por CFA
4.3.1. Animais
Os experimentos foram realizados com 72 fêmeas Wistar (250-350 g),
conforme descrito no item 4.1.2.
4.3.2. Administração intra-articular de diclofenaco livre e encapsulado em
NLS e NE
Animais inflamados com CFA como descrito previamente no item 4.1.3
foram tratados com 50 µl de uma solução de diclofenaco livre ou encapsulado
nas NLS ou NE, nas doses de 1,6; 160 ou 400 ng na articulação tíbio-femural
após 24 horas da re-estimulação com CFA. Animais controle receberam
solução de PBS estéril, NLS ou NE sem fármaco pela mesma via de
administração. Medidas da incapacitação articular e edema foram tomadas
Eutanásia
e
contagem celular
7
°
dia
Pré-sensibilização
CFA i.d.
-
7 dias
0 dia
Diclo, NE,
NLS ou PBS
i.v.
T
T
E
E
P
P
e
e
d
d
i
i
â
â
m
m
e
e
t
t
r
r
o
o
a
a
r
r
t
t
i
i
c
c
u
u
l
l
a
a
r
r
Re-estimulação
CFA i.a.
23
°
h
1
°
dia
3
horas
2
°
dia
3
°
dia
4
°
dia
5
°
dia
6
°
dia
171
antes e após 1, 2 e 3 horas da injeção sistêmica no primeiro dia de tratamento
As medidas foram repetidas diariamente até sete dias após o tratamento com o
fármaco livre ou encapsulado (Figura 5). No sétimo dia, os animais foram
eutanaziados, o líquido sinovial coletado e precedeu-se a contagem total de
leucócitos conforme descrito anteriormente.
Figura 5. Esquema do experimento para avaliação da atividade antiinflamatória
de NLS e NE contendo diclofenaco após administração intra-articular em
modelo de inflamação articular induzida por CFA.
4.3.3. Avaliação da liberação de TNF após administração in vivo de
Nanopartículas Sólidas Lipídicas e Nanoemulsões
O tratamento intra-articular com diclofenaco foi realizado através da
injeção de 50 µl das nanosuspensões ou através da solução de fármaco não-
encapsulado na mesma dose, 400 ng/i.a. Os grupos controle receberam
nanocarreadores sem fármaco ou PBS estéril (Figura 6). O tratamento foi
realizado após a assepsia local com os animais gentilmente imobilizados logo
após 24 horas do estímulo articular com CFA. Em tempos pré-determinados, 3,
12 horas; 2, 3, 4 e 5 dias pós-injeção, os animais foram eutanaziados através
da injeção intra-peritoneal (i.p.) de uma solução de hidrato de cloral (15%)
Eutanásia
e
contagem celular
7
°
dia
Pré-sensibilização
CFA i.d.
-
7 dias
0 dia
Diclo, NE,
NLS ou PBS
i.a.
T
T
E
E
P
P
e
e
d
d
i
i
â
â
m
m
e
e
t
t
r
r
o
o
a
a
r
r
t
t
i
i
c
c
u
u
l
l
a
a
r
r
Re-estimulação
CFA i.a.
23
°
h
1
°
dia
3
horas
2
°
dia
3
°
dia
4
°
dia
5
°
dia
6
°
dia
172
seguido de deslocamento cervical. Imediatamente após, o líquido sinovial dos
animais foi recolhido através da lavagem da articulação com 100 µl de salina
heparinizada (0,5%). O líquido sinovial recolhido foi acondicionado em
eppendorf e mantido em gelo. As amostras foram centrifugadas a 3000 rpm por
5 minutos e o sobrenadante recolhido. Uma alíquota de 100 µl de cada amostra
foram plaqueadas em placa IMULON
®
para ELISA de 96 orifícios. O teste de
ELISA para TNF foi realizado segundo descrição do kit rat TNF-α/TNFSF1A
(Dy510, R&D Systems). A leitura da placa foi realizada em leitor de ELISA a
450 nm.
Figura 6. Esquema do experimento para avaliação da liberação de TNF após
administração de SLN e NE com ou sem diclofenaco e solução de fármaco
não-encapsulado em modelo de inflamação articular induzida por CFA.
Eutanásia, coleta do líquido sinovial e
ELISA.
Pré-sensibilização
CFA i.d.
- 7 dias 0 dia
NLS, NE, PBS,
ou
Diclofenaco
Re-estimulação CFA
i.a.
23°h
dia
3 h
dia dia dia dia
12 h
173
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diclofenaco (0,5; 5,0 ou 10,0 mg/kg) foi administrado pela via
intraperitoneal 23 horas após o estímulo articular com CFA (250 µg). A redução
da incapacitação e do edema articular foram observados logo após 1 hora da
administração do fármaco. Apenas a dose de 0,5 mg/kg não promoveu
significativa inibição da incapacitação articular (Figura 7A). Todas as doses
reduziram o edema articular evocado no modelo durante os sete dias de
experimento (P<0,0001) (Figura 7B). Nesta condição, o diclofenaco não alterou
significativamente a migração celular (Figura 7C). A administração do fármaco,
em apenas uma única dose durante os sete dias de experimento, foi realizada
com o intuito de verificar posteriormente se as nanoestruturas m a
capacidade de prolongar a ação do diclofenaco.
174
Figura 7. Efeito do tratamento intraperitoneal com diclofenaco na incapacitação
(tempo de elevação de pata, TEP) (A); diâmetro articular (B) induzidos por
CFA. Diclofenaco (0,5; 5,0 e 10,0 mg/kg; i.p.) foi administrado 23 h após o CFA.
O grupo controle recebeu PBS no mesmo volume. A contagem total de
leucócitos do fluido sinovial foi realizada no sétimo dia após o tratamento. Cada
ponto / barra representa a média ± E.P.M. de seis animais. ** e *** representam
a diferença estatística em relação ao PBS com p<0,01 e 0,001,
respectivamente (A, B: Anova para medidas repetidas seguida de post-hoc de
Tukey; C: Anova de uma via seguida de post-hoc de Tukey).
Para avaliar a atividade antiinflamatória do diclofenaco encapsulado na
forma de nanoemulsões ou nanopartículas lipídicas sólidas diferentes doses do
fármaco livre ou encapsulado (50, 100 ou 250 µg/kg, i.v.) foram administradas
pela via intravenosa por punção gengival 23 horas após o estímulo articular
com CFA. As doses do fármaco livre promoveram significativa inibição da
incapacitação articular quando comparadas ao grupo controle (Figuras 8A e
9A) (P<0,05). Entretanto, nenhum efeito hiponociceptivo foi visualizado através
do tratamento com os nanocarreadores. As doses de diclofenaco livre também
reduziram o edema articular evocado no modelo durante os sete dias de
experimento quando comparadas ao grupo PBS (Figuras 8B e 9B). Em relação
às nanoestruturas, apenas a dose de 250 µg/kg encapsulada em NE ou NLS,
foi capaz de reduzir o edema articular quando comparado ao grupo PBS (P
0 1 2 3
10
20
30
40
50
60
PBS
0.5 mg/Kg
5.0 mg/Kg
10.0 mg/Kg
dia (h)
**
**
2 3 4 5 6 7
Tempo (dias)
TEP (s)
0 1 2 3
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
PBS
DIC 0.5 mg/Kg
DIC 5.0 mg/Kg
DIC 10.0 mg/Kg
dia (h)
***
***
***
2 3 4 5 6 7
Tempo (dias)
Diâmetro Articular (cm)
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
PBS
DIC 0.5 mg/Kg
DIC 10.0 mg/Kg
DIC 10.0 mg/Kg
Cells/mm
3
A) B) C)
175
<0,0001 e 0,05; respectivamente) (Figuras 8B e 9B). Em adição, todas as
doses de diclofenaco livre ou encapsulado em ambas as formulações,
diminuíram significativamente a migração celular quando comparado ao grupo
PBS (Figura 8C e 9C). Entretanto, mesmo no edema ou na migração celular,
as nanoestruturas não aumentaram a atividade antiinflamatória em relação ao
tratamento com o fármaco livre.
176
Figura 8. Efeito do tratamento intravenoso com diclofenaco livre ou
encapsulado na forma de nanoemulsões (NE) na incapacitação (tempo de
elevação de pata, TEP) (A); diâmetro articular (B) induzidos por CFA.
Diclofenaco (50; 100 e 250 µg/kg; i.v.) foi administrado 23 h após o CFA. O
grupo controle recebeu PBS ou NE sem fármaco no mesmo volume (2 ml). A
contagem total de leucócitos do fluido sinovial foi realizada no sétimo dia após
o tratamento. Cada ponto / barra representa a média ± E.P.M. de seis animais.
* representam a diferença estatística em relação ao PBS e
#
em relação ao
fármaco livre (P< 0,05; P<0,001; P<0,0001) (A, B: Anova para medidas
repetidas seguida de post-hoc de Tukey; C: Anova de uma via seguida de post-
hoc de Tukey).
0 1 2 3
0
10
20
30
40
50
60
PBS
NE
dia (h)
2 3 4 5 6 7
NE 50 µ
µµ
µg
NE 100 µ
µµ
µg
NE 250 µ
µµ
µg
DF 50 µ
µµ
µg
*
DF 100 µ
µµ
µg
*
DF 250 µ
µµ
µg
*
A)
Tempo (dias)
TEP (s)
0 1 2 3
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
dia (h)
dia (h)
2 3 4 5 6 7
PBS
NE
DF 50 µ
µµ
µg
***
DF 100 µ
µµ
µg
***
DF 250 µ
µµ
µg
***
NE 50 µ
µµ
µg
NE 100 µ
µµ
µg
NE 250 µ
µµ
µg #
B)
Tempo (dias)
Diâmetro Articular (cm)
0
20
40
60
80
100
PBS
NE 50 µ
µµ
µg
***
NE 100 µ
µµ
µg
***
NE 250 µ
µµ
µg
***
DF 50 µ
µµ
µg
***
DF 100 µ
µµ
µg
***
DF 250 µ
µµ
µg
**
C)
Cells X 10
5
(mm
3
)
177
Figura 9. Efeito do tratamento intravenoso com diclofenaco livre ou
encapsulado na forma de nanopartículas lipídicas sólidas (NLS) na
incapacitação (tempo de elevação de pata, TEP) (A); diâmetro articular (B)
induzidos por CFA. Diclofenaco livre ou encapsulado (50; 100 e 250 µg, kg; i.v.)
foi administrado 23 h após o CFA. O grupo controle recebeu PBS ou NE sem
fármaco no mesmo volume (2 ml). A contagem total de leucócitos do fluido
sinovial foi realizada no sétimo dia após o tratamento. Cada ponto / barra
representa a média ± E.P.M. de seis animais. * representam a diferença
estatística em relação ao PBS e
#
em relação ao fármaco livre (P< 0,05;
P<0,001; P<0,0001) (A, B: Anova para medidas repetidas seguida de post-hoc
de Tukey; C: Anova de uma via seguida de post-hoc de Tukey).
0 1 2 3
0
10
20
30
40
50
60
PBS
NLS
DF 50 µ
µµ
µg
*
DF 100 µ
µµ
µg
*
DF 250 µ
µµ
µg
*
dia (h)
2 3 4 5 6 7
NLS 50 µ
µµ
µg
NLS 100 µ
µµ
µg
NLS 250 µ
µµ
µg
A)
Tempo (dias)
TEP (s)
0
20
40
60
80
100
PBS
NLS 50 µ
µµ
µg
***
NLS 100 µ
µµ
µg
***
NLS 250 µ
µµ
µg
***
DF 50 µ
µµ
µg
***
DF 100 µ
µµ
µg
***
DF 250 µ
µµ
µg
***
C)
Cells X 10
5
(mm
3
)
0 1 2 3
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
dia (h)
dia (h)
2 3 4 5 6 7
PBS
NLS
NLS 50 µ
µµ
µg
NLS 100 µ
µµ
µg
NLS 250 µ
µµ
µg
***
DF 50 µ
µµ
µg
*
DF 100 µ
µµ
µg
**
DF 250 µ
µµ
µg
**
B)
Tempo (dias)
Dmetro Articular (cm)
178
Com intuito de avaliar a atividade antiinflamatória do diclofenaco
encapsulado na forma de nanoemulsões e nanopartículas lipídicas lidas,
aplicadas localmente, diferentes doses do fármaco livre ou encapsulado (1,6;
160 e 400 ng, i.a.) foram administradas pela via intra-articular 23 horas após o
estímulo articular com CFA. Nanoemulsões de diclofenaco na dose de 400 ng
diminuíram a nocicepção avaliada pelo teste de incapacitação articular
(P<0,05) quando comparado ao rmaco livre na mesma dose ou ao grupo
PBS (Figura 10A). Nenhuma dose do fármaco livre diminuiu a nocicepção
evocada pelo modelo. Nanoemulsões contendo 160 ng de fármaco também
reduziram o tempo de elevação de pata quando comparado ao grupo PBS (P<
0,05). Em relação ao diâmetro articular (Figura 10B), NE 1,6 ng e NE 400 ng
foram efetivas na diminuição do diâmetro articular quando comparado à forma
livre do fármaco e ao grupo PBS (P<0,05). A dose de livre de 160 ng também
diminui o diâmetro articular (P< 0,05). Em adição, não houve diferença mínima
significativa na migração celular entre os grupos experimentais.
No estudo envolvendo a avaliação de nanopartículas lipídicas sólidas,
somente NLS 400 ng foram efetivas na diminuição da incapacitação articular
quando comparado ao rmaco livre ou grupo PBS (P<0,05) (Figura 11A). Na
avaliação do diâmetro, as doses livres de 160 e 400 ng, quando comparadas
ao grupo PBS, promoveram significativa diminuição do diâmetro articular
(Figuras 11B) (P < 0,05), assim como NLS 160 ng e NLS 400 ng diminuíram o
edema comparado ao grupo PBS, mas não em relação ao fármaco livre (P <
0,05). Em adição, nenhuma das doses de diclofenaco livre ou encapsulado em
ambas as formulações, diminuíram significativamente a migração celular
quando comparado ao grupo PBS (Figura 11C).
179
Figura 10. Efeito do tratamento intra-articular com diclofenaco livre ou
encapsulado na forma de nanoemulsões (NE) na incapacitação (tempo de
elevação de pata, TEP) (A); diâmetro articular (B) induzidos por CFA.
Diclofenaco livre ou encapsulado (1,6; 160 ou 400 ng, i.a.) foi administrado 23 h
após o CFA. O grupo controle recebeu PBS ou NE sem fármaco no mesmo
volume (2 ml). A contagem total de leucócitos do fluido sinovial foi realizada no
sétimo dia após o tratamento. Cada ponto / barra representa a média ± E.P.M.
de seis animais. * representam a diferença estatística em relação ao PBS;
#
em
relação ao fármaco livre (P< 0,05; P<0,001; P<0,0001). Para a contagem total
de leucócitos,
#
representa a diferença em relação à nanoemulsão sem
fármaco (A, B: Anova para medidas repetidas seguida de post-hoc de Tukey;
C: Anova de uma via seguida de post-hoc de Tukey).
A
B
P
B
S
NE
DF
1
.6
n
g
D
F
160 n
g
D
F
40
0
ng
NE DF
1
.6 n
g
N
E
D
F
160 ng
NE DF 400 ng
0
20
40
60
80
100
#
#
#
Células x 10
5
/mm
3
C
3 4 5 6 7
0
10
20
30
40
50
60
PBS
NE
DF 1.6 ng
NE 1.6 ng
DF 160 ng
NE 160 ng
*
DF 400 ng
NE 400 ng
*
#
Tempo (dias)
TEP (s)
5 6 7
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
PBS
NE
DF 1.6 ng
NE 1.6 ng
*
#
DF 160 ng
*
NE 160 ng
DF 400 ng
NE 400 ng
*
#
3 4
Tempo (dias)
Dmetro Articular (cm)
180
Figura 11. Efeito do tratamento intra-articular com diclofenaco livre ou
encapsulado na forma de nanopartículas lipídicas sólidas (NLS) na
incapacitação (tempo de elevação de pata, TEP) (A); diâmetro articular (B)
induzidos por CFA. Diclofenaco livre ou encapsulado (1,6; 160 ou 400 ng, i.a.)
foi administrado 23 h após o CFA. O grupo controle recebeu PBS ou NE sem
fármaco no mesmo volume (2 ml). A contagem total de leucócitos do fluido
sinovial foi realizada no sétimo dia após o tratamento. Cada ponto / barra
representa a média ± E.P.M. de seis animais.
#
representam a diferença
estatística em relação ao PBS; * em relação ao fármaco livre e
§
em relação à
nanoemulsão sem fármaco (P< 0,05; P<0,001; P<0,0001) (A, B: Anova para
medidas repetidas seguida de post-hoc de Tukey; C: Anova de uma via
seguida de post-hoc de Tukey).
PB
S
DF
1
.6 n
g
DF
1
60 n
g
DF
4
00 ng
SL
N
SL
N
DF
1.6
n
g
SLN DF
16
0 ng
SLN DF
40
0 ng
0
20
40
60
80
100
Células x 10
5
/mm
3
3 4 5 6 7
0
10
20
30
40
50
60
PBS
SLN
DF 1.6 ng
SLN 1.6 ng
§
DF 160 ng
NE 160 ng
# §
DF 400 ng
NE 400 ng
*
# §
Tempo (dias)
TEP (s)
5 6 7
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
PBS
NLS
DF 1.6 ng
NLS 1.6 ng
DF 160 ng
#
NLS 160 ng
#
DF 400 ng
#
NLS 400 ng
#
3 4
Tempo (dias)
Diâmetro Articular (cm)
A) B)
C)
181
Os AINEs são freqüentemente, a terapia analgésica e antiinflamatória de
escolha para o tratamento da artrite reumatóide (Wienecke e Gotszsche, 2004).
Nestas doenças, o diclofenaco e a indometacina e promovem alívio da dor, do
edema e enrijecimento articular e também restabelecem a capacidade
funcional (Minisola e col., 1990; Hollingworth, 1993). Estudos em pacientes
com osteoartrite mostram que os AINEs podem reduzir, em curto prazo e de
maneira rápida, a dor nas articulações. No entanto, o uso destes fármacos, a
longo prazo, deve ser limitado devido aos sérios efeitos adversos (Dougados,
2001; Bjordal e col., 2004). Testes clínicos mostram que o diclofenaco é tão
efetivo quanto à indometacina no restabelecimento da função e na redução da
dor em pacientes com artrite reumatóide, osteoartrite e espondilite anquilosante
(Brogden e col., 1980; Small, 1989; Case e col., 2003). Porém, a indometacina
apresenta maior toxicidade (Hollingworth, 1993; Leeb e col., 2004). O efeito
analgésico obtido com o diclofenaco tem início rápido e duradouro e pode ser
considerado como um dos poucos AINEs de primeira escolha no tratamento de
condições inflamatórias e de dor aguda e crônica (Todd e Sorkin, 1988).
Além de atuarem inibindo a ciclooxigenase e, desta forma, promoverem
um alívio sintomático eficaz, os AINEs podem modular o acúmulo de leucócitos
polimorfonucleares ou mononucleares na sinóvia inflamada. A inibição da
infiltração de leucócitos pelos AINEs, in vivo, ocorre com doses maiores que as
requeridas para a inibição local de prostaglandinas. Este dado está de acordo
com o fato de que altas doses de AINEs são necessárias para o tratamento de
artrite reumatóide e de outras doenças articulares, doses estas muito maiores
que as requeridas para promover uma simples analgesia (Parnham, 1999). Em
modelos animais como o de artrite induzida por adjuvante de Freund, em ratos,
182
a indometacina (2 mg/kg) inibe completamente o desenvolvimento da
hiperalgesia e do edema articular (Tatsuo e col., 1994). Em outro estudo
utilizando este mesmo modelo, em coelhos, a indometacina também reduz o
edema articular, porém, induz aumento da perda de proteoglicanas da
cartilagem articular e do número de linfócitos na sinóvia inflamada sugerindo
que, os benefícios sintomáticos da indometacina e drogas relacionadas
(AINEs) na artrite inflamatória, podem ser obtidos às custas de efeitos adversos
significantes nos tecidos articulares (Pettipher e col., 1989). Por outro lado,
também no modelo de artrite induzida por adjuvante, o diclofenaco reduz a
concentração de células polimorfonucleares no fluido sinovial sem alterar a
concentração de mononucleares (Lopez-Armanda e col., 2002). Estes dados
sugerem que os AINEs podem ter efeitos diferenciados na migração de
polimorfonucleares e mononucleares para a articulação.
Neste presente estudo, verificamos que o diclofenaco, quando
administrado por via intraperitoneal, é capaz de diminuir a nocicepção e o
edema articular induzidos pelo CFA, embora nenhuma das doses por esta via
tenha diminuído a migração celular para o líquido sinovial. Estes dados
suportam a eficácia de AINEs no tratamento da artrite reumatóide e confirmam
os estudos tanto em outros modelos experimentais quanto em testes clínicos
com outras artropatias. Além disso, estes dados revelam a confiabilidade e a
segurança que o modelo de artrite induzida por CFA apresenta para o estudo
da ação do diclofenaco na nocicepção e edema articular. Em estudo realizado
por Bressan e colaboradores (2005), uma dose de 2,5 mg/kg administrado pela
intraperitoneal foi capaz de reduzir a migração principalmente de
mononucleares em modelo de artrite reativa induzida por carragenina e LPS.
183
Além disso, a dose requerida para a inibição da migração celular foi maior que
a dose necessária para se obter o efeito antinociceptivo e antiedematogênico
máximo, o que poderia explicar, em parte, o porquê da necessidade de altas
doses de AINEs para tratar de maneira eficaz as doenças articulares
(Parnham, 1999). Desta forma, o fato de que as doses necessárias para
inibição leucocitária não foram suficientemente alcançadas quando o
diclofenaco foi administrado pela via intraperitoneal, nos sugere que a inibição
da nocicepção e do edema articular por este fármaco, pode não estar
necessariamente associada com a inibição da migração celular para o foco
inflamatório.
Novos sistemas de liberação de fármacos, como nanopartículas,
micropartículas e lipossomas, podem ser empregados no aumento da eficácia
terapêutica de fármacos clássicos ou novos protótipos, por modificarem sua
distribuição, e desta forma aumentarem a atividade farmacológica e/ou
reduzirem a toxicidade (Liu e col., 2005). Neste estudo, nós verificamos a
atividade antiinflamatória de dois tipos de nanocarreadores, nanoemulsões e
nanopartículas lipídicas sólidas, por duas diferentes vias de administração. Nos
estudos na qual a via intravenosa foi empregada, ambos os carreadores não
foram efetivos na diminuição da nocicepção em todas as doses avaliadas.
Apenas na dose mais alta de diclofenaco (250 µg/kg), o efeito
antiedematogênico do fármaco foi observado quando encapsulado tanto em NE
quanto em NLS. Entretanto, não houve diferença entre a dose livre ou
encapsulada administradas sistemicamente. Estes dados sugerem que uma
rápida eliminação das nanopartículas da corrente sanguínea pode ter
acontecido em virtude da captura por células do sistema retículo endotelial, o
184
que resultaria na diminuição da concentração disponível para atingir o efeito
antiinflamatório esperado no tecido articular. Isto sugere que, Contudo, a rápida
remoção das nanopartículas da corrente sangüínea após administração
intravenosa pelo sistema retículo endotelial, principalmente representado pelas
células de Kupffer do fígado e macrófagos do baço e da medula óssea,
compromete a eficiência terapêutica desses sistemas e a liberação controlada
de fármacos para outros órgãos (Santander-Ortega e col., 2007).
Nanopartículas preparadas a partir de materiais hidrofóbicos são rapidamente
capturadas por células do sistema fagocítico mononuclear após injeção
intravenosa, devido à adsorção de componentes plasmáticos que tornam as
partículas reconhecíveis pelo sistema imune. O estímulo fagocítico induz
macrófagos a secretarem um número de substâncias incluindo eicosanóides,
espécies reativas de oxigênio e citocinas que podem levar a uma resposta
inflamatória (Ziats e col., 1998). Estes mediadores são importantes para a
eliminação de organismos patogênicos, mas potencialmente deletérios quando
partículas ingeridas são inertes ou não-patogênicas (Fernandéz e col., 1995).
A cinética de eliminação e a distribuição in vivo dos carreadores
depende de fatores físico-químicos como tamanho, carga de superfície e
hidrofobicidade e podem ser ajustadas durante o processo de produção. Neste
estudo, partículas de superfície altamente negativa e hidrofóbica, foram
alcançadas pela presença de lipídios e do tensoativo empregado. Estas duas
características superficiais proporcionam um rápido reconhecimento de células
do sistema imune de acordo com estudos descritos na literatura. Neste
contexto, diversas pesquisas têm sido realizadas no intuito de agentes
185
terapêuticos serem menos reconhecidos pelo sistema imunológico.
Nanopartículas estabilizadas estericamente têm sido preparadas pela adsorção
da cobertura das partículas com surfactantes hidrofílicos ou pelo uso de
polímeros ou lipídios covalentemente ligados a um bloco hidrofílico como o
polietilenoglicol. A cobertura com materiais não carregados com substâncias
hidrofílicas reduz a adsorção de proteínas plasmáticas, juntamente com uma
efetiva barreira estérica que previne a captura por células fagocíticas (Bazile e
col., 1995; Gref e col., 1995; Shukla e col., 2005).
A atividade antiinflamatória de nanocarreadores lipídicos contendo
diclofenaco também foi investigada após a administração intra-articular. Neste
estudo, quando o diclofenaco foi administrado na forma de nanoemulsão ou
nanopartículas lipídicas sólidas, apenas os nanocarreadores foram efetivos na
diminuição da nocicepção avaliada pelo teste de incapacitação articular na
dose mais alta (400 ng), quando comparados ao rmaco livre ou ao grupo
PBS. Em adição, na avaliação do edema articular, uma diminuição significativa
foi alcançada quando nanoemulsões na dose mais baixa de 1,6 ng, bem como
na dose de 400 ng, quando comparado ao fármaco não-encapsulado ou ao
grupo PBS. NLS apenas reduziram o edema articular nas doses de 160 ng e
400 ng quando comparado ao grupo PBS. O diclofenaco administrado na forma
livre nestas duas doses, também diminuiu o diâmetro articular evocado no
modelo. Não houve diferença na redução da migração celular para todos os
grupos tratados. Estes dados demonstram que um aumento da atividade
antiinflamatória do diclofenaco foi alcançado quando sistemas
nanoestruturados foram administrados localmente pela via intra-articular.
Nosso achados corroboram com estudos descritos na literatura onde a ação
186
antiinflamatória é potencializada com carreadores administrados localmente.
Esta melhora pode estar associada à liberação prolongada do diclofenaco,
proteção do rmaco contra a degradação, bem como à possibilidade da
formação de um depósito de partículas na cavidade articular, o que acarretaria
um aumento do tempo de permanência dos nanocarreadores lipídicos na
articulação inflamada. Thakkar e colaboradores (2007), semelhantemente
demonstraram num estudo realizado em ratos artríticos, um aumento da
resposta antiinflamatória do celecoxibe administrados em nanopartículas
lipídicas sólida. O aumento da resposta terapêutica foi associado ao aumento
da retenção das nanopartículas na cavidade articular. O fármaco não
encapsulado apresentou rápido clearance da articulação inflamada para a
circulação sanguínea, enquanto NLS foram associadas a baixos níveis
sanguíneos. A concentração articular do fármaco encapsulado foi 16 vezes
maior em 4 horas, e 15 vezes maior em 24 horas após a administração intra-
articular. As diferenças encontradas entre as NE e NLS, podem estar
associadas à diferença do perfil de liberação do rmaco a partir dos
carreadores, bem como pela capacidade diferenciada da retenção dos
nanocarreadores por células fagocíticas articulares.
187
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES
O diclofenaco ácido, empregado no modelo de artrite adjuvante induzida
por CFA, apresentou efeito hiponociceptivo e antiedematogênico quando
administrado pela via intraperitoneal (5,0 ou 10,0 mg/kg). Entretanto, nas doses
avaliadas, não houve diferença mínima significativa em relação à migração
celular. Estes dados suportam a eficácia de AINEs no tratamento da artrite
reumatóide e confirmam os estudos tanto em outros modelos experimentais
quanto em testes clínicos com outras artropatias. Estes resultados demonstram
que o diclofenaco pôde ter sido utilizado como rmaco modelo no tratamento
da artrite adjuvante em ratos e, desta forma, a ação antiinflamatória de
nanocarreadores nas articulações inflamadas pode ser comparada.
Nanopartículas lipídicas sólidas e nanoemulsões quando administradas
pela via intravenosa não apresentaram efeito antinociceptivo ou
antiedematogênico nas doses testadas (50; 100 ou 250 µg/kg). Entretanto, o
fármaco livre apresentou redução nos parâmetros de dor e edema avaliados.
Ambas as formas farmacêuticas, bem como o diclofenaco livre, apresentaram
inibição significativa da migração celular. Estes dados sugerem que os
nanocarreadores lipídicos podem ter sido rapidamente removidos da circulação
sanguínea por monócitos circulantes, o que acarretaria diminuição da
concentração terapêutica no sítio inflamatório. É importante ressaltar que estas
partículas possuem alta carga superficial negativa que podem proporcionar um
aumento da captura das partículas por células do sistema retículo endotelial.
Outro bloco de experimentos demonstrou que a utilização dos
nanocarreadores administrados pela via intra-articular apresenta alta atividade
188
antiinflamatória, ainda que nas doses mais baixas. Tanto o edema articular,
quanto a nocicepção foram inibidos pela utilização dos carreadores por esta
via. A migração celular não foi diferente significativamente quando comparado
ao fármaco livre. Estes dados corroboram com achados literários que
demonstram que sistemas nanocarreadores de fármaco podem aumentar a
eficácia de terapêutica através da redução da dose e aumento do tempo de
permanência no tecido alvo. Desta forma, nanopartículas lipídicas sólidas e
nanoemulsões contendo diclofenaco apresentam-se como potencial estratégia
terapêutica no tratamento de doenças inflamatórias articulares.
189
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191
CAPÍTULO 5:
AVALIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE NANOCARREADORES
LIPÍDICOS CONTENDO DICLOFENACO A CÉLULAS
FAGOCÍTICAS ARTICULARES
192
Nanocarreadores oferecem possibilidades únicas ao driblar barreiras
biológicas com o intuito de aumentar a entrega intracelular de várias classes de
fármacos. Diversos mecanismos de internalização intracelular de
nanocarreadores, que são extensivamente influenciados pelas propriedades
físico-químicas de nanopartículas, têm sido descritos em estudos de
nanotecnologia aplicada a fármacos. Dependendo da captura e tráfego
intracelular, diferentes aplicações farmacológicas podem ser consideradas.
Vias fagocíticas mediadas por receptores celulares e vias não-fagocíticas como
a endocitose mediada por clatrina ou caveolina, bem como a pinocitose,
aparecem como mecanismos em vários cenários de entrega vetorizada de
forma passiva ou ativa ao interior celular. Doenças infecciosas, onde o
microorganismo se encontra alojado no interior celular, assim como o câncer e
algumas desordens inflamatórias, doenças onde a lula se torna o principal
alvo terapêutico, apresentam-se como patologias importantes no estudo da
entrega celular de fármacos.
Com intuito de investigar se a melhora da resposta antiinflamatória do
diclofenaco está relacionada à vetorização passiva através da associação das
partículas a células fagocíticas articulares, foram preparadas NLS e NE
marcadas com corante fluorescente e administradas diretamente na articulação
inflamada para análise do líquido sinovial por citometria de fluxo. O capítulo a
seguir contempla o estudo da associação de nanocarreadores lipídicos a
células fagocíticas articulares.
193
METODOLOGIA
5.1. Preparação e caracterização dos nanocarreadores lipídicos
fluorescentes
NLS e NE contendo Vybrant DIL (Molecular Probes), um fluorocromo
lipofílico, e/ou diclofenaco, foram preparadas pela técnica de difusão do
solvente a quente, conforme descrito no item 3.2 do capítulo 3. Todas as
formulações foram preparadas pela adição de 10 µl do marcador fluorescente
na fase orgânica. Para aquelas partículas preparadas com diclofenaco ácido,
5,0 mg do fármaco foram adicionados à fase orgânica das formulações. O
material utilizado para produção dos carreadores foi previamente esterilizado
por calor úmido sob pressão, e a preparação foi realizada em ambiente
rigorosamente limpo. As suspensões coloidais foram protegidas do abrigo da
luz e estocadas em geladeira. A eficiência de encapsulação e o teor de
fármaco das partículas contendo diclofenaco foram determinados por CLAE
conforme item 3.4.2.6 do capítulo 3.
5.1.2. Determinação do tamanho, índice de polidispersão e potencial zeta
das nanopartículas
O diâmetro médio e o potencial zeta dos nanocarreadores foram
determinados por espectroscopia de correlação fotônica e anemometria laser
Doppler, respectivamente, conforme descrito no item 3.3 do capítulo 3.
194
5.2. Indução da inflamação articular por CFA
A inflamação articular foi induzida em 40 ratos fêmea Wistar pesando
entre 200-250 g. Os animais foram alimentados em regime ad libitum e
mantidos no ciclo claro escuro por 12h a temperatura de 21°C ± C.
Primeiramente animais naïve receberam uma injeção intradérmica de 50 µl de
CFA (0,5 mg/ml, Mycobacterium tuberculosis) na base da cauda. Para isso, a
área que recebera a injeção foi previamente depilada. Após, aplicou-se uma
solução de álcool iodado (1%) para assepsia do sítio de injeção. Em seguida,
procedeu-se à injeção de CFA com auxílio de uma seringa de 1 ml e agulha 13
x 4.5 mm. A agulha foi inserida aproximadamente 1 cm subcutaneamente na
base cauda, e imediatamente após, injetou-se o CFA. Este procedimento de
injeção intradérmica constituiu no primeiro estímulo inflamatório que os animais
receberam, sete dias antes de uma segunda estimulação realizada pela via
intra-articular. A injeção intra-articular (i.a.) de 50 µl de CFA foi realizada na
articulação tíbio-femural (na região do ligamento suprapatelar) dos animais,
sete dias após o primeiro estímulo. Para isto, os animais foram gentilmente
imobilizados, a área do sítio de injeção depilada e uma solução de álcool
iodado (1%) foi aplicada para assepsia. Em seguida procedeu-se à injeção de
CFA com auxílio de uma seringa de 1 ml e agulha 13 x 4.5 mm.
195
5.3. Avaliação da influência da concentração de nanocarreadores
fluorescentes na associação de células fagocíticas articulares
Para avaliar a influência da concentração das nanopartículas na
associação de células fagocíticas articulares, um experimento foi realizado
empregando-se diferentes diluições de partículas injetadas na articulação tíbio-
femural, após 23h do estímulo intra-articular com CFA (Figura 1). NLS ou NE
contendo Vybrant DIL, com ou sem diclofenaco foram diluídas 1, 2 e 10x em
salina estéril, e injetadas num volume final de 50 µl. Partículas não marcadas
com o corante fluorescente e sem diclofenaco foram empregadas como
controle. Após 3 horas, o líquido sinovial dos animais foi coletado através da
lavagem da articulação com 100 µl de salina estéril heparinizada (0,5%). As
amostras do lavado articular foram transferidas para tubo falcon de 15 ml e
completadas com salina estéril até 5 ml. Os tubos foram agitados manualmente
para ruptura dos possíveis agregados e centrifugados a C e 1500 rpm
durante 5 minutos. O sobrenadante foi descartado e o pellet formado foi
suspenso em 1 ml de ACK (solução de lise de hemácias) durante 5 minutos.
Posteriormente, o volume foi completado a 10 ml com PBS estéril e procedeu-
se a centrifugação a C e 1500 rpm durante 5 minut os. O sobrenadante foi
descartado e o pellet formado foi suspenso em 300 µl de tampão de FACS
(Fluorescence Activated Cell Sorter).
As amostras foram analisadas por citometria através das análises de
tamanho e granulosidade das lulas em citômetro de fluxo, modelo
FACSCalibur (Becton Dicksinson), utilizando o porgrama CellQuest™ (BD
Bioscences) e os eventos adquiridos (100.000), analisados com o programa
196
FlowJo (© Tree Star, Inc.) versão 8.6.3. Durante a aquisição das células,
parâmetros celulares como dispersão da luz frontal (determinado pelo forward
scatter - FSC) e dispersão de luz lateral (estabelecido pelo side scatter - SSC)
foram definidos através de ajustes nos detectores FSC e SSC. A análise da
freqüência de células foi realizada primeiramente com a separação da
população de macrófagos e granulócitos de todas as outras células através do
gate da população de interesse, observando-se os parâmetros FSC e SSC e
subtraindo-se das freqüências dos controles negativos. A porcentagem de
DIL+, ou seja, células na qual houve associação com nanocarreadores, foi
determinada pela análise do canal FL2 das populações de interesse,
macrófagos e granulócitos.
Figura 1. Esquema do experimento para avaliação da influência da
concentração de nanocarreadores lipídicos na associação de células
fagocíticas articulares após administração intra-articular em modelo de
inflamação articular induzida por CFA.
Eutanásia, coleta líquido sinovial
e citometria de fluxo
Pré-sensibilização
CFA i.d.
- 7 dias 0 dia
SLN ou NE
fluorescentes 5, 25
ou 50 µl
Re-estimulação CFA
i.a.
23°h
dia
3 h
197
5.3. Avaliação da associação de nanocarreadores lipídicos fluorescentes
a células fagocíticas articulares em função do tempo de pós-tratamento
O tratamento com NLS e NE contendo Vybrant DIL e/ou diclofenaco foi
realizado através da injeção intra-articular de 50 µl das nanosuspensões. O
tratamento foi realizado após a assepsia local com os animais gentilmente
imobilizados logo após 23 horas do estímulo articular com CFA. Em tempos
pré-determinados, 1, 3 e 24 horas, os animais foram eutanaziados através da
injeção intraperitoneal (i.p.) de uma solução de hidrato de cloral (15%, 2 ml)
seguido de deslocamento cervical. Imediatamente após, o líquido sinovial dos
animais foi recolhido através da lavagem da articulação com 100 µl de salina
heparinizada (0,5%). O líquido sinovial recolhido foi acondicionado em
eppendorf e mantido em gelo para posterior processamento da amostra. O
protocolo experimental está demonstrado na Figura 2.
Figura 2. Esquema do experimento para avaliação da associação de
nanocarreadores lipídicos a células fagocíticas articulares em função do s-
tratamento intra-articular em modelo de inflamação induzido por CFA.
Eutanásia, coleta líquido sinovial
e citometria de fluxo
Pré-sensibilização
CFA i.d.
- 7 dias 0 dia
NLS ou NE
fluorescentes
Re-estimulação CFA
i.a.
23°h
dia
1 h 3 h 24 h
198
5.4. Avaliação da associação das partículas por células fagocíticas
articulares por citometria de fluxo
Para avaliação da associação dos nanocarreadores às células
fagocíticas, amostras do lavado articular foram transferidas para tubo falcom de
15 ml e completado com PBS estéril até 5 ml. Os tubos foram agitados
manualmente para ruptura dos possíveis agregados, e posteriormente
centrifugados a C, 1500 rpm durante 5 minutos. O sobrenadante foi
descartado e o pellet formado foi suspenso em 1 ml de ACK durante 5 minutos
para lise de hemácias presentes na amostra. Posteriormente, o volume foi
completado a 10 ml com PBS estéril e procedeu-se novamente a centrifugação
a C e 1500 rpm durante 5 minutos. O sobrenadante foi descartado e o pellet
formado foi suspenso em 300 µl de tampão de FACS (Fluorescence Activated
Cell Sorter).
As amostras foram analisadas por citometria através das análises de
tamanho e granulosidade das lulas em citômetro de fluxo, modelo
FACSCalibur (Becton Dicksinson), utilizando o porgrama CellQuest™ (BD
Bioscences) e os eventos adquiridos (100.000), analisados com o programa
FlowJo (© Tree Star, Inc.) versão 8.6.3. Durante a aquisição das células,
parâmetros celulares como dispersão da luz frontal (determinado pelo forward
scatter - FSC) e dispersão de luz lateral (estabelecido pelo side scatter - SSC)
foram definidos através de ajustes nos detectores FSC e SSC. A análise da
freqüência de células foi realizada primeiramente com a separação da
população de macrófagos e granulócitos de todas as outras células através do
gate da população de interesse, observando-se os parâmetros FSC e SSC e
199
subtraindo-se das freqüências dos controles negativos. A porcentagem de
DIL+, ou seja, células na qual houve associação com nanocarreadores, foi
determinada pela análise do canal FL2 das populações de interesse,
macrófagos e granulócitos.
5.5. Avaliação do tipo de associação dos nanocarreadores a células
fagocíticas articulares
Para investigar o tipo de associação a células fagocíticas, a articulação
tíbio-femural de 48 fêmeas wistar foram inflamadas conforme protocolo descrito
na Figura 3. Após 3 horas, as células articulares foram removidas pela
lavagem da cavidade articular com salina heparinizada (0,5%). O lavado
articular foi transferido para tubo falcon de 50 ml e mantido em gelo para
posterior processamento. Em seguida, o volume foi completado para 50 ml de
PBS estéril e centrifugado por 2 vezes a C e 1200 rpm durante 5 minutos.
Em seguida, procedeu-se a contagem celular com azul de tripan (0,4%) em
câmera de neubauer. 1x10
6
células foram suspensas em meio DMEM (Dubco,
EUA) estéril sem soro e transferidas para tubo falcon de 15 ml. A cada tubo, 50
µl de NLS ou NE fluorescentes contendo diclofenaco (5,0 mg) foram
adicionados e as amostras incubadas durante 1 ou 3 horas a 37°C ou em gelo.
Após os tempos pré-determinados, as amostras foram lavadas em PBS estéril
4 vezes aC e 1200 rpm durante 5 minutos. O sobr enadante foi descartado e
o pellet formado foi suspenso em 200 µl de tampão de FACS (Fluorescence
Activated Cell Sorter).
200
As amostras foram analisadas por citometria através das análises de
tamanho e granulosidade das lulas em citômetro de fluxo, modelo
FACSCalibur (Becton Dicksinson), utilizando o porgrama CellQuest™ (BD
Bioscences) e os eventos adquiridos (100.000), analisados com o programa
FlowJo (© Tree Star, Inc.) versão 8.6.3. Durante a aquisição das células,
parâmetros celulares como dispersão da luz frontal (determinado pelo forward
scatter - FSC) e dispersão de luz lateral (estabelecido pelo side scatter - SSC)
foram definidos através de ajustes nos detectores FSC e SSC. A análise da
freqüência de células foi realizada primeiramente com a separação da
população de macrófagos e granulócitos de todas as outras células através do
gate da população de interesse, observando-se os parâmetros FSC e SSC e
subtraindo-se das freqüências dos controles negativos.
Figura 3. Esquema do experimento para avaliação do tipo de associação de
nanocarreadores lipídicos a células fagocíticas articulares em função do tempo,
após administração intra-articular em modelo de inflamação articular induzida
por CFA.
Eutanásia, coleta líquido sinovial e
citometria de fluxo
Pré-sensibilização
CFA i.d.
- 7 dias 0 dia
NLS ou NE
fluorescentes
Re-estimulação CFA
i.a.
23°h
dia
3 h
1 h
201
5.5. Avaliação da liberação de TNF após administração in vivo de
Nanopartículas Sólidas Lipídicas e Nanoemulsões
O tratamento com as partículas NLS e NE contendo Vybrant DIL, com ou
sem diclofenaco, foi realizado através da injeção intra-articular de 50 µl das
suspensões ou através do mesmo volume de nanopartículas sem corante no
caso dos grupos controle. O tratamento foi realizado após a assepsia local com
os animais gentilmente imobilizados logo após 24 horas do estímulo articular
com CFA (Figura 4). Após 3 horas, os animais foram eutanaziados através da
injeção intraperitoneal (i.p.) de uma solução de hidrato de cloral (15%, 2ml)
seguido de deslocamento cervical. Imediatamente após, o líquido sinovial dos
animais foi recolhido através da lavagem da articulação com 100 µl de salina
heparinizada (0,5%). O líquido sinovial recolhido foi acondicionado em
eppendorf e mantido em gelo. As amostras foram centrifugadas a 3000 rpm por
5 minutos e o sobrenadante recolhido. Uma alíquota de 100 µl de cada amostra
foi plaqueada em placa IMULON
®
para ELISA de 96 orifícios. O teste de ELISA
para TNF foi realizado segundo descrição do kit rat TNF-α/TNFSF1A (Dy510,
R&D Systems). A leitura da placa foi realizada em leitor de ELISA a 450 nm. O
protocolo experimental está demonstrado na Figura 4.
202
Figura 4. Esquema do experimento para avaliação da liberação de TNF após
administração de NLS e NE com ou sem diclofenaco em modelo de inflamação
articular induzida por CFA.
Eutanásia, coleta líquido sinovial e
ELISA
Pré-sensibilização
CFA i.d.
- 7 dias 0 dia
NLS ou NE
fluorescentes
Re-estimulação CFA
i.a.
23°h
dia
3 h
203
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados apresentados no capítulo anterior demonstraram que o
tratamento com sistemas nanoparticulados aumenta a resposta do diclofenaco
quando administrado intra-articularmente. Com o intuito de investigar se a
melhora da resposta antiinflamatória está relacionada à vetorização passiva
dos carreadores pela associação a células fagocíticas articulares, NLS e NE
fluorescentes (Figura 5) com ou sem diclofenaco, foram preparadas, e a
associação investigada através de citometria de fluxo. Após o preparo dos
nanocarreadores, estes foram caracterizados quanto à eficiência de
encapsulação e teor de fármaco, e avaliados quanto ao tamanho e potencial
zeta. Os resultados encontrados na Tabela 1 demonstram que altas taxas de
associação do fármaco aos carreadores lipídicos foram alcançadas, e a
presença do marcador fluorescente Vybrant DIL não pareceu alterar o teor de
diclofenaco nas formulações. O tamanho dos carreadores bem como o
potencial zeta manteve as mesmas características observadas em estudos
anteriores e também não foram alterados pela presença do corante (dados não
mostrados).
204
Figura 5. Fotomicrografia de nanopartículas contendo marcador lipofílico
Vybrant DIL (Molecular Probes) obtida por microscopia de fluorescência (40x).
Os nanocarreadores foram utilizados na avaliação da associação a células
fagocíticas articulares nos estudos de citometria de fluxo.
Tabela 1. Valores de teor de diclofenaco g/ml) e eficiência de encapsulação
(%) obtidos por CLAE a partir de formulações de NLS e NE fluorescentes
empregadas na avaliação da associação a células fagocíticas articulares no
estudo de citometria de fluxo.
Formulação Teor (µg/ml) EE (%)
NE-DF 213,96 -
NE-DF-DIL 201,33 -
SLN-DF 378,82 93,25
SLN-DF-DIL 323,12 94,61
Os estudos obtidos por citometria de fluxo através da análise dos gates
das populações específicas demonstrados em porcentagem na Figura 7,
indicam que tanto formulações de NLS quanto de NE, com ou sem diclofenaco,
podem se associar a células fagocíticas articulares do líquido sinovial de
Nanopartículas/DIL
205
animais inflamados com CFA. Entretanto, NLS apresentaram maior
porcentagem de células associadas quando comparada às nanoemulsões após
3 horas da administração. A presença de diclofenaco no carreador o alterou
a taxa de associação celular nos dois tipos de formulações testadas. A
porcentagem de células positivas aumentou com o aumento da concentração
dos carreadores na articulação, principalmente quando a diluição de 1x (50 µl)
foi empregada quando comparada às diluições de 2x (25 µl) e 10x (5 µl).
A diferença na associação de NLS em relação às NE pode estar
intimamente relacionada às características dos dois tipos de vetores
desenvolvidos. Nanopartículas lipídicas sólidas apresentam maiores valores de
tamanho de partícula (250-300 nm) quando comparado às nanoemulsões (150
nm). Embora um tamanho mínimo de 500 nm para que uma partícula seja
submetida à fagocitose freqüentemente é proposto na literatura (Aderem e
Underhill, 1999; Groves, Dart e Covarelli, 2008), esta indicação deve ser
cuidadosamente analisada, pois macrófagos podem fagocitar partículas de
amplitude de tamanhos variáveis comparado a outras vias endocíticas (Aderem
e Underhill, 1999). Um modelo proposto de partículas de poliestireno (PST) no
alcance de 250 nm a 3 µm demonstrou uma expressiva taxa de fagocitose in
vitro (peso de partícula/célula), a medida que o tamanho de partícula era
aumentado, enquanto nanopartículas menores do que 250 nm foram menos
eficientemente internalizadas (Korn e Weisman, 1967). Similarmente, partículas
à base de outros polímeros como albumina (Schäfer e col., 1992), celulose
modificada (Tabata e Ikada, 1988), polimetilmetacrilato (PMMA) e
polialquilcianocrilato (PACA) (Schäfer e col., 1992), exibiram uma maior captura
quando o tamanho aumentou de 200 nm a alguns micrômetros. Carreadores
206
preparados a partir de materiais lipídicos, como no caso dos lipossomas,
também apresentam o mesmo padrão de internalização: vesículas maiores do
que 100 nm e multilamelares, mesmo em menores concentrações, são mais
internalizadas do que lipossomas menores e unilamelares (Moghimi e Szebeni,
2003).
Na presença de soro, o tamanho dos nanocarreadores foi observado ter
uma grande influência na adsorção de opsoninas, e conseqüentemente na
fagocitose. Por exemplo, o consumo in vitro de proteínas do sistema
complemento foi aumentado com o tamanho das nanocápsulas lipídicas. Isto
foi explicado pelo fato de que na superfície curva das partículas menores, a
conFiguração geométrica apropriada para a ativação eficiente do complemento,
poderia ser conseguida menos facilmente do que nas maiores (Vonarbourg e
col., 2006).
Embora o tamanho de partícula não seja a única propriedade que
influencie a captura por células fagocíticas (Heath, Lopez e Papahadjopoulos,
1985), bem como as propriedades superficiais dos carreadores, tais como
carga ou até mesmo a composição e forma da partícula, estes resultados
sugerem de que NLS tenham sido mais associadas às células em virtude do
maior tamanho encontrado. A menor associação de NE também pode estar
indiretamente relacionada à diferença de liberação do corante a partir do
nanocarreador, uma vez que a área superficial das gotas da nanoemulsão
apresenta-se maior, o que levaria à rápida difusão do DIL e conseqüentemente
a ausência de fluorescência nas células associadas. O comportamento dose-
dependente encontrado pode ser proveniente do aumento do número de
207
partículas administradas quando doses maiores foram empregadas no
experimento.
Estudos têm demonstrado que nanopartículas e lipossomas, cuja
estrutura e composição química sejam fortemente diferentes, podem ter
interações similares com macrófagos baseados em sua carga elétrica de
superfície. Lipossomas apresentando carga de superfície negativa, decorrente
da presença de fosfolipídios como a fosfatidilserina (PS) e o fosfatidilglicerol
(PG), têm um uma maior taxa de fagocitose por macrófagos em comparação às
vesículas neutras (Raz e col., 1981); o mesmo ocorre em lipossomas
carregados positivamente (Schwendener, Lagocki e Rahman, 1984). Um
padrão similar foi encontrado para nanopartículas carregadas negativamente
ou positivamente quando comparadas às partículas neutras (Tabata e Ikada,
1988; Roser, Fischer e Kissel, 1988). Adicionalmente, nanopartículas
hidrofóbicas são mais rapidamente capturadas do que partículas hidrofílicas.
Vários mecanismos têm sido propostos a respeito da captura preferencial de
nanopartículas carregadas: a existência de áreas com alta densidade de carga
na superfície celular capazes de mediar a endocitose de partículas positivas
(Lee, Hong e Papahadjopoulos, 1992) e a participação de interações não-
específicas com receptores não-específicos pela interação de partículas
negativas (Schwendener, Lagocki e Rahman, 1984), especialmente pelo
receptor do tipo Scanvenger B (Rigotti, Acton e Krieger, 1995). Estes
resultados reforçam a idéia de que os nanocarreadores produzidos a partir de
lecitina e taurocolato de sódio (NE e NLS) carregados negativamente (-60 a -50
mV) podem ser internalizados devido principalmente à densidade de carga
208
produzida pelos componentes da formulação, bem como pela hidrofobicidade
do nanocarreador.
Figura 6. Exemplos de dot plots obtidos por citometria de fluxo da avaliação da
associação de nanocarreadores lipídicos fluorescentes contendo diclofenaco
após administração intra-articular. O exemplo se refere ao estudo de
nanoemulsões contendo Vybrant DIL injetadas e diferentes diluições em PBS
estéril. As Figuras da coluna à esquerda se referem aos dot plots de
nanoemulsões não marcadas com o corante. A) população total de células
articulares; B) população de macrófagos; C) população de granulócitos. As
setas vermelhas referem-se à população de macrófagos presente no líquido
sinovial de animais inflamados com CFA.
NE Unstained NE Unstained
NE Unstained NE Unstained NE Unstained
NE Unstained
NE Unstained
NE-DF 5
µ
l NE-DF 50
µ
l NE-DF 25
µ
l
A)
B)
C)
0,79%
0,7
3
%
0,
56
%
9
,
58
%
0,30
%
0,34
%
0,44
%
7,34
%
209
Figura 7. Influência na associação de nanocarreadores lipídicos fluorescentes,
a células fagocíticas articulares em função da concentração de partículas
administradas na articulação de animais inflamados com CFA analisado por
citometria de fluxo. A) NLS = nanopartículas lipídicas sólidas sem fármaco;
NLS-DF= nanopartículas lipídicas sólidas contendo diclofenaco; B) NE =
nanoemulsões sem fármaco; NE-DF= nanoemulsões contendo diclofenaco. Os
gráficos foram plotados através da Média ± Desvio Padrão de dois
experimentos independentes (n= 3 animais por grupo).
Uma vez que a freqüência de células positivas foi dose-dependente, e
com o intuito de avaliar a cinética de associação dos nanocarreadores, animais
inflamados com CFA receberam 50 µl de NLS ou NE fluorescentes pela via
intra-articular, com ou sem diclofenaco, e após 1, 3 e 24 horas, o líquido
sinovial foi coletado e analisado por FACS. A Figura 8 demonstra os resultados
encontrados neste estudo. Como pode ser observado, tanto NE quanto NLS se
associaram às células fagocíticas, sendo que a população de macrófagos
apresentou novamente maior freqüência de células DIL positivas em relação à
população de granulócitos. Adicionalmente, a freqüência de células positivas
aumentou com o aumento do tempo de pós-tratamento, sendo que os valores
l
µµ
µ
µNL
S
5
l
µµ
µ
µNLS-DF 5
l
µµ
µ
µNL
S 25
l
µµ
µ
µN
LS-
DF
2
5
l
µµ
µ
µ
NLS 50
l
µµ
µ
µN
L
S-DF
5
0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Macfagos
Granulócitos
A)
lulas DIL+ (%)
l
µµ
µ
µNE 5
l
µµ
µ
µNE-DF 5
l
µµ
µ
µ
N
E 25
l
µµ
µ
µNE
-D
F 25
l
µµ
µ
µ
N
E
50
l
µµ
µ
µ
NE
-D
F 50
0
5
10
15
20
25
30
Macrófagos
Granulócitos
B)
lulas DIL+ (%)
210
máximos de associação foram encontrados após 1h e 3h. Após 24h da
administração dos nanocarreadores, a porcentagem de células DIL positivas
caiu substancialmente para ambos os tipos de formulações. Entretanto, NE-DF
apresentaram uma freqüência de aproximadamente 3% de células positivas
mesmo após 24h de pós-tratamento. A baixa associação encontrada após 1 dia
de tratamento pode estar relacionada não apenas à ausência da adesão e/ou
internalização dos nanocarreadores às células articulares, mas principalmente
à rápida liberação do corante a partir dos mesmos, o que indicaria ausência de
fluorescência nas células associadas.
Os mecanismos pela qual nanopartículas podem ser internalizadas por
vias celulares podem estar relacionados a vias de endocitose fagocíticas e não-
fagocíticas. A opsonização é o processo pela qual um organismo estranho ou
partícula torna-se coberto por proteínas da classe das opsoninas. Após a
opsonização, a fagocitose pode ocorrer, incluindo o engolfamento e a
destruição eventual ou a remoção de materiais estranhos do organismo.
Juntos, estes dois processos formam o principal mecanismo para a remoção de
componentes indesejáveis maiores do que os limites renais a partir do tráfego
sanguíneo (Peracchia e col., 1999a; Plard e Bazile, 1999).
211
Figura 8. Avaliação da associação de nanocarreadores lipídicos fluorescentes,
a células fagocíticas articulares em função do tempo de pós-tratamento de
partículas administradas na articulação de animais inflamados com CFA
analisado por citometria de fluxo. A) NLS = nanopartículas lipídicas sólidas sem
fármaco; NLS-DF= nanopartículas lipídicas sólidas contendo diclofenaco; B)
NE = nanoemulsões sem fármaco; NE-DF= nanoemulsões contendo
diclofenaco (n= 3 animais por grupo).
A opsonização pode ocorrer rapidamente na ordem de segundos,
dependendo das características do material que forma a partícula, e pode levar
dias para o processo ser efetivamente estabelecido. O mecanismo completo
ainda não foi estabelecido, mas imunoglobinas e componentes do sistema
complemento como C3, C4 e C5 são opsoninas importantes, bem como
proteínas séricas como a laminina, proteína-C reativa, colágeno do tipo I e
muitas outras que podem participar deste processo (Frank e Fries, 1991;
Johnson, 2004). As opsoninas entram em contato com as nanopartículas
tipicamente através do movimento Browniano. Contudo, uma vez
suficientemente próxima das partículas, algumas das diversas forças atrativas
incluindo van der Walls, eletrostática, iônica, hidrofilicidade/hidrofobicidade,
NLS 1h
N
LS-
D
F 1h
NLS 3h
NLS
-
DF 3h
NLS 24h
N
LS
-D
F 24h
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Macrófagos
Granulócitos
A)
lulas DIL+ (%)
N
E
1h
NE-D
F 1h
N
E
2
5
3
h
N
E
-DF 3h
NE
2
4h
N
E
-D
F 24h
0
5
10
15
20
25
30
Macfagos
Granulócitos
B)
lulas DIL+ (%)
212
entre outras, podem estar envolvidas na ligação destas proteínas à superfície
de nanopartículas.
Após a opsonização ter ocorrido, o próximo passo no clearence é a
fagocitose mediada pela superfície da partícula opsonizada. Sem a presença
da superfície da partícula ligada ou adsorvida a proteínas, a fagocitose não
poderá ser efetuada pela ausência do reconhecimento celular. A ligação da
partícula à célula pode ocorrer através da mudança conformacional de
proteínas inativa à forma ativa, que poderá ser reconhecida e internalizada por
esta via. A superfície de lulas fagocíticas contém receptores especializados
(FcR, receptores do tipo Fc) que interagem com a conformação modificada das
opsoninas e cria uma resposta imune contra o material estranho que pode ser
mais ou menos intensa pela extensão deste reconhecimento (Owens e Peppas,
2006).
A segunda via de fagocitose proposta é a aderência não-específica de
proteínas à superfície da partícula (Frank e Fries, 1991). Este processo é
tipicamente devido à associação de proteínas com uma maior superfície
hidrofóbica do carreador. Adicionalmente, a terceira via de fagocitose pode ser
ativada através da componentes do sistema complemento. Este sistema pode
ser ativado por um dos vários mecanismos incluindo a via clássica, alternativa
e a via das lectinas (Singer e col., 1994; Morgan, 1995; Jonhson, 2004). Após a
internalização dos carreadores, a fagocitose inicia a secreção de enzimas e
espécies reativas de oxigênio, como superóxidos, óxido nítrico, todos
importantes na degradação do material fagocitado e conseqüentemente a
liberação intracelular do fármaco pode ser alcançada.
213
A via de endocitose o-fagocítica pode ser classificada a partir de 4
principais mecanismos: endocitose mediada por clatrina, endocitose mediada
por caveolina, macropinocitose e endocitose independente de clatrina e
caveolina. A via mediada por caveolina pode ser ou não mediada por
receptores específicos que trafegam as partículas para compartimentos
intracelulares como os lisossomos. Esta via tem um importante papel na
liberação de fármacos, uma vez que nanocarreadores podem ser tolerados
coma finalidade de serem metabolizados nos lisossomos, e desta forma,
liberarem o fármaco de maneira intracelular como conseqüência da
degradação lisossomal (Hillaireau e Couvreur, 2009).
Na ordem de investigar se a associação dos nanocarreadores lipídicos
contendo diclofenaco é proveniente apenas da adesão à membrana celular ou
está relacionada à internalização através de vias específicas através da
endocitose, um estudo foi realizado utilizando-se a cnica de citometria de
fluxo. Para isto NLS e NE fluorescentes contendo diclofenaco foram incubadas
com células do líquido sinovial de animais inflamados em duas diferentes
condições de temperatura, a C, o que representari a uma diminuição dos
processos de internalização, e a 37°C, mimetizando uma condição normal do
organismo, cujos processos de internalização possivelmente permanecem
preservados. A Figura 9 representa os dados obtidos para o estudo onde se
observou, que ambas as populações de células, macrófagos e granulócitos,
puderam se associar aos nanocarreadores, sendo que a freqüência de células
DIL positivas foi maior para a população de macrófagos. Em condições de
baixo metabolismo celular proveniente da incubação das células a C, NLS
214
apresentaram menor freqüência de células positivas para os dois tipos
celulares quando comparado às NE. Este resultado pode sugerir que este tipo
de nanocarreador necessita de processos mais específicos para internalização
do que nanoemulsões, que não apresentaram influência na porcentagem de
células positivas, uma que vez que a C estes carr eadores pareceram não
alterar a associação às lulas fagocíticas articulares. Características como
tamanho e composição química podem ter influenciado diretamente na
associação dos nanocarreadores lipídicos.
Figura 9. Avaliação do tipo de associação de nanocarreadores lipídicos
fluorescentes contendo diclofenaco, a células fagocíticas articulares de animais
inflamados com CFA após análise por citometria de fluxo. A) NLS-DF=
nanopartículas lipídicas lidas contendo diclofenaco; B) NE-DF=
nanoemulsões contendo diclofenaco (n= 3 animais por grupo).
M
acróf
a
go
s
Gr
a
nu
l
ócitos
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
C
37°C
A)
NLS
Células DIL+ (%)
Ma
c
rófa
go
s
G
ra
n
ul
ó
c
i
t
os
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
C
37°C
B)
NE
Células DIL+ (%)
215
Para investigar se o aumento da resposta antiinflamatória dos
carreadores estaria associado à diminuição do TNF intra-articular, um estudo
foi realizado através da determinação da concentração da citocina pró-
inflamatória por ELISA, no fluido sinovial de animais tratados com os
nanocarreadores. Os resultados encontrados na Figura 10 apresentam valores
ínfimos de concentração da citocina em todos os grupos tratados. Este
resultado pode sugerir que a liberação da TNF acontece antes do tempo de
análise obtido no estudo, ou seja, antes das 3 horas. Desta forma, a
participação do TNF não pode ser determinada após a administração dos
nanocarreadores devido ao tempo de análise obtida neste estudo.
Figura 10. Avaliação da liberação de TNF após administração in vivo de
Nanopartículas Sólidas Lipídicas e Nanoemulsões sem ou contendo
diclofenaco 3h; 12; 24; 48; 72 e 96 horas após o tratamento com os
nanocarreadores ou fármaco livre na mesma dose.
216
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES
Os resultados obtidos neste estudo indicam que tanto nanopartículas
lipídicas lidas, quanto nanoemulsões sem fármaco ou contendo diclofenaco,
podem se associar a lulas fagocíticas articulares de animais artríticos. A
associação dos nanocarreadores foi dose dependente, sendo que a dose mais
alta apresentou maiores valores em ambas os tipos de formulações.
Nanopartículas lipídicas sólidas apresentaram maior freqüência de células DIL+
quando comparadas às nanoemulsões. O pico de associação de ambos os
nanocarreadores contendo diclofenaco, foi observado logo após a primeira
hora de tratamento. Entretanto, células fagocíticas articulares de animais
tratados com as nanoemulsões, apresentaram associação prolongada em até
24 horas. Células fagocíticas articulares, incubadas a C, apresentaram baixa
internalização de NLS, sugerindo o envolvimento de uma via endocítica
específica. Em adição, as nanoemulsões parecem não ter sido afetadas em
relação aos tipos de condições experimentais empregadas.
Estes achados sugerem que a atividade antiinflamatória dos
nanocarreadores demonstrada nos estudos in vivo, pode estar relacionada à
associação celular encontrada nos estudos de citometria fluxo. Uma vez que
estes carreadores são internalizados, um depósito de partículas pode ser
alcançado, e conseqüentemente um aumento da concentração do diclofenaco
no interior celular pode sustentar o efeito antiinflamatório do fármaco.
217
REFERÊNCIAS
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219
CAPÍTULO 6:
AVALIAÇÃO DA PERMEAÇÃO CUTÂNEA EX VIVO DE
NANOCARREADORES LIPÍDICOS CONTENDO DICLOFENACO
220
Os graves efeitos colaterais apresentados pelos AINES administrados
pela via oral estão associados à sua ação sistêmica (Ciucci e col., 1979;
Uthgenannt e col., 1981) e ao contato direto do fármaco com a mucosa
gastrointestinal, que é um dos mecanismos demonstrados pelos quais estes
fármacos podem produzir ulceração. Esta constatação conduziu a uma revisão
das potencialidades de outras vias de administração para os antiinflamatórios
desta classe. A utilização da via tópica para administração do diclofenaco tem
sido investigada com o objetivo de evitar o metabolismo de primeira passagem,
reduzir a toxicidade associada com a terapia sistêmica e, concomitantemente,
manter seu efeito local (Radermacher e col., 1991). Esta perspectiva oferece um
desafio especial em desenvolver uma formulação adequada que possibilite a
penetração do rmaco através da pele e que garanta a atividade e efetividade
terapêutica (Seth, 1992).
Diversas estratégias farmacotécnicas têm sido adotadas no que diz
respeito à alteração de componentes de formulações que permitam uma maior
penetração do fármaco no tecido cutâneo. Entretanto, os estudos ainda não
apresentam um medicamento efetivo, mas diversas perspectivas na melhora
terapêutica do diclofenaco quando aplicado topicamente. Nanopartículas
demonstraram que são capazes de aumentar a passagem de algumas
substâncias através de membrana de Cellotape
®
, conforme estudo realizado por
Kreuter e colaboradores (1983). Seis anos depois, Rolland e colaboradores
observaram uma influência direta do tamanho das partículas na penetração
cutânea.
A utilização da via cutânea como via de entrada de fármacos
antiinflamatórios no tratamento da artrite reumatóide, entre outras doenças
221
articulares, somada às vantagens de sistemas carreadores de fármacos, podem
conferir uma melhora substancial na terapêutica deste tipo de processo
patológico, uma vez que o medicamento é aplicado topicamente de forma não-
invasiva. Desta forma, acredita-se que o desenvolvimento e avaliação de
carreadores nanoestruturados contendo diclofenaco, seja uma estratégia
promissora para o tratamento de doenças inflamatórias articulares ao
proporcionar um aumento da permeação cutânea, diminuição da dose terapêutica
e, conseqüentemente, dos efeitos colaterais indesejáveis. O estudo de
permeação cutânea de nanocarreadores lipídicos contendo diclofenaco será
abordado neste capítulo.
222
METODOLOGIA
6.1. Avaliação da permeação cutânea ex-vivo do diclofenaco ácido
encapsulado em nanocarreadores lipídicos
6.1.1 Preparação das membranas para difusão
O estudo de penetração cutânea ex vivo do diclofenaco ácido livre e
nanoencapsulado foi realizado em lulas de difusão tipo Franz, com área de
difusão de 1,77 cm
2
e volume interno de aproximadamente 10 mL. Foi utilizada
pele de orelha de porco como modelo de membrana, uma vez que apresenta
composição lipídica e histológica similar a pele humana (Özgüney e col., 2006).
As orelhas de suíno foram obtidas em matadouro local, situado na cidade de
Antônio Carlos (SC), tendo sido armazenadas em tampão Krebs
1
, até o seu
processamento que ocorreu no máximo até 6 h após a morte dos animais. As
orelhas suínas foram lavadas com água destilada e os los foram removidos
com auxílio de tesoura, selecionando-se apenas as partes do tecido que não
apresentavam lesão. A dissecação tecidual foi realizada com auxílio de
instrumentos cirúrgicos, extraindo conjuntamente a derme e epiderme, e
descartando a hipoderme (tecidos subcutâneos e gordurosos subjacentes à
derme) (Figura 1). Após o processamento, o tecido foi congelado a - 8C, imerso
em tampão Krebs, até o momento da utilização. O descongelamento foi realizado
a temperatura ambiente (25°C), com a adição do tamp ão Krebs. Secções de pele
suína foram alocadas no aparato de difusão da célula de Franz, com a face
interna voltada para o interior da célula. Depois de montadas as células, as
secções de pele foram hidratadas com tampão fosfato.
223
Figura 1. Dissecação da pele de orelha suína (à equerda) e tecido pronto para os
experimentos, após descarte da hipoderme (à direita).
6.1.2. Cinética de permeação cutânea
6.1.2.1. Seleção do meio receptor
A solubilidade do diclofenaco ácido foi testada em várias misturas de PBS
e etanol (100:0; 90:10; 80:20; 70:30; 60:40 e 50:50, v/v) a fim de selecionar o
melhor meio receptor. Para isto, um excesso de diclofenaco ácido foi adicionado
às soluções e as misturas foram mantidas sob agitação. Após 24 horas, as
misturas foram centrifugadas a 300 rpm por 10 min, e filtradas através de
membrana de 0,45 µm. As soluções resultantes foram diluídas 20 vezes em uma
mistura de acetonitrila e água pH 4,0 (50:50) e analisadas por cromatografia
líquida de alta eficiência, conforme descrito abaixo.
224
6.1.2.2 Cinética de permeação cutânea propriamente dita
Anteriormente ao início dos experimentos de permeação propriamente dito,
10 ml de uma solução de PBS:etanol (70:30, v/v) foram adicionados no meio
aceptor. As células de difusão foram dispostas em banho termostatizado a 37°C e
mantidas sob agitação constante (Figura 2). As suspensões coloidais de NLS e
NE contendo diclofenaco ácido, e de uma solução do fármaco não-encapsulado
foram diluídas na mistura de PBS:etanol (70:30, v/v) e 2 mL das misturas
resultantes foram aplicadas na pele com auxílio de pipeta automática, totalizando
146 µg de diclofenaco por célula. O sistema foi coberto com papel alumínio para
evitar a evaporação dos solventes da fase doadora. A agitação foi acionada e em
intervalos regulares de 1 h, durante 6 horas, alíquotas de 400 µl da solução
receptora foram retiradas pela cânula de amostragem (retiradas com reposição).
As amostras foram armazenadas a - 20°C até o moment o da quantificação. As
amostras foram posteriormente analisadas por CLAE, conforme metodologia
descrita abaixo.
225
Figura 2. Disposição das lulas de difusão tipo Franz no equipamento
esquerda) e após montagem, para aplicação dos nanocarreadores e da solução
do fármaco não-encapsulado.
6.1.2.3 Quantificação do diclofenaco ácido por cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE)
6.1.2.3.1 Condições cromatográficas
As análises foram realizadas em cromatógrafo líquido de alta eficiência
Shimadzu Prominence, equipado com duas bombas LC-20AD; desgaseificador on
line (DGU-20A3); um detector UV/Vis photodiode array (SPD-M20A); auto-injetor
(SIL-20A); um controlador BUS (CBM 20A) e software Solution (versão
3.40.299) para aquisição e processamento (Schimadzu Co., Kyoto, Japão). A
separação cromatográfica foi realizada em coluna analítica Econosphere (RP-18,
150 mm x 4,6 mm) contendo partículas de 5 µm de tamanho protegida por um
guarda-coluna (20 x 2mm) empacotada com partículas de octadecilsilano (Altech
Co., Milwaukee, EUA). A fase móvel foi composta de uma mistura de acetonitrila e
226
água acidificada a pH 4,0 (ácido acético, 40%), e eluída de modo isocrático num
fluxo de 1 mL/min. As amostras foram injetadas automaticamente, num volume de
10 µl à temperatura ambiente (25°C) e a detecção fo i alcançada a 276 nm.
6.1.2.3.2 Construção da curva de calibração do diclofenaco ácido
A curva de calibração do diclofenaco ácido foi construída na faixa de
concentração de 0,1 a 5,0 µg/ml. Para isto, 100 mg de diclofenaco foram
exatamente pesados, transferidos para balão volumétrico de 100 ml e dissolvidos
em uma mistura de acetonitrila:água pH 4,0 (ácido acético 40%) (50:50, v/v). Uma
alíquota de 1,0 ml desta solução foi retirada e dissolvida em 100 ml do mesmo
solvente. A partir desta solução, soluções padrão foram preparadas nas
concentrações de 0,1; 0,25; 0,5; 1,0; 2,5 e 5,0 µg/ml. As soluções foram injetadas
no cromatógrafo e analisadas nas condições descritas em 6.1.2.3.1. Um gráfico
de concentração versus área foi construído e a equação da reta e o coeficiente de
correlação foram determinados pela análise de regressão linear.
6.1.2.3.3 Determinação do diclofenaco ácido no meio receptor
As amostras obtidas nos estudos de permeação foram injetadas no
cromatógrafo líquido após um pré-tratamento. Primeiramente as amostras foram
centrifugadas (5000 rpm, 20 min) e então filtradas em membranas de 0,45 µm
(Millipore
®,
EUA). As amostras foram injetadas no cromatógrafo líquido de alta
eficiência (CLAE) e analisadas conforme as condições descritas no item 6.1.2.3.1.
A concentração do diclofenaco foi determinada comparando-se a área do pico
227
obtida após injeção das amostras com aquela obtida após a injeção de uma
solução padrão, analisadas nas mesmas condições.
6.1.2.4. Determinação dos parâmetros de permeação cutânea
A partir dos resultados das análises cromatográficas, as massas das
amostras acumuladas no compartimento aceptor, em cada intervalo de tempo,
foram calculadas considerando-se o volume total da câmara e as concentrações
de diclofenaco ácido nas alíquotas retiradas. A quantidade de diclofenaco ácido
permeada por área (µg/cm
2
) foi então estimada. A determinação do fluxo (µg.cm
-
2
.h
-1
) de permeação e do tempo de latência (h) da difusão foi realizada
graficamente, plotando-se a quantidade de fármaco permeada por área de pele
em função do tempo (Akomeah, Martin e Brown, 2007). Os coeficientes de
permeabilidade (P) foram calculados usando a equação abaixo (Özgüney e col.,
2006).
Onde:
J= Fluxo de diclofenaco após alcance do equilíbrio (steady-state) (µg.cm
-2
.h
-1
)
Cd= concentração de fármaco no compartimento superior (µg)
6.2. Análise estatística
A análise estatística foi realizada através da utilização do programa
GraphPad Prism4
®
. Comparações múltiplas para medidas não pareadas foram
realizadas através de ANOVA de uma via. Os níveis de significância foram
determinados pelo teste de comparação múltipla através do post hoc de Tukey.
228
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inúmeras técnicas físicas e químicas podem ser empregadas para a
avaliação da penetração de nanocarreadores através da pele, tais como a
microscopia confocal, citometria de fluxo, calorimetria exploratória diferencial
(DSC), espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourrier (FTIR) e
estudos de permeação utilizando-se células de Franz (Racan e col., 2009; Shakell
e col., 2008; Bhalekar, 2009).
Em estudo realizado por Shakell e colaboradores (2008), nanoemulsões
de celecoxib, um fármaco pobremente solúvel em água, foram avaliadas quanto à
biodisponibilidade em ratos e às propriedades de permeação através da análise
espectral FTIR, calorimetria exploratória diferencial (DSC), medida de ativação de
energia e examinação histopatológica. Os resultados de FTIR e DSC
demonstraram que a penetração ocorreu devido à ruptura das bicamadas lipídicas
pela nanoemulsão, o que foi confirmado pela diminuição de ativação de energia
do estrato córneo. Fotomicrografias revelaram espaços epidermais onde é
sugerida a passagem pelo carreador. Os autores descrevem um aumento da
biodisponibilidade superior a três vezes quando comparado.
Recentemente, Racan e colaboradores (2009) investigaram a rota
transepidermal de nanopartículas encapsuladas com um tipo de marcador
fluorescente. Nanopartículas entre 228-365 nm foram aplicadas através da pele
de humanos e analisadas em microscopia confocal e citometria de fluxo. Os
dados revelaram que 50% das nanopartículas penetraram através dos folículos
capilares e de 12-15% através das glândulas sebáceas. O acúmulo das partículas
229
acompanhado da liberação do corante foi verificado em até 24 horas após a
administração
.
Bhalekar e colaboradores (2009), recentemente avaliaram o efeito de
liberação tópica de nanopartículas lipídicas sólidas de nitrato de miconazol (MN-
NLS) através de pele humana. NLS de tamanho entre 244-766 nm apresentaram
um aumento efetivo na penetração do fármaco quando este fora administrado na
forma nanoparticulada. Semelhantemente, nanoemulsões de aceclofenaco foram
avaliadas através da penetração de pele abdominal de ratos. A permeação in vitro
foi comparada ao gel convencional. Um significativo aumento nos parâmetros de
permeabilidade como fluxo de Stead State (J(ss) ou J) e coeficiente de
permeabilidade (K(pp) ou P) foi aumentada após administração das
nanoemulsões quando comparado à forma farmacêutica convencional (Shakeel e
col., 2007). Estes estudos revelam o potencial uso destes vetores como terapia de
doenças onde deve ser administrado através da pele.
Para avaliar a penetração do diclofenaco livre e encapsulado em
nanocarreadores lipídicos, um estudo de permeação cutânea ex vivo foi
realizado utilizando pele de orelha de suínos
.
Variáveis importantes, tais como
dimensões da célula de difusão tipo Franz, volumes e intervalos de tempo de
retirada das alíquotas, foram definidos com base em outros estudos de
permeação. Para a determinação da concentração de rmaco no meio
receptor foi desenvolvido um método analítico de cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE), tendo em vista sua vasta aplicabilidade em estudos de
permeação. A Figura 3 demonstra a curva de calibração do diclofenaco ácido
na faixa de concentração entre 0,1 e 5,0 µg/ml, assim como a equação da reta
e coeficiente de correlação obtidos após análise da regressão linear. A
230
avaliação do coeficiente de regressão calculado evidenciou a existência de um
comportamento linear significativo (R
2
= 0,9999).
Para avaliar a penetração do diclofenaco livre e encapsulado em
nanocarreadores lipídicos, um estudo de permeação cutânea ex vivo foi
realizado utilizando pele de orelha de suínos
.
Variáveis importantes, tais como
dimensões da célula de difusão tipo Franz, volumes e intervalos de tempo de
retirada das alíquotas foram definidos com base em outros estudos de
permeação. Para a determinação da concentração de rmaco no meio
receptor foi desenvolvido um método analítico de cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE), tendo em vista sua vasta aplicabilidade em estudos de
permeação (colocar algumas referências de estudos de permeação em que se
utilizou HPLC p/ quantificação). A Figura 3 demonstra a curva de calibração do
diclofenaco ácido na faixa de concentração entre 0,1 e 5,0 µg/ml, assim como a
equação da reta e coeficiente de correlação obtida após análise da regressão
linear. A avaliação do coeficiente de regressão calculado evidenciou a
existência de um comportamento linear significativo (R
2
= 0,9999).
A solubilidade do diclofenaco nas diferentes misturas de PBS e etanol,
assim como a concentração máxima de fármaco permitida para manutenção de
condições sink encontram-se demonstradas na Tabela 1. O etanol foi selecionado
como solvente pelas vantagens no aumento de permeação que estudos
anteriores apresentaram quando concentrações de 20 a 50% foram utilizadas no
meio aceptor (Sznitowska e col., 1996). De acordo com a Tabela 1, a solubilidade
do diclofenaco aumentou com o aumento da proporção de etanol na mistura e
atingindo solubilidade cerca de 3 vezes maior quando 50% do solvente foi
utilizado. No entanto, a proporção de 30% foi escolhida para constituir o meio
231
receptor, pois quanto menor as concentração de etanol utilizada, menores serão
as chances de comprometimento da integridade celular de camadas viáveis da
pele. A concentração de diclofenaco nos compartimentos receptores da célula de
Franz para esta proporção de solvente, não ultrapassou o limite de 408,46 µg/ml,
respeitando as condições sink determinadas previamente ao estudo.
Tabela 1. Solubilidade do diclofenaco nas soluções de PBS:etanol e
concentração máxima permitida para manutenção de condições sink.
Meio aceptor
Solubilidade do
diclofenaco (µg/ml)
Concentração máxima de
diclofenaco no meio aceptor (µg/ml)*
PBS 630,76 189,23
PBS:EtOH (90:10) 645,23 193,57
PBS:EtOH (80:20) 1030,45 309,13
PBS:EtOH (70:30) 1361,51 408,46
PBS:EtOH (60:40) 1452,96 435,89
PBS:EtOH (50:50) 1585,52 475,66
* Considerando 30% em relação à solubilidade do fármaco.
Figura 3. Curva de calibração diclofenaco ácido em meio PBS:EtOH (70:30)
obtida após análise por CLAE.
0.0 1.0 5.0
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
0.5 2.5
y = 48342x + 1514,9
R
2
= 0,9999
Diclofenaco (µ
µµ
µg/ml)
Área (mV)
232
Na Figura 4 está demonstrado o gráfico que relaciona a quantidade
permeada g/cm
2
) do diclofenaco em função do tempo (h). O fluxo (J, µg.cm
-
2
.h
-1
), após alcance do equilíbrio (steady-state), foi obtido a partir do coeficiente
angular da porção linear do gráfico (Mashru e col., 2005). O tempo de latência
(L
T
), que é o tempo necessário para que o gradiente de concentração seja
estabelecido, foi determinado a partir da intersecção da reta, obtida por
extrapolação da porção linear do gráfico, com o eixo das abscissas (Akomeah;
Martin; Brown, 2007). Os coeficientes de permeação foram determinados
conforme descrito por Özgüney e colaboradores (2006). Estes parâmetros de
permeação encontram-se sumarizados na Tabela 2.
De acordo com os resultados encontrados, os dois tipos de sistemas
nanoestruturados lipídicos, NLS e NE, permitiram uma maior permeação do
diclofenaco através da pele (p < 0,05). Este aumento foi evidenciado logo após
2h de ensaio para NE e 3h para as NLS. Entretanto, a permeação do
diclofenaco nas nanopartículas lipídicas sólidas tendenciou diminuir quando
comparado ao obtido com o emprego do sistema nanoemulsionado. Os
parâmetros de permeação fluxo (J) e coeficiente de permeabilidade (P) foram
maiores quando o diclofenaco foi encapsulado nos nanocarreadores em
relação à condição com o fármaco livre. O tempo de latência (L
T
) do
diclofenaco em solução foi menor do que para o fármaco nanoencapsulado.
233
Figura 4. Cinética de permeação ex vivo de NLS e NE. * representa a
diferença estatística em relação à permeação do fármaco livre (ANOVA de uma
via para medidas repetidas seguida do teste de comparação múltipla de
Dunett) (p<0,05).
Tabela 2. Permeação do diclofenaco através da pele de orelha de porco: fluxo,
coeficiente de permeabilidade e tempo de latência.
Diclofenaco NLS-DF NE-DF
J (µg/cm
2
.h) 3,973 8,899 11,630
P (cm/h) 0,054 0,109 0,176
L
T
(h) 2,016 1,7732 1,150
Fármacos podem permear o estrato córneo através de duas vias, a
intercelular e a transcelular. A via intercelular representa a principal via de
234
entrada de fármacos através da pele. Uma mistura complexa de lipídios
essencialmente neutros, que se organizam através de uma bicamada com suas
cadeias hidrofóbicas voltadas umas para as outras, formam uma camada
bimolecular lipídica onde a maioria dos fármacos hidrofóbicos atravessam esta
região, chamada de via lipídica. Contrariamente, o domínio polar dos lipídios
forma uma região menos apolar, onde preferência da passagem dos
fármacos de caráter hidrofílico. Fármacos aplicados cutaneamente na forma de
sistemas nanoestruturados, como no caso das nanoemulsões, podem alterar
as vias lipídicas e polares da pele (Thacrodi e Panduranga, 1994). O fármaco
dissolvido no domínio lipídico das nanoemulsões pode diretamente penetrar o
lipídio do estrato córneo e desta forma, desestabilizar a estrutura hidrofóbica.
Estas interações aumentam a permeabilidade de nanoemulsões pela via
lipídica. Por outro lado, o domínio hidrofílico das nanoemulsões pode hidratar o
estrato córneo e conferir uma maior penetrabilidade para a substância aplicada
(Baboota e col., 2007). Quando o fluido aquoso de nanoemulsões interage
com a via polar, o volume inter-lamelar da bicamada lipídica do estrato córneo
é aumentado, resultando na desorganização da estrutura interfacial. Desta
maneira, um fármaco hidrofóbico como o diclofenaco ácido, pode penetrar mais
facilmente através da via lipídica. Contudo, o tamanho da partícula e a
viscosidade da preparação podem afetar sua eficiência, onde um tamanho de
menor e uma baixa viscosidade podem aumentar a penetração de fármacos
através da pele devido ao número de partículas ou vesículas que podem entrar
em contato com o estrato córneo. Desta forma, sugere-se que a penetração de
nanoemulsões tenha sido maior do que as nanopartículas sólidas, em virtude
de suas características físico-químicas e do menor tamanho alcançado durante
235
a preparação. Este estudo demonstra que o tratamento utilizando-se de
sistemas nanoestruturados contendo o diclofenaco como fármaco, apresenta
potencial terapêutico em doenças onde o fármaco pode ser aplicado
topicamente.
236
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES
De acordo com os resultados encontrados, os dois tipos de sistemas
nanoestruturados lipídicos, NLS e NE, permitiram uma maior permeação do
diclofenaco através da pele. Este aumento foi evidenciado logo após 2h de
ensaio para NE e 3h para as NLS. Entretanto, a permeação do diclofenaco nas
nanopartículas lipídicas sólidas foi menor quando comparado ao obtido com o
emprego do sistema nanoemulsionado. Os parâmetros de permeação fluxo (J)
e coeficiente de permeabilidade (P) foram maiores quando o diclofenaco foi
encapsulado nos nanocarreadores em relação à condição com o fármaco livre.
O tempo de latência (L
T
) do diclofenaco em solução foi menor do que para o
fármaco nanoencapsulado. Sugere-se que a penetração de nanoemulsões
tenha sido maior do que as nanopartículas sólidas, em virtude de suas
características físico-químicas e do menor tamanho alcançado durante a
preparação. Este estudo demonstra que o tratamento utilizando-se de sistemas
nanoestruturados contendo o diclofenaco como fármaco, apresenta potencial
terapêutico em doenças onde o fármaco pode ser aplicado topicamente.
237
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238
CONCLUSÕES FINAIS
Sistemas nanoestruturados preparados a partir de diferentes materiais
biodegradáveis podem produzir diferentes graus de reação inflamatória
no tecido articular. Uma única injeção nanopartículas lipídicas
estabilizadas com poloxamer 188 ou nanocarreadores peglados (PLA-
PEG), não causaram inflamação articular. Nanopartículas lipídicas
sólidas foram escolhidas como potenciais carreadores na entrega de
fármacos à articulação devido ao baixo potencial pró-inflamatório.
Preparação das suspensões de nanopartículas lipídicas sólidas e de
nanoemulsões contendo diclofenaco, pelas técnicas de homogeneização
a quente e difusão do solvente a quente respectivamente, demonstrou-
se viável.
O desenvolvimento e validação do método por CLAE provou ser
específico, linear, exato, preciso para quantificação do diclofenaco nas
suspensões de nanopartículas lipídicas e nanoemulsões.
A eficiência de encapsulação do diclofenaco em ambas as preparações
foi elevada (acima de 90 %) demonstrando a grande afinidade deste
fármaco hidrofóbico pela partícula.
Ambos os sistemas apresentaram-se relativamente monodispersos, com
diâmetro médio entre 150 nm para nanoemulsões e 250 nm para
nanopartículas lipídicas sólidas, contendo 5 mg de diclofenaco.
239
Nanopartículas lipídicas sólidas apresentaram-se mais estáveis do que
nanoemulsões de acordo com as condições de armazenagem testadas.
NLS e NE contendo diclofenaco não apresentaram atividade
antiinflamatória quando administrados pela via endovenosa,
possivelmente pela rápida remoção das partículas da circulação
sanguínea por monócitos circulantes células do sistema retículo
endotelial.
Ambos os tipos de formulações apresentaram aumento da resposta
antiinflamatória do diclofenaco quando administrados pela via intra-
articular. Possivelmente um aumento do tempo de permanência dos
carreadores foi alcançado através do depósito das partículas na
articulação.
Tanto nanopartículas lipídicas sólidas, quanto nanoemulsões sem
fármaco ou contendo diclofenaco, podem se associar a células
fagocíticas articulares de ratos. A associação dos nanocarreadores foi
dose dependente, sendo que NE apresentaram associação em até 24
horas de pós-tratamento. NLS apresentaram maior associação e/ou
internalização quando incubadas a 37°C, enquanto a associação e/ou
internalização das NE não foi afetada quando houve uma diminuição do
metabolismo celular em estudos realizados a 4°C.
Os dois tipos de sistemas nanoestruturados lipídicos, NLS e NE,
permitiram uma maior permeação do diclofenaco através da pele
240
quando comparado ao fármaco livre. Este aumento foi evidenciado logo
após 2h de ensaio para NE e 3h para as NLS.
A encapsulação do diclofenaco em nanopartículas lipídicas sólidas ou
em nanoemulsões mostrou ser uma estratégia promissora para a
melhoria das propriedades biofarmacêuticas deste fármaco em
tratamentos de doenças articulares.
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