RESUMO
Desenvolvimento de modelo experimental de neuropatia sensitiva periférica induzida
pelo agente antineoplásico oxaliplatina em camundongos. PONTES, Renata Bessa;
LIMA, Mariana Lima. Renata Bessa Pontes. Orientadora: Profa. Dra. Mariana Lima
Vale. Departamento de Fisiologia e Farmacologia, UFC, 2009.
Oxaliplatina (OXL) é a 3ª geração de agentes platinos com amplo espectro de
atividade antitumoral. Exibe potente atividade citotóxica, incluindo câncer colorretal,
ovariano e pulmonar. Dentre os efeitos tóxicos estão: laringoespasmo, náuseas,
vômitos, fadiga e neuropatia periférica, foco desse trabalho. Essa pesquisa objetivou
desenvolver um modelo experimental para estudo da neuropatia sensitiva periférica
induzida por OXL em camundongos que são animais geneticamente mais
semelhantes ao ser humano, econômicos e dado a existência de espécies diferentes
para vários fatores. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal
da UFC (protocolo nº 70/07). Camundongos Swiss machos (20-40g) foram tratados
com OXL (1-4 mg/kg, EV) por 4 semanas paralelamente aos testes neuropáticos
utilizados para avaliar o desenvolvimento da neuropatia sensitiva e Rota Rod para
verificar comprometimento motor. A hiperalgesia e alodínia térmica foram avaliadas
pelo teste de imersão da cauda (TIC) em água fria (4 ou 10ºC) e em água aquecida
(46 ou 42ºC). O teste de hiperalgesia e alodínia mecânico (HPM; Von Frey) consistiu
na estimulação das patas traseiras com um sensor de força (g) até a sua retirada por
um movimento de “flinch”. Foi ainda verificado a ação analgésica da carbamezepina
(CZP), oxcarbazepina (OZP), gabapentina (GABAP) e indometacina (INDO) no TIC
água fria. Foi realizado a imunohistoquímica das patas traseiras dos animais em 24h
e de 7 a 28 dias. Como resultados observou-se que no HPM houve uma diminuição
significativa (p<0,001) no limiar nociceptivo a partir do 14º dia atingindo o máximo na
dose de 2mg/kg comparado ao grupo controle. No TIC 4ºC houve uma diminuição
significativa (p<0,05) no limiar nociceptivo no 56º dia, no TIC alodínia pelo frio (10ºC)
foi observado uma diminuição significativa (p<0,01) no limiar nociceptivo também no
56º dia, no TIC alodínia pelo quente (42ºC) foi observado uma diminuição
significativa (p<0,05) no limiar nociceptivo a partir do 35º dia. Esses testes atingiram
o máximo na dose de 1mg/kg comparados com o grupo controle e no TIC 46ºC foi
observado uma diminuição significativa (p<0,01) no limiar nociceptivo a partir do 49º
dia atingindo o máximo na dose de 1 e de 4mg/kg comparado ao grupo controle. No
teste Rota Rod nenhuma variação significativa foi observada em nenhum dos
grupos, indicando a ausência de comprometimento motor. O tratamento com CZP
(0,3-30mg/kg), OZP (0,3-100mg/kg) e GABAP (6-54mg/kg) aumentou o limiar
nociceptivo, indicando efeito analgésico e INDO (1-4mg/kg) não demonstrou
atividade analgésica nesse modelo. Na análise da imunohistoquímica ficou
comprovado que existe a participação provável de SP, CGRP e NMDA periféricos e
nitrotirosina. Portanto, o uso de camundongos e do diferente método de
administração da OXL (EV) pode ser utilizado em modelos futuros viabilizando o uso
do fármaco para tratamento do câncer, principalmente o colorretal, com todo o
esquema terapêutico, sem que a NSP interfira nas atividades de vida do paciente
tratado.
Palavras-chave: Compostos de Platina. Doenças do Sistema Nervoso Periférico.
Camundongos.