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Uma segunda aplicação do PE, que surgiu em conseqüência da guerra, foi seu uso
como isolante de cabos elétricos flexíveis para alta freqüência usados no recém inventado
radar, que resultou na superioridade aos aliados sobre os submarinos do eixo.
Usos posteriores do PE foram garrafas, mangueiras, brinquedos, folhas e muitos
outros.
Estudos realizados em 1940, por espectroscopia no infravermelho, revelaram que a
cadeia deste PE era ramificada.
Exigindo a polimerização do etileno, altas pressões e temperaturas, interessava
encontrar um modo de obter PE em condições mais suaves.
Então, novamente, intermediou a serendipidade. O professor K. Ziegler e seus
colaboradores tentavam, na Alemanha, polimerizar etileno a baixas pressões, catalisando com
alquil-lítios e outros compostos organometálicos, mas os polímeros obtidos eram de baixo
peso molecular e, portanto, sem utilidade. Em 1953, uma das experiências deu,
imprevisivelmente, apenas um dímero do etileno e não um polímero. Estudando
detalhadamente o resultado anômalo, concluíram que o recipiente utilizado tinha restos de
níquel, que não haviam sido convenientemente removidos de uma experiência anterior.
A descoberta de que o níquel catalisava a dimerização do etileno induziu a estudar
a ação de compostos de níquel e de outros metais na reação de etileno, encontrando, que
outros metais também inibiam a polimerização.
E, mais uma vez, a serendipidade fez sua aparição. Para sua surpresa, certos
cloretos metálicos (como tetracloreto de titânio, TiCl
4
), agindo conjuntamente com compostos
organoalumínicos (como trietil-alumínio, Al(C
2
H
5
)
3
), geravam catalisadores muito ativos da
polimerização do etileno, dando, a pressões normais ou baixas e a temperaturas inferiores a
100° C, um PE de alto peso molecular de cadeia linear e de densidade e ponto de fusão
maiores que os do PE da I.C.I.
O professor G. Natta, em 1954, na Itália, utilizou o catalisador de Ziegler na
polimerização do propileno com pleno êxito e obteve um polipropileno (PP) linear, cristalino,
cabeça-cauda, isostático e com excelentes propriedades físicas e mecânicas, iniciando, assim,
uma nova era na aplicação industrial da estereoquímica dos polímeros.
Este novo tipo de polimerização (denominado polimerização por coordenação)
também foi aplicado para obter uma borracha sintética exatamente igual à natural (cis-1,4-
poliisopreno) e muitos outros polímeros estereorregulares.