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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE AGRONOMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO
DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS DE MANEJO DA FERTILIDADE
DE SOLOS EM SISTEMA PLANTIO DIRETO NA
REGIÃO CENTRO-SUL DO PARANÁ
Renan Costa Beber Vieira
(Dissertação de Mestrado)
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE AGRONOMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO
DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS DE MANEJO DA FERTILIDADE
DE SOLOS EM SISTEMA PLANTIO DIRETO NA
REGIÃO CENTRO-SUL DO PARANÁ
RENAN COSTA BEBER VIEIRA
Engenheiro-Agrônomo (UFSM)
Dissertação apresentada como
um dos requisitos à obtenção do
Grau de Mestre em Ciência do Solo
Porto Alegre (RS), Brasil
Abril, 2010
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RENAN COSTA BEBER VIEIRA
Engenheiro Agrônomo (UFSM)
DISSERTAÇÃO
Submetida como parte dos requisitos
para a obtenção do Grau de
MESTRE EM CIÊNCIA DO SOLO
Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo
Faculdade de Agronomia
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Porto Alegre (RS), Brasil
Aprovada em:
Homologada em:
Pela Banca Examinadora
Por
CIMÉLIO BAYER
Professor Orientador
PPG Ciências do Solo/UFRGS
FLÁVIO A. O. CAMARGO
Coordenador do Programa de
Pós-Graduação em Ciência do
Solo
IBANOR ANGHINONI
PPG Ciências do Solo/UFRGS
JOÃO MIELNICZUK
PPG Ciências do Solo/UFRGS
PEDRO ALBERTO SELBACH
Diretor da Faculdade de
Agronomia
PAULO ROBERTO ERNANI
PPG Ciências do Solo/UDESC
iv
À minha família, braço forte frente às batalhas,
meus pais, Deli e Roque,
minha amada Camille,
meus irmãos, Frederico e Filipe
e irmãs do coração, Patrícia e Aline
dedico este trabalho.
v
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Cimélio Bayer, pela amizade, orientação, oportunidade
e toda confiança dedicada neste trabalho.
À Pesquisadora Sandra Mara Vieira Fontoura, ao Técnico Renato
Moraes, à Cooperativa Agrária e todos os funcionários da Fundação Agrária de
Pesquisa Agropecuária envolvidos no estudo, por proporcionar a realização
deste trabalho.
Aos Professores João Mielniczuk e Ibanor Anghinoni, pela amizade,
convívio e ensinamentos sempre providenciais para a condução deste estudo.
Ao amigo Rafael Goulart Machado, pela grande amizade e parceria
imensurável desde os tempos da graduação.
Ao amigo Alexandre Doneda, pela amizade, conversas e
conhecimentos compartilhados.
Aos colegas da sala do Manejo do Solo e do laboratório, Tiago,
Graciele, Cecília, Daniela, Juliana, Fernando, Ricardo, Genuir, Luis, Luisa,
Mirla, Rosane, Michely, Denice, Emanuele, Rambo, Josiléia, Natália e Carlos,
pela parceria diária nas conversas e mate ou mesmo no silêncio dos estudos.
Aos demais colegas do Departamento de Solos do Programa de
Pós-Graduação em Ciência do Solo da UFRGS, em especial ao Gleidson,
Rodrigo, Marcos e Lucélia.
Ao técnico do Laboratório de Manejo e Biogeoquímica Ambiental,
Tonho, e ao secretário Jader, pelos auxílios sempre providenciais.
À Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Universidade
Federal de Santa Maria, pelo ensino gratuito e de qualidade.
Ao CNPq e a CAPES pela concessão da bolsa de mestrado.
Aos professores do Departamento de Solos da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, pelos conhecimentos transmitidos.
Ao professor Carlos Alberto Ceretta, pelos ensinamentos
profissionais e pessoais durante a graduação em Agronomia, os quais
proporcionaram conhecimentos indispensáveis para a realização deste trabalho
de mestrado.
À Camille pelo companheirismo, carinho, amor e compreensão
dedicados durante estes dois anos à distância.
vi
À minha família, Roque e Deli, Frederico e Patrícia, Filipe e Aline,
pela compreensão, estímulo, companheirismo, exemplos de vida,
compreensão, amor e apoio incondicional para que eu realizasse meus sonhos
e desejos.
À todos que de alguma forma colaboraram, direta ou indiretamente,
para que este trabalho se concretizasse.
vii
DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS DE MANEJO DA FERTILIDADE
DE SOLOS EM SISTEMA PLANTIO DIRETO NA REGIÃO CENTRO-SUL DO
PARANÁ
1/
Autor: Renan Costa Beber Vieira
Orientador: Prof. Dr. Cimélio Bayer
RESUMO
A região Centro-Sul do Paraná caracteriza-se por apresentar condições de
clima e solo altamente favoráveis à produção agrícola, com rendimentos
superiores a 3,2 Mg ha
-1
de soja e 10,2 Mg ha
-1
de milho. Entretanto, não há
um sistema de recomendação de fertilizantes englobando rotação de culturas
em sistema plantio direto na região, o que conduz ao uso de recomendações
desenvolvidas em outros locais. Neste sentido, este trabalho visa fornecer
subsídios para a elaboração de um sistema de recomendação de adubação e
calagem para solos em sistema plantio direto na região Centro-Sul do Paraná,
contemplando informações de camada diagnóstica, critérios de calagem e
teores críticos de fósforo (P) e potássio (K). Para isso, oito experimentos foram
instalados a campo no inverno de 2008, sendo dois com doses de calcário, três
com doses de P e três com doses de K. Visando consolidar os resultados, três
experimentos de calagem e dois de P e K de longa duração, anteriormente
conduzidos na região, também foram analisados no estudo. Na avaliação da
camada diagnóstica, correlações entre os atributos do solo (pH em CaCl
2
,
saturação por bases - V %, Al trocável, saturação por Al, teor de P e K -
Mehlich-1) nas camadas de 0-10 e 0-20 cm e os rendimentos de grãos das
culturas foram estabelecidas, resultando em coeficientes de correlação
semelhantes entre as duas camadas. Além disso, as alterações dos atributos
do solo nas camadas de 0-10 e 10-20 cm de profundidade com a aplicação de
calcário, de P e K em superfície foram analisadas. Nestas análises, foram
observadas alterações destes atributos do solo em toda a camada de 0-20 cm,
indicando que esta camada de solo é a que melhor representa a condição de
fertilidade do solo. No estudo dos critérios de calagem e teores críticos de P e
K no solo, os dados de rendimento de grãos foram transformados em
rendimento relativo, relacionando-os com os atributos do solo. Os indicadores
de acidez do solo utilizados para os critérios de tomada de decisão para
realização da calagem foram o pH do solo em CaCl
2
e a V %, pois
apresentaram melhor relação entre a análise do solo e o rendimento das
culturas, sendo definido para a camada de 0-20 cm, o pH de 4,9 e a V % de 60
%. Os teores críticos de P e K no solo foram definidos pelo teor no solo que
representa 90 % do rendimento relativo das culturas, obtido pelo ajuste da
curva de Mitscherlich. Assim, os teores encontrados para a camada de 0-20 cm
foram de 8 mg dm
-3
de P e de 120 mg dm
-3
de K.
1/
Dissertação de Mestrado em Ciência do Solo. Programa de Pós-Graduação em Ciência do
Solo, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS,
Brasil. (83 p.) – Abril, 2010. Trabalho realizado com apoio financeiro do CNPq, CAPES e
Cooperativa Agrária.
viii
DEVELOPMENT OF TECHNOLOGIES FOR SOIL FERTILITY
MANAGEMENT IN NO-TILLSYSTEM FROM MIDDLE SOUTH REGION OF
PARANÁ STATE, BRAZIL
2/
Author: Renan Costa Beber Vieira
Adviser: Prof. Dr. Cimélio Bayer
ABSTRACT
The Middle South region of Paraná State is characterized by climate and soil
conditions that are highly favorable to agricultural production, with yields
exceeding 3.2 and 10.2 Mg ha
-1
of soybean and maize grains, respectively.
However, up to now, there is not a local fertilizer recommendation system to
crop rotation in no-tillage system in the region, which leads to the use of
recommendations developed elsewhere. Therefore, this work aims to provide
support for the elaboration of a locally adjusted recommendation system for
fertilization and liming for soils in no-tillage systems in the Middle South region
of Paraná, comprising information regarding soil layer for sampling, liming
criteria and critical levels of phosphorus (P) and potassium (K). For achieving
this goal, eight experiments were conducted under field conditions in the winter
of 2008, where two experiments evaluated lime rates, three attempted to P
rates and three were related to K rates. In order to consolidate the results, three
long-term experiments of lime and two of P and K long-term, conducted in the
region before this work, were also analyzed in the study. For the diagnostic
layer determination, correlations between crop yields and soil attributes (pH in
CaCl
2
, base saturation - V %, exchangeable Al, Al saturation, and P and K -
Mehlich-1 levels) at 0-10 and 0-20 cm were established, resulting in similar
correlation coefficients between the two layers. In addition, changes in soil
attributes at 0-10 and 10-20 cm depth with the surface application of lime, P and
K were also analyzed. The changes were observed in soil attributes across the
0-20 cm layer, indicating that such layer is the best for expressing the soil
fertility conditions. In the study of the liming criteria and critical levels of P and K
in the soil, the data of grain yield were transformed into relative yields and such
values were evaluated against the soil attributes. The indicators of soil acidity
selected for the liming criteria were soil pH in CaCl
2
and V %, because they
related better the soil analysis and crop yields. The critical values defined for
the 0-20 cm layer were pH 4.9 and V % 60%. The critical levels of P and K in
soil were defined by the soil content which represents 90 % of relative yield of
crops, obtained by Mitscherlich curve fitting. Thus, the critical levels for the 0-20
cm layer were 8 mg dm
-3
of P and 120 mg dm
-3
of K.
2/
Dissertation in Soil Science. Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo, Faculdade de
Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS, Brazil. (83 p.) –
April, 2010. Research supported by CNPq, CAPES e Cooperativa Agrária.
ix
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 3
2.1 Histórico agrícola do sistema plantio direto no Paraná ......................... 3
2.2 Dinâmica da fertilidade do solo em sistema plantio direto ..................... 5
2.2.1 Acidez do solo ............................................................................ 5
2.2.2 Fósforo no solo ........................................................................... 7
2.2.3 Potássio no solo ......................................................................... 8
2.3 Amostragem de solo e camada diagnóstica em solos sob
sistema plantio direto............................................................................. 9
2.4 Recomendação de calagem, fósforo e potássio no Paraná ................ 11
2.5 Estudos de calibração - determinação do teor crítico e faixas
de fertilidade ........................................................................................ 13
3. HIPÓTESES ................................................................................................. 15
4. OBJETIVOS ................................................................................................. 15
4.1 Objetivos gerais ................................................................................... 15
4.2 Objetivos específicos........................................................................... 15
5. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 16
5.1 Descrição da região ............................................................................ 16
5.2 Descrição dos experimentos ............................................................... 18
5.2.1 Experimentos implantados neste estudo .................................. 20
5.2.2 Experimentos conduzidos pela FAPA ...................................... 22
5.3 Análises de solo .................................................................................. 25
5.4 Coletas de amostras de biomassa vegetal e análises ......................... 25
5.5 Análise e definição da camada diagnóstica da fertilidade do
solo ...................................................................................................... 26
5.6 Determinação do rendimento relativo e construção das curvas
de resposta .......................................................................................... 27
5.7 Critérios de calagem e teores críticos de fósforo e potássio ............... 28
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 30
6.1 Fertilidade do solo e rendimento das culturas nos
experimentos com calagem ................................................................. 30
6.2 Fertilidade do solo e rendimento das culturas nos
experimentos com adubação fosfatada e potássica ............................ 36
6.3 Análise da camada diagnóstica em solos sob sistema plantio
direto ................................................................................................... 40
6.3.1 Avaliação da camada diagnóstica pelo crescimento e
rendimento das culturas ................................................................... 41
6.3.2 Avaliação da camada diagnóstica em razão das
alterações nos atributos do solo ...................................................... 45
6.3.3 Considerações finais e proposição da camada
diagnóstica ....................................................................................... 51
6.4 Critérios de acidez do solo .................................................................. 52
x
6.5 Determinação dos teores críticos de fósforo e potássio no solo ......... 56
6.5.1 Teor crítico de fósforo no solo .................................................. 57
6.5.2 Teor crítico de potássio no solo ................................................ 59
6.6 Recomendações preliminares de critérios para o manejo da
calagem e adubação fosfatada e potássica para o sistema de
rotação de culturas predominante na região Centro-Sul do
Paraná ................................................................................................. 61
7. CONCLUSÕES ............................................................................................ 63
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 64
xi
RELAÇÃO DE TABELAS
Página
1. Características dos experimentos utilizados na definição da camada
diagnóstica, dos critérios de calagem e dos teores críticos de fósforo e
potássio. ..................................................................................................... 19
2. Análise do solo (0-20 cm) das áreas experimentais antes da instalação
dos experimentos de calagem, fósforo e potássio. ..................................... 20
3. Atributos do solo (pH em CaCl
2
, saturação por bases (V %), alumínio
trocável e saturação por alumínio (Al %)) nos experimentos de calagem
conduzidos no estudo, nas camadas de 0-10, 10-20 e 0-20 cm de
profundidade. .............................................................................................. 31
4. Atributos do solo (pH em CaCl
2
, saturação por bases (V %), alumínio
trocável e saturação por alumínio (Al %)) nos experimentos de calagem
conduzidos pela FAPA, nas camadas de 0-10, 10-20 e 0-20 cm de
profundidade. .............................................................................................. 32
5. Amplitude de rendimentos de grãos das culturas e menor rendimento
relativo em cada safra nos experimentos de calagem. ............................... 35
6. Teores de fósforo e potássio disponíveis no solo, nos experimentos
localizados na Fapa, Pinhão e Candói, nas camadas de 0-10, 10-20 e
0-20 cm de profundidade. ........................................................................... 37
7. Teores de fósforo e potássio disponíveis no solo, nos experimentos de
solos com média e alta fertilidade, nas camadas de 0-10, 10-20 e 0-20
cm de profundidade. ................................................................................... 38
8. Amplitude de rendimentos de grãos das culturas e menor rendimento
relativo de cada cultura nos experimentos de fósforo e potássio. .............. 40
9. Coeficientes de correlação linear (r, p<0,10) entre os rendimentos
relativos de soja, milho e cereais de inverno (aveia branca, cevada e
trigo) e os componentes da acidez de solos em plantio direto nas
camadas de 0-10 e 0-20 cm de profundidade, em três experimentos
envolvendo calagem. .................................................................................. 42
10. Coeficientes de correlação linear (r, p<0,10) entre os rendimentos
relativos de soja, milho e cereais de inverno (aveia branca, cevada e
trigo) e os teores de P e K disponíveis no solo, nas camadas de 0-10 e
0-20 cm de profundidade. ........................................................................... 43
11. Coeficientes de correlação linear (r, p<0,10) entre os atributos da planta
de cereais de inverno e soja e o teor de fósforo e potássio disponível
no solo nas camadas de 0-10 e 0-20 cm de profundidade, nos
municípios de Guarapuava (FAPA), Pinhão e Candói. ............................... 45
12. Equações de regressão polinomial dos incrementos no pH e na V % do
solo com a aplicação de doses de calcário em quatro experimentos,
nas camadas de 0-10 e 10-20 cm de profundidade. .................................. 48
13. Equações de regressão polinomial dos incrementos no teor de P e K
disponível no solo com a aplicação de doses de P
2
O
5
e de K
2
O nos
experimentos da FAPA, Pinhão e Candói, nas camadas de 0-10 e 10-
20 cm de profundidade. .............................................................................. 51
14. Critérios de calagem para as culturas de soja, aveia branca, trigo,
cevada e milho, sob sistema plantio direto, em duas profundidades de
amostragem. ............................................................................................... 56
15. Teores críticos de fósforo e potássio para as culturas de inverno (aveia
branca, trigo e cevada), verão (milho e soja) e todas as culturas, sob
xii
sistema plantio direto, nas camadas de 0-10 e 0-20 cm de
profundidade. .............................................................................................. 61
16. Recomendação de critérios de calagem e teores críticos de fósforo e
potássio em solos sob sistema plantio direto na região Centro-Sul do
Paraná. ....................................................................................................... 62
xiii
RELAÇÃO DE FIGURAS
Página
1. Dados médios de precipitação e temperaturas mínima, média e máxima
em Entre Rios, Guarapuava, PR, no período compreendido entre 1976 e
2007. Fonte: Estação meteorológica da FAPA. ............................................ 16
2. Municípios de Guarapuava (1), Pinhão (2) e Candói (3), destacados na
região Centro-Sul do Paraná. Fonte: IAPAR. ............................................... 17
3. Esquema teórico da divisão por quadrantes para a definição dos critérios
de calagem. .................................................................................................. 28
4. Incrementos do pH e da V % do solo com a aplicação de doses de
calcário em quatro experimentos, nas camadas de 0-10 e 10-20 cm de
profundidade. ................................................................................................ 47
5. Incrementos no teor de P e K disponíveis no solo com a aplicação de
doses de P
2
O
5
e K
2
O nos experimentos da FAPA, Pinhão e Candói, nas
camadas de 0-10 e 10-20 cm de profundidade. ........................................... 50
6. Relação entre o rendimento relativo de grãos e os indicadores de acidez
do solo na camada de 0-10 cm de profundidade sob sistema plantio
direto. ............................................................................................................ 53
7. Relação entre o rendimento relativo de grãos e os indicadores de acidez
do solo na camada de 0-20 cm de profundidade sob sistema plantio
direto. ............................................................................................................ 54
8. Rendimento relativo de aveia branca, trigo e cevada (a), milho e soja (b)
e todas as culturas (c) em função do fósforo disponível no solo pelo
extrator Mehlich-1 nas camadas de 0-10 e 0-20 de profundidade. ............... 58
9. Rendimento relativo de aveia branca, trigo e cevada (a), milho e soja (b)
e todas as culturas (c) em função do potássio disponível no solo pelo
extrator Mehlich-1 nas camadas de 0-10 e 0-20 cm de profundidade. ......... 60
1. INTRODUÇÃO
O estado do Paraná é o maior produtor de soja e milho da região Sul
do Brasil, produzindo 9,4 milhões de toneladas de soja e 11,2 milhões de
toneladas de milho no ano de 2007.
A região Centro-Sul do Paraná está inserida no terceiro planalto
fisiográfico do Paraná, numa altitude de 800 a 1200 m. Nesta região, encontra-
se a Cooperativa Agrária, que é composta por 539 cooperados, cultivando uma
área total de 104 mil hectares.
Os solos desta região são originados principalmente de rochas
eruptivas da formação Serra Geral (basalto), predominando os Latossolos
Brunos. A união das características de clima e solo da região ao alto nível de
tecnologia empregado pelos produtores, confere a esta região um grande
potencial produtivo, obtendo altas produtividades evidenciadas por rendimentos
médios superiores a 3,2 Mg ha
-1
de soja e 10,2 Mg ha
-1
de milho.
Apesar dos elevados rendimentos de grãos obtidos nesta região,
não há um sistema de recomendação de fertilizantes para o sistema de rotação
de culturas, conduzindo a assistência técnica a utilizar publicações e
indicações técnicas isoladas para cada cultura, quando há, ou ainda são
utilizadas as recomendações desenvolvidas em outros estados com clima e
solo distintos, como do RS e SC e de SP.
Os sistemas de recomendação de adubação e calagem têm por
finalidade auxiliar na aplicação de fertilizantes e corretivos ao solo, visando o
maior retorno econômico da prática agrícola. O método tradicional para a
determinação de recomendações de adubação e calagem é através de estudos
2
de calibração dos atributos do solo com o rendimento das culturas, definindo
valores na análise do solo que indicam a necessidade e quantidade de insumos
a serem aplicados no solo. Entretanto, o sucesso da utilização dos valores
recomendados depende de uma calibração da análise do solo para as
condições locais.
A camada de solo a ser amostrada é de fundamental importância,
pois toda a calibração de adubação e calagem será em função desta camada
de solo. Porém, dentre os sistemas de recomendações de adubação e calagem
existentes, não há um consenso quanto à camada de solo ideal a ser coletada
no sistema plantio direto, sendo a camada de 0-10 cm adotada nos estados do
RS e SC e a camada de 0-20 cm nos estados de SP e MG.
Neste sentindo, este trabalho buscou através de uma parceria com a
Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA), instituição de pesquisa
da Cooperativa Agrária, agregar informações para o manejo da fertilidade de
solos na região Centro-Sul do Paraná. Assim, a partir de oito experimentos
conduzidos a campo durante o período do estudo, complementados pela
análise de mais cinco experimentos conduzidos anteriormente pela FAPA, o
trabalho contempla informações de camada diagnóstica do solo, critérios de
calagem e teores críticos de fósforo e potássio.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Histórico agrícola do sistema plantio direto no Paraná
A utilização do solo paranaense nas diferentes regiões agrícolas,
desde o inicio da colonização, caracterizou-se pela implantação de sistemas
agrícolas imediatistas, decorrentes quase sempre da ação de estímulos
econômicos e políticos a favorecer a exploração cíclica e migratória (Muzilli,
1982). Esta exploração iniciou no Norte do Paraná por volta de 1940, pelo
desbravamento de áreas de terras férteis, seguido da implantação extensiva de
lavouras cafeeiras e algodoeiras.
O processo exploratório teve sua continuidade no decorrer da
década de 60, quando novas áreas foram desbravadas nas regiões Centro-Sul
e Oeste, dando início a um novo ciclo da agricultura paranaense, com a
monocultura do trigo e da soja. Associada a esta sucessão de culturas,
utilizava-se o preparo convencional do solo, que consistia no intensivo
revolvimento do solo com lavrações e gradagens ao fim do ciclo das culturas,
pulverizando o solo, o qual permanecia praticamente descoberto na fase de
implantação e desenvolvimento inicial das culturas (Mielniczuk et al., 2003).
Estas características de manejo acarretavam em altas perdas de solo,
sementes e plantas jovens pelo arraste nas enxurradas, necessitando replante
de 5 a 10 % da área cultivada no Paraná (Derpsch et al., 1991). Este período
ficou caracterizado como um período exploratório do solo, com alta
desagregação de sua estrutura e empobrecimento da fertilidade (Sorrenson &
Montoya, 1989).
4
As elevadas perdas de solo e água no preparo convencional
evidenciaram a necessidade da busca de um novo sistema de manejo. Em
meados de 1971/72, iniciaram-se os primeiros testes em escala comercial do
sistema plantio direto (SPD) no Brasil, simultaneamente nos Estados do
Paraná e do Rio Grande do Sul, com as culturas de trigo e soja. Este sistema
tem como princípio o mínimo revolvimento solo, mantendo os resíduos vegetais
em superfície e a utilização de sistemas de rotação de culturas.
O produtor Herbert Arnold Bartz (Rolândia, PR) é considerado um
dos pioneiros no SPD no Paraná e no Brasil, tendo iniciado lavouras comerciais
em 1972, com auxilio da ICI (sigla em inglês da Companhia Imperial de
Indústrias Químicas) e do Engenheiro Agrônomo Rolf Derpsch (Borges, 1993).
Entretanto, ensaios preliminares já haviam sido realizados em 1968 e 1969 no
município de Não-Me-Toque, RS, e em 1971, em Toledo, PR.
Uma forte adoção do SPD deu-se na região dos Campos Gerais
(PR), a partir de 1976, com a liderança dos produtores Franke Dijkstra e
Manoel Henrique Pereira (Casão Junior et al., 2009). Um grande avanço na
pesquisa de sistemas de manejo conservacionistas também ocorreu a partir de
1976 e esteve diretamente relacionado ao projeto de controle da erosão no
estado do Paraná, executado pelo IAPAR, juntamente a uma parceria entre a
Alemanha e o Brasil, nos anos de 1977 a 1985 (Derpsch et al., 1991). A meta
deste projeto foi o desenvolvimento de sistemas de cultivos adequados à
região que propusessem um eficiente controle da erosão hídrica. Durante a
fase inicial do projeto (4 anos) foram desenvolvidos estudos no Estado do
Paraná, estendendo o projeto nos anos subsequentes para outros estados do
Sul e demais regiões agrícolas do Brasil, firmando parcerias com instituições
de pesquisas como o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Embrapa.
O avanço do SPD foi lento no Brasil nas décadas de 70 e 80.
Contudo, com a evolução de semeadoras adaptadas ao SPD, intensificaram-se
as constatações das vantagens deste sistema de manejo, onde a adoção de
práticas conservacionistas de manejo (SPD) resultava na redução de 75 % das
perdas de solo e 20 % das perdas de água (Oliveira et al., 2002). Atualmente, o
SPD está em plena expansão nas regiões agrícolas brasileiras, com adoção
em área superior a 32 milhões de hectares no ano de 2009, o que corresponde
a 70 % das lavouras de grãos (MAPA, 2009). No Estado do Paraná, o SPD
5
está presente em 90 % da área cultivada com a cultura da soja (Agrosoft,
2009).
O SPD no Paraná, juntamente com a alta tecnologia utilizada nas
lavouras e as condições climáticas favoráveis, contribui para que este Estado
seja o segundo maior produtor de soja do Brasil e o maior produtor de milho
(IBGE, 2007). Sobretudo, a região Centro-Sul do Paraná possui destaque no
cenário paranaense, com um grande potencial produtivo evidenciado por
produtividades médias de 3,2 Mg ha
-1
de soja e acima de 10 Mg ha
-1
de milho
(Agrária, 2009). Além disso, a região possui um clima de alta altitude que
permite o cultivo de cereais de inverno em excelência.
2.2 Dinâmica da fertilidade do solo em sistema plantio direto
As características do manejo dos solos e das culturas no SPD
provocam alterações na fertilidade do solo com relação ao preparo
convencional, afetando a dinâmica e disponibilidade dos nutrientes,
influenciando assim no manejo da fertilidade (Anghinoni, 2007). O manejo da
fertilidade do solo, envolvendo a aplicação de fertilizantes e corretivos é
facilitado no sistema de preparo convencional, pois as operações de preparo
do solo promovem a mistura desses insumos com a camada mobilizada de
solo. Isso, no entanto, não ocorre no SPD, onde a aplicação dos insumos é
localizada na linha de semeadura ou a lanço sobre a superfície do solo, e a
deposição superficial dos resíduos culturais determina uma menor taxa de
decomposição biológica e mais lenta liberação dos nutrientes na superfície do
solo. Estes processos resultam na formação de gradiente dos atributos
químicos a partir da superfície do solo, a qual se intensifica com o tempo de
cultivo do solo em plantio direto.
2.2.1 Acidez do solo
A dinâmica da acidez em solos sob SPD se diferencia da dinâmica
em solos sob preparo convencional devido à formação de uma “frente de
acidificação” a partir da superfície do solo (Paiva et al., 1996; Ciotta et al.,
2002). Os principais fatores que têm sido relacionados à acidificação do solo no
6
SPD são a aplicação de fertilizantes de reão ácida, associada à lixiviação de
nitrato e cátions básicos e à exportação de bases pelos grãos das culturas na
colheita (Helyar, 1976; Helyar & Porter, 1989; Vieira et al., 2008).
A acidificação do solo pelo uso de fertilizantes nitrogenados de
reação ácida, como a uréia, ocorre em razão de haver a liberação de 2 moles
de H
+
durante o processo de hidrólise e nitrificação (Vieira et al., 2008). No
caso da mineralização de resíduos orgânicos, há um consumo de 1 mol de H
+
e liberação de 2 mols de H
+
durante a nitrificação, sendo este saldo positivo de
1 mol de H
+
contrabalanceado pelo HCO
3
-
liberado pelas plantas quando
absorvem o nitrato (HCO
3
-
+ H
+
= H
2
CO
3
). Entretanto, quando esse nitrato é
perdido do sistema (lixiviação), o resultado é um saldo líquido de 1 mol de H
+
para cada mol de N nitrificado, resultando na acidificação do solo (Helyar,
1976; Fenton & Helyar, 2002). Quanto à exportação de bases pelos grãos em
razão da colheita, a acidificação do solo ocorre pelo fato que as bases que
retornam ao solo nos resíduos vegetais por ocasião da colheita não são
suficientes para neutralizar a acidez liberada ao solo durante o
desenvolvimento da cultura (Helyar & Porter, 1989). Por sua vez, a lixiviação de
cátions básicos resulta no aumento da saturação por Al ou diminuição da
saturação por bases, pois a energia de ligação do Al
3+
com os grupos
funcionais da superfície dos minerais é maior do que a dos cátions Ca
2+
, Mg
2+
e
K
+
(Sposito, 2008), sendo o último elemento a lixiviar no solo.
Uma característica positiva que tem sido observado em solos sob
SPD é o aumento do teor de matéria orgânica no solo (MOS) com o tempo de
cultivo (Zanatta et al., 2007). Este aumento da MOS reduz os efeitos nocivos
da acidez do solo, principalmente pela liberação de compostos orgânicos, que
formam complexos com o Al (Miyazawa et al., 1993), proporcionando altos
rendimentos das culturas, mesmo em condições de elevada acidez do solo
(Caires et al., 1998; Anghinoni & Salet, 2000; Vieira et al., 2009).
O método consolidado de correção da acidez do solo em SPD é a
aplicação superficial de calcário, sem incorporação, preservando assim, as
características principalmente físicas do solo, favoráveis à sua conservação e
que foram obtidas ao longo dos anos (Mielniczuk et al., 2003). Os efeitos desta
prática de calagem na neutralização da acidez do solo e no deslocamento de
cátions básicos no perfil do solo ocorrem predominantemente até os 10 cm de
7
profundidade, mas também tem sido observado efeito nas camadas 10-20 e
20-40 cm (Caires et al., 1998).
A manifestação desses efeitos de correção da acidez do solo em
camadas abaixo dos 10 cm de profundidade está relacionada com a qualidade
e a dose de calcário aplicada, o tipo de solo, o sistema de rotação de culturas e
de manejo dos resíduos das culturas e do regime pluviométrico (Anghinoni,
2006). Dentre os mecanismos que favorecem o deslocamento em profundidade
dos efeitos da calagem superficial, pode ser citada a formação e migração de
bicarbonatos de cálcio de magnésio (Oliveira & Pavan, 1996), o deslocamento
de partículas finas de calcário em canais “preferenciais”, formados por raízes
mortas e canais de insetos (Pavan, 1994; Gassen & Kochhann, 1998) e, a
formação de pares iônicos, do cálcio e do magnésio com ácidos orgânicos
hidrossolúveis.
2.2.2 Fósforo no solo
O SPD exerce importantes modificações na dinâmica dos nutrientes
no solo, em especial, do fósforo. A formação do gradiente de concentração
aumenta o teor deste nutriente em superfície, principalmente na camada 0-5
cm, quando a adubação é realizada a lanço, podendo se estender à camada
ligeiramente mais profunda se a adubação é feita em linha com semeadora
dotada de haste sulcadora, evoluindo no perfil do solo com o tempo de cultivo
(Eltz et al., 1989b; Schlindwein & Anghinoni, 2000; Ciotta et al., 2002; Costa et
al., 2009). A intensidade desse processo é favorecida pelo uso de espécies
com sistema radicular mais denso e agressivo (De Maria & Castro, 1993) e em
solos com textura franca ou arenosa e não oxídicos, os quais apresentam
menor capacidade de retenção deste nutriente em formas indisponíveis, pela
quantidade (Muzilli, 1983) e tipo de argilominerais solo.
O maior teor de P do solo em SPD tem sido verificado em vários
estudos (Selles et al., 1997; Ciotta et al., 2002; Rheinheimer & Anghinoni,
2003), sendo este efeito atribuído à adição desse nutriente nas camadas
superficiais, ao não revolvimento do solo e à maior reciclagem pela
mineralização dos resíduos (Sá, 1999, 2004). O não revolvimento do solo reduz
o contato entre os colóides do solo e o íon fosfato, diminuindo as reações de
8
adsorção. Primeiramente ocorre a saturação dos sítios mais ávidos e o fósforo
remanescente é redistribuído em frações retidas com menor energia e, por
isso, de maior capacidade de dessorção, aumentando a sua disponibilidade às
plantas (Rheinheimer & Anghinoni, 2001).
A resposta das culturas à adição de fósforo tem sido relativamente
pequena e em doses baixas desse nutriente em solos sob SPD (Sá, 1999).
Isso provavelmente ocorre em razão de se atingir rapidamente o teor crítico
das culturas em solos sob SPD (Sá, 2004).
2.2.3 Potássio no solo
Com a adoção do SPD, a dinâmica do potássio no solo sofre
algumas modificações, principalmente pelo aumento da capacidade de troca de
cátions (CTC) do solo e por sua reciclagem através das culturas.
O aumento da CTC e do pH do solo, devido ao incremento do teor
de matéria orgânica do solo e à calagem, respectivamente, aumentam a
capacidade do solo reter K trocável e modificam a distribuição entre o K
trocável e o K na solução do solo, reduzindo o seu teor na solução e,
consequentemente, seu potencial de perdas por lixiviação (Sousa & Lobato,
2004).
Semelhante ao fósforo, a adição de adubo potássico
superficialmente em solos sob SPD, o contínuo aporte de resíduos e o mínimo
revolvimento do solo, propiciam uma grande concentração de potássio na
camada superficial do solo (Amaral et al., 2004a; Costa, 2008). Em razão de
sua rápida liberação dos resíduos das culturas, esse nutriente passa para o
solo, formando um gradiente decrescente ao longo do perfil, a partir da
superfície (Schlindwein & Anghinoni, 2000).
Em sistemas de produção onde há presença constante de culturas
na superfície (ausência de pousio), o K é absorvido pelas plantas,
permanecendo a maior parte do tempo no tecido vegetal, protegido de perdas
por erosão e lixiviação. A quantidade de potássio absorvida pelas plantas
geralmente é alta, que associado a uma pequena quantidade exportada pelos
grãos (~20%) (Ceretta, 2006), retorna ao sistema a maior parte deste nutriente,
ciclando-o de forma intensa no solo. Após a senescência das plantas, em razão
9
de não constituir estruturas das plantas, sendo assim livre nos tecidos vegetais,
o potássio pode facilmente ser deslocado pela ação da água, evidenciando a
necessidade da presença constante de plantas em desenvolvimento em solos
agrícolas, reciclando este nutriente e evitando perdas do sistema (Mielniczuk,
2005).
2.3 Amostragem de solo e camada diagnóstica em solos sob
sistema plantio direto
A amostragem do solo é a primeira e principal etapa de um
programa de avaliação da fertilidade do solo, pois é com base na análise
química da amostra de solo que será realizada a interpretação e que serão
definidas as doses de corretivos e de fertilizantes a serem aplicadas.
No sistema de preparo convencional, a camada diagnóstica da
fertilidade é a camada arável do solo (0-20 cm), que é a camada mobilizada e
uniformizada verticalmente durante o preparo do solo. Entretanto, no SPD a
dinâmica dos nutrientes no solo é distinta, havendo a formação de um
gradiente de concentração no perfil do solo, modificando a relação entre os
nutrientes no solo preexistentes no preparo convencional (Rheinheimer &
Anghinoni, 2001). Nessa condição, a determinação da camada diagnóstica a
ser coletada no SPD torna-se mais complexa que no preparo convencional.
Em locais como o Cerrado brasileiro, o Estado de São Paulo e Minas
Gerais, a camada diagnóstica a ser considerada no SPD não diferencia do
preparo convencional, indicando a camada arável 0-20 cm para a amostragem
em ambos os preparos (Raij et al., 1997; Ribeiro et al., 1999; Sousa & Lobato,
2004). Entretanto, nos Estados do RS e SC há uma distinção entre a camada a
ser amostrada no preparo convencional e no SPD, indicando a camada de 0-20
cm para o preparo convencional e de 0-10 cm para o SPD consolidado (+5
anos) (CQFS-RS/SC, 2004).
A escolha pela camada 0-10 cm nos Estados do RS e SC está
intimamente ligada ao fato de que as recomendações de adubação iniciais
foram desenvolvidas para o preparo convencional. À medida que a adoção do
SPD nestes Estados aumentou, intensificaram-se os conhecimentos das
diferenças no manejo e na variabilidade vertical entre os dois sistemas de
10
manejo, destacando a necessidade da elaboração de uma recomendação de
adubação direcionada ao SPD. Entretanto, a obtenção de novas curvas de
calibração para recomendação de adubação no SPD demandaria tempo e
recursos financeiros consideráveis, incentivando assim, a busca por
alternativas de ajuste entre os dois sistemas de manejo (Anghinoni & Salet,
1998). Dentre as alternativas, o ajuste da profundidade de amostragem
mostrou ser a alternativa mais prática e viável em curto prazo, devido à
similaridade da configuração das curvas de rendimento das culturas no SPD e
no cultivo convencional, sendo a camada 0-10 cm no SPD a que melhor se
relaciona com os teores críticos da camada 0-20 no cultivo convencional
(Anghinoni & Salet, 1998).
Aparentemente, a adoção da camada 0-10 cm no SPD tem
apresentado boa relação com a camada 0-20 cm no preparo convencional.
Porém, Schlindwein & Anghinoni (2000) verificaram que o ajuste da camada
amostrada, para fins de recomendação de fósforo e potássio no SPD, somente
justifica-se quando o solo apresenta teores desses nutrientes abaixo dos teores
críticos, sendo o valor de ajuste menor que os 10 cm iniciais, em torno de 7 cm.
A recomendação da camada de amostragem 0-10 cm é plausível
quando considerado em áreas onde a aplicação de fertilizantes e corretivos é
na superfície do solo. Entretanto, a adição de fertilizantes na linha de
semeadura, aliado à migração de nutrientes no perfil do solo com os anos de
plantio direto, contribuem para o incremento dos teores de nutrientes abaixo
dos 10 cm de profundidade (Costa et al., 2009), o que gera um incerteza da
camada 0-10 cm ser realmente a que melhor representa o solo no SPD
consolidado após vários anos de cultivo.
Além disso, outro aspecto que gera dúvidas quanto à camada
diagnóstica é a ocorrência de teores de nutrientes ou a acidez em valores
restritivos ao desenvolvimento das culturas, em camadas subsuperficiais (10-
20 cm). Ou seja, em uma condição em que a camada superficial estaria em
boa condição de fertilidade, em regiões com alto potencial produtivo, o
rendimento das culturas estaria sendo influenciado, principalmente, pelo nível
de fertilidade das camadas subsuperficiais, o que não seria contemplado numa
amostragem de 0-10 cm. Agrega-se a isto, o fato de que alguns estudos têm
demonstrado que aproximadamente 40 a 50 % do sistema radicular das
11
culturas encontram-se abaixo de 10 cm de profundidade, o que torna essa
camada fundamental quanto à disponibilidade hídrica, além de importante fonte
de nutrientes para as culturas (Caires et al., 2004).
2.4 Recomendação de calagem, fósforo e potássio no Paraná
O Estado do Paraná não possui um sistema de recomendação de
adubação e de calagem englobando rotação de culturas, mas indicações e
recomendações técnicas obtidas através de pesquisas com cada cultura
isoladamente. Além disso, as pesquisas ainda são incipientes e pouco
detalhadas quando comparado às recomendações de adubação de São Paulo
(Raij et al., 1997) e Rio Grande do Sul e Santa Catarina (CQFS-RS/SC, 2004).
A recomendação de calagem adotada pelo Paraná,
semelhantemente à recomendação do estado de São Paulo (Raij et al., 1997),
é calculada em função da porcentagem de saturação por bases (Embrapa,
2008b; RCBPTT, 2008). O cálculo da necessidade de calcário (NC) é feito
utilizando a seguinte fórmula:
NCMgha

CTC
V2 V1
 f
100

1
onde, CTC é a capacidade de troca de cátions (cmol
c
dm
-3
); V2 é a
porcentagem desejada de saturação por bases; V1 é a porcentagem de
saturação de bases fornecida pela análise do solo e; f é o ajuste do poder
relativo de neutralização total (PRNT) do calcário, obtido pela fórmula
100/PRNT.
Este método de cálculo da quantidade de calcário a aplicar no solo
foi desenvolvido para o preparo convencional do solo. Para a correção do solo
no SPD, a Embrapa (2008b) sugere uma aplicação do calcário em superfície,
de apenas 1/3 da quantidade total calculada pela fórmula para atingir a
saturação por bases desejada, considerando os valores utilizados para o
cálculo da camada amostrada de 0-20 cm de profundidade.
O valor da porcentagem de saturação por bases recomendada bem
como o valor considerado limite para a aplicação de calcário varia entre as
culturas. Para o trigo e triticale, a recomendação é de aplicar calcário quando a
porcentagem de saturação por bases for inferior a 50 %, visando atingir 60 %
12
(RCBPTT, 2008). Para a cultura da soja, a meta é a saturação por bases de 70
%, sendo citado o valor de 60 % como critério de decisão por calagem
(Embrapa, 2006a; Embrapa, 2008b).
Para a adubação de fósforo na cultura do trigo e triticale, a indicação
da quantidade a aplicar é baseada apenas no teor deste nutriente no solo
(RCBPTT, 2008), diferentemente das recomendações para outros estados
como RS e SC (CQFS-RS/SC, 2004), MS e estados do Cerrado (DF, GO, MG,
MT e BA) (Sousa & Lobato, 2004), que na recomendação de P consideram
além do teor do nutriente, a classe textural do solo. A recomendação de
potássio também é mais simplificada que os Boletins técnicos acima citados,
que consideram além do teor do nutriente no solo, a CTC
pH7,0
. Segundo
RCBPPT (2008), o teor crítico para o trigo e triticale é de 9 mg dm
-3
para o
fósforo e de 120 mg dm
-3
para o potássio.
Para a cultura do milho não existem publicações técnicas e
recomendações de pesquisa para adubação de fósforo e potássio para o
Paraná. Entretanto, já existem resultados e recomendação de fertilizantes
relativos à adubação nitrogenada para a região Centro-Sul do Paraná
(Fontoura & Bayer, 2009). Mediante a ausência de recomendação de pesquisa
para fósforo e potássio, a recomendação de adubação é realizada utilizando a
recomendação do RS e SC (CQFS-RS/SC, 2004), pois dentre os boletins
existentes, este é o que contempla resultados de pesquisa em solo e clima de
maior semelhança ao Paraná.
A cultura da soja, devido à grande importância econômica envolvida,
é a cultura que possui a recomendação mais evoluída e detalhada dentre as
espécies cultivadas no Estado. A recomendação indica que as doses de fósforo
e potássio sejam aplicadas de acordo com o teor do nutriente no solo. Em
solos com teores de argila acima de 400 g kg
-1
, o teor crítico de fósforo para a
cultura da soja é de 6 mg dm
-3
e de potássio é 120 mg dm
-3
(Embrapa, 2008b).
Para solos com teor de argila inferior a 400 g kg
-1
, Embrapa (2008b) sugere
utilizar a recomendação indicada para o arenito Caiuá, que deriva da
recomendação de P e K para os solos do Cerrado (Sousa & Lobato, 1996).
Nesta recomendação, o teor crítico para solos com teor de argila inferior a 200
g kg
-1
é 18 mg P dm
-3
e 14 mg P dm
-3
para solos com 200 a 400 g kg
-1
de argila
13
e, a aplicação de potássio, somente é recomendada para solos com teor de
argila superior a 200 g kg
-1
, com teor crítico de 50 mg K dm
-3
.
Além da recomendação de adubação para a cultura da soja isolada,
há uma recomendação para a soja sob SPD em sucessão com culturas de
safrinha ou de inverno, que foi desenvolvida a partir de vários estudos em solos
no Estado do Paraná (Lantmann et al., 1996). Nesta recomendação, preconiza-
se a aplicação dos fertilizantes na cultura de inverno, que em geral, é mais
exigente em fertilidade do solo. Assim, quando for realizada a devida adubação
na cultura de inverno, na sucessão trigo/soja ou aveia/soja ou cevada/soja ou
milho safrinha/soja, e o teor de fósforo na camada de 0-20 cm do solo estiver
acima de 18,0 mg dm
-3
em solos com teor de argila inferior a 200 g kg
-1
, 14 mg
dm
-3
em solos com teor de argila entre 200 e 400 g kg
-1
e 9 mg dm
-3
em solos
com teor de argila superior a 400 g kg
-1
, e o potássio estiver acima de 120 mg
dm
-3
, em todos os tipos de solo, é possível suprimir a adubação com fósforo e
potássio na cultura da soja no SPD (Embrapa, 2008b). Contudo, os autores
destacam que a decisão final de adubar ou não a cultura da soja, após o cultivo
anterior devidamente adubado, fica a critério do profissional da Assistência
Técnica, conhecedor do histórico de uso e da fertilidade do solo da área.
2.5 Estudos de calibração - determinação do teor crítico e faixas
de fertilidade
Um sistema de recomendação de adubação tem por objetivo elevar
o teor dos nutrientes no solo a níveis considerados adequados para as culturas
expressarem seu potencial de rendimento, sempre que os demais fatores não
sejam limitantes (CQFS-RS/SC, 2004). As alternativas oferecidas para atingir
essa meta adaptam-se às diferentes condições de manejo e de economia dos
diferentes sistemas de produção.
A criação de curvas de calibração de nutrientes é baseada
geralmente na expectativa de rendimento das culturas, delimitando classes de
disponibilidade de nutrientes através da relação entre os teores de nutrientes
no solo e a resposta da planta (rendimento relativo) (Raij et al., 1997; CQFS-
RS/SC, 2004; Cubilla et al., 2007). Baseado na análise das curvas de resposta,
o solo é enquadrado em classes de disponibilidade, que varia de acordo com o
14
detalhamento da recomendação. A CQFS-RS/SC (2004) separa os teores de
fósforo e potássio em cinco classes, muito baixo, baixo, médio, alto e muito
alto, onde o nível crítico é o limite superior do teor médio para cada nutriente e,
representa o teor do nutriente no solo em que é obtido o máximo rendimento
econômico da cultura (~90% do rendimento máximo).
A determinação das classes de disponibilidade de nutrientes no solo
é importante porque elas definem a “probabilidade de resposta das culturas à
adubação”. Normalmente, são definidas três faixas de disponibilidade a partir
dos teores de nutrientes no solo. A primeira faixa contempla as classes de
disponibilidade abaixo do nível crítico, que são “muito baixo”, “baixo” e “médio”,
sendo a adubação realizada sobre esta faixa denominada de adubação de
correção, onde há moderada a alta probabilidade de resposta econômica das
culturas à adição do nutriente. A segunda faixa contempla a classe de
disponibilidade “alto”, onde há uma baixa probabilidade de resposta econômica
das culturas à adição do nutriente, sendo recomendada a aplicação da
quantidade exportada do nutriente acrescida de 20 a 30% em razão da
ocorrência de perdas de nutrientes no processo, sendo assim denominada de
adubação de manutenção. A terceira faixa é quando o teor no solo é
considerado “muito alto”, apresentando uma probabilidade de resposta à
adição do nutriente muito baixa, sendo recomendada uma adubação de
reposição, ou seja, a aplicação apenas da quantidade do nutriente exportada
pelas culturas, sendo possível em alguns casos até suspender
temporariamente a adição de fertilizante (CQFS-RS/SC, 2004).
15
3. HIPÓTESES
- A camada 0-20 cm é a que melhor representa a condição de
fertilidade de solos em sistema plantio direto com alto potencial produtivo,
como na região Centro-Sul do Paraná.
- Os critérios de calagem e os teores críticos de fósforo e potássio
são dependentes do tipo de solo e das culturas, sendo a condição regional do
Centro-Sul do Paraná diferente das demais recomendações.
4. OBJETIVOS
4.1 Objetivos gerais
- Fornecer subsídios para a elaboração de um sistema de
recomendação de calagem e adubação fosfatada e potássica para soja, milho
e cereais de inverno em rotação de culturas sob sistema plantio direto na
região Centro-Sul do Paraná.
4.2 Objetivos específicos
- Determinar a camada de solo no sistema plantio direto que melhor
representa a condição de fertilidade do solo na região Centro-Sul do Paraná.
- Estabelecer critérios de calagem para os solos em sistema plantio
direto na região Centro-Sul do Paraná.
- Estabelecer teores críticos de fósforo e potássio para os solos em
sistema plantio direto na região Centro-Sul do Paraná.
16
5. MATERIAL E MÉTODOS
5.1 Descrição da região
A região Centro-Sul do Paraná está localizada no terceiro planalto
fisiográfico do Paraná, numa altitude de 800 a 1200 m. O clima é subtropical
úmido, do tipo Cfb (Köeppen), sem estação seca e com geadas severas
bastante frequentes. A média de temperatura dos meses mais quentes é 21 ºC
e dos meses mais frios é 13 ºC (Figura 1).
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Precipitação (mm)
0
100
200
300
400
500
Temperatura (ºC)
-30
-20
-10
0
10
20
30
Precipitação
Tº máxima
Tº média
Tº mínima
FIGURA 1. Dados médios de precipitação e temperaturas mínima, média e
máxima em Entre Rios, Guarapuava, PR, no período compreendido
entre 1976 e 2007. Fonte: Estação meteorológica da FAPA.
Tem
p
eratura
,
ºC
Preci
p
ita
ç
ão
,
mm
17
Os solos da região Centro-Sul do Paraná são originados
principalmente de rochas eruptivas da formação Serra Geral, com
predominância de basalto (Embrapa, 1984). Predominam os Latossolos, em
especial o Latossolo Bruno alumínico (Embrapa, 2006b), argiloso, profundo,
bem drenado, com alta saturação por alumínio, associado ao relevo suave
ondulado. Estes solos abrangem uma área de cerca de 1700 km
2
(Eltz et al.,
1989b), estando localizados predominantemente nos municípios de
Guarapuava, Pinhão e Candói (Figura 2).
FIGURA 2. Municípios de Guarapuava (1), Pinhão (2) e Candói (3), destacados
na região Centro-Sul do Paraná. Fonte: IAPAR.
A condição térmica da região associada à alta precipitação
pluviométrica (~1955 mm ano
-1
) resultou em altas taxas de intemperismo e
lixiviação de silício e de bases (Ca, Mg, Na e K). Assim, neste solo observa-se
na fração argila (610 g kg
-1
), a ocorrência de aproximadamente 70 g kg
-1
de
óxidos de ferro (com aproximadamente 80% de goethita) e, 540 g kg
-1
de
caulinita + gibbsita (com aproximadamente 74% de gibbsita) (Inda Junior et al.,
2007). Esta constituição mineralógica confere ao Latossolo Bruno alumínico,
algumas características específicas, como a forte estabilidade de
microagregados, resultante da interação dos óxidos com o carbono orgânico
1
3
2
Latossolos Brunos
18
(Dick & Schwertmann, 1996; Inda Junior et al., 2007), alta capacidade de
adsorção de P e CTC dependente da MO.
A características de clima e de solo da região Centro-Sul do Paraná,
aliado ao emprego de alta tecnologia na agricultura, proporciona a esta região
um alto potencial produtivo, evidenciados com rendimentos médios de soja
acima de 3,2 Mg ha
-1
e de milho acima de 10,2 Mg ha
-1
(Agrária, 2009), razão
esta que incentivou esta pesquisa na região.
5.2 Descrição dos experimentos
A execução deste estudo foi potencializada pela parceria do
Departamento de Solos da UFRGS com a Fundação Agrária de Pesquisa
Agropecuária (FAPA), da Cooperativa Agrária. Assim, os experimentos foram
todos localizados na área de abrangência da Cooperativa Agrária,
representados pelos municípios de Guarapuava, Pinhão e Candói, na região
Centro-Sul do Paraná.
Três experimentos de calibração de fósforo, três de calibração de
potássio e dois experimentos com calagem foram instalados especificamente
para este estudo (2008 - 2009), visando à definição dos teores críticos de P e K
e dos critérios de calagem. Contudo, com o objetivo de qualificar as conclusões
do estudo, foram acrescentados resultados de outros cinco experimentos
conduzidos pela FAPA, com período de condução a campo variando de 4 a 10
anos. Dentre estes, três experimentos envolvem calagem e dois experimentos
envolvem P e K.
Assim, para o estudo da camada diagnóstica, dos critérios de
calagem e dos teores críticos de fósforo e de potássio no sistema plantio direto
(SPD) foi utilizado um total de 13 experimentos, sendo cinco experimentos
relacionados com calagem, três experimentos com fósforo, três experimentos
com potássio e, dois experimentos englobando fósforo e potássio (Tabela 1).
Todos os experimentos foram conduzidos em áreas sob SPD consolidado (+10
anos), com rotação de culturas, em Latossolos Brunos. As análises de solo na
instalação dos experimentos de calagem, de P e K encontram-se na tabela 2.
19
TABELA 1. Características dos experimentos utilizados na definição da camada diagnóstica, dos critérios de calagem e dos
teores críticos de fósforo e potássio.
Experimento Local Período Delineamento Rep Culturas
(1)
Tratamentos
Calagem
- Experimentos implantados neste estudo
1-Calagem Pinhão Pinhão 2008-2009 Blocos ao acaso 4 AB, S, N
Calcário: 0, 0,2, 2,3, 4,4 e 7,3 Mg ha
-
para elevar a
saturação por bases a 50, 65, 80 e 100%.
2-Calagem Candói Candói 2008-2009 Blocos ao acaso 4 T, S, C
Calcário: 0, 0,8, 3,2, 5,6 e 8,7 Mg ha
-
para elevar a
saturação por bases a 50, 65, 80 e 100%.
- Experimentos conduzidos pela FAPA
3-Calagem x gesso Guarapuava 2004-2009
Blocos ao acaso em
parcelas subdivididas
3
AB, N, C,
T, M, S
Parcela: testemunha, calcário normal, filler e filler
parcelado (p/ elevar a saturação por bases a 70%)
Subparcela: Gesso (0, 3, 6 e 9 Mg ha
-1
)
4-Calagem x pré-culturas Guarapuava 2004-2009
Blocos ao acaso em
parcelas subdivididas
4
AB, AC, N,
C, T, M, S
Parcela: 3 rotações de culturas
Subparcela: Calcário (0, 2, 4 e 8 Mg ha
-1
)
5-Calagem x fósforo Candói 2000-2003
Blocos ao acaso em
fatorial
3
AB, T, C,
S, M
Calcário: 0, 2,5, 5,0, 7,5 e 10 Mg ha
-
aplicado em dose
única e parcelado em 2 anos
Fósforo e Potássio
- Experimentos implantados neste estudo
6-P–FAPA Guarapuava 2008-2009
Blocos ao acaso com
parcelas subdivididas
4 AB, S, N
Parcela: 0, 80, 160, 320 e 640 kg P
2
O
5
ha
-
1
Subparcela: sem e com reaplicação de P
7-P-Pinhão Pinhão 2008-2009
Blocos ao acaso com
parcelas subdivididas
4 C, S, N
Parcela: 0, 80, 160, 320 e 640 kg P
2
O
5
ha
-
1
Subparcela: sem e com reaplicação de P
8-P-Candói Candói 2008-2009
Blocos ao acaso com
parcelas subdivididas
4 T, S, C
Parcela: 0, 80, 160, 320 e 640 kg P
2
O
5
ha
-
1
Subparcela: sem e com reaplicação de P
9-K-FAPA Guarapuava 2008-2009
Blocos ao acaso com
parcelas subdivididas
4 AB, S, N
Parcela: 0, 80, 160, 320 e 640 kg K
2
O ha
-
1
Subparcela: sem e com reaplicação de K
10-K-Pinhão Pinhão 2008-2009
Blocos ao acaso com
parcelas subdivididas
4 C, S, N
Parcela: 0, 80, 160, 320 e 640 kg K
2
O ha
-
1
Subparcela: sem e com reaplicação de K
11-K-Candói Candói 2008-2009
Blocos ao acaso com
parcelas subdivididas
4 T, S, C
Parcela: 0, 80, 160, 320 e 640 kg K
2
O ha
-
1
Subparcela: sem e com reaplicação de K
- Experimentos conduzidos pela FAPA
12–P e K média fertilidade Guarapuava 1999-2006
Blocos ao acaso com
parcelas subdivididas
4
AB, T, C,
N, M, S
Parcela: 3 sistemas de rotação de culturas
Subparcelas: Testemunha (sem P e K), dose
recomendada na linha e à lanço, meia dose
recomendada na linha e à lanço
13–P e K alta fertilidade Guarapuava 1997-2006
Blocos ao acaso com
parcelas subdivididas
3
AB, T, C,
N, M, S
Parcela: 3 sistemas de rotação de culturas
Subparcelas: Testemunha (sem P e K), dose
recomendada na linha e à lanço, meia dose
recomendada na linha e à lanço
(1)
Culturas, AB: aveia branca, AC: aveia branca utilizada como cobertura do solo, T: trigo, C: cevada, S: soja, M: milho, N: nabo forrageiro
19
20
TABELA 2. Análise do solo (0-20 cm) das áreas experimentais antes da
instalação dos experimentos de calagem, fósforo e potássio.
Experimento
MO pH
A
lCaMgCTC
K
P
V
A
l
g dm
-
3
CaCl
2
------- cmol
c
dm
-
------- mg dm
-
3
% %
Calagem
1-Calagem Pinhão 51,6 4,8 0,09 4,6 1,6 13,5 212 5,4 49 1,3
2-Calagem Candói 75,7 4,8 0,04 4,4 2,3 15,2 87 4,9 45 0,6
3-Calagem x gesso e
4-Calagem x pré-culturas
46,9 4,8 0,05 5,5 2,0 16,3 160 21,4 49 0,6
5-Calagem x fósforo 51,7 4,9 0,67 2,1 0,7 13,5 107 4,9 23 18.5
Fósforo e Potássio
6-P–FAPA e 9-K-FAPA 49,3 5,2 0,04 5,7 3,3 15,9 194 14,3 58 0,5
7-P-Pinhão e 10-K-Pinhão 51,6 4,8 0,09 4,6 1,6 13,5 212 5,4 49 1,3
8-P-Candói e 11-K-Candói 75,7 4,8 0,04 4,4 2,3 15,2 87 4,9 45 0,6
12–P e K média fertilidade - - - - - - 108 14,7 - -
13–P e K alta fertilidade - - - - - - 150 17,8 - -
O manejo da adubação de N, P e K nos experimentos de calagem,
de N e P nos experimentos de K, e de N e K nos experimentos de P, foi
baseado nas recomendações existentes para as culturas utilizadas (Embrapa,
2007, 2008a; Embrapa, 2008b; Fontoura & Bayer, 2009).
5.2.1 Experimentos implantados neste estudo
5.2.1.1 Experimentos de calagem nas localidades de Pinhão e
Candói
Os dois experimentos foram instalados em maio de 2008 em duas
áreas de produtores rurais. O experimento de Calagem em Pinhão foi instalado
na Fazenda Campo Bonito, de propriedade do Sr. Eduardo Rheinhofer. O
experimento de Calagem em Candói, foi instalado na Fazenda Santa Clara, de
propriedade do Sr. Hermine Leh.
O delineamento experimental dos dois experimentos foi de blocos ao
acaso com quatro repetições. Nas parcelas (9,6 x 10 m) aplicaram-se doses de
calcário com a finalidade de elevar a saturação por bases a 50, 65, 80 e 100 %,
além de uma testemunha sem adição de calcário. As doses aplicadas para
atingir as respectivas saturações por bases foram de 0,2, 2,3, 4,4 e 7,3 Mg ha
-1
de calcário no experimento de Calagem x Pinhão e 0,8, 3,2, 5,6 e 8,7 Mg ha
-1
de calcário no experimento de Calagem x Candói.
A aplicação de calcário foi realizada à lanço, na superfície do solo,
na implantação dos experimentos, antecipando a semeadura da cultura de
inverno. As culturas empregadas no experimento Calagem x Pinhão foram
21
aveia branca/soja e nabo forrageiro e, no experimento Calagem x Candói,
trigo/soja e cevada.
Amostras de solo foram coletadas semestralmente, após a colheita
de cada cultura, nas camadas 0-10 e 10-20 cm de profundidade.
5.2.1.2 Experimentos de fósforo e potássio nas localidades de
Guarapuava (FAPA), Pinhão e Candói
Um experimento com doses de fósforo e um de potássio foram
instalados nos municípios de Guarapuava (FAPA), Pinhão e Candói. No
município de Guarapuava, os experimentos de P e K foram instalados na área
experimental pertencente à FAPA, localizada na Colônia Vitória, no Distrito de
Entre Rios. Nos municípios de Pinhão e Candói, os experimentos foram
instalados em áreas cedidas por produtores, sendo a primeira área na Fazenda
Campo Bonito (Pinhão), de propriedade do Sr. Eduardo Rheinhofer, e a
segunda, na Fazenda Santa Clara (Candói), pertencente ao Sr. Hermine Leh
(ao lado dos experimentos Calagem x Pinhão e Calagem x Candói).
O delineamento experimental nos experimentos de P e K foi de
blocos ao acaso em parcelas subdivididas, com quatro repetições. As parcelas
principais (9,6 x 10 m) foram adubadas com doses de P
2
O
5
no experimento de
fósforo (0, 80, 160, 320 e 640 kg ha
-1
) e doses de K
2
O no experimento de
potássio (0, 80, 160, 320 e 640 kg ha
-1
), cuja aplicação foi realizada à lanço,
antecedendo a semeadura das culturas no inverno de 2008, e visou a criação
de níveis de fertilidade. As parcelas principais foram divididas em duas
subparcelas (4,8 x 10 m) no verão 2008/09, mantendo uma subparcela sem
aplicação do nutriente (P ou K) e a outra subparcela com reaplicações a cada
safra, utilizando na reaplicação a dose recomendada para a cultura semeada.
Desta forma, obtiveram-se cinco níveis de fertilidade do solo a partir da
aplicação das doses iniciais de P ou K.
As culturas utilizadas nos experimentos no período do inverno 2008
ao inverno 2009 foram aveia branca/soja e nabo forrageiro nos experimentos
de P e K - FAPA, cevada-soja-nabo forrageiro nos P e K - Pinhão e trigo-soja-
cevada nos P e K - Candói. Na cultura da soja no verão 2008/09, nos três
locais, a reaplicação dos nutrientes consistiu em 60 kg ha
-1
de P
2
O
5
e
22
60 kg ha
-1
de K
2
O. Na cultura da cevada, semeada no inverno 2009 no
experimento Candói, a reaplicação consistiu em 105 kg ha
-1
de P
2
O
5
e 70 kg
ha
-1
de K
2
O.
As coletas de solo foram realizadas semestralmente, após a colheita
das culturas (cereais de inverno 2008 e soja 2008/09), nas profundidades de 0-
10, 10-20 e 0-20 cm de profundidade.
5.2.2 Experimentos conduzidos pela FAPA
5.2.2.1 Experimento de calagem com gesso
O experimento foi realizado na área experimental da FAPA, no
município de Guarapuava. Nas parcelas (19,2 x 16,0 m) foram alocados os
tratamentos de calagem (testemunha, calcário normal, filler e filler parcelado) e
nas subparcelas (4,8 x 16,0 m) os tratamentos de gesso (0, 3, 6 e 9 Mg ha
-1
),
aplicados à lanço na superfície do solo. Os tratamentos de calcário normal,
calcário filler e gesso foram aplicados em uma única vez, no inverno de 2004 e
o tratamento de calcário filler parcelado foi aplicado em três vezes, sendo 1/3
no inverno de 2004, 1/3 em 2005 e 1/3 em 2006. A dose de calcário visou
aumentar a saturação de bases para 70%.
O sistema de rotação de culturas utilizado nesse experimento foi:
aveia branca/soja, nabo forrageiro/milho, trigo/soja e, cevada/soja, sendo que,
as culturas do nabo e da cevada não foram utilizadas no estudo, devido a
primeira ser uma cultura de cobertura do solo e a segunda em razão de
intempéries ocorridas durante o seu ciclo.
Amostras de solo foram coletadas no inverno de 2005, 2006, 2007 e
2009, nas camadas de 0-10 e 10-20 cm de profundidade.
5.2.2.2 Experimento de calagem com pré-culturas
Este experimento foi instalado no inverno de 2004, na mesma área
experimental do experimento Calagem x Gesso. Nas parcelas principais (12,8 x
20 m), foram adotados três sistemas de rotação de culturas, diferenciando-os
pela cultura de inverno. Os sistemas de rotação de culturas foram: (1) aveia
23
preta/soja, nabo forrageiro/milho, aveia preta/soja, nabo forrageiro/soja e, aveia
preta/soja; (2) nabo forrageiro/soja, aveia preta/milho, nabo forrageiro/soja,
aveia preta/soja e, nabo forrageiro/soja, e; (3) cevada/soja, aveia branca/milho,
trigo/soja, cevada/soja e, aveia branca/soja. Nas subparcelas (6,4 x 10,0 m), os
tratamentos foram uma testemunha e três doses de calcário (2, 4 e 8 Mg ha
-1
),
objetivando aumentar a saturação de bases do solo para, respectivamente, 65,
75 e 100%.
Cinco amostragens de solo foram realizadas, em novembro de 2004,
maio de 2005, abril de 2006, maio de 2007 e maio de 2009. As camadas
amostradas foram 0-20, 0-10 e 10-20 cm de profundidade.
Dentre as culturas utilizadas no experimento, não entraram para o
estudo as culturas de cobertura (nabo forrageiro e aveia preta), por não
produzirem grãos, bem como a cultura da soja na safra 2007/08 e da aveia
branca 2008, devido à ausência de coleta de solo no ano de 2008.
5.2.2.3 Experimento de calagem com fósforo
O experimento foi conduzido de 2000 a 2003, na Fazenda Curucaca,
no município de Candói. O delineamento experimental foi o de blocos ao
acaso, em esquema fatorial, com três repetições, com as dimensões de cada
parcela de 6,4 x 8 m. Os dez tratamentos foram compostos pelo parcelamento
(uma e duas vezes) e cinco doses de calcário dolomítico (0, 2,5, 5,0, 7,5 e 10,0
Mg ha
-1
), aplicadas à lanço, calculadas visando elevar a saturação por bases
do solo para 30, 50, 70 e 90 %.
A aplicação de calcário, em uma única vez (sem parcelamento), foi
realizada em junho de 2000 e os tratamentos com aplicação parcelada em
duas vezes foi realizada metade em junho de 2000 e metade em julho de 2001.
Uma única aplicação de fósforo foi realizada no experimento, por ocasião da
instalação, antecedendo a cultura do trigo (2000), sendo de 64 kg P
2
O
5
ha
-1
. O
sistema de rotação de culturas utilizado foi trigo/soja, aveia branca/milho e,
cevada/soja.
Amostras de solo foram coletadas em julho e outubro de 2000, maio
de 2001, junho de 2002 e junho de 2003, nas profundidades de 0-10 e 10-20
cm.
24
5.2.2.4 Experimentos de fósforo e potássio em solos com média e
alta fertilidade
Os experimentos foram conduzidos em duas áreas experimentais da
FAPA, no município de Guarapuava. O primeiro experimento foi instalado no
inverno de 1999, em um área de média fertilidade, com teor de P e K no solo
amostrado na camada 0-20 cm anterior à instalação do experimento de 14,7
mg P dm
-3
e 108 mg K dm
-3
. O segundo experimento foi instalado no verão de
1997/98, em uma área de alta fertilidade, apresentando teores iniciais de P e K
de 17,8 mg P dm
-3
e 150 mg K dm
-3
.
O delineamento utilizado nos dois experimentos foi de blocos ao
acaso com parcelas subdivididas, com quatro repetições na área de média
fertilidade e três repetições na área de alta fertilidade. Nas parcelas principais
foram conduzidos três sistemas de rotação de culturas e, nas subparcelas,
cinco tratamentos, que consistiram na testemunha (sem P e K), na dose
recomendada de P e K aplicada na linha e à lanço e na meia dose
recomendada aplicada na linha e à lanço. A dose recomendada correspondeu
a 40 kg ha
-1
de P
2
O
5
e 40 kg ha
-1
de K
2
O para a soja, 90 kg ha
-1
de P
2
O
5
e 60
kg ha
-1
de K
2
O para o milho e a cevada e 60 kg ha
-1
de P
2
O
5
e 40 kg ha
-1
de
K
2
O para o trigo. Todos os tratamentos receberam nitrogênio na semeadura
(linha) e em cobertura, com exceção à cultura da soja
O experimento de média fertilidade foi conduzido do ano de 1999 até
2005/06. Os três sistemas de rotação de culturas foram: (1) cevada/soja, nabo
forrageiro/milho, trigo/soja, cevada/soja, nabo forrageiro/milho e, aveia
branca/soja; (2) trigo/soja, cevada/soja, nabo forrageiro/milho, aveia
branca/soja, cevada/soja e, nabo forrageiro/milho, e; (3) nabo forrageiro/milho,
trigo/soja, cevada/soja, nabo forrageiro/milho, aveia branca/soja e, cevada/soja.
O experimento de alta fertilidade foi conduzido do ano de 1997/98
até 2006. Os três sistemas de rotação de culturas foram: (1) milho, trigo/soja,
cevada/soja, nabo forrageiro/milho, aveia branca/soja, cevada/soja, nabo
forrageiro/milho, aveia branca/soja e, trigo/soja; (2) soja, nabo forrageiro/milho,
trigo/soja, cevada/soja, nabo forrageiro/milho, aveia branca/soja, cevada/soja,
nabo forrageiro/milho e, aveia branca/soja, e; (3) soja, cevada/soja, nabo
25
forrageiro/milho, trigo/soja, cevada/soja, nabo forrageiro/milho, aveia
branca/soja, cevada/soja e, nabo forrageiro/milho.
Amostras de solo foram coletadas nos dois experimentos em cada
tratamento após a colheita das culturas, nas camadas de 0-10 e 10-20 cm de
profundidade.
5.3 Análises de solo
Nos experimentos direcionados ao estudo de calagem, os atributos
avaliados nas análises de solo realizadas foram pH do solo em CaCl
2
,
saturação por bases (V %), alumínio trocável e a saturação por alumínio (Al %),
segundo metodologias descritas em Tedesco et al. (1995). Para os
experimentos de P e K, o teor de P e K disponível nas amostras de solo foram
avaliados pelo extrator ácido Mehlich-1 (Tedesco et al., 1995).
5.4 Coletas de amostras de biomassa vegetal e análises
Amostras de biomassa foram coletadas nos experimento de fósforo
e potássio, em Guarapuava (FAPA), Pinhão e Candói.
No estádio de florescimento pleno coletou-se a folha índice das
culturas - folha bandeira nas culturas de inverno e o primeiro trifólio plenamente
desenvolvido na soja (trifólio maduro) - perfazendo a amostragem de 30
plantas por parcela. A matéria seca foi avaliada no início do enchimento de
grãos, coletando nas culturas de inverno quatro metros lineares por parcela em
duas repetições de dois metros. No verão (soja) foram coletados dois metros
lineares por subparcela. As amostras foram secas e pesadas, para
quantificação do acúmulo de matéria seca. Por ocasião da colheita dos grãos,
foi reservada uma amostra para posterior análise dos teores de P e K nos
grãos no laboratório.
As amostras de tecido vegetal de folha índice, matéria seca e grãos
foram secas a 60ºC até peso constante, seguido de moagem e análise do teor
de P e K por digestão ácida (Tedesco et al., 1995) e determinação de P em
fotocolorímetro (Murphy & Riley, 1962) e K em fotômetro de chama.
26
A avaliação dos teores de P e K na folha índice e a quantidade
absorvida de P e K pelas culturas tiveram como objetivo auxiliar na avaliação
da camada diagnóstica da fertilidade do solo a partir da relação destes com os
teores de P e K do solo nas camadas de 0-10 e 0-20 cm de profundidade.
5.5 Análise e definição da camada diagnóstica da fertilidade do
solo
Para o estudo da camada diagnóstica foram calculados os
coeficientes de correlação entre o rendimento das culturas e os atributos do
solo avaliados na camada 0-10 e 0-20 cm de profundidade. Nos experimentos
que dispunham apenas das análises de solo nas camadas de 0-10 e 10-20 cm
de profundidade, a camada de 0-20 cm foi calculada pela média aritmética
entre estas duas camadas.
Os coeficientes de correlação foram calculados para a cultura da
soja, milho e cereais de inverno (aveia branca, trigo e cevada), discriminadas
dentro de cada experimento. No caso de algum experimento apresentar mais
de uma safra da mesma cultura, o rendimento de cada safra foi transformado
em rendimento relativo conforme a equação descrita abaixo (2), possibilitando
a correlação com as várias safras.


á
100
2
Nos experimentos de calagem, os atributos do solo correlacionados
com o rendimento das culturas foram pH, V %, Al trocável e Al %. Nos
experimentos de fósforo, correlacionou-se o rendimento de grãos com o P
disponível no solo e no experimento de potássio, com o K disponível no solo.
A partir dos coeficientes de correlação (r) obtidos para as culturas
dentro de cada experimento, calculou-se o r ponderado para cada cultura, nas
profundidades de 0-10 e 0-20 cm, segundo a equação 3. Desta forma, os
coeficientes de correlação obtidos a partir de várias safras da cultura terão
maior peso no r ponderado e, consequentemente, maior proporção na decisão
pela camada diagnóstica. Apenas os experimentos com r significativo (p<0,10)
foram utilizados no cálculo.

∑
 

100
3
27
Além das correlações entre o rendimento das culturas e os atributos
do solo, realizaram-se correlações entre o teor de P e K em atributos de planta
(folha índice, matéria seca e grãos) dos experimentos de P e K – Guarapuava
(FAPA), Pinhão e Candói, e os teores destes nutrientes no solo nas camadas
0-10 e 0-20 cm de profundidade.
5.6 Determinação do rendimento relativo e construção das
curvas de resposta
O rendimento relativo de grãos nos experimentos de calagem foi
calculado atribuindo-se o valor 100 para o maior rendimento de grãos da
cultura na safra avaliada, calculando o rendimento dos demais tratamentos
proporcionais a este (Equação 2).
Relações entre o rendimento relativo de grãos e os indicadores da
acidez do solo foram estabelecidas. Nestas relações, utilizaram-se
preferencialmente valores da amostragem de solo anterior à semeadura da
safra analisada. Entretanto, como nestes experimentos as análises de solo não
foram realizadas semestralmente, para algumas safras utilizou-se a análise de
solo posterior à colheita dos grãos. As safras que não dispunham de análise de
solo anterior à semeadura ou posterior a colheita não foram utilizadas para o
estudo, bem como as culturas de inverno utilizadas apenas como cobertura do
solo.
Nos experimentos de fósforo e potássio, o rendimento relativo foi
calculado atribuindo-se o valor 100 ao tratamento com maior rendimento na
safra em estudo, calculando apenas o rendimento dos tratamentos testemunha
que não tiveram a aplicação de P ou K na semeadura proporcional a este. Este
critério visa descartar o efeito do fertilizante aplicado na semeadura,
selecionando apenas o real rendimento relativo proporcionado pelo teor de P
ou K no solo no momento da semeadura. Assim, na construção das curvas de
resposta para fósforo e potássio, os valores de rendimento relativo foram
relacionados com os respectivos teores de nutrientes no solo (Mehlich-1)
obtidos em análise anterior à semeadura.
28
5.7 Critérios de calagem e teores críticos de fósforo e potássio
Relações entre o rendimento relativo de grãos e os indicadores da
acidez do solo foram construídas, estabelecendo o critérios de calagem (pH do
solo em CaCl
2
e saturação por bases) separando onde que 80 % das situações
com valores de pH e V % acima deste critério, as culturas apresentem
rendimento relativo superior a 90 % e nunca inferior a 80 % do rendimento
relativo. Na figura 3 é demonstrado com pontos fictícios ( ), para melhor
entendimento.
Nesta metodologia, realiza-se a divisão em quatro quadrantes. No
primeiro, segundo e terceiro quadrante, o rendimento de grãos das culturas não
é preocupante, apresentando alto rendimentos em condição de baixo e alto
teor no solo e, quando apresentado rendimento baixo, o teor no solo também é
baixo. Entretanto, no quarto quadrante, a condição é distinta, observando que
mesmo com alto teor no solo, o rendimento das culturas é baixo, por isso, o
critério adotado aceitou apenas 20 % dos valores acima do teor crítico abaixo
do rendimento relativo de 90 %. Com os pontos fictícios ( ), verifica-se que
esta proporção foi de 15 pontos acima do RR de 90 % e 3 abaixo,
demonstrando que 83 % dos pontos acima do teor crítico proporcionaram
rendimentos relativos maiores que 90 %.
FIGURA 3. Esquema teórico da divisão por quadrantes para a definição dos
critérios de calagem.
Atributos do solo (pH, V %)
Rendimento relativo, %
0
20
40
60
70
80
90
100
3º Quadrante
- Baixo teor
- Baixo rendimento de grãos
1º Quadrante
- Baixo teor
- Alto rendimento de grãos
2º Quadrante
- Alto teor
- Alto rendimento de grãos
4º Quadrante
- Alto teor
- Baixo rendimento de grãos
INDESEJADO
Critério de calagem
> 80 %
< 20 %
29
Para a definição dos teores críticos de P e K, os rendimentos
relativos das culturas foram relacionados com o teor do nutriente no solo. A
equação de Mitscherlich foi escolhida para o ajuste dos pontos em razão de
apresentar bons coeficientes de determinação (r
2
) com os dados. Esta equação
caracteriza-se por ser uma equação exponencial, a qual é forçada a alcançar o
rendimento relativo de 100 % (Equação 4).
110


4
Onde y representa o rendimento relativo; A representa a
produtividade máxima (fixado em 100); b é o coeficiente de eficácia do
elemento; e x é o teor do nutriente no solo em mg dm
-3
.
O teor crítico de P e K foi definido como o valor do nutriente no solo
que proporcionou 90% do rendimento máximo das culturas (ajustado pela
equação de Mitscherlich), que é considerado em geral, o ponto de maior
retorno econômico das culturas à adubação (CQFS-RS/SC, 2004).
30
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados deste trabalho estão divididos em cinco subitens.
Inicialmente são explorados os resultados de fertilidade do solo e os
rendimentos das culturas nos experimentos de calagem (6.1), fósforo e
potássio (6.2). A interpretação destes resultados visa suporte à análise da
camada diagnóstica (6.3), à definição dos critérios de calagem e os teores
críticos de fósforo e potássio (6.4 e 6.5).
6.1 Fertilidade do solo e rendimento das culturas nos
experimentos com calagem
As áreas experimentais de calagem apresentaram solos com uma
acidez inicial baixa a moderada, apresentando variação de pH em CaCl
2
de 4,3
a 4,8 na camada de 0-20 cm (Tabelas 3 e 4). A obtenção de áreas com baixa
fertilidade do solo, que apresentem alta acidez e baixos teores de nutrientes é
uma dificuldade de pesquisa na região em estudo, devido ao alto investimento
dos produtores na correção e manutenção da fertilidade do solo.
Em todos os experimentos de calagem, a adição de calcário
aumentou o pH e a V % do solo, atingindo valores máximos de pH de 5,4 e V
% de 80% na camada de 0-20 cm, e reduzindo os teores de alumínio trocável e
a saturação por alumínio. Valores considerados baixos de Al trocável e Al %
foram observados nos tratamentos em que a calagem elevou o pH acima de
5,0 (Al trocável < 0,10 e Al % < 0,5 %) (Tabelas 3 e 4).
31
TABELA 3. Atributos do solo (pH em CaCl
2
, saturação por bases (V %), alumínio trocável e saturação por alumínio (Al %)) nos
experimentos de calagem conduzidos no estudo, nas camadas de 0-10, 10-20 e 0-20 cm de profundidade.
Experimento
pH CaCl
2
V % Al trocável % Al
0-10 10-20 0-20 0-10 10-20 0-20 0-10 10-20 0-20 0-10 10-20 0-20
Calagem x Pinhão
Análise inicial 4,8 4,8 4,8 49 49 49 0,09 0,09 0.09 1,3 1,4 1,3
Após 1 ano
Testemunha 4,9 4,9 4,9 59 53 56 0,10 0,18 0,14 1,3 2,9 2,1
0,2 Mg ha
-
1
de Calcário (V 50 %) 4,9 4,9 4,9 57 51 54 0,10 0,20 0,15 1,2 3,1 2,1
2,3 Mg ha
-
1
de Calcário (V 65 %) 5,2 5,0 5,1 75 54 65 0,00 0,05 0,03 0,0 0,9 0,5
4,4 Mg ha
-
1
de Calcário (V 80 %) 5,1 5,0 5,0 75 59 67 0,00 0,10 0,05 0,0 1,7 0,8
7,3 Mg ha
-
1
de Calcário (V 100 %) 5,3 5,1 5,2 81 63 72 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0 0,0
Calagem x Candói
Análise inicial - - 4,8 - - 45 - - 0,04 - - 0,6
Após 1 ano
Testemunha 4,9 4,8 4,8 60 45 53 0,38 0,55 0,46 6,4 11,8 9,1
0,8 Mg ha
-
1
de Calcário (V 50 %) 4,7 4,6 4,7 53 42 47 0,23 0,83 0,53 3,0 9,1 6,0
3,2 Mg ha
-
1
de Calcário (V 65 %) 5,2 4,9 5,0 74 49 61 0,00 0,40 0,20 0,0 7,3 3,6
5,6 Mg ha
-
1
de Calcário (V 80 %) 5,2 4,7 4,9 75 42 53 0,00 0,78 0,39 0,0 8,6 4,3
8,7 Mg ha
-
1
de Calcário (V 100 %) 5,4 5,1 5,2 82 55 69 0,00 0,20 0,10 0,0 3,6 1,8
31
32
TABELA 4. Atributos do solo (pH em CaCl
2
, saturação por bases (V %), alumínio trocável e saturação por alumínio (Al %)) nos
experimentos de calagem conduzidos pela FAPA, nas camadas de 0-10, 10-20 e 0-20 cm de profundidade.
Experimento
pH CaCl
2
V % Al trocável % Al
0-10 10-20 0-20 0-10 10-20 0-20 0-10 10-20 0-20 0-10 10-20 0-20
Calagem x Gesso
Análise inicial 4,7 4,8 4,8 52 48 49 0,08 0,05 0,05 0,9 0,7 0,7
Após 5 anos
Testemunha 4,8 4,7 4,7 58 52 55 0,23 0,41 0,32 2,6 5,3 4,0
Calcário (V 70 %) 5,2 5,0 5,1 77 63 70 0,00 0,03 0,01 0,0 0,4 0,2
Calcário Filler 1x 5,1 5,0 5,0 76 61 68 0,00 0,02 0,01 0,0 0,2 0,1
Calcário Filler parcelado 5,0 4,9 5,0 73 56 65 0,05 0,13 0,09 0,5 1,8 1,1
Calagem x Pré-culturas
Análise inicial 4,7 4,8 4,8 52 48 49 0,08 0,05 0,05 0,9 0,7 0,7
Após 5 anos
Testemunha 4,9 4,8 4,8 62 53 57 0,13 0,23 0,18 1,4 3,1 2,2
2 Mg ha
-
1
de Calcário (V 65 %) 5,1 5,0 5,1 78 61 69 0,01 0,02 0,01 0,1 0,2 0,1
4 Mg ha
-
1
de Calcário (V 75 %) 5,2 5,1 5,2 83 66 75 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0 0,0
8 Mg ha
-
1
de Calcário (V 100 %) 5,5 5,4 5,4 88 72 80 0,00 0,00 0,00 0,0 0,0 0,0
Calagem x Fósforo
Análise inicial 4,4 4,3 4,3 26 21 23 0,60 0,73 0,67 13,8 23,2 18,5
Após 3 anos
Testemunha 4,2 4,2 4,2 27 19 23 1,11 1,14 1,13 21,1 30,4 25,8
2,5 Mg ha
-
1
de Calcário (V 30 %) 4,4 4,4 4,4 50 25 38 0,24 0,63 0,43 3,2 16,8 10,0
5,0 Mg ha
-
1
de Calcário (V 50 %) 5,0 4,4 4,7 58 33 45 0,18 0,55 0,36 2,8 11,5 7,2
7,5 Mg ha
-
1
de Calcário (V 70 %) 5,0 4,3 4,6 66 34 50 0,11 0,78 0,45 1,2 13,5 7,3
10 Mg ha
-
1
de Calcário (V 90 %) 5,2 4,4 4,8 70 36 53 0,01 0,30 0,16 0,2 5,4 2,8
32
33
Os maiores incrementos do pH e da V % do solo ocorreram na
camada de 0-10 cm (Tabela 3 e 4), e isso se deve ao fato que a aplicação de
calcário foi superficial em todos experimentos.
Nos experimentos de calagem com apenas um ano de condução
(experimentos de Pinhão e Candói), o pH do solo com a maior dose de calcário
(7,3 e 8,7 Mg ha
-1
) foi em média 0,5 unidades superior à testemunha na
camada de 0-10 cm e 0,3 unidades na camada de 10-20 cm (Tabela 3). Por
sua vez, a saturação por bases também apresentou um expressivo incremento
com a maior dose de calcário, elevando a V % na camada de 0-10 cm de 60 %
para 82 %, o que corresponde a um aumento de 37 % em relação à
testemunha. Na camada de 10-20 cm, esse incremento na V % também foi
verificado, elevando a V % de 49 para 59 %, representando um aumento de 20
% em relação à testemunha.
O maior período de condução dos experimentos de Calagem x
Gesso e Calagem x Pré-culturas proporcionaram um incremento no pH e na V
% semelhante na camada de 0-10 e 10-20 cm, após cinco anos da aplicação
do calcário (Tabela 4). Este incremento representa na camada de 0-20 cm, um
aumento do pH em relação à testemunha de 4,7 para 5,1 e da V % de 55 para
70 % (+27 %) para a dose de calcário que visava atingir a saturação por bases
de 70 %, e um acréscimo no pH de 4,8 para 5,4 e na V % de 57 para 80 (+40
%) para a dose que visava atingir 100 % da saturação por bases.
No experimento de Calagem x Fósforo, que foi a área com menor
fertilidade do solo inicial dentre os experimentos de calagem, após três anos da
aplicação do calcário, o maior incremento de pH e V % foi observado na
camada de 0-10 cm, aumentando com a aplicação de 10 Mg ha
-1
de calcário o
pH de 4,2 para 5,2 e a V % de 27 para 70 % (Tabela 4). Na camada de 10-20
cm, este incremento no pH com a maior dose de calcário foi de apenas 0,2
unidades em relação à testemunha (4,2 para 4,4), porém, a saturação por
bases, que era de apenas 19 % na testemunha, aumentou cerca de 90 %,
atingindo uma V % de 36 %. Na camada de 0-20 cm, a elevação do pH (4,2
para 4,8) e da V % (23 para 53 %) reduziu o teor de Al trocável de 1,13 cmol
c
dm
-3
no tratamento testemunha para 0,16 cmol
c
dm
-3
na dose máxima, e a
saturação por alumínio de 25,8 % para 2,8 %.
34
O maior efeito da calagem superficial na camada de 0-10 cm é
amplamente discutido na bibliografia (Caires et al., 2004; Ciotta et al., 2004;
Corrêa et al., 2009). Entretanto, também tem sido observado um efeito da
calagem nos atributos do solo ao longo do tempo em camadas de solo mais
subsuperficiais no SPD (Caires et al., 2000; Silva et al., 2007). Diversos
mecanismos são citados na explicação do efeito do calcário no solo em
maiores profundidade no SPD (abaixo de 10 cm), como a formação e migração
de Ca(HCO
3
)
2
e Mg(HCO
3
)
2
(Oliveira & Pavan, 1996), o deslocamento de
partículas de calcário através de canais formados por raízes mortas e canais
de insetos (Pavan, 1994; Gassen & Kochhann, 1998) e a formação de pares
iônicos do cálcio e do magnésio com ácidos orgânicos hidrossolúveis presentes
nos resíduos das plantas (Miyazawa et al., 2002).
Em trabalho desenvolvido no município de Ponta Grossa, PR, em
um Latossolo Vermelho-Escuro, Caires et al. (1998) observaram o efeito da
calagem no pH e no alumínio trocável até 80 cm de profundidade dois anos
após a aplicação de calcário. Os autores destacam a alta precipitação pluvial
anual da região (2300 mm), que é semelhante à da região em estudo (1955
mm), contribuindo no transporte de partículas de calcário pela água percolada
no perfil do solo (Amaral et al., 2004b).
As alterações dos atributos do solo proporcionadas pela aplicação
de calcário melhoraram a fertilidade do solo, resultando no aumento do
rendimento de grãos das culturas, evidenciado através de rendimentos
relativos a partir 73 % (Tabela 5), indicando aumentos de rendimento de até 35
% em comparação às condições de fertilidade original.
Os rendimentos de grãos observados evidenciam o alto potencial
produtivo da região, com rendimentos máximos nos experimentos de calagem
de 4,1 Mg ha
-1
de soja, 13,6 Mg ha
-1
de milho, 5,8 Mg ha
-1
de aveia branca e de
cevada, e 4,1 Mg ha
-1
de trigo (Tabela 5).
Em geral, a cultura da soja foi a que apresentou maior resposta à
calagem, com incrementos médios no rendimento de grãos de 0,4 Mg ha
-1
e
máximo de 0,8 Mg ha
-1
(Tabela 5). Dentre as demais culturas avaliadas,
apenas o trigo (uma safra) apresentou rendimento relativo abaixo de 80 %, que
foi na primeira safra após a aplicação de calcário no experimento de Calagem x
Fósforo.
35
TABELA 5. Amplitude de rendimentos de grãos das culturas e menor
rendimento relativo em cada safra nos experimentos de calagem.
Experimento Safra Amplitude de rendimentos < RR
Mg ha
-1
%
Calagem x Gesso
Aveia branca 2004 5,1 – 5,8 87
Soja 2004/05 2,5 – 3,3 77
Milho 2005/06 11,8 – 13,6 87
Trigo 2006 3,6 – 4,1 89
Soja 2006/07 3,6 – 4,1 89
Cevada 2007 s/ rendimento (geada) -
Soja 2007/08 2,2 – 2,8 79
Soja 2008/09 2,0 – 2,7 73
Calagem x Pré-culturas
Cevada 2004 3,9 – 4,1 96
Soja 2004/05 2,8 – 2,9 96
Soja 2004/05 2,8 – 3,0 95
Soja 2004/05 2,6 – 2,8 93
Aveia branca 2005 3,3 – 3,9 84
Milho 2005/06 9,0 – 9,6 94
Milho 2005/06 9,0 – 9,8 92
Milho 2005/06 9,9 – 10,4 95
Trigo 2006 3,5 – 4,0 88
Soja 2006/07 3,4 – 3,9 89
Soja 2006/07 3,9 – 4,1 93
Soja 2006/07 3,4 – 4,0 85
Aveia branca 2008 2,9 – 3,3 88
Soja 2008/09 3,0 – 3,3 90
Soja 2008/09 2,6 – 2,9 91
Soja 2008/09 2,5 – 2,9 85
Calagem x Fósforo
Trigo 2000 2,3 – 2,9 79
Soja 2000/01 3,1 – 3,6 87
Aveia branca 2001 2,5 – 2,8 90
Milho 2001/02 5,9 – 6,6 89
Cevada 2002 2,6 – 3,1 83
Soja 2002/03 2,9 – 3,4 87
Calagem x Pinhão
Cevada 2008 5,6 – 5,8 97
Soja 2008/09 3,0 – 3,3 91
Calagem x Candói
Trigo 2008 3,5 – 4,1 85
Soja 2008/09 3,4 – 3,5 97
Cevada 2009 3,9 – 4,1 95
O maior incremento quantitativo proporcionado pela calagem no
rendimento de grãos foi observado na cultura do milho, de 1,8 Mg ha
-1
.
Entretanto, em virtude do alto rendimento de grãos de milho nesta safra mesmo
sem a aplicação de calcário (11,8 Mg ha
-1
), o rendimento relativo foi de 87 %
do rendimento máximo (Tabela 5).
36
O experimento de Calagem x Fósforo apresentou os menores
rendimentos de aveia branca (2,5 Mg ha
-1
), cevada (2,6 Mg ha
-1
), trigo (2,3 Mg
ha
-1
) e milho (5,9 Mg ha
-1
) dentre todos os experimentos de calagem (Tabela
5). Este fato pode estar relacionado ao baixo pH e V % do solo na condição
inicial da implantação do experimento, onde apesar da aplicação de 10 Mg ha
-1
de calcário, o pH na camada 0-20 cm após três anos da aplicação foi de
apenas 4,8 e a saturação por bases de 53 %, condição esta que poderia não
estar proporcionando o máximo rendimento das culturas.
6.2 Fertilidade do solo e rendimento das culturas nos
experimentos com adubação fosfatada e potássica
A adição das doses de P e K na instalação dos experimentos em
Guarapuava (FAPA), Pinhão e Candói (inverno 2008), aliada à reaplicação do
nutriente na safra seguinte (verão 2008/09), aumentaram os teores disponíveis
destes nutrientes no solo, principalmente na camada de 0-10 cm (Tabela 6).
Após um ano da aplicação das doses de fósforo, as faixas de P
disponível na camada de 0-10 cm variaram de 20,4 a 65,1 mg dm
-3
no solo na
FAPA, 7,9 a 15,1 mg dm
-3
no solo em Pinhão e 4,5 a 17,3 mg dm
-3
no solo em
Candói, refletindo em um incremento no teor de P do solo em cada local de
respectivamente, 319, 191 e 384 %.
O incremento do teor de P no solo também ocorreu na camada de
10-20 cm, porém, em menor intensidade que na camada de 0-10 cm (Tabela
6). Este incremento pode ter duas causas principais. O primeiro motivo seria a
aplicação das doses na instalação do experimento (lanço), que aumentou o
teor de P na camada 10-20 cm com a aplicação de 640 kg P
2
O
5
ha
-1
de 5,4
para 9,7 mg dm
-3
no solo na FAPA, de 3,9 para 4,5 mg dm
-3
no solo em Pinhão
e de 2,5 para 3,1 mg dm
-3
no solo em Candói. O segundo motivo seria a
reaplicação de 60 kg P
2
O
5
ha
-1
na linha de semeadura na cultura da soja (verão
2008/09), que aumentou em média 1,6 mg P dm
-3
na camada de 10-20 cm com
a reaplicação de P no solo na FAPA (Tabela 6). Entretanto, estes incrementos
de P na camada de 10-20 cm são muito pequenos, em vista das altas doses de
P
2
O
5
aplicadas, principalmente nas localidades de Pinhão e Candói.
37
O maior aumento do teor de P na camada de 10-20 cm observado
no experimento P-FAPA, possivelmente decorreu em razão deste local
apresentar um alto teor inicial de P (14,3 mg dm
-3
; 0-20 cm) e baixa acidez (pH
CaCl
2
5,2; 0-20 cm), reduzindo a adsorção de fósforo (Novais et al., 2007), que
associado à um alto regime pluviométrico da região (Figura 1), pode ter
facilitado o deslocamento deste nutriente para camadas abaixo dos 10 cm.
Nos experimentos de potássio, os teores iniciais na camada de 0-20
cm são considerados pela CQFS-RS/SC (2004) muito altos em Guarapuava-
FAPA (194 mg dm
-3
) e em Pinhão (212 mg dm
-3
), e médios em Candói (87 mg
dm
-3
) (Tabela 6).
TABELA 6. Teores de fósforo e potássio disponíveis no solo, nos experimentos
localizados na Fapa, Pinhão e Candói, nas camadas de 0-10, 10-
20 e 0-20 cm de profundidade.
Experimento\Local
FAPA Pinhão Candói
0-10 10-20 0-20 0-10 10-20 0-20 0-10 10-20 0-20
Fósforo
--------------------------------------- mg dm
-
3
---------------------------------------
Análise inicial 17,9 7,8 14,3 8,5 5,0 5,4 4,6 2,6 4,9
kg P
2
O
5
ha
-
1
Teor após 1 ano
0 20,4 5,4 13,2 7,9 3,9 5,4 4,5 2,5 3,7
0 + 60
1
25,9 7,1 13,5 7,9 3,8 5,3 5,1 3,7 5,0
80 26,2 4,7 14,4 9,4 4,1 5,8 5,2 2,5 4,0
80 + 60 26,6 6,6 14,1 10,9 4,1 6,7 5,9 3,1 4,6
160 31,6 6,2 13,3 8,9 2,5 5,2 9,6 2,5 4,5
160 + 60 29,7 8,3 14,2 9,5 2,6 6,3 9,0 2,4 6,2
320 41,6 8,0 23,3 11,2 4,2 6,5 11,1 3,0 5,3
320 + 60 40,5 9,6 26,9 13,0 4,2 7,7 10,6 3,6 6,8
640 65,1 9,7 34,3 14,9 4,5 11,3 17,3 3,1 8,7
640 + 60 63,3 10,5 32,7 15,1 4,2 11,0 16,5 4,0 8,4
Potássio
--------------------------------------- mg dm
-
3
---------------------------------------
Análise inicial 285 137 194 228 185 212 124 72 87
kg K
2
O ha
-
1
Teor após 1 ano
0 258 131 196 310 198 219 118 47 85
0 + 60
1
319 154 196 375 228 279 139 58 89
80 249 110 170 372 201 244 118 53 94
80 + 60 329 137 212 354 233 276 185 118 167
160 307 118 189 377 257 294 226 94 169
160 + 60 443 168 271 376 250 307 227 108 125
320 577 195 296 473 309 372 254 147 175
320 + 60 380 181 283 512 353 424 252 125 207
640 514 286 396 531 400 487 341 177 224
640 + 60 504 280 383 549 388 464 336 200 257
1
A dose de 60 kg ha
-1
de P
2
O
5
e K
2
O corresponde a dose de reposição aplicada na cultura da
soja na safra 2008/09.
As doses de K
2
O aplicadas na instalação dos experimentos de
Guarapuava (FAPA), Pinhão e Candói, aumentaram o teor de K no solo em
todas as camadas amostradas, atingindo incrementos no teor de K com a
38
maior dose (640 kg K
2
O ha
-1
) de 220 % na camada de 0-10 cm e de 265 % na
camada de 10-20 cm. Estes incrementos na camada de 10-20 cm após um ano
da aplicação das doses de K no solo evidenciam a mobilidade do K aplicado a
lanço em superfície do solo. A reaplicação de K na safra da soja também
colaborou para um aumento do teor de K na camada de 10-20 cm, em média
de 17 mg dm
-3
.
Nos experimentos de longa duração com P e K nas áreas de média
e alta fertilidade, após cinco anos sem a aplicação de fertilizantes, os teores
destes nutrientes na camada de 0-20 cm reduziram, passando na área de
média fertilidade de 14,7 para 11,4 mg P dm
-3
e de 108 para 92 mg K dm
-3
e,
na área de alta fertilidade, de 17,8 para 7,8 mg P dm
-3
e de 150 para 115 mg K
dm
-3
. Entretanto, os teores iniciais de P e K no solo foram mantidos, após cinco
anos, com os tratamentos de meia dose recomendada de fertilizante, e foram
acrescidos com os tratamentos da dose normal recomendada (Tabela 7).
TABELA 7. Teores de fósforo e potássio disponíveis no solo, nos experimentos
de solos com média e alta fertilidade, nas camadas de 0-10, 10-20
e 0-20 cm de profundidade.
Experimento
Fósforo Potássio
0-10 10-20 0-20 0-10 10-20 0-20
P e K - Média fertilidade
------------------------------ mg dm
-
3
------------------------------
Análise inicial - - 14,7 - - 108
Teor após 5 anos
Testemunha 12,5 10,4 11,4 113 71 92
½ Dose recomendada linha 20,3 11,4 15,8 139 81 110
½ Dose recomendada lanço 18,0 10,9 14,4 146 73 109
Dose recomendada linha 37,8 15,3 26,6 175 98 136
Dose recomendada lanço 27,0 12,6 19,8 181 102 148
P e K - Alta fertilidade
------------------------------ mg dm
-
3
------------------------------
Análise inicial - - 17,8 - - 150
Teor após 5 anos
Testemunha 10,4 5,1 7,8 155 75 115
½ Dose recomendada linha 18,8 13,4 16,1 155 89 122
½ Dose recomendada lanço 21,3 10,0 15,6 163 85 124
Dose recomendada linha 28,0 10,9 19,4 215 147 181
Dose recomendada lanço 27,0 10,4 18,7 229 121 175
A forma de aplicação do fertilizante influenciou nos teores de P e K
na camada de 10-20 cm, sendo observado após cinco anos de experimento,
um incremento médio de 1,8 mg P dm
-3
e de 8,5 mg K dm
-3
quando a aplicação
do fertilizante foi na linha de semeadura em comparação com a aplicação a
lanço na superfície do solo (Tabela 7). O acúmulo de P e K abaixo de 10 cm de
profundidade com a adubação na linha de semeadura no SPD também foi
39
observado por Costa (2008), em um Argissolo após 17 anos sob SPD,
elevando em torno de 15 mg dm
-3
o teor de P e de 30 mg dm
-3
o teor de K na
camada de 10-15 cm.
Os teores de P e de K no solo nos diferentes experimentos refletiram
na resposta de rendimento das culturas. Em geral, os experimentos com doses
de P e K apresentaram pequena resposta das culturas ao fertilizante (Tabela
8), que ocorreu em razão de ter poucas safras avaliadas (experimentos
relativamente recentes), e dos teores iniciais de P e K serem considerados
altos, principalmente na FAPA e no Pinhão (Tabela 6). Neste sentido, nos
experimentos com doses de P e K observaram-se altos rendimentos de grãos
das culturas, mesmo na ausência da adubação, de 3,9 Mg ha
-1
de aveia
branca, 3,3 Mg ha
-1
de cevada, 3,9 Mg ha
-1
de trigo e 2,5 Mg ha
-1
de soja.
A resposta no rendimento de grãos com a adição de P e K ao solo
foi distinta em cada cultura, sugerindo que as exigências de fertilidade do solo
entre as culturas são diferentes. Os cereais de inverno apresentaram as
maiores respostas à adubação, principalmente a cultura da cevada, que
resultou em rendimento relativo mínimo de 51 % (Tabela 8).
Pequena resposta à adição de P e K no solo foi observada nas
culturas da soja e do milho, sendo que, dentre as 38 safras de soja e 16 safras
de milho avaliadas, todas apresentaram rendimento relativo de grãos acima de
80 % (Tabela 8). Cabe ressaltar o alto rendimento do milho na ausência de
adubação fosfatada e potássica, apresentando o rendimento de grãos sempre
superior a 10 Mg ha
-1
.
Os menores rendimentos de grãos da soja observados nos
experimentos de P e K no solo de média (1,5 Mg ha
-1
) e alta fertilidade (1,3 Mg
ha
-1
) são considerados baixos, e ocorreram em razão de estresse hídrico
pontual em uma safra, a qual proporcionou rendimentos baixos também aos
tratamentos que receberam a adubação de P e K. Este detalhamento é
importante na compreensão da amplitude de rendimentos de grãos na Tabela
8, onde que o rendimento mínimo e máximo apresentados não são
necessariamente na mesma safra, e sim são valores extremos dentre todas as
safras da cultura no experimento.
40
TABELA 8. Amplitude de rendimentos de grãos das culturas e menor
rendimento relativo de cada cultura nos experimentos de fósforo e
potássio.
Experimento N
o
. safras Amplitude de rendimentos < RR
Mg ha
-1
%
Fósforo – Fapa
Aveia branca 1 4,5 – 4,8 93
Soja 1 2,6 – 3,0 87
Fósforo – Pinhão
Cevada 1 5,5 – 5,9 94
Soja 1 2,9 – 3,6 81
Fósforo – Candói
Trigo 1 3,9 – 5,1 77
Soja 1 3,4 – 3,7 93
Cevada 1 3,3 – 4,0 84
Potássio – Fapa
Aveia branca 1 3,9 – 4,5 86
Soja 1 2,5 – 2,8 88
Potássio – Pinhão
Cevada 1 5,6 – 5,9 95
Soja 1 3,1 – 3,4 91
Potássio – Candói
Trigo 1 4,2 – 4,4 96
Soja 1 3,4 – 3,7 91
Cevada 1 3,7 – 4,0 92
P e K – Média fertilidade
Soja 14 1,5 – 3,3 83
Milho 7 10,8 – 14,8 83
Aveia branca 2 3,0 – 5,5 79
Cevada 5 2,4 – 5,8 51
Trigo 4 1,8 – 4,4 73
P e K – Alta fertilidade
Soja 18 1,3 – 3,5 80
Milho 9 10,0 – 13,7 81
Aveia branca 3 4,2 – 5,1 84
Cevada 6 2,5 – 5,3 73
Trigo 5 2,4 – 4,4 85
6.3 Análise da camada diagnóstica em solos sob sistema
plantio direto
A camada diagnóstica para fins de amostragem do solo é analisada
neste trabalho sob dois critérios. O primeiro é que a camada diagnóstica deve
ser aquela camada de solo que melhor representa o crescimento e o
rendimento das culturas. O segundo, é que ela deve ser a camada de solo que
melhor represente a condição de fertilidade do solo, ou seja, ser a camada que
está sofrendo alterações pelas práticas de fertilização, seja através da calagem
ou da adubação fosfatada e potássica.
41
6.3.1 Avaliação da camada diagnóstica pelo crescimento e
rendimento das culturas
Para contemplar o primeiro critério da análise da camada
diagnóstica, exploraram-se correlações entre os atributos do solo nas camadas
de 0-10 e 0-20 cm com o rendimento de grãos das culturas nos experimentos
de calagem, fósforo e potássio e, correlações dos atributos do solo nos
experimentos de doses de P e K com atributos da planta.
Em geral, os coeficientes de correlação (r) entre o rendimento de
grãos das culturas e os atributos do solo avaliados (pH em CaCl
2
, saturação
por bases (V %), alumínio trocável, saturação por alumínio (Al %), P e K
disponíveis por Mehlich-1) foram semelhantes nas camadas de 0-10 e 0-20 cm
de profundidade (Tabela 9 e 10). Nos experimentos de calagem, o coeficiente
de correlação geral englobando todas as culturas e os atributos do solo
avaliados foi de 0,58 na camada de 0-10 cm e 0,56 na camada de 0-20 cm
(Tabela 9). Nos experimentos de fósforo, a correlação foi de 0,47 para ambas
as camadas e, nos experimentos de potássio, foi de 0,38 na camada de 0-10
cm e 0,40 na camada de 0-20 cm (Tabela 10).
Através da avaliação da correlação entre os rendimentos de grãos e
os atributos do solo por cultura, observaram-se comportamentos diferentes nas
duas camadas amostradas. Em geral, a cultura da soja, que é a cultura mais
importante financeiramente no sistema de rotação de culturas da região
Centro-Sul do Paraná, apresentou melhor relação do rendimento de grãos com
os atributos do solo na camada de 0-20 cm de profundidade (Tabelas 9 e 10).
Nos experimentos com calagem, a correlação do rendimento de
grãos de soja com o pH, a V % e o Al trocável foi semelhante na camada 0-10
e 0-20 cm, porém, com a saturação por alumínio, a camada de 0-20 cm (r=-
0,68) foi superior à camada de 0-10 cm (r=-0,61). Nos experimentos de P e K,
os coeficientes de correlação da camada amostrada de 0-20 cm também foram
superiores à camada de 0-10 cm na cultura da soja, sendo r=0,72 (0-20 cm) e
r=0,65 (0-10 cm) para o fósforo e, r=0,64 (0-20 cm) e r=0,57 (0-10 cm) para o
potássio (Tabela 10).
42
TABELA 9. Coeficientes de correlação linear (r, p<0,10) entre os rendimentos relativos de soja, milho e cereais de inverno (aveia
branca, cevada e trigo) e os componentes da acidez de solos em plantio direto nas camadas de 0-10 e 0-20 cm de
profundidade, em três experimentos envolvendo calagem.
Experimento
1
No.
safras
Atributos do solo – coeficientes de correlação linear (r)
Média
(r em módulo)
pH em CaCl
2
V % Al trocável Al %
0-10 0-20 0-10 0-20 0-10 0-20 0-10 0-20 0-10 0-20
Soja
Calagem x Gesso 4 0,69 0,69 0,65 0,65 -0,60 -0,67 -0,58 -0,67
0,63 0,67
Calagem x Pré-culturas 9 0,50 0,49 0,28 0,27 -0,71 -0,70 -0,63 -0,68
0,53 0,54
Calagem x Fósforo 2 -0,08ns 0,01ns -0,20ns -0,17ns -0,01ns -0,08ns -0,03ns -0,02ns - -
r soja ponderado 13 0,56 0,55 0,39 0,39 -0,68 -0,69 -0,61 -0,68
0,56 0,58
Milho
Calagem x Gesso 1 -0,45ns -0,54ns -0,41ns -0,48ns 0,30ns 0,42ns 0,30ns 0,42ns - -
Calagem x Pré-culturas 3 0,42 0,57 0,55 0,63 -0,66 -0,55 -0,65 -0,55 0,57 0,58
Calagem x Fósforo 1 0,79 0,76 0,77 0,78 -0,61 -0,52 -0,63 -0,62 0,70 0,67
r milho ponderado 4 0,51 0,62 0,61 0,67 -0,65 -0,54 -0,65 -0,57
0,60 0,60
Cereais de inverno
Calagem x Gesso 2 0,05ns 0,08ns 0,05ns 0,05ns -0,11ns -0,15ns -0,10ns -0,15ns - -
Calagem x Pré-culturas 3 0,21ns 0,05ns 0,6 0,47 -0,56 -0,47 -0,52 -0,46 0,56 0,47
Calagem x Fósforo 3 0,70 0,65 0,69 0,66 -0,52 -0,15 -0,69 -0,54 0,65 0,50
r cereais ponderado 6 0,70
2
0,65* 0,65 0,57 -0,54 -0,31 -0,61 -0,50
0,61 0,49
r global ponderado 23
0,57 0,58 0,50 0,48 -0,64 -0,57 -0,62 -0,61
0,58 0,56
1
Os experimentos de Calagem x Pinhão e Calagem x Candói não apresentaram resposta à calagem em nenhuma safra.
2
Coeficiente de correlação ponderado obtido a partir de três safras.
42
43
TABELA 10. Coeficientes de correlação linear (r, p<0,10) entre os rendimentos
relativos de soja, milho e cereais de inverno (aveia branca,
cevada e trigo) e os teores de P e K disponíveis no solo, nas
camadas de 0-10 e 0-20 cm de profundidade.
Experimento
Fósforo Potássio
No.
safras
Profundidade
No.
safras
Profundidade
0-10 0-20 0-10 0-20
Soja
P Fapa 1 -0,26ns -0,29ns - - -
P Pinhão 1 0,74 0,71 - - -
P Candói 1 0,55 0,73 - - -
K Fapa - - - 1 -0,54ns -0,53ns
K Pinhão - - - 1 0,57 0,64
K Candói - - - 1 0,22ns 0,21ns
P e K média fertilidade 14 0,12ns 0,16ns 14 0,06ns -0,05ns
P e K alta fertilidade 16 -0,19ns -0,21ns 16 0,08ns -0,04ns
r soja ponderado 2 0,65 0,72 1 0,57 0,64
Milho
P e K média fertilidade 7 0,40 0,43 7 0,19ns 0,17ns
P e K alta fertilidade 8 0,12ns 0,06ns 8 0,26ns 0,19ns
r milho ponderado 7 0,40 0,43 - - -
Cereais de inverno
P Fapa 1 0,79ns 0,67ns - - -
P Pinhão 1 0,24ns 0,43ns - - -
P Candói 1 0,96 0,99 - - -
K Fapa - - - 1 0,93 0,86
K Pinhão - - - 1 0,66ns 0,55ns
K Candói - - - 1 0,67ns 0,75ns
P e K média fertilidade 9 0,61 0,61 9 0,30 0,32
P e K alta fertilidade 11 0,33 0,28 11 0,14ns 0,14ns
r cereais ponderado 21 0,48 0,46 10 0,36 0,37
r global ponderado 30 0,47 0,47 11 0,38 0,40
O rendimento de grãos de milho apresentou melhor correlação com
o pH (r=0,62) e com a V % (r=0,67) na camada de 0-20 cm, enquanto que o
alumínio trocável (r=-0,65) e a saturação por alumínio (r=-0,65) apresentaram
melhor correlação com a camada 0-10 cm. Esta divergência possivelmente
está associada ao pequeno número de safras de milho envolvidas nos
experimentos de calagem. Nos experimentos de P e K, a cultura do milho
apresentou correlação significativa apenas com o P no experimento de
fertilidade média (7 safras), de 0,40 na camada de 0-10 cm e 0,43 na camada
de 0-20 cm de profundidade (Tabela 10).
Em contraposto à cultura da soja, os cereais de inverno (aveia
branca, cevada e trigo) apresentaram correlação do rendimento de grãos
superior na camada de 0-10 cm, principalmente nos experimentos de calagem,
destacando uma correlação média dos atributos do solo avaliados de 0,61 na
camada de 0-10 cm contra 0,49 na camada de 0-20 cm. A maior relação do
rendimento dos cereais de inverno com a camada de 0-10 cm possivelmente
44
está relacionada à distribuição de raízes mais superficial destas culturas, as
quais concentram cerca de 70 % na camada superficial de 0-10 cm (Fante Jr et
al., 1999).
Com relação à camada diagnóstica e acidez dos solos sob SPD,
alguns autores indicam que a recomendação de calagem com base nos
indicadores da acidez do solo pode ser realizada na camada de 0-10, 0-15 ou
0-20 cm de profundidade (Nolla & Anghinoni, 2006; Nicolodi et al., 2008),
apresentando boas relações de pH, V % e Al trocável com o rendimento de
grãos em ambas camadas.
A correlação dos atributos das plantas com os teores de P e K no
solo foi muito semelhante na camada de 0-10 e 0-20 cm de profundidade
(Tabela 11), apresentando diferença máxima entre os coeficientes de
correlação (r) das duas camadas de apenas 0,04. Esta semelhança indica que
ambas as camadas estão representando de forma similar a condição de
fertilidade do solo demonstrada pelos atributos das plantas. Em estudo
semelhante ao desenvolvido neste trabalho, Sá (1999) verificou em um
Latossolo Vermelho há treze anos sob SPD, uma média das correlações de
atributos da planta do milho com o teor de P no solo extraído por Mehlich-1,
muito similar nas camadas de 0-10 cm (r=0,77) e de 0-20 cm (r=0,75).
Em geral, os experimentos de P apresentaram melhor correlação
dos teores de P disponível no solo com a resposta da planta (Tabela 11). A
razão disto pode ser parcialmente explicada pelos teores de P na implantação
dos experimentos serem mais limitantes ao rendimento das culturas que os
teores de K nos experimentos de K, como observado no experimento de P no
Candói (4,9 mg P dm
-3
; 0-20 cm) (Tabela 2), que apresentou o maior número
de correlações significativas do teor de P no solo com os atributos da planta
(Tabela 11).
45
TABELA 11. Coeficientes de correlação linear (r, p<0,10) entre os atributos da
planta de cereais de inverno e soja e o teor de fósforo e potássio
disponível no solo nas camadas de 0-10 e 0-20 cm de
profundidade, nos municípios de Guarapuava (FAPA), Pinhão e
Candói.
Atributos da planta
Local
FAPA Pinhão Candói
0-10 0-20 0-10 0-20 0-10 0-20
Fósforo
Cereais de inverno
Folha índice (g P kg
-
1
) 0,90 0,99 0,51ns 0,69ns 0,98 0,92
Matéria Seca (g P kg
-
1
) 0,65ns 0,79ns 0,91 0,91 0,90 0,92
Matéria Seca - Produção (kg ha
-
1
) -0,91 -0,92 0,24ns 0,40ns 0,92 0,99
Matéria Seca - Extração (kg ha
-
1
) -0,01ns 0,14ns 0,72 0,81 0,95 0,98
Grão (g P kg
-
1
) 0,91 0,92 0,98 0,99 0,98 0,84
Produtividade (kg ha
-
1
) 0,79ns 0,67ns 0,24ns 0,43ns 0,96 0,99
Grão - Extração (kg P ha
-
1
) 0,93 0,85 0,93 0,99 0,99 0,96
Média 0,46 0,46 0,89 0,93 0,95 0,94
Soja
Folha índice (g P kg
-
1
) 0,93 0,93 0,52ns 0,46ns 0,41ns 0,47ns
Matéria Seca (g P kg
-
1
) 0,86 0,88 0,78 0,77 0,79 0,70
Matéria Seca - Produção (kg ha
-
1
) 0,36ns 0,44ns 0,36ns 0,24ns 0,54ns 0,47ns
Matéria Seca - Extração (kg ha
-
1
) 0,76 0,79 0,68ns 0,56ns 0,72 0,64
Grão (g P kg
-
1
) 0,78 0,83 0,10ns 0,04ns 0,87 0,77
Produtividade (kg ha
-
1
) -0,26ns -0,29ns 0,74 0,71 0,55 0,73
Grão - Extração (kg P ha
-
1
) 0,41ns 0,40ns 0,67 0,63 0,87 0,87
Média 0,83 0,86 0,73 0,70 0,76 0,74
Potássio
Cereais de inverno
Folha índice (g K kg
-
1
) 0,65ns 0,54ns 0,63ns 0,64ns 0,54ns 0,50ns
Matéria Seca (g K kg
-
1
) 0,77 0,86 0,63ns 0,73ns -0,26ns -0,13ns
Matéria Seca - Produção (kg ha
-
1
) 0,13ns 0,25ns 0,54ns 0,59ns -0,38ns -0,34ns
Matéria Seca - Extração (kg ha
-
1
) 0,54ns 0,67ns 0,66ns 0,75ns -0,32ns -0,24ns
Grão (g K kg
-
1
) -0,57ns -0,50ns -0,81ns -0,77ns 0,22ns 0,30ns
Produtividade (kg ha
-
1
) 0,93 0,86 0,66ns 0,55ns 0,67ns 0,75ns
Grão - Extração (kg K ha
-
1
) 0,88 0,85 -0,71ns -0,72ns 0,39ns 0,48ns
Média 0,86 0,86 - - - -
Soja
Folha índice (g K kg
-
1
) 0,40ns 0,25ns 0,62 0,71 0,70 0,74
Matéria Seca (g K kg
-
1
) 0,61ns 0,47ns 0,98 0,98 0,91 0,88
Matéria Seca - Produção (kg ha
-
1
) -0,12ns 0,14ns 0,19ns 0,12ns 0,30ns 0,32ns
Matéria Seca - Extração (kg ha
-
1
) 0,26ns 0,42ns 0,66 0,61 0,89 0,87
Grão (g K kg
-
1
) 0,47ns 0,52ns -0,12ns -0,28ns 0,67ns 0,52ns
Produtividade (kg ha
-
1
) -0,54ns -0,53ns 0,57 0,64 0,22ns 0,21ns
Grão - Extração (kg K ha
-
1
) -0,49ns -0,48ns 0,57ns 0,57ns 0,57ns 0,46ns
Média - - 0,71 0,74 0,83 0,83
6.3.2 Avaliação da camada diagnóstica em razão das alterações
nos atributos do solo
Na análise da camada diagnóstica de solo como aquela a qual é
afetada pela adição de calcário e fertilizantes fosfatados e potássicos no SPD,
verificou-se que os efeitos destas práticas nos atributos de solo não se
restringem somente à camada superficial (0-10 cm) (Figuras 4 e 5).
46
A adição de doses de calcário proporcionou um incremento no pH e
na V % do solo nas duas camadas avaliadas (Figura 4). Os maiores
coeficientes angulares das equações de regressão polinomial do pH e V % com
as doses de calcário foram observados na camada de 0-10 cm (Tabela 12),
indicando o maior efeito da calagem nesta camada. Entretanto, observou-se
que na camada de 10-20 cm, as regressões das doses de calcário foram
significativas (p<0,05) com o pH e a V % nos experimentos de Calagem x Pré-
culturas e Calagem x Pinhão e, com apenas com a V %, no experimento
Calagem x Fósforo, apresentando em todos os casos, alto coeficiente de
determinação (r
2
>0,94) (Tabela 12).
O efeito da calagem na camada de 10-20 cm nos experimentos de
pré-culturas e fósforo era esperado e representa um efeito de 5 e 3 anos,
respectivamente, após a aplicação de calcário. Porém, a regressão significativa
do pH e da V % na camada de 10-20 cm, verificada no experimento Calagem x
Pinhão, indica a correção da acidez do solo nesta camada, após apenas um
ano da calagem. Este fato não ocorreu no outro experimento com apenas um
ano de condução (Calagem x Candói), sendo verificado efeito significativo das
doses de calcário no pH e na V % somente na camada de 0-10 cm (Tabela 12),
apesar de haver uma tendência do aumento do pH e da V % na camada de 10-
20 cm com o acréscimo das doses de calcário (Figura 4).
O efeito da calagem nos atributos do solo foi observado por Caires
et al. (2000) e Silva et al. (2007), indicando que a descida do calcário no
sistema plantio direto está relacionada com o tempo após a calagem,
encontrando incrementos no pH e V % após 12 meses da calagem na camada
de 0-10 cm, e após 24 meses na camada de 10-20 cm. Caires et al. (2000)
também observou durante 5 anos após a calagem, aumentos significativos no
pH e V % até 60 cm de profundidade.
47
FIGURA 4. Incrementos do pH e da V % do solo com a aplicação de doses de
calcário em quatro experimentos, nas camadas de 0-10 e 10-20
cm de profundidade.
Calagem x Pré-culturas
024 8
pH em CaCl
2
4,0
4,2
4,4
4,6
4,8
5,0
5,2
5,4
5,6
5,8
Calagem x Pré-culturas
024 8
Saturação por bases, V %
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Calagem x Fósforo
035810
pH em CaCl
2
4,0
4,2
4,4
4,6
4,8
5,0
5,2
5,4
5,6
5,8
Calagem x Fósforo
035810
Saturação por bases, V %
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Calagem x Pinhão
0,00,2 2,3 4,4 7,3
pH em CaCl
2
4,0
4,2
4,4
4,6
4,8
5,0
5,2
5,4
5,6
5,8
Calagem x Pinhão
0,00,2 2,3 4,4 7,3
Saturação por bases, V %
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Calagem x Candói
Doses de calcário
, Mg ha
-1
0,00,8 3,2 5,6 8,7
pH em CaCl
2
4,0
4,2
4,4
4,6
4,8
5,0
5,2
5,4
5,6
5,8
Calagem x Candói
Doses de calcário
, Mg ha
-1
0,00,8 3,2 5,6 8,7
Saturação por bases, V %
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0-10 cm
10-20 cm
0-10 cm
10-20 cm
0-10 cm
10-20 cm
0-10 cm
10-20 cm
0-10 cm
10-20 cm
0-10 cm
10-20 cm
0 0,2 0 0,2
0 0,8
0 0,8
7,52,5
7,5
2,5
0-10 cm
10-20 cm
0-10 cm
10-20 cm
48
TABELA 12. Equações de regressão polinomial dos incrementos no pH e na V
% do solo com a aplicação de doses de calcário em quatro
experimentos, nas camadas de 0-10 e 10-20 cm de profundidade.
Experimento Prof.
Equação de regressão
polinomial
r
2
p
pH em CaCl
2
Calagem x Pré-culturas
0-10 y=0,0729x+4,92 0,99 <0,01
10-20 y=0,0729x+4,82 0,99 <0,01
Calagem x Fósforo
0-10 y=0,1028x+4,25 0,90 0,01
10-20 y=0,0120x+4,28 0,28 0,36
Calagem x Pinhão
0-10 y=0,0499x+4,94 0,78 0,05
10-20 y=0,0264x+4,90 0,94 <0,01
Calagem x Candói
0-10 y=0,0694x+4,83 0,80 0,04
10-20 y=0,0362x+4,69 0,45 0,21
V %
Calagem x Pré-culturas
0-10 y=-0,579x
2
+7,76x+62,8 0,98 0,14
10-20 y=-0,233x
2
+4,22x+53,1 0,99 0,03
Calagem x Fósforo
0-10 y=-0,434x
2
+8,42x+28,4 0,99 0,01
10-20 y=-0,171x
2
+3,43x+18,7 0,98 0,02
Calagem x Pinhão
0-10 y=-0,533x
2
+6,93x+58,0 0,93 0,07
10-20 y=1,559x+51,57 0,96 <0,01
Calagem x Candói
0-10 y=3,014x+57,77 0,82 0,04
10-20 y=1,007x+42,91 0,43 0,23
Um fato observado nas curvas de pH e V % é que o aumento do pH
com as doses de calcário apresenta um comportamento linear, enquanto os
incrementos na V % é de forma quadrática (Figura 4), principalmente nos
experimentos com maior período após a calagem (Calagem x Pré-culturas e
Calagem x Fósforo). Este comportamento quadrático da V % com doses de
calcário também foi observado em outros trabalhos (Caires et al., 2000; Silva et
al., 2007), sendo essa característica quadrática atribuída por Silva et al. (2007),
aos íons hidrogênios retidos por ligações covalentes no complexo de troca dos
colóides do solo, que dificilmente serão deslocados através da calagem.
Os incrementos de P e K disponíveis no solo com as doses de P
2
O
5
e K
2
O são demonstrados na figura 5, com as respectivas regressões na tabela
13. Dentre os experimentos com doses de fósforo, pode se destacar que todos
apresentaram incremento do teor de P na camada de 0-10 cm de profundidade
(Tabela 13), porém, apenas o P-FAPA apresentou aumento significativo
(p<0,05) do teor de P na camada de 10-20 cm. Esta maior concentração de
fósforo na camada superficial do solo no SPD é amplamente destacada na
literatura (Schlindwein & Anghinoni, 2000; Ciotta et al., 2002), sendo observado
incrementos abaixo dos 10 cm com a aplicação de fertilizantes na linha com o
uso de haste sulcadora (Costa et al., 2009).
49
O aumento dos teores de K disponível no solo observados nos
experimentos com doses de K
2
O foram altamente significativos (p<0,01) nas
três áreas de estudo, nas duas camadas de solo (Tabela 13). Destaque deve
ser dado ao fato que a adição das doses de K
2
O aumentaram o teor de K no
solo de forma semelhante na camada de 0-10 e 10-20 cm, como evidenciado
pelos coeficientes angulares similares das equações de regressão linear
(Tabela 13). Isso demonstra que para o potássio, a adubação em superfície no
SPD exerce uma grande influência nos teores deste nutriente na camada
também abaixo de 10 cm de profundidade.
As equações de regressão obtidas pelos teores de P e K no solo
(mg dm
-3
) e a quantidade adicionada em P
2
O
5
e K
2
O (kg ha
-1
) permitiram
estimar a quantidade de fertilizante necessária para aumentar o teor do
nutriente no solo em 1 mg dm
-3
. Para o fósforo, a dose de P
2
O
5
estimada teve
grande variação entre os três locais (Guarapuava, Pinhão e Candói), sendo
necessários para elevar 1 mg P dm
-3
na camada de 0-10 cm, 15,6 kg P
2
O
5
ha
-1
em Guarapuava-FAPA, 94,3 kg P
2
O
5
ha
-1
no solo em Pinhão e 53,8 kg P
2
O
5
ha
-
1
no solo em Candói. As altas doses estimadas (139 a 909 P
2
O
5
ha
-1
) para a
camada de 10-20 cm mostram a pequena influência exercida pelas altas doses
de fósforo nesta camada após apenas um ano da aplicação de P no solo.
Nos experimentos de potássio, a dose de K
2
O estimada para elevar
o teor de K em 1 mg dm
-3
foi semelhante nos três locais, sendo em média 2,9
kg K
2
O ha
-1
para a camada 0-10 cm e 4,1 kg K
2
O ha
-1
para 10-20 cm.
As doses de P
2
O
5
e K
2
O estimadas neste trabalho são altas quando
comparadas às observadas em solos do Rio Grande do Sul por Schlindwein
(2003), de 17,2 kg P
2
O
5
ha
-1
e 0,9 kg K
2
O ha
-1
para a camada de 0-10 cm de
profundidade.
50
FIGURA 5. Incrementos no teor de P e K disponíveis no solo com a aplicação
de doses de P
2
O
5
e K
2
O nos experimentos da FAPA, Pinhão e
Candói, nas camadas de 0-10 e 10-20 cm de profundidade.
P-FAPA
0 200 400 600 800
P disponível, mg dm
-3
0
10
20
30
40
50
60
70
P-Pinhão
0 200 400 600 800
P disponível, mg dm
-3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
70
P-Candói
Doses de P
2
O
5
, kg ha
-1
0 200 400 600 800
P disponível, mg dm
-3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
70
0-10 cm
10-20 cm
0-10 cm
10-20 cm
0-10 cm
10-20 cm
K-FAPA
0 200 400 600 800
K disponível, mg dm
-3
0
100
200
300
400
500
600
700
K-Pinhão
0 200 400 600 800
K disponível, mg dm
-3
100
200
300
400
500
600
700
K-Candói
Doses de K
2
O
, kg ha
-1
0 200 400 600 800
K disponível, mg dm
-3
0
100
200
300
400
700
0-10 cm
10-20 cm
0-10 cm
10-20 cm
0-10 cm
10-20 cm
51
TABELA 13. Equações de regressão polinomial dos incrementos no teor de P
e K disponível no solo com a aplicação de doses de P
2
O
5
e de
K
2
O nos experimentos da FAPA, Pinhão e Candói, nas camadas
de 0-10 e 10-20 cm de profundidade.
Experimento Prof.
Equação de
regressão polinomial
r
2
p Dose
Fósforo
kg P
2
O
5
1
P-FAPA
0-10 y=0,0643x+19,73 0,97 <0,01 15,6
10-20 y=0,0072x+5,66 0,80 <0,01 138,9
P-Pinhão
0-10 y=0,0106x+7,99 0,92 <0,01 94,3
10-20 y=0,0011x+3,51 0,15 0,27 909,1
P-Candói
0-10 y=0,0186x+4,47 0,95 <0,01 53,8
10-20 y=0,0013x+2,68 0,31 0,09 769,2
Potássio
kg K
2
O
2
K-FAPA
0-10 y=0,3741x+287,0 0,61 <0,01 2,7
10-20 y=0,2458x+109,6 0,90 <0,01 4,1
K-Pinhão
0-10 y=0,3322x+333,2 0,89 <0,01 3,0
10-20 y=0,3043x+199,5 0,94 <0,01 3,3
K-Candói
0-10 y=0,3212x+132,9 0,92 <0,01 3,1
10-20 y=0,2045x+57,5 0,90 <0,01 4,9
1
kg de P
2
O
5
necessário para elevar o teor de P no solo em 1 mg dm
-3
.
2
kg de K
2
O necessário para elevar o teor de K no solo em 1 mg dm
-3
.
6.3.3 Considerações finais e proposição da camada diagnóstica
A análise conjunta da relação entre os atributos do solo e o
rendimento das culturas, e do efeito da aplicação de calcário e de fertilizantes
fosfatados e potássicos na fertilidade do solo em profundidade no solo em SPD
visando à definição da camada diagnóstica da fertilidade do solo no permite
inferir que:
- A mudança de amostragem da camada para 0-10 cm para fins de
análise da fertilidade do solo em SPD não apresentou nenhuma vantagem em
comparação à camada diagnostica atualmente utilizada de 0-20 cm.
- Ao contrário do verificado em solos do RS e SC, em que as
alterações na fertilidade do solo pela calagem e adubação na superfície em
restringiu-se praticamente à camada de 0-10 cm, nos solos da região sob SPD
de longa duração, ocorre um significativo efeito da calagem e da adubação
potássica na fertilidade da camada de 10-20 cm do solo. A adubação fosfatada
também promoveu aumento da disponibilidade de P nesta camada, porém, em
menor magnitude. Portanto, a camada fertilizada em SPD é a camada de 0-20
cm, e esse efeito da calagem e adubação nesta camada de solo como um todo
52
é um fator que determina que a amostragem de 0-20 cm seja mais adequada
na avaliação da fertilidade de solos em SPD na região.
Além desses aspectos, alguns outros fatores reforçam a proposição
da camada diagnóstica de 0-20 cm para avaliação da fertilidade do solo:
- Na região em estudo é comum a ocorrência de teores altos de
nutrientes, sobretudo na camada superficial do solo. Nesta condição de
elevada fertilidade, a variação da fertilidade da camada subsuperficial do solo
pode ser fundamental na nutrição vegetal, permitindo diferenciar áreas em que
o solo foi ou não corrigido inicialmente na implantação do SPD.
- A camada subsuperficial (10-20 cm) do solo pode ser fator
fundamental na nutrição vegetal em regiões e em anos agrícolas com
ocorrência de déficit hídrico. Nestas situações, a amostragem do solo na
camada de 0-20 cm seria potencialmente mais adequada na avaliação da
fertilidade do solo do que a camada de 0-10 cm.
6.4 Critérios de acidez do solo
Os dois indicadores da acidez do solo utilizados neste estudo para a
definição dos critérios de calagem foram o pH em CaCl
2
e a saturação por
bases (V %). Dentre estes, o pH foi o indicador da acidez do solo que
apresentou uma melhor relação com o rendimento das culturas (Figuras 6 e 7).
O alumínio trocável e a saturação por alumínio não foram considerados como
indicadores da acidez do solo em razão de apresentar uma pequena amplitude
de valores no solo com grande variação no rendimento relativo, não permitindo
assim a definição de critérios de calagem para estes indicadores.
A cultura da soja demonstrou-se mais sensível à acidez do solo,
apresentando incremento no rendimento relativo de grãos com o aumento do
pH do solo resultante da calagem. Este fato pode ser explicado pela relação
existente entre a fixação biológica de nitrogênio (FBN) pelos rizóbios e o pH do
solo (Moreira & Siqueira, 2006), reduzindo drasticamente a população de
rizóbios abaixo do pH em água 5,5 (~pH 4,9 em CaCl
2
) (Bala et al., 2003).
53
4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 5,8 6,0 6,2
Rendimento relativo, %
0
60
70
80
90
100
soja
4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 5,8 6,0 6,2
Rendimento relativo, %
0
60
70
80
90
100
cevada
aveia
trigo
milho
pH do solo em CaCl
2
4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 5,8 6,0 6,2
Rendimento relativo, %
0
60
70
80
90
100
cevada
aveia
trigo
milho
soja
20 30 40 50 60 70 80 90 100
Rendimento relativo, %
0
60
70
80
90
100
soja
20 30 40 50 60 70 80 90 100
Rendimento relativo, %
0
60
70
80
90
100
cevada
aveia
trigo
milho
Saturação por bases, %
20 30 40 50 60 70 80 90 100
Rendimento relativo, %
0
60
70
80
90
100
cevada
aveia
trigo
milho
soja
FIGURA 6. Relação entre o rendimento relativo de grãos e os indicadores de
acidez do solo na camada de 0-10 cm de profundidade sob
sistema plantio direto.
54
4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 5,8 6,0 6,2
Rendimento relativo, %
0
60
70
80
90
100
soja
4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 5,8 6,0 6,2
Rendimento relativo, %
0
60
70
80
90
100
cevada
aveia
trigo
milho
pH do solo em CaCl
2
4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 5,8 6,0 6,2
Rendimento relativo, %
0
60
70
80
90
100
cevada
aveia
trigo
milho
soja
20 30 40 50 60 70 80 90 100
Rendimento relativo, %
0
60
70
80
90
100
soja
20 30 40 50 60 70 80 90 100
Rendimento relativo, %
0
60
70
80
90
100
cevada
aveia
trigo
milho
Saturação por bases, %
20 30 40 50 60 70 80 90 100
Rendimento relativo, %
0
60
70
80
90
100
cevada
aveia
trigo
milho
soja
FIGURA 7. Relação entre o rendimento relativo de grãos e os indicadores de
acidez do solo na camada de 0-20 cm de profundidade sob
sistema plantio direto.
O critério de calagem observado para a cultura da soja foi de pH de
5,0 e V % de 65 % na camada 0-10 cm (Figura 6), e pH de 4,9 e V % de 60 %
para a camada de 0-20 cm (Figura 7). Este valor de V % para a camada 0-20
cm está abaixo do recomendado pela Embrapa (2008b), que recomenda para a
cultura da soja uma saturação por bases de 70 %. A saturação por bases de 60
% na camada 0-20 cm deste trabalho é a mesma recomendada no Estado de
São Paulo (Raij et al., 1997), bem como os critérios para a camada de 0-10 cm
55
são idênticos à recomendação de calagem para o Rio Grande do Sul e Santa
Catarina (CQFS-RS/SC, 2004), que recomenda pH em água de 5,5 (~pH 4,9
em CaCl
2
) e V % de 65 %.
Os valores dos critérios de calagem encontrados neste trabalho
também foram similares aos obtidos nos trabalhos de Nolla & Anghinoni (2006),
que encontraram como critérios de acidez do solo em SPD na camada de 0-10
cm os valores de pH em CaCl
2
de 4,7 e saturação por bases de 64 %, e o de
Nicolodi et al. (2008), que avaliaram o rendimento de grãos em áreas de
lavouras, sugerindo como critérios de calagem para a camada de 0-10 cm o pH
em CaCl
2
de 5,2 e V % de 65 %, e para a camada de 0-20 cm o pH de 5,0 e V
% de 60 %.
As gramíneas cultivadas (aveia branca, cevada, trigo e milho)
apresentaram pequena resposta à calagem, apresentando valores de
rendimento relativo acima de 80 % na faixa de pH de 4,3 a 6,0 e V % de 30 a
80 % na camada 0-10 cm, e de pH 4,2 a 5,6 e V % 25 a 70 % na camada 0-20
cm (Figuras 6 e 7).
Os valores de referência de pH e V % para as gramíneas foram
inferiores aos obtidos para a soja, sendo de pH 4,9 e de V % de 60 % para a
camada 0-10 cm e pH 4,8 e de V % de 55 % para a camada 0-20 cm. Esta
baixa resposta das culturas gramíneas à calagem pode estar relacionada ao
alto teor de matéria orgânica nestes solos (>50 g dm
-3
), que reduz a toxicidade
do alumínio no solo, proporcionando alto rendimento das culturas mesmo em
condição de baixa fertilidade do solo (Miyazawa et al., 1993; Franchini et al.,
1999; Vieira et al., 2009).
A recomendação para o trigo e triticale (RCBPTT, 2008) indica como
critério de calagem para estas culturas a saturação por bases de 60 % (0-20
cm), a qual corrobora com a indicação de Raij et al., (1997) para cultivares de
trigo tolerantes à acidez do solo.
Para a cultura do milho, o Estado de São Paulo considera como teor
critério de calagem V % de 70 % (0-20 cm). Entretanto, em condições onde o
teor de matéria orgânica está acima de 50 g dm
-3
, o valor de V % crítico é
reduzido à 50 %, semelhante ao valor de 55 % obtido neste trabalho (Figura 7).
Para a cultura da cevada e aveia branca, a saturação por bases adotada pelo
56
Estado de São Paulo é de 70 % (Raij et al., 1997), independente dos outros
atributos químicos do solo.
Quando reunidas todas as culturas em análise conjunta, os critérios
de calagem obtidos são os mesmos para a cultura da soja, a qual é a cultura
mais importante nos sistema de rotação de culturas da região Centro-Sul do
Paraná. Assim, os critérios de calagem para a rotação de culturas na camada
0-10 cm são pH do solo em CaCl
2
de 5,0 e saturação por bases de 65 % e,
para a camada 0-20 cm, pH de 4,9 e saturação por bases de 60 % (Tabela 14).
TABELA 14. Critérios de calagem para as culturas de soja, aveia branca, trigo,
cevada e milho, sob sistema plantio direto, em duas
profundidades de amostragem.
Culturas
pH CaCl
2
Saturação por bases (%)
0-10 cm 0-20 cm 0-10 cm 0-20 cm
Soja 5,0 4,9 65 60
Aveia branca, trigo,
cevada e milho
4,9 4,8 60 55
Rotação de culturas
5,0 4,9 65 60
Estes resultados indicam que não há necessidade de correção da
saturação por bases até 70 % no SPD, como sugerido pela Embrapa (2008b),
que sugere este valor como referência também para o sistema de preparo
convencional.
6.5 Determinação dos teores críticos de fósforo e potássio no
solo
As curvas de rendimento relativo de fósforo e potássio foram
construídas a partir dos dados de rendimento relativo das culturas em relação
aos teores de P e K no solo de oito experimentos conduzidos a campo,
totalizando 107 observações.
No geral, as culturas de inverno (aveia branca, trigo e cevada)
apresentaram maior incremento no rendimento de grãos com a aplicação de
fósforo e potássio do que as culturas de verão (milho e soja), refletindo em uma
faixa de rendimentos relativos das culturas de inverno mais ampla (51 a 100 %)
que as culturas de verão (80 a 100 %) (Tabela 8, Figuras 8 e 9).
57
Em razão destas divergências de respostas das diferentes culturas à
adubação, para o estudo dos teores críticos de fósforo e potássio, as culturas
foram agrupadas pela sua semelhança na resposta, separando as culturas de
inverno (Figura 8a e 9a) das culturas de verão (Figura 8b e 9b), para as duas
profundidades de amostragem. Em adição, uma análise geral com todas as
culturas do sistema de rotação foi realizada, visando à comparação com
sistemas de recomendação que não discriminam as culturas no teor crítico
(Figura 8c e 9c).
Os ajustes dos dados de rendimento relativo de grãos e os
respectivos teores de nutrientes no solo através da equação de Mitscherlich
apresentaram coeficientes de determinação (r
2
) variando de 0,35 a 0,82 para
fósforo, e 0,48 a 0,83 para o potássio (Figuras 8 e 9), sendo todos altamente
significativos (p < 0,01). Em virtude de se tratar de um estudo envolvendo
experimentos de campo em locais diferentes, com várias safras e anos de
condução, alguns coeficientes considerados baixos em condição singular
tornam-se aceitáveis neste estudo.
6.5.1 Teor crítico de fósforo no solo
O teor crítico de fósforo obtido na camada 0-10 cm para os cereais
de inverno foi de 10,8 mg dm
-3
e para as culturas de verão foi de 7,4 mg dm
-3
(Figura 8). Quando consideradas conjuntamente as cinco culturas do sistema
de rotação, o teor crítico foi intermediário, de 9,1 mg dm
-3
. Este valor é superior
ao teor crítico de fósforo sugerido pela CQFS-RS/SC (2004) pra solos com teor
de argila acima de 600 g kg
-1
(6 mg dm
-3
) e inferior ao valor de 10,5 mg dm
-3
,
encontrado por Schlindwein & Gianello (2008) para solos com teor de argila
acima de 550 g kg
-1
.
Na camada de 0-20 cm, os teores críticos de fósforo foram inferiores
à camada de 0-10 cm (Figura 8). Para os cereais de inverno, o teor crítico
encontrado foi de 7,5 mg dm
-3
, um pouco inferior ao teor de 9,0 mg dm
-3
(0-20
cm), recomendado para o trigo e triticale (RCBPTT, 2008).
Para a cultura da soja e milho, o teor crítico de fósforo na camada de
0-20 cm foi de 6,8 mg dm
-3
, valor muito semelhante à 6 mg dm
-3
, atual
recomendação para a soja no Paraná (Embrapa, 2008b).
58
Analisando o conjunto com todas as culturas utilizadas na rotação, o
teor crítico de P na camada de 0-20 cm foi de 7,1 mg dm
-3
, muito semelhante
ao valor de 7,6 mg dm
-3
sugerido por Schlindwein & Gianello (2008) para solos
do RS e, superior ao teor crítico de 6 mg dm
-3
recomendado para culturas
anuais no cerrado por Sousa & Lobato, (2004). Esta variação de teores críticos
encontrados pelos autores supracitados sugere que os teores críticos são
influenciados por características locais, necessitando de uma calibração dos
teores críticos a nível regional.
FIGURA 8. Rendimento relativo de aveia branca, trigo e cevada (a), milho e
soja (b) e todas as culturas (c) em função do fósforo disponível no
solo pelo extrator Mehlich-1 nas camadas de 0-10 e 0-20 de
profundidade.
P disponível, mg dm
-3
0 3 6 9 12 15 18 21 24 2730 35 40 45
Rendimento relativo, %
0
20
40
60
80
100
y=100(1-10
-0,13992*P
) r
2
=0,36**
Aveia branca
Trigo
Cevada
Milho
Soja
7,1
P disponível, mg dm
-3
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 35 40 45
Rendimento relativo, %
0
20
40
60
80
100
y=100(1-10
-0,10962*P
) r
2
=0,39**
Aveia branca
Trigo
Cevada
Milho
Soja
9,1
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 35 40 45
Rendimento relativo, %
0
20
40
60
80
100
y=100(1-10
-0,13447*P
) r
2
=0,78**
Milho
Soja
7,4
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 35 40 45
Rendimento relativo, %
0
20
40
60
80
100
y=100(1-10
-0,09238*P
) r
2
=0,46**
Aveia branca
Trigo
Cevada
10,8
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 35 40 45
Rendimento relativo, %
0
20
40
60
80
100
y=100(1-10
-0,13393*P
) r
2
=0,35**
Aveia branca
Trigo
Cevada
7,5
0-10 cm
0-20 cm
0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 35 40 45
Rendimento relativo, %
0
20
40
60
80
100
y=100(1-10
-0,14699*P
) r
2
=0,82**
Milho
Soja
6,8
(a1)
(b1)
(c1)
(a2)
(b2)
(c2)
59
Além da variação existente entre as regiões, o teor crítico também
pode ser influenciado por características químicas do solo na mesma região.
Neste sentido, Sousa & Lobato (2004) observaram a influência da matéria
orgânica (MO) no teor crítico de fósforo em um Latossolo muito argiloso,
reduzindo o teor critico de 6 mg dm
-3
para 3 mg dm
-3
com o aumento do teor de
MO de 28,4 g kg
-1
para 37,3 g kg
-1
.
As recomendações mais avançadas de fósforo para as culturas
anuais consideram o teor de argila no solo como uma variável no teor crítico
deste nutriente, principalmente quando relacionado com a análise de solo
utilizando o extrator Mehlich-1, onde solos argilosos apresentam teores críticos
menores que solos arenosos (CQFS-RS/SC, 2004; Sousa & Lobato, 2004;
Schlindwein & Gianello, 2008). Entretanto, neste trabalho, todos os solos
apresentam um teor de argila acima de 60 %, não sendo possível a
discriminação pelo teor de argila.
6.5.2 Teor crítico de potássio no solo
Para o potássio, os teores críticos apresentaram comportamento
semelhante ao fósforo, sendo maiores para os cereais de inverno e na camada
de 0-10 cm. Assim, o teor crítico de potássio na camada de 0-10 cm foi de 156
mg dm
-3
para os cereais de inverno e 81,7 mg dm
-3
para a soja e milho (Figura
9). Para o sistema de rotação de culturas (todas culturas em conjunto), o teor
crítico de K estimado na camada de 0-10 cm foi de 110,4 mg dm
-3
, valor este
muito inferior ao sugerido por Schlindwein & Gianello (2008), de 185 mg dm
-3
e,
superior ao teor de 90 mg dm
-3
, indicado pela CQFS-RS/SC (2004) para solos
com CTC
pH7,0
acima de 15 cmol
c
dm
-3
(que é o caso da maioria dos solos da
região Centro-Sul do Paraná).
A divisão dos solos pela CTC para o teor crítico de potássio é
utilizada em calibrações em estágio mais avançado (CQFS-RS/SC, 2004;
Sousa & Lobato, 2004), e objetiva principalmente manter uma saturação de K
na CTC do solo em uma faixa adequada, evitando salinidade e perdas de K por
lixiviação (Sousa & Lobato, 2004).
Na camada de 0-20 cm, o teor crítico de potássio encontrado no
estudo para os cereais de inverno (118 mg dm
-3
) foi muito semelhante à
60
recomendação existente para o trigo e triticale, de 120 mg dm
-3
(RCBPTT,
2008). Entretanto, o mesmo teor de 120 mg dm
-3
, recomendado para a soja
(Embrapa, 2008b), é cerca de duas vezes maior que o teor crítico encontrado
neste estudo para a soja e o milho, de 63,4 mg dm
-3
(Figura 9).
FIGURA 9. Rendimento relativo de aveia branca, trigo e cevada (a), milho e
soja (b) e todas as culturas (c) em função do potássio disponível
no solo pelo extrator Mehlich-1 nas camadas de 0-10 e 0-20 cm
de profundidade.
Em geral, os teores críticos de fósforo e potássio na camada de 0-10
cm foram 30 % superiores aos teores da camada 0-20 cm de profundidade
(Tabela 15). No trabalho de Schlindwein & Gianello (2008), a diferença entre os
teores críticos nas camadas de 0-10 e 0-20 cm foi de 38 % maior na camada
K disponível, mg dm
-3
0 30 60 90 120 150 180 210 240 300 450 600
Rendimento relativo, %
0
20
40
60
80
100
y=100(1-10
-0,00905*K
) r
2
=0,48**
Aveia branca
Trigo
Cevada
Milho
Soja
110,4
0 30 60 90 120 150 180 210 240 300 450 600
Rendimento relativo, %
0
20
40
60
80
100
y=100(1-10
-0,01578*K
) r
2
=0,83**
Milho
Soja
63,4
0 30 60 90 120 150 180 210 240 300 450 600
Rendimento relativo, %
0
20
40
60
80
100
y=100(1-10
-
0,01224*K
) r
2
=0,82**
Milho
Soja
81,7
0 30 60 90 120 150 180 210 240 300 450 600
Rendimento relativo, %
0
20
40
60
80
100
y=100(1-10
-0,00848*K
) r
2
=0,71**
Aveia branca
Trigo
Cevada
118,0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 300 450 600
Rendimento relativo, %
0
20
40
60
80
100
y=100(1-10
-0,00639*K
) r
2
=0,72**
Aveia branca
Trigo
Cevada
156,5
0-10 cm 0-20 cm
K disponível, mg dm
-3
0 30 60 90 120 150 180 210 240 300 450 600
Rendimento relativo, %
0
20
40
60
80
100
y=100(1-10
-0,01198*K
) r
2
=0,50**
Aveia branca
Trigo
Cevada
Milho
Soja
83,5
(a1)
(b1)
(c1)
(a2)
(b2)
(c2)
61
de 0-10 cm para o fósforo e 52 % para o potássio. O acúmulo destes nutrientes
na camada mais superficial em SPD gerando o gradiente de concentração no
perfil do solo explica esta diferença entre as camadas (Eltz et al., 1989a;
Schlindwein & Anghinoni, 2000).
TABELA 15. Teores críticos de fósforo e potássio para as culturas de inverno
(aveia branca, trigo e cevada), verão (milho e soja) e todas as
culturas, sob sistema plantio direto, nas camadas de 0-10 e 0-20
cm de profundidade.
Culturas
Fósforo Potássio
0-10 cm 0-20 cm 0-10 cm 0-20 cm
------------------ mg dm
-3
------------------
Aveia branca, trigo e cevada 10,8 7,5 157 118
Milho e Soja 7,4 6,8 82 63
Rotação de culturas 9,1 7,1 110 84
6.6 Recomendações preliminares de critérios para o manejo da
calagem e adubação fosfatada e potássica para o sistema
de rotação de culturas predominante na região Centro-Sul
do Paraná
A recomendação dos critérios de calagem e teores críticos de
fósforo e potássio dos solos em SPD na Região Centro-Sul do Paraná foi
baseada na condição que a fertilidade do solo deve ser manejada visando
atender as exigências da cultura mais exigente do sistema de rotação de
culturas. Este critério do nivelamento da fertilidade do solo pela cultura mais
exigente é necessário visto que esta é uma recomendação para um sistema de
rotação de culturas, objetivando-se o máximo retorno econômico, em uma
região com alto potencial produtivo de grãos.
A cultura mais exigente verificada nos critérios de calagem foi a soja.
Caso oposto ocorreu nos teores críticos de fósforo e potássio, onde as culturas
de maiores exigências foram os cereais de inverno (aveia branca e,
principalmente, cevada e trigo). Assim, o critério de calagem recomendado
para a camada de 0-20 cm é de pH do solo em CaCl
2
de 4,9 e V % de 60 % e,
o teor crítico de fósforo é de 8,0 mg dm
-3
e de potássio é de 120 mg dm
-3
(Tabela 16).
62
TABELA 16. Recomendação de critérios de calagem e teores críticos de
fósforo e potássio em solos sob sistema plantio direto na região
Centro-Sul do Paraná.
Profundidade
(cm)
Acidez do solo P disponível K disponível
pH CaCl
2
V % ----------- mg dm
-
3
-----------
0-10 5,0 65 11 160
0-20 4,9 60 8,0 120
Contudo, as recomendações apresentadas são preliminares. Há
necessidade da condução de experimentos, principalmente para os teores
críticos de fósforo e potássio, em áreas que apresentem teores destes
nutrientes no solo que proporcionem rendimentos de grãos baixos,
principalmente abaixo de 70 %, permitindo assim, um melhor ajuste da curva
de calibração, incrementando a confiabilidade no teor crítico do nutriente para a
região em estudo.
63
7. CONCLUSÕES
No sistema plantio direto, as alterações nos atributos do solo com a
calagem e adubações fosfatadas e potássicas não são restritas à camada
superficial de 0-10 cm, sendo a camada de 0-20 cm de profundidade, a
camada do solo mais adequada para a avaliação da fertilidade do solo em
sistema plantio direto na região Centro-Sul do Paraná.
Os critérios de calagem para a camada de 0-20 cm em solos sob
sistema plantio direto foram pH em CaCl
2
de 4,9 e saturação por bases de 60
%, sendo inferior à atual recomendação de saturação por bases de 70 %.
Os teores críticos de fósforo e potássio para a camada de 0-20 cm
de profundidade, nas áreas com rotação de culturas sob sistema plantio direto
na região Centro-Sul do Paraná, foram de 8 mg dm
-3
de fósforo e de
120 mg dm
-3
de potássio.
64
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