ferrovia, criada em 1883, tinha pouco mais de 120 km, ligando Natal à cidade de Nova Cruz;
com a Estrada de Ferro Central do Brasil, inaugurada em 1906, chegou a Ceará-mirim,
atingindo Lages, em 1914.
156
Foi no período republicano que Natal ganhou ações efetivas em seu espaço físico.
Com a República, a capital tornou-se cenário de um país civilizado e por isso a necessidade de
intervenção. O momento representou a ascensão de uma elite política, ligada à produção
açucareira do litoral, que teve como principal nome o médico Pedro Velho de Albuquerque
Maranhão.
157
Essa elite política, do início do século XX, representada pela oligarquia Albuquerque
Maranhão, dominou o poder estadual por mais de 20 anos e foi, sobretudo, no Governo
Alberto Maranhão (1900 a 1904 e 1908 a 1912) que nasceu o anseio de transformar Natal
numa cidade moderna, com a execução de melhoramentos urbanos e a introdução de
inovações técnicas. O projeto era equipar a cidade com elementos idealizados para uma
cidade moderna, regular e higiênica. Com a finalidade de modernizar o espaço projetou-se a
construção da Cidade Nova
158
com todas as características do urbanismo influenciado pelos
paradigmas higienistas do início do século passado.
159
Nesse período, no ano de 1911, foi
criado o bairro do Alecrim, local constituído por roçados e casas de taipa, onde já existia um
cemitério público desde 1856, uma praça, Pedro II.
160
Essas intervenções se caracterizaram pelo alargamento de avenidas, por grandes
demolições, construções de parques e jardins, pela reforma e construção de passeios públicos,
por posturas que regulamentavam as construções e seu aspecto externo, com o objetivo maior
de eliminar os cortiços, afastar os mendigos, prostitutas e vagabundos dos grandes centros,
161
pela limpeza de ruas, becos, praças e residências, reforma estética das ruas, calçadas, fachadas
e muros, alinhamentos e calçamentos de ruas, encanamento de água e esgoto, iluminação à
gás acetileno, depois elétrica, bondes, sistema de telefonia, escolas, hospitais, cadeia pública,
bancos, teatro, cinema, reconstruções e construções de novos edifícios.
162
156
Id. Ibid. p. 122-123.
157
Cf. SPINELLI. José Antônio. Da Oligarquia Maranhão à política do Seridó: o Rio Grande do Norte na
Velha República. Natal: CCHLA, 1992. (Coleção Humanas Letras, 5).
158
Local onde hoje se localizam os bairros de Petrópolis e Tirol.
159
ANDRADE, Alenuska. À luz da modernização a modernidade da luz: a introdução da energia elétrica em
Natal. In: FERREIRA, Angêla Lúcia e DANTAS, George (Orgs.). Op.cit. p.87-106.
160
O bairro do Alecrim teve seu perfil delineado a partir de 1929, na administração do Prefeito Omar O’Grady,
com a elaboração do Plano de Sistematização para expansão urbana da cidade pelo arquiteto italiano Giacomo
Palumbo. Sob a influência da cultura americana, desenhou um traçado de ruas e avenidas largas, registradas com
números de 01 a 12. Em 1941, durante a II Guerra Mundial, com a instalação da Base Naval, o bairro teve
acelerado processo de urbanização e aumento populacional.
161
OLIVEIRA, Giovana Paiva. A elite política e as transformações no espaço urbano: Natal-1889-1913.p.57
162
Id. Ibid. p.17.