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avisando os que lá ficaram em Pernambuco. Ora, o que é visto ali, são parentes
próximos, como irmãos, primos e tios, que passavam por grandes privações de trabalhos
e principalmente alimentação nos lugares de origem.
A professora ao ver tantas crianças pelas ruas e ainda, pedintes pelo bairro, se
aproximou do Sr. Roberto, com o intuito de informá-lo sobre a Escola Rotary, que é
voltada para atender aos alunos desde a primeira série do ensino fundamental, doando
inclusive materiais escolares para os filhos dele.
Um fenômeno comum aos adolescentes desse grupo migrantes de Pernambuco
bem como dos outros moradores já mencionando em relação a favela da Vila Flora, é o
fato de iniciarem suas relações de namoro ainda muito jovens, constituindo um novo lar,
continuando a morar no mesmo local, ou, então, migrando para a favela Vila Flora,
vizinha dessa comunidade.
Sarti
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descreve bem essa relação:
Os filhos dão à mulher e ao homem um estatuto da maioridade,
devendo torná-los responsáveis pelo próprio destino, o que implica
idealmente se desvincular da família de origem e constituir novo
núcleo familiar. O filho pode, então, tornar-se um instrumento para
essa desvinculação.
A identificação da professora e o carinho que possui por essa área do bairro
Itapegica são resultantes da postura que permeia sua relação com os seus moradores
nesse bairro, porque ministra aulas nas duas escolas existentes.
O local é considerado área industrial, abrigando essas duas escolas públicas
estaduais e casas e alguns condomínios residenciais com edifícios de vários andares,
dois restaurantes, muitos bares que fornecem refeições, padaria, USF
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, igreja católica,
esposa e os filhos são de estatura bem menor, portanto, os carrinhos de madeira dos filhos são
adaptáveis a estatura dos mesmos. A cena dos filhos puxando esses carrinhos torna-se uma obra
folclórica no bairro, sendo admirados por muitas pessoas que os vêm transitando pelas imediações.
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SARTI, Cynthia Andersen. A família como espelho. São Paulo: Cortez, 2005, p.74.
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Unidade da Saúde Familiar, inicialmente, foi a partir da iniciativa de uma indústria transnacional
localizada no bairro, que adquiriu o prédio na Av. Vênus para transformá-lo em um ambulatório médico
para atender a família de seus funcionários. Mas por um acordo com a Gestão Municipal tornou-se a UFS
do bairro e teve sua inauguração em julho do ano de 2004. Segundo, o Sr. Marcelo Luiz Ruiz, 34 anos de
idade, enfermeiro gerente dessa unidade, informou que ocorrem diariamente, 30 consultas médicas e
aproximadamente 45 atendimentos com o enfermeiro responsável pela Unidade. Essa unidade abrange a
um determinado perímetro físico, contando com cinco agentes de saúde, que visitam mensalmente às
famílias cadastradas, esclarecendo sobre o que é uma vida saudável e prevenindo contra a vida
sedentária. Esses agentes são encarregados de averiguar, também, se há alguém na família com
hipertensão e com problemas cardíacos.