6
existentes, e por tanto, não pertencentes ao meio ambiente, consequentemente, à
natureza.
Esse pensamento é um grande desafio a ser vencido, pois, se há a intenção de
reverter o atual quadro que se configura no planeta Terra, é preciso que o ser humano
seja inserido conscientemente no meio ambiente, para que dessa forma as suas atitudes
sejam melhor pensadas, complexas e voltadas para o bem comum. Sem essas mudanças,
todas as recomendações e idéias em busca de melhorias ditadas já há anos, podem ser
desconsideradas, pois não haverá mudança.
Para que se possa compreender a separação existente entre os diversos fatores
existentes na sociedade é preciso pensar desde o início no por quê da existência de tal
pensamento
A possível explicação para a não compreensão da complexidade que existe nas
relações de disciplinas ou fatores fragmentados ou retalhados, segundo Morin (2004),
tal retalhamento do conhecimento torna impossível compreender “o que é tecido junto”
o que é complexo, segundo o sentido original do termo. Ele acrescenta ainda, que existe
complexidade, de fato, quando os componentes que constituem um todo (como o
econômico, o político, o sociológico, o psicológico, o afetivo, o mitológico) são
inseparáveis. Da mesma forma relacionam-se o meio ambiente e a saúde; o ser humano
(sociedade) e o meio ambiente, que naturalmente são tratados separadamente, por uma
questão histórico-cultural. Segundo Gonçalves (2004), toda sociedade, toda cultura,
cria, inventa, institui uma determinada idéia do que seja a natureza. Nesse sentido, o
conceito de natureza na verdade não é natural, sendo na verdade criado e instituído
pelos homens. Gonçalvez (op. cit.) explica ainda que:
(...) Podemos dizer que a separação homem-natureza (cultura-
natureza, história-natureza) é uma característica marcante do
pensamento que dominado o chamado mundo ocidental, cuja matriz
filosófica se encontra na Grécia e Roma Clássicas. Não devemos ter a
ingenuidade de acreditar que ela se firmou diante de outras
concepções porque era racional e assim desbancou-as. Não, a
afirmação desta oposição homem-natureza se deu bem no corpo da
complexa história do Ocidente, em luta com outras formas de
pensamento e práticas sociais. Ter isso em conta é importante não só
para compreender o processo histórico passado, mas, sobretudo, para
compreender o momento presente. Isso porque o movimento
ecológico coloca hoje em questão o conceito de natureza que tem
vigorado e, com ele perpassa o sentir, o pensar, o agir de nossa
sociedade, no fundo coloca em questão o modo de ser, de produzir e
de viver dessa sociedade. (GONÇALVES, Carlos Porto, 2004)