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Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Ciências da Saúde
Departamento de Ciências Farmacêuticas
Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas
Dissertação de Mestrado
DESENVOLVIMENTO DE MÉTODOS ANALÍTICOS PARA A
ASSOCIAÇÃO DE METFORMINA + GLIBENCLAMIDA EM
COMPRIMIDOS
ANA FLÁVIA OLIVEIRA SANTOS
Recife PE
Agosto de 2006
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Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Ciências da Saúde
Departamento de Ciências Farmacêuticas
Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas
DESENVOLVIMENTO DE MÉTODOS ANALÍTICOS PARA A
ASSOCIAÇÃO DE METFORMINA + GLIBENCLAMIDA EM
COMPRIMIDOS
Ana Flávia Oliveira Santos
Mestranda
Prof. Dr. Rui Oliveira Macêdo
Orientador
Recife PE
Agosto de 2006
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
em Ciências Farmacêuticas do Departamento de
Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal
de Pernambuco, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Ciências
Farmacêuticas.
Área de Concentração: Produção e Controle de
Medicamentos
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Santos, Ana Flávia Oliveira
Desenvolvimento de métodos analíticos para a
associação de Metformina + Glibenclamida em
comprimidos / Ana Flávia Oliveira Santos.
Recife:
O Autor, 2006.
76 folhas : il., tab., fig.
Dissertação (mestrado)
Universidade Federal
de Pernambuco. CCS. Ciências Farmacêuticas, 2006.
Inclui bibliografia, anexo.
1. Ciências farmacêuticas Tecnologia de
medicamentos . 2. Medicamentos
de formulações. 3. Análise térnica - Interações
fármacos-excipientes. I. Título.
615.07 CDU (2.ed.) UFPE
615.1 CDD (20.ed.) CCS2006-026
Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Ciências da Saúde
Departamento de Ciências Farmacêuticas
Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas
DESENVOLVIMENTO DE MÉTODOS ANALÍTICOS PARA A
ASSOCIAÇÃO DE METFORMINA + GLIBENCLAMIDA EM
COMPRIMIDOS
Banca Examinadora:
Membro Externo Titular
Profª. Dra. Ana Cláudia Dantas de Medeiros UEPB
Membros Internos Titulares
Prof. Dr. Davi Pereira de Santana UFPE
Prof. Dr. Rui Oliveira Macêdo UFPE
Membros Suplentes
Prof. Dr. Fábio Santos de Souza UFPB
Profª. Dra. Miracy Muniz de Albuquerque UFPE
Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Ciências da Saúde
Departamento de Ciências Farmacêuticas
Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas
Reitor
Amaro Henrique Pessoa Lins
Vice-Reitor
Gilson Edmar Gonçalves e Silva
Pró-Reitoria para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação
Celso Pinto de Melo
Diretor do Centro de Ciências da Saúde
Jose Thadeu Pinheiro
Vice-Diretor do Centro de Ciências da Saúde
Marcio Antônio de Andrade Coelhos Gueiros
Chefe do Departamento de Ciências Farmacêuticas
Jane Sheila Higino
Vice-Chefe do Departamento de Ciências Farmacêuticas
Samuel Daniel de Sousa Filho
Coordenador do Mestrado em Ciências Farmacêuticas
Miracy Muniz de Albuquerque
Vice-Coordenador do Mestrado em Ciências Farmacêuticas
Pedro José Rolim Neto
DEDICATÓRIA
A Deus, que durante toda minha existência tem iluminado meus caminhos e
feito da minha vida um desafio feliz.
Aos meus Pais, Adnelson e Irene, que desde o princípio e até agora, através
de seus ensinamentos, sua amizade e proximidade são o alicerce onde me apoio
para evoluir. Oferta-lhes cada pequena conquista de minha vida como forma singela
e simbólica de retribuir o impagável carinho que deles sempre recebi, possibilita a
mim externar um pouco do meu eterno amor e gratidão.
AGRADECIMENTOS
São tantas as pessoas e instituições envolvidas no trabalho, que receio
esquecer-me de alguma. Caso isto aconteça, peço de antemão desculpas, pois
certamente não foi intencional. Mas ao chegarmos neste momento da dissertação,
estamos com sono acumulado, ansiosos por ter aquela noitada com os amigos,
passar mais finais de semana com a família e fazer tantas outras atividades. De
qualquer forma agradeço intensamente:
A Deus por mais uma oportunidade de crescimento, tanto em termo
profissional como pessoal.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Rui Oliveira Macêdo, por insistir na objetividade
do estudo, com seu pragmatismo de praxe; por todas as oportunidades de
crescimento (pessoal e profissional) ao longo desses seis anos (em regime de semi-
escravidão); e, finalmente, por mostrar-me as inúmeras diferenças entre um amador
e um profissional , e tentar fazer-me enxergar isto.
A UFPE, em especial ao Programa de Pós-graduação em Ciências
Farmacêuticas, permitindo que esse trabalho fosse conduzido sob orientação do
Prof Dr. Rui Macêdo; provando com isso que não nada mais importante na
comunidade acadêmica do que parcerias institucionais.
Aos eternos cientistas do meu coração, Fábio Santos Souza e Ana Cláudia
Dantas de Medeiros, que serviram de alicerce para que eu pudesse chegar até aqui.
Aos meus amigos da antiga UDEM: Irinaldo, Júlia, Louisiane, Francisca Maria,
Ana Paula, Ana Claudia, Fábio, Ticiano, Cícero, Graça Valverde, Sayonara, Mônica,
Eduardo; Cada um com seu jeito de pesquisador me mostrou como agir e ser
alguém num grupo de pesquisa.
Aos que compõem a LUDEM: Valdilânio, Márcia, Lidiane, Agna, Hallison,
Júlia, Antonilêni e Pablo.
A minha IC do coração, Lidiane Pinto, por seu apoio, amizade e sua alegria
em ter uma chefa mal-humorada como eu.
A Márcia, que com sua didática e objetividade me auxiliou no momento mais
crucial do trabalho, fazendo o nobre papel daquelas pessoas que aparecem em
nossas vidas e mesmo sem te conhecer direito, ajudam-te mais do que muitos que
te conhecem a tempos.
A farmacêutica mais psicóloga que eu conheço, Elisana Moura, a você Elis o
meu muito obrigada por você existir e fazer parte da minha vida, por ter colaborado
com seus conhecimentos, sua amizade e acima de tudo com a boa vontade que só
ela sabe ter.
A Agna, pelos ensinamentos concedidos, amizade e o apoio nas horas mais
difíceis desse Mestrado.
Aos meus amigos e mais novos Mestres: Cíntia, Silvia, Youssef, André,
Danilo, Sandra, Gilson, Priscila, Mozart, pelos muitos momentos de descontração
que tivemos, tenho certeza que sem eles não chegaríamos até aqui.
A Antonilêni, que com seu jeito tranqüilo soube entender minhas mudanças
de comportamento mostrando que numa amizade as atitudes valem mais que
palavras na hora de entender um amigo, e também não poderia deixar de agradecer
sua participação direta na tradução dos artigos que compõem essa dissertação.
Aos que compõem o LIFESA, amigos e funcionários.
Aos funcionários e professores da pós-graduação, em especial a Iguací, por
agüentarem os constantes falatórios, risos, dúvidas e confusões criadas por esta
aluna.
Aos amigos Alagoanos, que são vários, o meu obrigada por vocês
acreditarem em mim e por sempre terem palavras de perseverança pra me
fortalecer.
Ao meu namorado, Fred Borba, por ter começado a fazer parte da minha
estória no momento em que eu mais precisei, doando seu carinho, apoio e
compreensão e como ele mesmo diz: Estou com você nessa caminhada.
Ao meu irmão Aelson, pela amizade, cumplicidade e por seu encorajamento
positivo nos momentos em que eu reclamava da falta de tempo para estudar pra
seleção do mestrado, e principalmente por fazer com que eu acreditasse em mim.
As pessoas venenosas que conheci em minha vida, aquelas que foram rudes,
e desrespeitosas comigo, que não acreditaram em meus objetivos e tentaram
contrariar meus propósitos. Eu as perdôo e lhes agradeço por terem fornecido
coragem, persistência e determinação, me impulsionando para a realização de mais
uma conquista em minha vida. Provando que a pena é, realmente mais poderosa
que a espada.
A CAPES pela concessão da bolsa.
A todos que sempre quiseram e confiaram na conquista dos meus objetivos e
que pela vontade de Deus não se encontram mais entre s. A vocês seres
iluminados o meu maior obrigada.
Finalmente, agradeço a minha família por tentarem exaustivamente fazer com
que eu compreendesse que Estudar é para mim, e que é possível estudar e
ganhar dinheiro mesmo que pouco. Ao apoio e amor incondicional de meus pais.
Quero que saiba que o pouco que aprendi até aqui quase nada é em
comparação com o que ignoro e ainda espero aprender.
René Descartes
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO -----------------------------------------------------------------------
17
2 OBJETIVOS ---------------------------------------------------------------------------
2.1 OBJETIVO GERAL ---------------------------------------------------------------
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ---------------------------------------------------
20
21
21
3 CAPÍTULO I REVISÃO DA LITERATURA ----------------------------------
3.1 Diabetes Mellitus ------------------------------------------------------------------
3.1.1 Etiologia ---------------------------------------------------------------------------
3.1.2 Classificação ---------------------------------------------------------------------
3.1.3 Terapêutica com Hipoglicemiante Oral -----------------------------------
3.2 Cloridrato de Metformina --------------------------------------------------------
3.2.1 Propriedades Físico-Químicas ----------------------------------------------
3.2.2 Farmacocinética ----------------------------------------------------------------
3.2.3 Mecanismo de Ação -----------------------------------------------------------
3.2.4 Indicações ------------------------------------------------------------------------
3.2.5 Posologia -------------------------------------------------------------------------
3.2.6 Contra-Indicações --------------------------------------------------------------
3.2.7 Reações Adversas -------------------------------------------------------------
3.3 Glibenclamida ----------------------------------------------------------------------
3.3.1 Propriedades Físico-Químicas ----------------------------------------------
3.3.2 Farmacocinética ----------------------------------------------------------------
3.3.3 Mecanismo de Ação -----------------------------------------------------------
3.3.4 Indicações ------------------------------------------------------------------------
3.3.5 Posologia -------------------------------------------------------------------------
3.3.6 Contra-Indicações --------------------------------------------------------------
3.3.7 Reações Adversas -------------------------------------------------------------
3.4 Associação Metformina-Glibenclamida --------------------------------------
3.5 Estudo de Pré-Formulação por Análise Térmica --------------------------
3.5.1 Termogravimetria ---------------------------------------------------------------
3.5.2 Análise Térmica Diferencial --------------------------------------------------
3.5.3 Calorimetria Exploratória Diferencial --------------------------------------
3.6 Desenvolvimento e Validação de Técnicas Analíticas -------------------
3.6.1 Especificidade e Seletividade------------------------------------------------
3.6.2 Linearidade -----------------------------------------------------------------------
3.6.3 Precisão ---------------------------------------------------------------------------
3.6.4 Exatidão ---------------------------------------------------------------------------
3.6.5 Limite de Detecção e Limite de Quantificação --------------------------
3.6.6 Robustez --------------------------------------------------------------------------
22
23
23
23
24
25
25
25
26
26
27
27
27
27
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29
29
29
30
30
31
32
32
33
36
37
37
38
38
39
4 ARTIGOS ------------------------------------------------------------------------------
41
4.1 CAPÍTULO II ARTIGO I Título: Aplicação da Análise Térmica
no Desenvolvimento de Comprimidos de Metformina ------------------------
4.2 CAPÍTULO III ARTIGO II Título: Caracterização do Estado
Sólido da Metformina e Excipientes por DSC e TG ---------------------------
4.3 CAPÍTULO IV ARTIGO III Título: Aplicação de cnicas
Termoanalíticas no Estudo de Pré-Formulação de Comprimidos de
Glibenclamida ---------------------------------------------------------------------------
4.4 CAPÍTULO V ARTIGO IV Título: Desenvolvimento e Validação
de Método Cromatográfico de Quantificação de
Metformina+Glibenclamida ----------------------------------------------------------
41
49
58
64
5 CONCLUSÕES ----------------------------------------------------------------------
73
PERSPECTIVAS -----------------------------------------------------------------------
75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS -----------------------------------------------
77
LISTA DE ABREVIATURAS
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ATP Adenosina trifosfato
Ca
+
Íon cálcio
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CCS Centro de Ciências da Saúde
CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
DCF Departamento de Ciências Farmacêuticas
DM Diabetes Mellitus
DPR Desvio padrão relativo
DSC Calorimetria Exploratória Diferencial
DTA Análise Térmica Diferencial
Gb Glibenclamida
HPLC Hight Performance Liquid Chromatography
H Variação de entalpia
IC Iniciação científica
ICH Conferência Internacional de Harmonização
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia
J/g Joule por grama
K
+
Íon potássio
L Litro
LIFESA Laboratório Industrial Farmacêutico do Estado da Paraíba
LOD Limite de detecção
LOQ Limite de quantificação
LUDEM Laboratórios Unificados de Desenvolvimento e Ensaios de Medicamentos
MC Celulose microcristalina
MET Metformina
mg Miligrama
µg/mL micrograma por mililitro
mg/dL Miligramas por decilitro
mL/min Mililitro por minuto
mmol/L Milimol por litro
ºC Grau Celsius
pH Potencial hidrogeniônico
pKa Constante de ionização
PVP Polivinilpirrolidona
RE Resolução
TG Termogravimetria
UDEM Unidade de Desenvolvimento e Ensaios de Medicamentos
UFPB Universidade Federal da Paraíba
UFPE Universidade Federal de Pernambuco
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO I REVISÃO DA LITERATURA
Figura 1 Fórmula estrutural do cloridrato de metformina -----------------
25
Figura 2 Formula estrutural da glibenclamida -------------------------------
28
CAPÍTULO II ARTIGO I
Fig. 1 Estrutura química da metformina ---------------------------------------
42
Fig. 2 Curvas DSC do fármaco MET e misturas binárias (A
metformina:lactose e B metformina:amido) em diferentes proporções
45
Fig. 3 Curvas TG (1- MET; 2- MET:estearato de magnésio; 3-
MET:PVP; 4- MET:lactose.; 5- MET:amido; 6- MET:MC101
®
; 7-
MET:glicolato; 8- MET:croscarmelose) ------------------------------------------
46
Fig. 4 Parâmetros cinéticos de termodecomposição da metformina
pelo método de Ozawa ---------------------------------------------------------------
47
CAPÍTULO III ARTIGO II
Fig. 1 Estrutura química da metformina ---------------------------------------
50
Fig. 2 DSC fotovisual e curvas TG e DSC da MET e misturas binárias
53
Fig. 3 Curvas TG e DSC dos excipientes (1), das misturas binárias
(2) e MET (3) ----------------------------------------------------------------------------
55
CAPÍTULO IV ARTIGO III
Fig. 1 A Curvas TG/DTG e DTA da glibenclamida; B
Curvas TG da
glibenclamida e misturas binárias --------------------------------------------------
61
Fig. 2 Curvas DTA da glibenclamida (1) e da mistura binária,
glibenclamida:estearato de magnésio, em diferentes proporções: 2:8
(2), 3:7 (3), 1:1 (4), 7:3 (5), 8:2 (6) -------------------------------------------------
62
CAPÍTULO V ARTIGO IV
Fig. 1 Cromatogramas do padrão metformina, 232nm (A) e do
padrão glibenclamida, 225nm (B) -------------------------------------------------
67
Fig. 2 Cromatogramas da mistura MET+Gb, 232nm (A) e da mistura
MET+Gb, 225nm (B) ------------------------------------------------------------------
67
Fig. 3 Espectro unidimensional (A) e bi-dimensional (B) da Gb na
mistura MET+Gb, 225nm (B) -------------------------------------------------------
68
Fig. 4 Espectro unidimensional (A) e bi-dimensional (B) da MET na
mistura MET+Gb, 232nm (B) -------------------------------------------------------
68
Fig. 5 Curvas de calibração da metformina (A) e glibenclamida (B) ---
68
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO II ARTIGO I
Tabela 1 Avaliação dos processos de fusão e calor de reação da
MET e pré-formulados na proporção (1:1) ---------------------------------------
44
CAPÍTULO III ARTIGO II
Tabela 1 Determinação da pureza do fármaco e pré-formulados de
metformina -------------------------------------------------------------------------------
57
CAPÍTULO V ARTIGO IV
Tabela 1 Precisão do sistema ---------------------------------------------------
69
Tabela 2 Precisão intradia do método -----------------------------------------
69
Tabela 3 Precisão interdia do método -----------------------------------------
70
Tabela 4 Recuperação do método em diferentes níveis de
concentração de MET na mistura --------------------------------------------------
70
Tabela 5 Recuperação do método para comprimidos de MET+Gb
(MET 500mg; Gb 5,0mg), para o nível de recuperação de 100% ----
70
Tabela 6 Recuperação do método para comprimidos de MET+Gb
(MET 500mg; Gb 5,0mg) para o nível de recuperação de 200% -----
70
Tabela 7 Exatidão do método ----------------------------------------------------
71
RESUMO
Esse trabalho teve por objetivo desenvolver metodologia analítica aplicada nos
estudos de pré-formulação do comprimido (Metformina-Glibenclamida). Os estudos
termoanaliticos foram realizados para caracterização térmica, compatibilidade
fármaco-excipientes, fármaco-fármaco e determinação da estabilidade dos pré-
formulados. A segunda etapa do projeto teve como propósito o desenvolvimento e
validação de uma nova metodologia analítica de quantificação utilizando a
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), para ambos os fármacos
estudados. As amostras analisadas foram: Comprimidos de Glucovance®,
metformina, glibenclamida, lactose, PVP K30, estearato de magnésio, amido,
celulose microcristalina (Microcel®), glicolato de amido sódico (Explosol®) e
croscamelose sódica (Explosel®). As curvas DTA da metformina, glibenclamida,
excipientes e misturas binárias foram obtidas, utilizando um analisador térmico
diferencial de marca Shimadzu, modelo DTA-50, numa atmosfera de nitrogênio de
50mL.min
-1
, sendo a massa das amostras analisadas em torno de 8,0mg,
acondicionadas em um cadinho de alumina nas razões de aquecimento de 10ºC/min
até 900ºC. As curvas DSC da metformina, glibenclamida e misturas binárias foram
obtidas utilizando um calorímetro Shimadzu, modelo DSC-50, utilizando uma
atmosfera de nitrogênio, fluxo de 50mL.min
-1
, com razão de aquecimento de
5
o
C.min
-1
, até a temperatura de 500
o
C e massa em torno de 2,0mg acondicionadas
em um cadinho de alumínio. As imagens dos processos calorimétricos foram obtidas
através do sistema fotovisual, modelo VCC-520, conectado a um microscópio da
marca Olympus e a uma câmara fotográfica da marca Sanyo acoplada ao
calorímetro, nas mesmas condições de análises do DSC convencional. As curvas
TG das misturas binárias, metformina e glibenclamida foram obtidas utilizando uma
termobalança Shimadzu, modelo TGA 50H, sob fluxo de ar sintético de 20mL.min
-1
,
usando uma atmosfera de nitrogênio de 50mL/min., com razão de aquecimento de
10
o
C.min
-1
, até 900
o
C. As amostras foram acondicionadas em cadinho de alumina
com uma massa em torno de 5,5 ( 0,5) mg. Os dados de DTA, DSC e DSC-
Fotovisual mostraram que os excipientes estudados não evidenciaram mudanças no
comportamento térmico das misturas binárias metformina-excipiente e
glibenclamida-excipiente, com exceção das misturas binárias de metformina com
amido e lactose. Este fato foi confirmado através dos dados de diagrama de fase,
que evidenciaram grau de interação nas diferentes proporções estudadas. Os
estudos termogravimétricos (TG) das misturas binárias metformina-excipiente e
Glibenclamida-excipiente mostraram diferentes comportamentos térmicos em
relação ao número de etapas e perdas de massas. Os estudos calorimétricos dos
pré-formulados A, B e C mostraram que o pré-formulado A apresentou uma melhor
estabilidade em relação aos demais, apresentando pureza de 98,67%. O método
analítico por CLAE desenvolvido mostrou-se adequado para a quantificação de
ambos os fármacos estudados, baseando-se nos parâmetros de validação da
resolução da ANVISA (899/2003). A implementação da análise térmica e a aplicação
de novos métodos analíticos têm sido consideradas importantes ferramentas nas
diferentes áreas da indústria farmacêutica, fornecendo informações que determinam
os parâmetros de qualidade tecnológicos do medicamento, visando o
desenvolvimento de novas formulações.
Palavras-chave: Ciências farmacêuticas, análise térmica, HPLC
ABSTRACT
This work had as its objective to develop an analytical methodology applied to the
studies of pre-formulations of tablets (metformin-glyburide). The thermal analytical
studies were done to thermal characterization, drug-excipient and drug-drug
compatibility, and stability determination of pre-formulated. The second stage of this
project had as its purpose the development and validation of a new analytical
methodology of quantification using high performance liquid chromatography (HPLC)
to both studied drug substances. The analyzed samples were: tablets of
Glucovance
®
, metformin, glyburide, lactose, PVP K30, magnesium stearate, starch,
microcrystalline cellulose (Microcel
®
), starch sodium glycolate (Explosol®) and
sodium croscarmellose (Explosel
®
). The curves of DTA of metformin, glyburide,
excipients and binary mixtures were obtained using a thermal differential analyzer
from Shimadzu, model DTA-50, in a nitrogen atmosphere (50mL.min
-1
), the mass
used was 8.0 ± 0.5mg, conditioned in an alumina crucible in the heating rate of
10°C.min
-1
up to the temperature of 900 °C. The DSC curves of metformin, glyburide
and binary mixtures were obtained in a Shimadzu calorimeter, model DSC-50 using a
nitrogen atmosphere (50mL.min
-1
), with a heating rate of 5°C.min
-1
, up to the
temperature of 500°C and the mass used was at about 2.0mg conditioned in an
aluminum crucible. The images of calorimetric processes were obtained through a
photovisual system; model VCC-520, connected to a microscopy from Olympus and
to a photographic camera form Sanyo coupled to the calorimeter, under the same
conditions of analysis of conventional DSC. The TG curves of binary mixtures,
metformin and glyburide were obtained using a thermal balance from Shimadzu,
model TGA 50H, under synthetic air (20mL.min
-1
) and nitrogen (50mL.min
-1
)
atmosphere, with a heating rate of 10°C.min
-1
up to 900°C. The were conditioned in
an aluminum crucible with a mass at about 5.0 ± 0.5mg. The data of DTA,
conventional and coupled to photovisual DSC showed that the studied excipients did
not evidenced changes in thermal behaviour of binary mixtures of metformin-
excipient and glyburide-excipient, except for the binary mixtures of metformin with
starch and lactose. This fact was confirmed through the data of phases diagram that
evidenced interaction degree in the different studied proportions. The
thermogravimetric (TG) studies of binary mixtures of metformin-excipient and
glyburide-excipient showed different thermal behaviour in relation to the number of
stages of mass loss. The calorimetric studies of pre-formulates A, B and C showed
that the pre-formulate A presented a better stability in relation to the other ones,
showed purity of 98.67%. The analytical method developed by HPLC showed that it
is adequate to quantification of both studied drug substances, based on validation
parameters of the resolution of ANVISA (899/2003). The implementation of thermal
analysis and application of new analytical methods have been considered important
tools in different areas of pharmaceutical industry, giving information that determine
the technological quality parameters of medicine aiming the development of new
formulations.
Key words: Pharmaceutical sciences, thermal analyses, HPLC.
INTRODUÇÃO
Dissertação de Mestrado - Desenvolvimento de Métodos Analíticos para a Associação de Metformina + Glibenclamida em
Comprimidos SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
18
1 INTRODUÇÃO
A qualidade dos produtos farmacêuticos é um fator de suma importância para
assegurar o restabelecimento da saúde dos indivíduos, seu bem estar e qualidade
de vida.
Quanto às exigências legais aplicadas aos produtos desenvolvidos no Brasil,
pode-se dizer que a comprovação da qualidade de um medicamento era
fundamentada, principalmente, na implementação das normas de Boas Práticas de
Fabricação (BPF) e na verificação da qualidade das matérias-primas e dos produtos
acabados, em termos de cumprimento com as especificações contidas nas
monografias das farmacopéias e compêndios oficiais
1
.
Atualmente, segundo a política de qualidade da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), além desses critérios as empresas devem demonstrar
que os produtos desenvolvidos têm qualidade, eficácia, segurança terapêutica
semelhantes
1
.
O ponto de partida para a formulação de um novo medicamento é
denominado de pré-formulação. Esta fase do desenvolvimento é caracterizada pela
avaliação das propriedades físico-químicas do fármaco isolado ou associado a
diversos excipientes, sendo a eficácia e segurança do medicamento desenvolvido,
dependente de criteriosos estudos de pré-formulação, formulação e produção em
concordância com as BPF, visando a adequada biodisponibilidade da substância
ativa
2
.
No âmbito da pré-formulação e formulação de medicamentos, o farmacêutico
tem por objetivo conseguir o melhor produto ou processo, dentro de suas exigências
especificas, minimizando ao máximo, seu custo e tempo de execução. Para atingir
estes objetivos, o método tradicional de desenvolvimento de formas farmacêuticas,
baseado em tentativa e erro, raramente conduz a resultados satisfatórios, mesmo
fundamentado em um conhecimento empírico prévio
3
.
Dentre as análises aplicadas no estudo de pré-formulação, as propriedades
físicas são de fundamental importância na compreensão da descrição física do
fármaco, antes de desenvolver a formulação final. Pois, a maioria das substâncias
utilizadas ocorre como materiais sólidos, sendo compostos químicos puros de
constituição cristalina ou amorfa. A pureza da substância química é essencial para
sua identificação, assim como para a avaliação de suas propriedades químicas,
Dissertação de Mestrado - Desenvolvimento de Métodos Analíticos para a Associação de Metformina + Glibenclamida em
Comprimidos SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
19
físicas ou biológicas. Um fator importante na determinação da pureza química é a
diminuição do ponto de fusão
4
.
Com base nisto, as técnicas termoanalíticas apresenta-se como método de
escolha na caracterização física de fármacos e suas formulações.
A análise térmica foi definida por Skoog (2002) como sendo um grupo de
técnicas na qual a propriedade física de uma substância e/ou produtos de reações
são medidos em função da temperatura, enquanto a substância é submetida a um
programa controlado de temperatura
5
.
Atualmente, a análise térmica é uma das técnicas utilizadas nos estudos de
pré-formulação, incluindo a caracterização das amostras, determinação da pureza
das matérias-primas e escolha dos excipientes adequados para cada formulação
através da interação fármaco-excipiente, alem do estudo de estabilidade dos
mesmos.
Segundo Macêdo (1996), a implementação da análise térmica na indústria
farmacêutica surge como um método analítico, quantitativo e comparativo, capaz de
produzir resultados rápidos e reprodutíveis, podendo ser utilizada no controle de
qualidade de medicamentos, visando a análise global da qualidade do produto final e
a determinação de parâmetros de qualidade tecnológica de medicamentos
6
.
Somado a isto, o cenário atual na indústria farmacêutica mundial é de
crescimento abrupto no que se refere ao incremento dos requisitos analíticos a
serviço do monitoramento dos fármacos durante a fase de pré-formulação e
desenvolvimento de novas formulações
7
.
No intuito de controlar a qualidade dos produtos elaborados pela indústria
farmacêutica, o desenvolvimento de novos métodos analíticos que resultem em
respostas rápidas, precisas, e com baixo custo, são fatores chaves para
desenvolvimento de um medicamento. Com isso, surge a necessidade de
desenvolver métodos analíticos cada vez mais seletivos e sensíveis. Neste ponto, as
ciências analíticas desempenham um papel fundamental no tocante ao
estabelecimento de protocolos analíticos compreendendo desde o preparo da
amostra até identificação e quantificação das espécies de interesse
8
.
OBJETIVOS
Dissertação de Mestrado - Desenvolvimento de Métodos Analíticos para a Associação de Metformina + Glibenclamida em
Comprimidos SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
21
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Estudar a compatibilidade dos fármacos Metformina e Glibenclamida com
diferentes excipientes através dos dados térmicos e desenvolver metodologia
cromatográfica para análise simultânea de Metfomina+Glibenclamida em
comprimidos.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Obter curvas térmicas diferenciais para Metformina, Glibenclamida e
excipientes;
Obter curvas calorimétricas para Metformina, Glibenclamida e
excipientes;
Obter curvas termogravimétricas para Metformina, Glibenclamida e
excipientes;
Desenvolver a condição analítica para quantificação da associação
Metformina+Glibenclamida;
Validar o método desenvolvido.
CAPÍTULO I
REVISÃO DA LITERATURA
Dissertação de Mestrado - Desenvolvimento de Métodos Analíticos para a Associação de Metformina + Glibenclamida em
Comprimidos SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
23
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Diabetes Mellitus
3.1.1 Etiologia
O Diabetes Mellitus ou hipoinsulinismo é uma síndrome metabólica,
caracterizada essencialmente por hipoglicemia elevada, originada pela deficiência
na síntese e/ou secreção de insulina (hormônio hipoglicemiante), imprescindível para
o metabolismo das substâncias compostas de hidratos de carbono
9
, freqüentemente
acompanhada de dislipidemia, hipertensão arterial e disfunção endotelial
10
.
O Diabetes Mellitus afeta mais de 6% da população dos EUA e a grande
maioria destes doentes apresenta a Diabetes do tipo 2. Em alguns grupos mais
idosos, a prevalência de DM, bem como a redução da tolerância à glicose, aproxima-
se dos 25%
11
.
O surgimento do Diabetes em indivíduos de meia idade e idosos provoca o
aparecimento de outras doenças como: hipertensão, insuficiência coronária,
hiperlipidemia, alterações cardíacas, obesidade e artropatias
9
. A sintomatologia geral
dos processos de Diabetes inclui: poliúria (urina abundante), polidipsia (sede e
ingestão exagerada de liquido), polifagia (apetite e ingestão alimentar excessivos),
glicosúria (surgimento de glicose na urina) e emagrecimento. Nos casos mais graves
aparece acidose, cegueira e coma diabético, podendo este último chegar a ser
fatal
10
.
3.1.2 Classificação
A classificação atualmente recomendada incorpora o conceito de estágios
clínicos do DM, desde a normalidade, passando para a tolerância a glicose
diminuída e/ou glicemia de jejum alterada, até o DM propriamente dito. A nova
classificação baseia-se na etiologia do DM, eliminando os termos Diabetes Mellitus
Insulinodependente e Não-insulinodependente e esclarece que
10
:
O Diabetes Mellitus tipo 1 resulta primariamente da destruição das
células beta pancreáticas e tem a tendência a cetoacidose. Inclui casos decorrentes
de doença auto-imune e aqueles nos quais a causa da destruição das células beta
não é conhecida. Corresponde de 5 a 10% do total de casos. A forma rapidamente
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24
progressiva é comumente observada em crianças e adolescentes, porém pode
ocorrer também em adultos. A forma lentamente progressiva ocorre geralmente em
adultos e é referida como Diabetes latente auto-imune do adulto.
O Diabetes Mellitus tipo 2 resulta, em geral, de graus variáveis de
resistência a insulina e deficiência relativa de secreção de insulina. A maioria dos
pacientes tem excesso de peso e a cetoacidose ocorre apenas em situações
especiais, como durante infecções graves. O diagnóstico, na maioria dos casos, é
feito a partir dos 40 anos de idade, embora possa ocorrer mais cedo, mas raramente
em adolescentes.
É importante ressaltar que, nos últimos anos, a incidência de DM tipo 2 vem
crescendo entre crianças e jovens nos Estados Unidos, em associação ao aumento
da obesidade. No Reino Unido, o Diabetes tipo 2 é a maior causa de morbidade e
mortalidade por aumentar o risco no desenvolvimento de doenças cardiovasculares
que, em geral, apresentam complicações específicas
9
.
3.1.3 Terapêutica com Hipoglicemiante Oral
Nos últimos anos, o tratamento dos doentes com Diabetes tipo 2 modificou-se
radicalmente. Primeiro, através da percepção da importância do controle rigoroso da
glicemia na prevenção das complicações e, segundo, pela disponibilidade de várias
classes de antidiabéticos orais.
Em comparação com o tratamento com placebo, a maioria destes agentes
reduz os níveis de hemoglobina glicosilada a 2%. Quando se comparam fármacos
diferentes na mesma população é habitual observar uma eficácia equivalente.
Quando são utilizados em associação, outras vantagens o observadas sobre a
glicemia. Apenas as sulfoniluréias e a metformina demonstraram reduzir, a longo
termo, o risco vascular
11
.
Os padrões recomendados pela Sociedade Americana de Diabetes em
relação ao controle da glicemia pré-prandial é de 80 a 120 mg/dL (4,4 a 6,7mmol/L),
um nível de glicemia ao deitar de 100 a 140mg/dL (5,6 a 7,8 mmol/L) e um nível de
hemoglobina glicosilada inferior a 7%
11
.
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25
3.2 Cloridrato de metformina
A metformina constitui o único fármaco associado à perda de peso ou, pelo
menos, a uma neutralidade em relação ao peso. Transformou-se no hipoglicemiante
mais prescrito em monoterapia e de um modo geral, considera-se que constitui o
melhor agente de primeira linha, pelo menos em doentes obesos sem contra-
indicações para sua utilização
11
.
3.2.1 Propriedades Físico-Químicas
A metformina é quimicamente denominada 1,1-dimetilbiguanida. Pode ser
encontrada, em geral, na forma de cloridrato, raramente na forma de base.
Apresenta-se como pó branco, cristalino, sem odor ou quase sem odor. O peso
molecular para o cloridrato de metformina é 165,6 Dalton, enquanto para a base é
de 129,2 Dalton. È muito solúvel em água (1:2), levemente solúvel no álcool etílico
96º e praticamente insolúvel em acetona, clorofórmio e cloreto de metileno. Seu pKa
é 11,5. Uma solução aquosa a 1% de cloridrato de metformina, resulta em um pH de
6,68. Sua faixa de fusão é 222-226ºC. Deve ser conservada em recipientes bem
fechados visto ser higroscópica
12,13
. A fórmula estrutural é plana, conforme
apresentada na figura 1
12,13
.
Figura 1 Fórmula estrutural do cloridrato de metformina.
3.2.2 Farmacocinética
O cloridrato de metformina administrado por via oral é absorvido pelo trato
gastrintestinal. Uma dose de 500mg do fármaco é parcialmente absorvida e promove
uma biodisponibilidade de cerca de 50 a 60%. A nível gástrico, estima-se que
apenas 10% da dose seja absorvida. O volume aparente de distribuição de uma
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26
dose simples de 850mg, em média, é igual a 654358L. A ligação às proteínas
plasmáticas é desprezível, isto é, aproximadamente 10%. Apresenta meia-vida
plasmática de 1,0-4,5 horas, sendo o valor mais encontrado situado em torno de 2,8
e 3,0 horas
.
Sofre metabolização hepática, sendo 90% eliminada pela urina e,
parcialmente, pelas fezes. A depuração renal no indivíduo normal é de 440mL/min. o
que indica filtração glomerular como principal via de eliminação, seguida de
secreção tubular
14
.
Dados farmacocinéticos obtidos entre diferentes formas farmacêuticas
(comprimidos e solução) e respectivas dosagens, empregando número variável de
voluntários, revelaram que existem variações entre trabalhos realizados por
diferentes pesquisadores, quer se trate ou não da mesma forma farmacêutica
15
.
3.2.3 Mecanismo de Ação
As biguanidas não causam hipoglicemia em indivíduos normais. Sua ação
hipoglicemiante não depende da presença de lulas beta pancreáticas
funcionantes
8
. Os mecanismos de ação propostos são: supressão de
gliconeogênese hepática; redução da absorção da glicose no trato gastrintestinal, a
nível de enterócitos; estimulação anaeróbia nos tecidos periféricos, aumentando a
remoção da glicose sanguínea, e a redução do nível plasmático do glucagon
16
.
3.2.4 Indicações
A metformina é indicada como adjuvante da dieta no controle do DM tipo 2,
quando somente o regime alimentar não é suficiente para normalização do peso
e/ou da glicemia
17
.
Pode ser usada concomitantemente com sulfoniluréia, quando a mesma,
isoladamente, e a dieta não resultarem no controle adequado da glicemia. È também
recomendada para pacientes com DM tipo 2 e obesidade, bem como para reduzir os
níveis de colesterol e triglicérides
15
.
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27
3.2.5 Posologia
As doses podem variar de 500 a 2500 mg/dia. Em geral, a dose inicial é de
500mg, duas a três vezes ao dia, ou 850mg duas vezes ao dia, podendo-se
aumentar paulatinamente até no máximo 3g
17
.
3.2.6 Contra-Indicações
O cloridrato de metformina não deve ser administrada a pacientes com
doença ou disfunção renal e/ou hepática.
Contra-indicado também em pacientes submetidos a estudos
radiológicos e fazendo uso parenteral de contraste iodetado, o que pode resultar em
alteração aguda da função renal.
Não deve ser administrado a pacientes com acidose metabólica crônica
ou aguda, incluindo cetoacidose diabética com ou sem coma; bem como, a
pacientes com hipersensibilidade as biguanidas
14,17
.
3.2.7 Reações Adversas
Anorexia e perda de peso são as reações adversas mais comuns que
podem surgir após o uso da metformina.
Desconforto gastrintestinal, gosto metálico, vômito, náuseas.
A acidose lática é a mais séria das reações adversas.
Interferem na absorção da vitamina B12, podendo causar anemia
megaloblastica
15,16
.
3.3 Glibenclamida
As sulfoniluréias eram extensamente utilizadas para o tratamento da febre
tifóide no fim dos anos 40. Entretanto, alguns sintomas curiosos relacionados aos
efeitos hipoglicemiantes em animais indicaram um efeito alternativo. Então, diversas
outras moléculas sintetizadas e sua aplicação foi direcionada para o tratamento do
Diabetes Mellitus tipo 2. A glibenclamida pertence ao grupo das arilsulfoniluréias
substituídas
18
.
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28
3.3.1 Propriedades Físico-Químicas
A glibenclamida corresponde a um pó cristalino branco ou quase branco,
inodoro ou quase inodoro, com peso molecular de 494,01
19
. Cristaliza-se em
metanol, com ponto de fusão de 172-174ºC, pKa correspondente a 5,3
13
.
Segundo descrito na Farmacopéia Brasileira (2002), a faixa de fusão da
glibenclamida vai de 169-174ºC. É solúvel em dimetilformamida; ligeiramente solúvel
em diclorometano, pouco solúvel em etanol, metanol e clorofórmio e, praticamente
insolúvel em água e éter etílico. Sua fórmula estrutural está apresentada na figura
2
19,20
.
Figura 2 Formula estrutural da glibenclamida.
3.3.2 Farmacocinética
A glibenclamida é rapidamente absorvida por via oral, sendo o pico sérico de
concentração atingido 4 a 5 horas após a ingestão. Mais de 97% se liga às proteínas
plasmáticas, sendo metabolizada pelo fígado e 50% dos metabólitos excretados por
via renal na urina
14,15
.
3.3.3 Mecanismo de Ação
O efeito hipoglicemiante da glibenclamida dá-se por estímulo a liberação de
insulina das células beta pancreáticas. A administração aguda em pacientes com
DM tipo 2 aumenta a liberação de insulina a partir do pâncreas. Pode também
aumentar os níveis de insulina ao reduzir sua depuração hepática
14
.
Os efeitos são iniciados pela ligação a um receptor específico com bloqueio
de canais de K
+
sensíveis ao ATP. Deste modo, assemelha-se a secretagogos
fisiológicos, que também diminuem a condutância deste canal. A condutância
reduzida ao K
+
provoca despolarização da membrana e influxo de Ca
2+
através dos
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29
canais de cálcio sensível à voltagem, deste modo favorecendo a liberação de
insulina a partir de grânulos de insulina nas células beta
15,21
.
3.3.4 Indicações
É indicada para o tratamento oral do Diabetes Mellitus Não-insulino-
dependente (tipo 2 ou Diabetes do adulto)
15
.
3.3.5 Posologia
Pode ser administrada em dose única diária, visto que seu efeito persiste até
durante 24 horas. A dose inicial varia de 2,5 a 10mg em dose única ou fracionada
21
.
3.3.5 Contra-Indicações
Pacientes com Diabetes Mellitus Insulino-dependente (tipo 1 ou
Diabetes juvenil), por exemplo diabéticos com história de cetoacidose.
No tratamento de cetoacidose diabética.
No tratamento de pré-coma ou coma diabético.
Pacientes com disfunção severa dos rins e do fígado.
Pacientes com alergia à glibenclamida ou a qualquer um dos
componentes da fórmula.
Mulheres grávidas e mulheres que amamentam.
Este medicamento é contra-indicado na faixa etária pediátrica
22
.
3.3.6 Reações Adversas
Reações afetando o trato gastrintestinal, como: náuseas, vômitos, dor
abdominal, sensação de plenitude gástrica ou peso no epigastro e diarréias são
observados em casos excepcionais.
Reações de hipersensibilidade envolvendo a pele, incluindo
fotossensibilidade, ocorreram somente em casos isolados. Podem ocorrer raros
casos de reações alérgicas inclusive com risco de vida.
Podem ocorrer em casos isolados, distúrbios hematopoiéticos, como
por exemplo, diminuição (leve a severa) das plaquetas (púrpura), hemácias e
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30
leucócitos que podem progredir para depleção séria dos granulócitos
(agranulocitose) ou depressão de todos os elementos celulares do sangue sendo
que mielossupressão pode ser uma das causas desta pancitopenia.
Em casos isolados, podem ocorrer alterações hepáticas como, por
exemplo, hepatite, icterícia e colestase, aumento das enzimas hepáticas e até
distúrbios severos das funções hepáticas, podendo levar a falência hepática e
distúrbios do sistema endócrino com prejuízo do controle metabólico da
hiperglicemia
22
.
3.4 Associação Metformina-Glibenclamida
A associação metformina-glibenclamida foi a primeira e, segue sendo, a mais
freqüente combinação utilizada no tratamento do DM tipo 2. Essa associação é a
mais efetiva em reduzir a hemoglobina glicosilada e a glicemia de jejum.
Geralmente, trata-se de pacientes que por suas características, peso normal ou
moderado sobrepeso, receberam no inicio do tratamento sulfoniluréia e, após
aproximadamente 5 anos com essa terapia, pelo fato de não ser obtido um bom
controle metabólico, foi associado a metformina. De forma inversa, obesos insulino-
resistentes, tratados ao início com metformina, posteriormente necessitaram do
acréscimo de uma sulfoniluréia. Nestes casos, o período de efetividade da
monoterapia com metformina é em geral maior que 5 anos
10,23
.
A associação metformina-glibenclamida é indicada como terapia inicial, como
adjunto na dieta e exercício, visando melhorar o controle glicêmico em pacientes
com DM tipo 2. Indicado com terapia secundária quando a dieta, exercício e o
tratamento inicial com sulfoniluréia ou metformina não fornece resultados adequados
no controle glicêmico em pacientes com Diabetes tipo 2
24
.
3.5 Estudo de Pré-Formulação por Análise Térmica
O estudo de pré-formulação é o passo inicial para se chegar à formulação de
um determinado medicamento. Esta fase do processo de desenvolvimento é
caracterizada pela avaliação das propriedades físico-químicas do fármaco isolado ou
associado a diversos excipientes, como também pela presença de polimorfismos ou
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31
pseudopolimorfismo, bem como a estabilidade do fármaco, excipientes e
formulados
2
.
A análise térmica é uma das técnicas utilizadas atualmente nos estudos de
pré-formulação, incluindo a caracterização das amostras e determinação da pureza
das matérias-primas, permitindo a escolha dos excipientes adequados para cada
formulação, através do estudo de interação fármaco-excipiente
25
.
Na indústria farmacêutica, três técnicas termoanalíticas se destacam como
importantes ferramentas no estudo de pré-formulação e formulação, são elas:
Termogravimetria (TG), Análise Térmica Diferencial (DTA) e a Calorimetria
Exploratória Diferencial (DSC).
3.5.1 Termogravimetria
Na Termogravimetria (TG), a análise da massa da amostra numa atmosfera
controlada é medida continuamente em função da temperatura ou tempo. O método
termogravimétrico fornece informações sobre reações de decomposição e oxidação,
e de processos físicos como vaporização, sublimação e desorção
4
.
A Termogravimetria dinâmica é um método que permite acompanhar, por
meio de uma termobalança, as variações de massa sofridas pela amostra em função
da temperatura, quando a mesma é submetida a um aquecimento ou resfriamento
linear. A TG pode ser, também isotérmica, isso quando a temperatura é mantida
constante e a variação de massa é registrada em função do tempo; ou quase
isotérmica, quando o aquecimento é interrompido no início do evento de perda de
massa, permanecendo isotérmico até a obtenção de massa constante
9
.
Nos diversos domínios da aplicação, a TG é utilizada de modo geral para
6
:
Determinar a estabilidade térmica de materiais diversos, podendo ser
um método de caracterização.
Obter parâmetros cinéticos das reações de decomposição.
Identificar uma oxidação ou uma redução.
Isolar fases intermediárias que possam surgir durante a história térmica
da amostra.
Controlar e conhecer o estado de hidratação dos sais.
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32
3.5.2 Análise Térmica Diferencial
Na Análise Térmica Diferencial mede-se a diferença na temperatura entre a
amostra e uma substância de referência em função da temperatura, enquanto a
amostra e a referência são submetidas a um programa de temperatura controlada
4
.
Os primeiros trabalhos termoanalíticos fizeram uso do DTA com o objetivo de
avaliar compatibilidade farmacêutica, uma vez que esta técnica permite detectar
diversas situações de interações físicas e químicas
26
.
A Análise Térmica Diferencial é utilizada na determinação do comportamento
térmico e composição de produtos industrializados. Como também na formação de
diagramas de fase e no estudo de transições de fase. Essa técnica também fornece
um caminho simples e preciso para determinação do ponto de fusão, ebulição e
decomposição de compostos orgânicos
5
.
3.5.3 Calorimetria Exploratória Diferencial
A Calorimetria Exploratória Diferencial mede a diferença entre o fluxo de calor
da amostra e a panela de referência, as quais são submetidas ao mesmo programa
de temperatura.
As curvas DSC fornecem informações acerca do comportamento térmico, os
quais são caracterizados por mudanças de entalpia, por variações de temperatura,
tais como: fusão, cristalização, transição sólido-sólido e reações químicas
27
.
Normalmente, a DSC é usada como técnica de sreening para assegurar a
compatibilidade fármaco-excipiente
26,28,29
. Este papel também pode ser realizado
pelo DTA, pois ambos quantificam a perda ou ganho de calor que resultam de
mudanças físicas ou químicas na amostra em função da temperatura.
Em curvas DSC e DTA os picos resultam de mudanças físicas e reações
químicas induzidas por mudanças na temperatura da amostra. Os processos físicos
são endotérmicos e incluem fusão, vaporização, sublimação, adsorção e desorção.
Sendo que, os processos de adsorção e de cristalização o geralmente
exotérmicos. Reações endotérmicas incluem desidratação, redução em atmosfera
gasosa e decomposição. Reações exotérmicas incluem oxidação em ar e oxigênio,
polimerização e reações catalíticas
4
.
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33
3.6 Desenvolvimento e Validação de Métodos Analíticos
No atual contexto mundial, em que a competitividade industrial é crescente, o
domínio da tecnologia, ou seja, a aplicação de princípios, métodos, instrumentos, ou
processos elaborados a partir da pesquisa cientifica para desenvolver e aperfeiçoar
produtos é essencial para qualquer país
30
.
No intuito de controlar a qualidade dos produtos elaborados pela indústria
farmacêutica, o desenvolvimento de novos métodos analíticos que resultem em
respostas rápidas, precisas, e com baixo custo, são fatores chaves para
desenvolvimento de um medicamento.
Com isso, surge a necessidade de
desenvolver métodos analíticos cada vez mais seletivos e sensíveis. Neste ponto, as
ciências analíticas desempenham um papel fundamental no tocante ao
estabelecimento de protocolos analíticos compreendendo desde o preparo da
amostra até identificação e quantificação das espécies de interesse
8
.
A etapa de preparo da amostra visando uma posterior análise cromatográfica
normalmente contempla etapas de extração e/ou pré-concentração. Entretanto,
devido à complexidade de algumas matrizes e aos baixos níveis dos constituintes de
interesse, em alguns casos, o preparo da amostra pode não eliminar a presença das
espécies interferentes ocasionando um desempenho menos eficiente da técnica de
separação. Situações desta natureza são notadas quando se pretende analisar
amostras cujos constituintes possuem estruturas moleculares muito similares
8
.
A análise de produtos contendo fármacos em associação geralmente
necessita de métodos analíticos que quantifiquem os analitos de maneira rápida e
precisa, uma vez que tais métodos podem ser usados em análises de rotina,
principalmente, quando métodos farmacopéicos inexistem
8
. Por isso, a seletividade
do método analítico de escolha é crítica para a validade dos resultados obtidos.
Nesse contexto, as técnicas cromatográficas são bastante utilizadas, pois envolvem
a separação de possíveis interferentes e permitem a quantificação do analito de
forma precisa, exata, sensível e rápida
31
.
A cromatografia é um método físico-químico de separação dos componentes
de uma amostra, que são particionados entre duas fases, uma estacionária e outra
móvel. A fase móvel carreia o analito pela fase estacionária, e durante essa
passagem os componentes da mistura são distribuídos de forma que cada composto
é seletivamente retido nesta fase
32,33
.
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34
As diferentes técnicas cromatográficas são classificadas de acordo com
critérios relacionados à técnica empregada, ao mecanismo de separação envolvido e
aos diferentes tipos de fases utilizados. Essa classificação pode ser baseada, na
forma do leito cromatográfico (cromatografia em coluna ou planar), no estado físico
da fase móvel (cromatografia gasosa, líquida e de fluido supercrítico), no mecanismo
de separação (cromatografia de adsorção, de partição, de troca iônica, de exclusão
e por afinidade)
32
.
A Cromatografia Liquida de Alta Eficiência (CLAE) se destaca dentre os
modernos métodos de análise química, efetuando a separação, identificação e
quantificação das espécies químicas. Uma das principais aplicações das técnicas
cromatográficas é a análise quantitativa de componentes de uma mistura, baseado,
principalmente, na capacidade que a maioria das técnicas de separação tem de
introduzir uma quantidade reprodutível de amostra na coluna, e na relação linear
entre a quantidade de soluto introduzido e a resposta do sistema detector. A
concentração ou distribuição da massa do soluto no espaço é descrita pela análise
do pico cromatográfico
32,33
.
Em muitos laboratórios analíticos, a CLAE transformou-se em uma técnica
indispensável para análises de amostras, quantificação de fármacos, determinação
de constantes físicas e isolamento de componentes purificados de misturas
complexas
31
.
A Cromatografia Líquida de Alta Eficiência é uma técnica extensamente
utilizada para a análise de fármacos e formulações. A preparação da amostra é
extremamente simples e os erros associados com a preparação geralmente o
mínimos. O gradiente de eluição, a temperatura e as técnicas de programação do
comprimento de onda fornecem informações valiosas a respeito dos componentes
detectados em determinado fármaco ou formulados
8
.
A escolha do detector apropriado no desenvolvimento do método é crucial,
uma vez que faz-se necessário assegurar que todos os componentes serão
detectados. Com detector ultra-violeta (UV), este problema pode ser superado
quando se faz uso de um programa múltiplo da varredura do comprimento de onda,
visto que possibilita monitorar diversos comprimentos simultaneamente, fornecendo
a garantia que todos os componentes absorvidos no UV estão sendo detectados
34,35
.
Detectores foto-diodo são bastante utilizados, uma vez que permitem a
obtenção simultânea de cromatogramas e espectros das amostras em estudo
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35
(detector arranjo diodo), fornece informações quantitativas, aumentando a qualidade
dos resultados da análise de modo a avaliar a identidade dos componentes e a
pureza dos picos. Enquanto os detectores convencionais de comprimento de onda
variável, de um único canal, fornecem apenas informações quantitativas, deixando a
desejar a determinação da pureza do pico. O detector arranjo diodo fornece
espectros de alta resolução adicionando informações significativas em relação à
identidade dos componentes e pureza dos picos
36
.
Em um sistema cromatográfico um detector precisa apresentar as seguintes
características
35
:
Um sistema com alta sensibilidade e seletividade.
Boa resposta a um grande número de classes de compostos.
Habilidade na detecção de misturas complexas.
Para garantir que um novo método analítico gere informações confiáveis e
interpretáveis sobre a amostra, este deve ser submetido a um processo denominado
validação. A validação de um método é um processo contínuo que começa no
planejamento da estratégia analítica e continua ao longo de todo o seu
desenvolvimento e transferência.
O processo de desenvolvimento e validação do método tem impacto direto na
qualidade desses dados. Assim a metodologia analítica que envolvia a exatidão,
precisão e especificidade, se expandiu para as atividades industriais e está agora
sob o enfoque da validação
37
.
A necessidade de demonstrar à qualidade de medições químicas, através da
rastreabilidade e confiabilidade, está sendo cada vez mais reconhecida e exigida,
uma vez que dados analíticos não confiáveis podem conduzir a decisões
desastrosas e a prejuízos financeiros irreparáveis
38
.
No registro de novos produtos, todos os órgãos reguladores do Brasil e de
outros países exigem a validação de metodologia analítica e, para isso a maioria
deles tem estabelecido documentos oficiais que são diretrizes a serem adotadas no
processo de validação
39
.
Um processo de validação bem definido e documentado oferece às agências
reguladoras evidências objetivas de que os métodos e os sistemas são adequados
para uso desejado.
De acordo com a RE 899/2003, da ANVISA, que determina a publicação do
guia para validação de métodos analíticos, a validação deve garantir, por meio de
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36
estudos experimentais, que o método atenda às exigências das aplicações
analíticas, assegurando a confiabilidade dos resultados
40
. Para isso se faz
necessário atender os seguintes parâmetros analíticos: especificidade, seletividade,
linearidade, precisão, exatidão, limite de detecção, limite de quantificação e
robustez
38
.
3.6.1 Especificidade e Seletividade
Uma amostra, de maneira geral, consiste dos analítos a serem medidos, da
matriz e de outros componentes que podem ter algum efeito na medição, mas que
não se deseja quantificar. A especificidade e a seletividade estão relacionadas ao
evento de detecção. Um método que produz resposta para apenas um analito é
chamado especifico. Um método que produz respostas para vários analitos, mas
que pode distinguir a resposta de um analito da de outros, é chamado seletivo.
Entretanto, os termos especificidade e seletividade são freqüentemente utilizados
indistintamente ou com diferentes interpretações
39
.
Para as técnicas cromatográficas, além das comparações visuais dos
cromatogramas, diferentes parâmetros devem ser calculados nos cromatogramas
para descrever a especificidade do método. Os parâmetros mais importantes são:
resolução, retenção relativa (fator de separação), fator de capacidade (fator de
retenção), fator de simetria e numero de pratos teóricos
39
.
A seletividade de um método instrumental de separação é a capacidade de
avaliar de forma inequívoca, as substâncias em exame na presença de
componentes que podem interferir com a sua determinação em uma amostra
complexa. A seletividade é o primeiro passo no desenvolvimento de um método
analítico e deve ser reavaliada continuamente durante a validação e subseqüente
uso do método. Se a seletividade não for assegurada, a linearidade, a exatidão e a
precisão estarão comprometidas
38
.
A seletividade pode ser obtida de várias maneiras. A primeira forma de se
avaliar a seletividade é comparando a matriz isenta da substância de interesse e a
matriz adicionada com esta substância (padrão), sendo que, nesse caso, nenhum
interferente deve eluir no tempo de retenção da substância de interesse, que deve
estar bem separada dos demais compostos presentes na amostra
38
. Uma segunda
maneira é através da avaliação com detectores modernos (arranjo de diodos,
Dissertação de Mestrado - Desenvolvimento de Métodos Analíticos para a Associação de Metformina + Glibenclamida em
Comprimidos SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
37
espectrômetro de massas), que comparam o espectro do pico obtido na separação
com o de um padrão e utiliza-se isto como uma indicação da presença do composto
puro
38
.
3.6.2 Linearidade
A linearidade corresponde à capacidade do método em fornecer resultados
diretamente proporcionais à concentração da substância em análise, dentro de uma
determinada faixa de aplicação
41
.
Recomenda-se que sua determinação seja realizada por meio da análise
extraída da matriz apropriada, no mínimo, cinco concentrações diferentes
42
.
Seguindo as boas práticas, a determinação da linearidade envolve a
construção da curva padrão (ou curva de calibração) e o estabelecimento do
intervalo linear que será utilizado para realizar a determinação de uma solução de
concentração desconhecida. O intervalo linear deve compreender a mínima e
máxima concentração do principio ativo para a qual o método de teste será
proposto
42
.
Para análise de fármacos e medicamentos as especificações mínimas para os
intervalos da curva de calibração vão de 80-120% da concentração teórica
40
.
3.6.3 Precisão
A precisão expressa a proximidade entre uma série de medidas de uma
amostragem múltipla de uma mesma amostra homogênea sobre condições
determinadas. A precisão se expressa matematicamente como o desvio padrão,
estimada analiticamente por S ou, comumente como desvio padrão relativo (DPR)
42
.
A precisão em validação de métodos é considerada em três níveis diferentes:
repetitividade, precisão intermediaria e reprodutibilidade
42
.
Normalmente, métodos que quantificam compostos em macro quantidades
requerem um DPR de 1 a 2%. Em métodos de análise de traços ou impurezas, são
aceitos DPR de até 20%, dependendo da complexidade da amostra. Uma maneira
simples de melhorar a precisão é aumentar o número de replicatas
38
.
Dissertação de Mestrado - Desenvolvimento de Métodos Analíticos para a Associação de Metformina + Glibenclamida em
Comprimidos SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
38
3.6.4 Exatidão
Exatidão ou acurácia, expressa a proximidade entre o valor aceito como o
valor real ou valor de referência e o valor encontrado
42
.
A exatidão do método deve ser determinada após o estabelecimento da
linearidade, limite de variação e especificidade e nove determinações contemplando
o limite de variação do procedimento, ou seja, três concentrações: baixa, média, e
alta, com três replicas cada. Os ensaios devem ser realizados no mesmo dia
(exatidão intradia) e em dias diferentes (exatidão inter dia)
40
.
3.6.5 Limite de Detecção e Limite de Quantificação
Em termos práticos, o limite de detecção (LD) é a menor quantidade de uma
substância em uma amostra que pode ser detectada, mas não necessariamente
quantificada em um valor exato. Já o limite de quantificação (LQ) é a menor
quantidade de uma substância na amostra que pode ser determinada
quantitativamente com exatidão e precisão adequadas
39
.
Na literatura existem discussões sobre como os LD e LQ são definidos,
calculados e interpretados. Portanto é importante deixar claro como esses limites
são calculados em cada trabalho. Tanto a USP, como o ICH, define LD e LQ de
forma largamente aceitas pela indústria. Um dos métodos de determinação descritos
pelo ICH é o seguinte
20,41
:
LOD = [(3,3*S) / n
1/2
] / m
LOQ = [(10,0*S) / n
1/2
] / m
Onde: S é o desvio padrão dos valores obtidos; n é o número de medições; e
m é o coeficiente angular da reta (curva padrão).
Baseada nas diretrizes da RE 899/2003, ANVISA, os LD e LQ podem ser
calculados seguindo as equações
40
:
LD = DP
a
* 3 / IC
LD = DP
a
* 10 / IC
Onde: DP
a
é o desvio padrão obtido a partir da curva de calibração do
fármaco em estudo; IC é a inclinação da curva.
Dissertação de Mestrado - Desenvolvimento de Métodos Analíticos para a Associação de Metformina + Glibenclamida em
Comprimidos SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
39
3.6.6 Robustez
De acordo com o INMETRO, a robustez de um método mede a sensibilidade
que este apresenta face a pequenas variações. Diz-se que um método é robusto
quando ele não é afetado por uma modificação pequena e deliberada em seus
parâmetros. A robustez de um método cromatográfico é avaliada, por exemplo, pela
variação de parâmetros como a concentração do solvente orgânico, pH e força
iônica da fase vel em HPLC, programação da temperatura, natureza e força
iônica da fase móvel em HPLC, programação da temperatura, natureza do gás de
arraste em cromatografia gasosa, bem como o tempo de extração, agitação, entre
outros
39
.
Na Cromatografia Líquida de Alta Eficiência, a robustez pode ser avaliada, por
exemplo, variando o conteúdo de metanol na fase móvel em ± 2%, o pH da fase
móvel em 0,1 unidades de pH ou a temperatura da coluna em ± 5ºC. Se essas
mudanças estiverem dentro dos limites de exatidão, precisão e seletividade
aceitável, então o método possui robustez e tais variações podem ser incorporadas
ao procedimento
38
.
Em trabalhos nos quais há mudanças de fornecedores ao longo do
desenvolvimento e validação das metodologias, sem alteração significativa nos
resultados, pode-se dizer que o método possui uma robustez intrínseca, pois
manteve sua resposta em meio a mudanças de ambiente de análise
38
.
Os conceitos de validação de métodos continuam a evoluir e estão sempre
sob consideração. A legislação, no que diz respeito a validação de metodologias,
tem várias nuances e diferentes interpretações. Parte dessas características é
intencional, pois permitem a adaptação para cada tipo de problema. A legislação
brasileira tem sido melhor definida nos últimos anos, através de resoluções e
recomendações do INMETRO e ANVISA, inspiradas em diretrizes do ICH. Para que
um estudo de validação seja conduzido com sucesso, é necessário que se tenha
amplo conhecimento da legislação referente às substâncias em estudo e das
diretrizes propostas pelas agências reguladoras que atuam na área em questão
39-41
.
Finalmente, é importante esclarecer que a validação de métodos deve ser
planejada antes de seu desenvolvimento e execução. A estratégia de validação é
especifica e é influenciada pelo procedimento analítico utilizado, pela natureza e
concentração do composto de interesse e pela matriz. Correlacionando-se o
Dissertação de Mestrado - Desenvolvimento de Métodos Analíticos para a Associação de Metformina + Glibenclamida em
Comprimidos SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
40
desenvolvimento, otimização e validação de métodos de uma maneira lógica e
organizada, os laboratórios podem gerar resultados bastante eficientes e
produtivos
38
.
A validação de métodos pode ser um processo tedioso, mas a qualidade dos
resultados gerada está diretamente relacionada com qualidade deste processo.
CAPÍTULO II
ARTIGO I
Título: Aplicação da Análise Térmica no Desenvolvimento de Comprimidos de
Metformina
Artigo aceito para publicação no Journal Thermal Analysis and Calorimetry
(ANEXO I)
APLICAÇÃO DA ANALISE TÉRMICA NO DESENVOLVIMENTO DE
COMPRIMIDOS DE METFORMINA
Ana Flávia Oliveira Santos
1
, Fábio S. de Souza
2
, Antonilêni F. D. Medeiros
1
, Márcia Ferraz Pinto
2
,
Davi P. de Santana
1
, Rui O. Macêdo
2
1
Depto. de Ciências Farmacêuticas Universidade. Federal de Pernambuco - UFPE, Av. Prof.
Moraes Rego, 1235, - Cidade Universitária, CEP: 50670-901, Recife PE.
2
Laboratórios Unificados de Desenvolvimento e Ensaios de Medicamentos LUDEM Universidade
Federal da Paraíba - UFPB, Campos 1, CEP 58059-900, João Pessoa PB.
E-mail: affarmacia@yahoo.com.br e ruiomacedo@yahoo.com.br
Resumo
A Análise Térmica é uma técnica analítica essencial no desenvolvimento de novas
formulações, através de estudos de compatibilidade e estabilidade fármaco-
excipientes. Esse trabalho propõe estudar as possíveis interações entre a
metformina e excipientes: celulose microcristalina (Microcel MC101®), glicolato de
amido sódico (Explosol®), croscarmelose sódica (Explosel®), PVP K30, estearato de
magnésio, amido e lactose, usualmente empregados em produtos farmacêuticos.
Cada substância mencionada anteriormente foi submetida a caracterização
termoanalítica por TG, DSC e DTA para tentar correlacionar alguma modificação
química na mistura. Os resultado mostraram que os excipientes estudados não
mostraram mudanças no comportamento térmico das misturas, com exceção do
amido e lactose. Este fato foi confirmado através dos dados de diagrama de fase. Os
estudos termogravimétricos (TG) de metformina e misturas binárias mostraram
diferentes comportamentos térmicos em relação ao número de etapas e perdas de
massas.
Palavras chave: Análise Térmica, Estudo de Compatibilidade, Cloridrato de
Metformina.
Introdução
A metformina (MET) é um fármaco com atividade antihiperglicêmica, sendo o
medicamento mais comumente prescrito para pacientes com Diabetes tipo 2 (Fig. 1)
[1].
Fig. 1 Estrutura química da metformina.
Estudos recentes t
êm destacado a aplicação da calorimetria exploratória
diferencial (DSC) como uma técnica relacionada à análise térmica diferencial (DTA),
com objetivo de avaliar e caracterizar de maneira rápida a compatibilidade de
fármacos com excipientes [2].
A análise térmica é usada na indústria farmacêutica como uma técnica valiosa
e confiável no controle de qualidade e para o desenvolvimento de novos
medicamentos [3].
Aplicação da Análise Térmica no Desenvolvimento de Comprimidos de Metformina SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
43
Esse trabalho propõe estudar as possíveis interações entre a metformina e
excipientes: celulose microcristalina (Microcel MC101®), glicolato de amido sódico
(Explosol®), croscarmelose sódica (Explosel®), PVP K30, estearato de magnésio,
amido e lactose, usualmente empregados em produtos farmacêuticos. Cada
substância mencionada anteriormente foi submetida a caracterização termoanalítica
por TG, DSC e DTA, de modo a identificar alguma interação química na mistura.
Materiais e Métodos
As amostras de metformina, lactose, PVP K30, estearato de magnésio e
amido, foram adquiridas no Laboratório Industrial Farmacêutico do Estado da
Paraíba (LIFESA), João Pessoa Brasil. Os excipientes: celulose microcristalina
(Microcel®), glicolato de amido sódico (Explosol®) e croscamelose sódica
(Explosel®), foram obtidos da Blanver Farmacoquímica.
Misturas Binárias
As misturas binárias da metformina com excipientes foram preparadas na
proporção de metformina:excipientes (1:1) e analisadas por TG e DTA.
Diagrama de Fase
Os diagramas de fase da metfomina:amido e metformina:lactose foram
determinados a partir das análises das misturas, nas proporções 2:8, 3:7, 1:1, 7:3 e
8:2, respectivamente, usando o DSC.
Estudos Termogravimétricos
As curvas TG das misturas binárias e da metformina foram obtidas utilizando
uma termobalança Shimadzu, modelo TGA 50H, sob fluxo de ar sintético de 20
mL.min
-1
, usando uma atmosfera de nitrogênio na razão de 50 mL/min., com razão
de aquecimento de 10
o
C.min
-1
, até 900
o
C. As amostras foram acondicionadas em
cadinho de alumina com uma massa em torno de 5,5 ( 0,5) mg.
Estudos Calorimétricos
As curvas DTA metformina, excipientes e misturas binárias foram obtidas
utilizando um analisador térmico diferencial de marca Shimadzu, modelo DTA-50,
numa atmosfera de nitrogênio de 50mL.min
-1
, sendo a massa das amostras
analisadas em torno de 8,0mg, acondicionadas em um cadinho de alumina nas
razões de aquecimento de 10ºC/min até 900ºC. O equipamento foi calibrado via
ponto de fusão e entalpia com padrão Índio (156,6ºC 0,3) e (28,58J/g 0,3),
respectivamente; e com ponto de fusão do padrão Zinco (419,6ºC ± 0,3), sob as
mesmas condições das amostras.
As curvas DSC da metformina e misturas binárias (metformina:lactose e
metformina:amido) foram obtidas utilizando um calorímetro Shimadzu modelo DSC-
50, utilizando uma atmosfera de nitrogênio, fluxo de 50mL.min
-1
, com razão de
aquecimento de 5
o
C.min
-1
, até a temperatura de 500
o
C. As amostras foram
acondicionadas em cadinho de alumina com uma massa em torno de 2,0mg.
A calibração do DSC foi realizada via ponto de fusão com padrão Índio
(156,6ºC 0,3) e Zinco (419,6ºC ± 0,3). O fluxo de calor e entalpia foram calibrados
via ponto de fusão do Índio (28,59 ± 0,3J/g).
Os dados termoanaliticos foram analisados usando um software TASYS da
Shimadzu.
Aplicação da Análise Térmica no Desenvolvimento de Comprimidos de Metformina SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
44
Resultados e Discussão
Análise Térmica Diferencial
As curvas DTA da metformina e misturas binárias mostraram que o fármaco
apresentou um processo endotérmico característico de fusão em 231,52ºC com
calor de reação de -320,06J/g [4]. Na avaliação das misturas binárias, foi observado
que os excipientes estudados não mostraram deslocamento da faixa de fusão do
fármaco de metformina, com exceção das misturas binárias metformina-lactose e
metformina-amido, com valores de temperaturas de 188,98
o
C e 222,65
o
C,
respectivamente (Tabela 1). Os resultados mostraram que a mistura com lactose
evidenciou um comportamento térmico característico de interações, onde o
excipiente alterou o processo de fusão da mistura. No caso da mistura metformina-
amido, a interação foi observada através da redução da temperatura de fusão da
mistura em relação ao fármaco. Os dados foram confirmados através dos estudos de
diagrama de fase por DSC, que foi capaz de avaliar mais precisamente o grau de
interação nas diferentes proporções do fármaco-excipientes.
Tabela 1 Avaliação dos processos de fusão e calor de reação da MET e
misturas binárias na proporção (1:1).
Amostras Pico (ºC) H (J/g)
Metformina 231,52 -320,06
Metformina:PVPK30 232,77 -150,57
Metformina:Amido 222,65 -189,42
Metformina:Glicolato 233,21 -190,99
Metformina:MC101
®
233,88 -121,36
Metformina:Croscarmelose 233,60 -183,21
Metformina:Estearato de magnésio 227,55 -132,66
Metformina:Lactose 188,98 -232,93
Calorimetria Exploratória Diferencial
A curva DSC para MET mostrou que o fármaco apresentou um pico
endotérmico correspondente a temperatura do ponto de fusão de 225,71ºC, com
calor de reação -215,06J/g.
Os estudos calorimétricos para MET nas misturas binárias: metformina:amido
e metformina:lactose confirmaram que esses excipientes usados nas formulações
apresentaram interações com mudanças em relação ao calor de reação e a
temperatura de fusão da mistura (Fig. 2).
Os parâmetros calorimétricos são apresentados na Fig. 2, onde é possível
visualizar nas diferentes proporções da MET-lactose através do diagrama de fase.
Nas proporções estudadas, utilizando MET-lactose foi observado um aumento do
calor de fusão (ÄH) em função do aumento da quantidade de lactose, nas
proporções de 8:2 a 3:7 m/m do fármaco:excipiente, exceto na proporção de 2:8
m/m, a qual não foi evidenciada uma relação linear, apresentando uma pequena
redução do ÄH de -74,19 a -73,38J/g, com uma variação de temperatura do pico de
fusão de aproximadamente 7,6
o
C, correspondente a primeira etapa. No segundo
processo, houve um aumento crescente do ÄH para as mesmas proporções
analisadas, correspondendo a fusão da mistura.
Na interação MET-amido foi evidenciado um deslocamento da temperatura de
fusão para valores inferiores em relação ao fármaco, através dos dados obtidos do
diagrama de fase. Os resultados de ÄH apresentaram variações entre -20,54 a -
66,60J/g correspondendo a fusão da mistura nas proporções estudadas. Neste caso,
Aplicação da Análise Térmica no Desenvolvimento de Comprimidos de Metformina SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
45
a interação fármaco:excipiente apresentou um comportamento diferente em relação
a mistura com lactose, devido ao fato do amido ser considerado um polímero amorfo
que não apresenta processo de fusão.
Dessa forma os dados indicam que o uso de lactose e amido em formulações
de metformina devem ser melhor avaliados nos casos em que se faz necessário a
sua utilização em processos de produção de medicamentos que envolvam a
aplicação de calor.
Fig. 2 Curvas DSC do fármaco MET e misturas binárias (A metformina:lactose e B
metformina:amido) em diferentes proporções.
Estudos Termogravimétricos
Os estudos termogravimétricos de MET e misturas binárias, metformina-
excipiente, mostraram diferentes comportamentos térmicos em relação ao número
de etapas e perdas de massas (Fig. 3). Na curva termogravimétrica dinâmica da
MET ocorreram duas etapas de decomposição, onde primeira, considerada a etapa
determinante, por apresentar uma maior perda de massa, 85,42%, iniciando em
251,35ºC a 415,16ºC. Na segunda etapa de decomposição térmica, 415,16
677,75ºC, ocorreu uma perda de massa de 13,66%. A decomposição é então
finalizada em torno de 677,75ºC, apresentando um resíduo mineral de 0,92%, que
corresponde ao resíduo mineral da amostra durante todo o processo.
Na curva TG da mistura binária MET:estearato de magnésio (1:1), verificou-se
a ocorrência de três etapas de decomposição. Na primeira, correspondente a faixa
de temperatura: 35,04 149,16ºC, houve uma perda de massa de 1,65%,
equivalente a volatilização da água. Na segunda etapa (212,43 599,77ºC), a perda
de massa foi a maior, 84,40%, correspondendo a etapa principal. Na terceira e
última etapa de decomposição, iniciada na temperatura de 599,77ºC e finalizada em
895,18ºC, ocorreu uma perda de massa correspondente a 6,30%. O resíduo mineral
no intervalo de temperatura estudado foi de 7,65%.
B
A
Metformin
drug
Met
: lactose (8:2)
Met
: lactose (3:7)
Met
: lactose (1:1)
Met
: lactose (7:3)
Met
: lactose (2:8)
Metformin
drug
Met
:
starch
(8:2)
Met
:
starch
(3:7)
Met
:
starch
(1:1)
Met
:
starch
(7:3)
Met
:
starch
(2:8)
A
B
B
A
Metformina
MET
: lactose (2:8)
MET
: lactose (3:7)
MET: lactose (1:1)
MET: lactose (7:3)
MET: lactose (8:2)
Metformina
MET
:
amido
(2:8)
MET
:
amido
(3:7)
MET
:
amido
(1:1)
MET
:
amido
(7:3)
MET
:
amdo
(8:2)
A
B
Aplicação da Análise Térmica no Desenvolvimento de Comprimidos de Metformina SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
46
Fig. 3 Curvas TG (1- MET; 2- MET:estearato de magnésio; 3- MET:PVP; 4- MET:lactose.; 5-
MET:amido; 6- MET:MC101
®
; 7- MET:glicolato; 8- MET:croscarmelose).
O perfil termogravimétrico dinâmico da mistura binária MET:MC101
®
(1:1)
apresentou três etapas de decomposição. A primeira, no intervalo de 30,73
70,73ºC, ocorrendo uma perda de massa de 0,81%, referente a volatilização da
água. A segunda etapa, sendo considerado o principal processo dessa mistura,
ocorrendo uma maior perda de massa, 64,64%, aconteceu no seguinte intervalo:
233,54 584,00ºC. A última etapa apresentou uma perda de massa de 32,03%,
iniciando na temperatura de 584,28ºC a 767,56ºC. Na faixa de temperatura: 30,95
767,56ºC, foi obtido um resíduo mineral de 2,52%.
Na curva TG da mistura binária MET:PVP (1:1), verificou-se a ocorrência de
três etapas de decomposição. A primeira, equivalente a volatilização da água, entre
29,17 a 100,98ºC com perda de massa de 4,40%. Na segunda etapa, dentro do
intervalo de 249,90 504,22ºC, ocorreu uma perda de massa de 78,01%. Na
terceira e última etapa de decomposição, iniciada na temperatura de 504,22ºC a
755,25ºC com a perda de massa de aproximadamente 14,91%. O resíduo mineral
no intervalo de temperatura estudado foi de 2,68%.
O perfil termogravimétrico dinâmico da mistura binária MET:amido (1:1)
apresentou três etapas de decomposição. A primeira se deu no intervalo de 26,58
112,85ºC, ocorrendo uma perda de massa de 3,57%, referente a volatilização da
água. A segunda etapa de decomposição, considerada a principal com 63,64% de
perda de massa, ocorreu entre 228,16ºC a 552,66ºC. Na última etapa de
decomposição, 552,66 770,12ºC, ocorreu uma perda de massa correspondente a
30,29%. A decomposição é então finalizada em torno de 770,12ºC, apresentando
um resíduo mineral de 2,50% referente ao processo.
A curva TG da mistura binária MET:glicolato (1:1), apresentou três etapas de
decomposição. Na primeira, correspondente a faixa de temperatura: 25,72
185,03ºC, houve uma perda de massa de 6,66%, equivalente a volatilização da
água. A segunda etapa de decomposição rmica, a principal dessa mistura, devido
ocorrer a maior perda de massa, 58,66%, aconteceu no seguinte intervalo: 240,85
578,67ºC. Na terceira e última etapa de decomposição, iniciada na temperatura de
578,67ºC e finalizada em 899,96ºC, observou-se uma perda de massa
Aplicação da Análise Térmica no Desenvolvimento de Comprimidos de Metformina SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
47
correspondente a 30,59%. O resíduo mineral no intervalo de temperatura estudado
foi de 4,09%.
O perfil termogravimétrico dinâmico da mistura binária MET:croscarmelose
(1:1) apresentou quatro etapas de decomposição. A primeira, referente a
volatilização da água, ocorreu no intervalo de 31,09 164,04ºC, com uma perda de
massa de 4,52%. A segunda etapa de decomposição térmica, considerada a
principal, devido a maior perda de massa, 63,40%, ocorreu na seguinte faixa de
temperatura: 235,61 653,17ºC. Na terceira etapa, com início em 653,17ºC e
término em 815,44ºC, teve uma perda de massa correspondente a 25,46%. A quarta
etapa, a última, apresentou uma perda de massa de 2,43%, iniciando na
temperatura de 815,44ºC e finalizando em 898,67ºC. Na faixa de temperatura: 31,09
898,67ººC, foi obtido um resíduo mineral de 4,19%.
Na curva TG da mistura binária MET:lactose (1:1), verificou-se a ocorrência
de quatro etapas de decomposição. A primeira, equivalente a volatilização da água,
ocorreu na faixa de temperatura: 159,09 192,55ºC, e houve uma perda de massa
de 0,95%. Na segunda etapa, dentro do intervalo de 192,55 208,16ºC, ocorreu
uma perda de massa de 1,65%. A terceira etapa de decomposição térmica, a
principal dessa mistura, devido ocorrer a maior perda de massa, 64,79%, aconteceu
no seguinte intervalo: 208,16 548,00ºC. Na quarta e última etapa de
decomposição, iniciada na temperatura de 548,00ºC e finalizada em 764,27ºC,
ocorreu uma perda de massa correspondente a 31,96%. O resíduo mineral no
intervalo de temperatura estudado foi de 0,65%.
O modelo de Ozawa foi empregado nos estudos cinéticos para avaliar os
parâmetros cinéticos termoanalíticos de energia cinética (Ea), fator de freqüência (A)
e ordem de reação (n). Os dados calculados evidenciaram um comportamento
cinético de primeira ordem para a MET com valores de Ea (67,97 KJ/mol; rsd 4,265
KJ/mol) e fator de freqüência (1,22 x 10
5
min
-1
) (Fig. 4).
Fig. 4 Parâmetros cinéticos de termodecomposição da Metformina pelo método de
Ozawa.
Energia cin
ética 67,97KJ/mol 16,24Kcal/mol
Ordem
0,9
Fator de freq
üência 1,122 * 10
5
min
-1
Massa (g)
Tempo de redução (min.)
Aplicação da Análise Térmica no Desenvolvimento de Comprimidos de Metformina SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
48
Conclusão
Os dados térmicos por DTA e DSC mostraram incompatibilidade entre a MET
e os excipientes amido e lactose.
Os resultados dos estudos através do diagrama de fase evidenciaram
diferentes comportamentos e graus de interações nas misturas metformina:amido e
metformina:lactose.
Os parâmetros cinéticos determinados através do método de Ozawa
mostraram um comportamento térmico característico de primeira ordem.
Agradecimentos
Os autores agradecem o financiamento da CAPES/CNPq/ANVS-MS/FINEP
como suporte técnico e financeiro para esta pesquisa.
Referências
[1] H.Amini, A. Ahmadiani & P. Gazerani. J. Chrom. B., 824 (2005) p. 319-322.
[2] F. Balestrieri, A. D. Magri, A. L. Magri , D. Marini, A. Sacchini. T. Acta, 285
(1996), p. 337-345.
[3] R.O. Macêdo, A.G. de Souza, A.M.C. Macêdo. J. Thermal Anal. Calorimetry 49
(1997) p.937-941.
[4] British Pharmacopoeia, vol. II, 2003.
CAPÍTULO III
ARTIGO II
Título: Caracterização do Estado Sólido da Metformina e Excipientes por DSC e
TG
Aceito para apresentação em painel no evento: 9
th
European Symposium on
Thermal Analysis and Calorimetry (ESTAC 9) De 27 a 31 agosto de 2006,
Krakóvia, Polônia (ANEXO II).
A ser submetido para publicação no Journal of Thermal Analysis and
Calorimetry.
CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO SÓLIDO DA METFORMINA E EXCIPIENTES
POR DSC E TG
Ana Flávia Oliveira Santos
1
, Antonilêni F. D. Medeiros
1
, Lidiane P. Correia
2
, Fábio S. de Souza
2
,
José Valdilânio Virgulino Procópio
2
, Davi P. de Santana
1
, Rui O. Macêdo
2
1
Depto. de Ciências Farmacêuticas Universidade. Federal de Pernambuco - UFPE, Av. Prof.
Moraes Rego, 1235, - Cidade Universitária, CEP: 50670-901, Recife PE.
2
Laboratórios Unificados de Desenvolvimento e Ensaios de Medicamentos LUDEM Universidade
Federal da Paraíba - UFPB, Campos 1, CEP 58059-900, João Pessoa - PB.
E-mail: affarmacia@yahoo.com.br e ruiomacedo@yahoo.com.br
Resumo
Esse estudo teve como objetivo utilizar as técnicas termogravimétricas e
calorimétricas na caracterização da metformina, misturas binárias e p-formulados.
Através dos parâmetros termogravimétricos e de DSC convencional, foi evidenciado
incompatibilidade tanto nas misturas binárias, quanto nos p-formulados contendo
lactose e amido. Isso pôde ser visualizado através das imagens obtidas com o DSC
fotovisual. Dessa forma, evidencia-se a importância do DSC no campo farmacêutico,
visto sua grande versatilidade, o que permite sua utilização como uma nova
ferramenta no estudo de caracterização de fármacos e excipientes, isolados ou
associados, no desenvolvimento de novas formulações.
Palavras chave: Análise Térmica, Pré-formulados, Metformina.
Introdução
A metformina (Fig. 1) é uma droga antidiabética bastante utilizada no
tratamento de pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2[1].
Fig. 1 Estrutura química da metformina.
O estudo de pré-formulação é o primeiro passo no desenvolvimento de uma
substância em forma farmacêutica. Porém, antes de transformar um fármaco em
forma farmacêutica é necessário que ele seja química e fisicamente caracterizado
[2]. Dessa maneira os métodos termoanalíticos vêm sendo utilizados como
ferramentas importantes na etapa de pré-formulação, oferecendo dados que
permitem caracterizar a compatibilidade fármaco-fármaco, fármaco-excipiente,
determinação de pureza, bem como avaliar a estabilidade de possíveis formulados
[3-4].
A metformina (MET) é um fármaco com atividade antihiperglicêmica sendo o
medicamento mais comumente prescrito para pacientes o Diabetes tipo 2 (Fig. 1) [1].
Dentre as técnicas termoanaliticas utilizadas pela indústria farmacêutica
destacam-se a Termogravimetria (TG) e a Calorimetria Exploratória Diferencial
(DSC).
Caracterização do Estado Sólido da Metformina e Excipientes por DSC e TG SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
51
A TG fornece informações sobre reações de decomposição e oxidação, e de
processos físicos, como: vaporização, sublimação e desorção [5]. O DSC é uma
técnica rápida e de boa reprodutibilidade, que exige baixas quantidades de
amostras, fornecendo informações detalhadas sobre as propriedades físico-químicas
das amostras em estudo, identificação e determinação de impurezas [6].
Compreender a resposta das drogas e seus formulados ao stress térmico
constitui uma etapa essencial no desenvolvimento de novos produtos farmacêuticos
[7].
Assim, esse trabalho propõe estudar as possíveis interações entre a
metformina (MET) e os seguintes excipientes: celulose microcristalina (Microcel
MC101®), glicolato de amido sódico (Explosol®), croscarmelose sódica (Explosel®),
PVP K30, amido e lactose, bem como avaliar o comportamento térmico de três pré-
formulados (A, B e C) contendo a Metformina, utilizando como diluente a MC101®, o
amido e a lactose, respectivamente.
Materiais e Métodos
As amostras utilizadas foram: metformina, lactose, PVP K30, amido, celulose
microcristalina (Microcel MC101®), glicolato de amido sódico (Explosol®) e
croscarmelose sódica (Explosel®).
Misturas Binárias
As misturas binárias da metformina com os excipientes descritos
anteriormente foram preparadas na proporção 1:1 e analisadas por DSC, DSC
fotovisual e TG.
Preparação dos Pré-formulados
Os pré-formulados foram preparados de acordo com a seguinte formulação:
Formulado A (metformina 80,0%, croscarmelose 3,0%, MC101® 13,0% PVP
3,0%, e estearato de magnésio 1,0%); Formulado B (metformina 80,0%,
croscarmelose 3,0%, amido 13,0%, PVP 3,0% e estearato de magnésio
1,0%); Formulado C (metformina 80,0%, croscarmelose 3,0%, lactose 13,0%,
PVP 3,0% e estearato de magnésio 1,0%).
Caracterização Térmica
As curvas TG das metformina e misturas binárias foram obtidas utilizando
uma termobalança Shimadzu, modelo TGA 50H, sob fluxo de ar sintético de
20mL.min
-1
, usando uma atmosfera de nitrogênio na razão de 50mL/min., com razão
de aquecimento de 10
o
C.min
-1
, até 900
o
C. As amostras foram acondicionadas em
cadinho de alumina, utilizando uma massa em torno de 5,5 ( 0,5) mg.
As curvas DSC da metformina, misturas binárias e formulados A, B e C foram
obtidas utilizando um calorímetro Shimadzu, modelo DSC-50, utilizando uma
atmosfera de nitrogênio, fluxo de 50mL.min
-1
, com razão de aquecimento de
5
o
C.min
-1
, até a temperatura de 350
o
C. As amostras foram acondicionadas em
cadinho de alumínio, utilizando uma massa em torno de 2,0mg.
A calibração do DSC foi realizada via ponto de fusão com padrão Índio
(156,6ºC 0,3) e Zinco (419,6ºC ± 0,3). O fluxo de calor e entalpia foram calibrados
via ponto de fusão do Índio (28,59 ± 0,3J/g).
Foram obtidas imagens dos processos calorimétricos através do sistema
fotovisual, constituído de um microscópio da marca Olympus e a uma câmera
Caracterização do Estado Sólido da Metformina e Excipientes por DSC e TG SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
52
fotográfica, modelo VCC-520, da marca Sanyo, acoplada ao calorímetro, nas
mesmas condições de análises do DSC convencional.
Os dados termoanalíticos foram analisados usando um software TASYS da
Shimadzu.
Determinação de Pureza
A determinação da pureza para metformina, MC101®, amido, lactose e os
pré-formulados, foi realizada utilizando a equação de Vant Hoff, empregando o
software TA50, da Shimadzu.
Resultados e Discussão
Caracterização da Metformina e Misturas Binárias
A partir da curva DSC da MET foi possível observar um processo endotérmico
com característica de fusão em 225,85ºC, com calor de reação -224,41J/g (Fig.
2AZ1). Os dados termogravimétricos mostraram duas etapas de perda de massa
com redução do volume do fármaco, no intervalo de temperatura 251,35 - 677,75ºC
(Fig. 2AZ2). No DSC fotovisual da MET foi possível visualizar o inicio do processo de
fusão em 225,85ºC e uma mudança na coloração do fármaco, em torno de
251,39ºC, confirmando o início do processo de decomposição (Fig. 2AY e 2AW).
O perfil calorimétrico para a mistura MET-lactose (Fig. 2BZ1) apresentou dois
processos de transição de fase de característica endotérmica nas seguintes
temperaturas, com os respectivos calor de reação: 140,12ºC e ÄH -31,89J/g;
187,33ºC e ÄH -133,67J/g. Em relação ao comportamento térmico da lactose
matéria-prima as transições de fase apresentaram valores de temperatura e ÄH
diferentes da mistura, evidenciando deslocamento do processo e mudanças de
energia. Com os dados das curvas calorimétricas da mistura comparados com a
Metformina matéria-prima foram observados um acentuado deslocamento do
processo de fusão do fármaco com redução do ÄH. Tal fato indica um interação
entre a Metformina e a lactose. Esta interação foi confirmada através dos dados do
DSC fotovisual da mistura MET-lactose, onde foi possível observar uma transição de
fase em 187,33ºC seguido de decomposição caracterizada por uma mudança na
coloração (Fig.s 2BY e 2BW), sugerindo uma interação característica de Maillard,
uma vez que a reação de Maillard ocorre com a intervenção de aminoácidos e
açúcares redutores, com formação de novos compostos escuros e de alta massa
molar, possivelmente, polímeros que contêm nitrogênio em sua molécula, resultante
dos produtos de degradação [8]. Os dados termogravimétricos para a mistura
fármaco-excipiente (Fig. 2BZ2) mostraram quatro etapas de perda de massa (159,09
- 774,27ºC), também foram visualizados quatro processos para a lactose matéria-
prima (160,94 - 615,91ºC), no entanto a velocidade de decomposição foi maior na
mistura, tendo em vista que ocorreu um deslocamento para temperatura inferior em
relação ao fármaco, no qual o perfil de termodecomposição da mistura assumiu um
comportamento térmico semelhante a lactose. Estes resultados evidenciam que a
antecipação do processo de decomposição da mistura comparado com o fármaco
caracteriza a ocorrência de interação com diminuição da estabilidade do fármaco
(Fig. 3A
1
e 3A
2
).
Caracterização do Estado Sólido da Metformina e Excipientes por DSC e TG SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
53
Fig. 2 DSC fotovisual e curvas TG e DSC da MET e misturas binárias.
* TA (Temperatura ambiente); A (MET); B (MET-lactose); C (MET-amido); D (MET-PVP); E (MET-MC101); F (MET-
Glicolato); G (MET-Croscarmelose).
Para a mistura MET-amido (Fig. 2CZ1), o perfil calorimétrico apresentou um
processo de transição de fase de característica endotérmica na temperatura
217,02ºC, com ÄH -50,95J/g. Em relação ao comportamento térmico do amido
matéria-prima as transições de fase apresentaram valores de temperatura e ÄH
diferentes da mistura, evidenciando deslocamento do processo e mudanças nos ÄH.
Com os dados das curvas calorimétricas da mistura comparados com a Metformina
matéria-prima foram observados um acentuado deslocamento do processo de fusão
do fármaco com redução do ÄH. Tal fato indica uma interação entre a Metformina e
o amido. Através do DSC fotovisual da mistura MET-amido foi possível observar o
início do processo de fusão em 217,02ºC (Fig. 2CY), bem como o início do processo
de decomposição em 228,08°C (Fig. 2CW). Os dados termogravimétricos para a
A
B
C
D
E
F
G
X
Y
W
Z
TA
225,85°C
251,39°C
TA
TA
TA
TA
TA
TA
187,33°C
193,54°C
217,02°C
228,08°C
245,70°C
221,07°C
225,15°C
233,28°C
240,01°C
235,11°C
1
2
2
1
2
1
2
1
2
1
2
2
1
1
225,
25°C
225,02°C
Caracterização do Estado Sólido da Metformina e Excipientes por DSC e TG SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
54
mistura fármaco-excipiente (Fig. 2CZ2) mostraram três etapas de perda de massa
(26,58 - 770,12ºC), também foram visualizados quatro processos para o amido
matéria-prima (30,81 - 752,10ºC), no entanto a velocidade de decomposição foi
maior na mistura, tendo em vista que ocorreu um deslocamento para temperatura
inferior em relação ao fármaco. Os resultados evidenciaram que a antecipação do
processo de decomposição da mistura comparado com o fármaco caracteriza a
ocorrência de interação com diminuição da estabilidade do fármaco (Fig. 3B
1
e 3B
2
).
Observando a curva DSC da mistura MET-PVP (Fig. 2DZ1), visualizou-se um
processo de transição de fase de característica endotérmica na temperatura
221,93ºC, com ÄH -89,14J/g. Em relação ao comportamento térmico do PVP
matéria-prima foi observado um processo de transição de fase na faixa de
temperatura de 31,54 - 128,63°C, sendo esse processo visualizado em menor grau
na mistura (33,54 - 87,20°C). No que se refere ao processo de fusão da mistura
ocorreu um pequeno deslocamento, no entanto o fármaco não sofreu alterações
significativas quanto ao seu comportamento térmico. O alargamento do pico e a
redução da temperatura de fusão da mistura são provenientes do quantitativo de
PVP na mistura, visto que na faixa de fusão do fármaco não foi evidenciada
nenhuma transição de fase para o PVP. Através do DSC fotovisual da mistura MET-
PVP foi possível visualizar o início do processo de fusão em 221,07ºC (Fig. 2DY) e o
início do processo de decomposição em 245,70ºC (Fig. 2DW). Os dados
termogravimétricos para a mistura MET-PVP (Fig. 2DZ2) evidenciaram três etapas
de perda de massa (29,17 - 755,25ºC), sendo visualizado no PVP matéria-prima
quatro etapas (30,81 - 752,10ºC), no entanto a velocidade de decomposição foi
maior na mistura, tendo em vista que ocorreu um pequeno deslocamento para
temperatura inferior em relação ao fármaco (Fig. 3C
1
e 3C
2
).
A curva calorimétrica para a mistura MET-MC101® (Fig. 2EZ1) apresentou
um processo de transição de fase de característica endotérmica na temperatura
224,33ºC, com ÄH -115,00J/g. Em relação ao comportamento térmico da MC101®
matéria-prima foi observado uma transição de fase no intervalo de temperatura de
32,66°C a 109,68°C, sendo esse processo visualizado em menor grau na mistura
(25,76 - 102,37°C). Com os dados das curvas calorimétricas da Metformina matéria-
prima comparados com a mistura foi observado uma redução no ÄH, em virtude da
presença da celulose na proporção de 50% na mistura. Isto não é surpreendente,
visto que, estudos anteriores com diferentes fármacos em diferentes proporções,
mostraram que a celulose é um dos excipientes que não interagem na formulação
quando avaliado do ponto de vista térmico. Observando o DSC fotovisual da mistura
MET-MC101® foi possível visualizar o icio do processo de fusão em 225,15ºC (Fig.
2EY) e o início do processo de decomposição em 233,28ºC (Fig. 2EW). Os dados
termogravimétricos da mistura MET-MC101® (Fig. 2EZ2) mostraram três etapas de
perda de massa (30,73 - 767,56ºC), não ocorrendo antecipação do processo de
decomposição da mistura em relação ao fármaco (Fig. 3D
1
e 3D
2
).
Caracterização do Estado Sólido da Metformina e Excipientes por DSC e TG SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
55
Fig. 3 Curvas TG e DSC dos excipientes (1), das misturas binárias (2) e MET (3).
1
2
3
3
2
1
3
3
3
3
2
2
2
2
1
1
1
1
1
2
3
1
2
3
1
1
1
1
2
2
2
2
3
3
3
3
A
1
B
1
C
1
D
1
E
1
F
1
A
2
B
2
C
2
D
2
E
2
F
2
1 Lactose
2
MET:lactose
3
MET
1
Amido
2
MET:amido
3
MET
1
PVP
2
MET:PVP
3
MET
1
MC101
2
MET:MC101
3
MET
1
Glicolato
2
MET:glicolato
3
MET
1
Croscarmelose
2
MET:croscarmelose
3
MET
Caracterização do Estado Sólido da Metformina e Excipientes por DSC e TG SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
56
Para a mistura MET-glicolato, o perfil calorimétrico mostrou um processo de
transição de fase de característica endotérmica na temperatura 225,69ºC com ÄH -
145,59J/g (Fig. 2FZ1). Quanto ao comportamento térmico do glicolato matéria-prima
foi visualizado uma transição de fase, característica de um polímero, no seguinte
intervalo de temperatura: 24,92 - 115,82ºC. Para a mistura, esse processo foi
observado de forma discreta na faixa de: 46,91 - 102,22ºC. Através do DSC
fotovisual da mistura MET-glicolato foi possível visualizar o início do processo de
fusão em 225,02ºC (Fig. 2FY) e o início do processo de decomposição em 240,01ºC
(Fig. 2FW). Os dados termogravimétricos da mistura MET-glicolato (Fig. 2FZ2)
mostraram três etapas de perda de massa (25,72 - 899,96ºC), não ocorrendo
antecipação do processo de decomposição da mistura em relação ao fármaco (Fig.
3E
1
e 3E
2
).
A curva calorimétrica para a mistura MET-croscarmelose (Fig. 2GZ1)
apresentou um processo de transição de fase de característica endotérmica na
temperatura 228,00ºC, com ÄH -135,76J/g. Em se tratando do comportamento
térmico da croscarmelose matéria-prima foi observado uma transição de fase,
característica de um polímero, na seguinte faixa de temperatura: 24,90 - 102,28°C,
seguido de um processo de decomposição, com pico exotérmico em 294,54°C. Para
a mistura, tal processo foi visualizado de forma discreta na faixa: 35,17 - 70,06°C.
Através do DSC fotovisual da mistura MET-croscarmelose foi possível visualizar o
processo correspondente a fusão em 225,25ºC (Fig. 2GY), com início do processo
de decomposição em 235,11ºC (Fig. 2GW). Os dados termogravimétricos da mistura
(Fig. 2GZ2) mostraram quatros etapas de perda de massa (31,09 - 898,67ºC), não
ocorrendo antecipação do processo de decomposição da mistura em relação ao
fármaco (Fig. 3F
1
e 3F
2
).
Caracterização dos Pré-formulados de Metformina
As curvas DSC para os pré-formulados A, B e C mostraram que o A
apresentou um pico endotérmico correspondente ao ponto de fusão do fármaco em
temperatura de 222,14ºC, o B em 214,64ºC e o C em 205,20ºC, com respectivos
calor de reação (A) -180,39J/g; (B) -165,17J/g; e (C) -120,52 J/g. Foi evidenciado
nos pré-formulados um deslocamento da faixa de fusão para uma temperatura
inferior a descrita na literatura, 225,0ºC. No formulado A, onde o diluente utilizado foi
a MC101® foi possível observar mudanças no comportamento calorimétrico do
fármaco, o qual pode ser explicado devido a presença dos excipientes na
formulação, favorecendo a redução da pureza de cada componente na mistura, no
entanto essa redução não indica necessariamente um processo de incompatibilidade
potencial. Já para os formulados B e C os quais foram preparados utilizando o amido
e a lactose, respectivamente, essa incompatibilidade foi claramente observada, e
confirmada quando comparado aos dados calorimétricos e termogravimétricos das
misturas binárias MET-amido e MET-lactose, e excipientes isolados. Os cálculos de
pureza para Metformina nos pré-formulados (Tabela 1) justificam as interações MET-
amido e MET-lactose.
Caracterização do Estado Sólido da Metformina e Excipientes por DSC e TG SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
57
Tabela 1 Determinação da pureza do fármaco e pré-
formulados de Metformina.
Amostras Pureza (%)
Metformina 99,45
Pré-formulado A 98,67
Pré-formulado B 94,36
Pré-formulado C 89,14
Dessa forma, o uso de lactose e amido em formulações contendo Metformina
devem ser avaliados criteriosamente, uma vez que alguns formulados de Metformina
são obtidos utilizando processos que envolvem a aplicação de calor.
Conclusões
A caracterização de fármacos e excipientes através das técnicas
termoanalíticas, principalmente DSC, fornecem dados relevantes para o
desenvolvimento de novas formulações, visando obter resultados rápidos, com
precisão desejada pela indústria farmacêutica moderna.
Agradecimentos
Os autores agradecem o financiamento da CAPES/CNPq/ANVISA-MS/FINEP
como suporte técnico e financeiro para esta pesquisa.
Referências
[1] Hu, L-D.; Liu, Y.; Tang, X.; Zhang, Q. European Journal of Pharmaceutics and
Biopharmaceutics. April, 2006.
[2] Giron, D. Pharm. Science & Technology Today. v.1, n.5 (1998) p. 191-199.
[3] Macêdo, R.O.; Aragão, C.F.S.; Nascimento, T.G.; Macêdo, A.M.C. J. Thermal
Anal. Calorimetry. v. 56 (1999) p. 1323-1327.
[4] Glass, B. D.; Novák, Cs.; Brown, M. E. Journal of Thermal Analysis and
Calorimetry. v. 77 (2004) p. 1013-1036.
[5] Skoog, D.A.; Holler, F.J.; Nieman, T.A. Principles of Instrumental Analysis.
5ºed., Philadelphia: Harcourt Brace & Company, (1998) p. 798-809.
[6] Thege, K.; Csakurda-Harmathy, Zs. Journal of Thermal Analysis and
Calorimetry. v. 50 (1997) p. 867-871.
[7] Clas, S. D.; Dalton; C. R.; Hancock, B.C. Pharm. Science & Technology Today.
v. 2, n. 8 (1999) p. 311-320.
[8] Wirth, D. D.; Gregg, S. M. Journal Pharmaceutical Science. v. 87 n. 1, (1998) p.
31-39.
CAPÍTULO IV
ARTIGO III
Título: Aplicação de Técnicas Termoanalíticas no Estudo de Pré-Formulação
de Comprimidos de Glibenclamida
Submetido para publicação no Journal Thermal Analysis and Calorimetry
(ANEXO III)
APLICAÇÃO DE TÉCNICAS TERMOANALÍTICAS NO ESTUDO DE PRÉ-
FORMULAÇÃO DE COMPRIMIDOS DE GLIBENCLAMIDA
Ana Flávia Oliveira Santos
1
, Fábio S. de Souza
2
, Antonilêni F. D. Medeiros
1
, Márcia Ferraz Pinto
2
,
Davi P. de Santana
1
, Rui O. Macêdo
2
1
Depto. de Ciências Farmacêuticas Universidade. Federal de Pernambuco - UFPE, Av. Prof.
Moraes Rego, 1235, - Cidade Universitária, CEP: 50670-901, Recife PE.
2
Laboratórios Unificados de Desenvolvimento e Ensaios de Medicamentos LUDEM Universidade
Federal da Paraíba - UFPB, Campos 1, CEP 58059-900, João Pessoa PB.
E-mail: affarmacia@yahoo.com.br e ruiomacedo@yahoo.com.br
Resumo
Esse trabalho, foi realizado um estudo termoanalítico da glibenclamida e
diversos excipientes convencionalmente utilizados na indústria farmacêutica.
Possíveis interações fármaco-excipientes foram avaliadas através de misturas
binárias. Os excipientes estudados foram: celulose microcristalina (MC101),
croscarmelose sódica, glicolato de amido sódico, PVP K30, amido e estearato de
magnésio. As técnicas temoanaliticas utilizadas foram a Termogravimetria (TG) e a
Análise Térmica Diferencial (DTA). Os dados de TG mostraram que os excipientes
não produziram mudanças no comportamento térmico da glibenclamida. De acordo
com os resultados obtidos através da DTA não foram observadas interações
significativas nas misturas binárias, propondo a aplicação dos excipientes avaliados
no desenvolvimento de novas formulações farmacêuticas.
Palavras chave: Análise Térmica; Compatibilidade; Glibenclamida.
Introdução
O desenvolvimento de formulações farmacêuticas requer prévio
conhecimento das propriedades físico-químicas do fármaco e dos excipientes.
Dentre as análises aplicadas no estudo de p-formulação, as propriedades físicas
são de fundamental importância na compreensão da descrição física do fármaco,
antes de desenvolver a formulação final. Nesse contexto, as técnicas termoanalíticas
assumem papel relevante na caracterização física de fármacos e formulações [1
2].
Na indústria farmacêutica destacam-se três técnicas analíticas no estudo de
pré-formulação e formulação, são elas: Termogravimetria (TG), Análise Térmica
Diferencial (DTA), e Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) [3].
Durante a etapa de pré-formulação as propriedades físicas e químicas de um
fármaco isolado ou associado são caracterizadas. Para isso, faz-se necessário o
sistema de misturas binárias, visando esclarecer eventuais incompatibilidades que
possam surgir [4]. Normalmente, a DTA é empregada como técnica de screening
com a finalidade de assegurar a compatibilidade fármaco:excipiente [5].
Esse trabalho teve como objetivo utilizar as técnicas termoanalíticas, TG e
DTA, na avaliação da compatibilidade da glibenclamida e alguns excipientes
convencionalmente utilizados pela industria farmacêutica: celulose microcristalina
(Microcel MC101®), croscarmelose sódica (Explosel®), amido, glicolato de amido
sódico (Explosol®), PVP K30, e estearato de magnésio.
Aplicação de Técnicas Termoanalíticas no Estudo de Pré-Formulação de Comprimidos de Glibenclamida SANTOS, A. F. O.
Recife, 2006.
60
Materiais e Métodos
As amostras de glibenclamida, PVP K30, estearato de magnésio e amido
foram adquiridos no Laboratório Industrial Farmacêutica do Estado da Paraíba
(LIFESA) João Pessoa, Brasil. Os excipientes: celulose microcristalina (Microcel
MC101®), glicolato de amido sódico (Explosol®) e croscarmelose sódica (Explosel®)
foram obtidos da Blanver Farmacoquímica.
Misturas Binárias
As misturas binárias de glibenclamida e excipientes foram preparadas em
várias proporções: 2:8; 3:7; 1:1; 7:3; 8:2 (glibenclamida: excipientes) e depois,
analisados por TG e DTA.
Estudos Termogravimétricos
As curvas TG das misturas binárias (1:1) e da glibenclamida foram obtidas
utilizando uma termobalança Shimadzu, modelo TGA 50H, sob fluxo de ar sintético
de 20 mL.min
-1
, usando uma atmosfera de nitrogênio na razão de 50 mL/min., com
razão de aquecimento de 10
o
C.min
-1
, até 900
o
C, por cinco minutos. As amostras
foram acondicionadas em cadinho de alumina com uma massa em torno de 5,5 (
0,5) mg.
Estudos Calorimétricos
As curvas DTA glibenclamida, excipientes e misturas binárias foram obtidas
utilizando um analisador térmico diferencial de marca Shimadzu, modelo DTA-50,
numa atmosfera de nitrogênio de 50mL/min, sendo a massa das amostras
analisadas em torno de 8,0mg, acondicionadas em um cadinho de alumina nas
razões de aquecimento de 10ºC/min até 900ºC. A calibração da temperatura foi
realizada via ponto de fusão e entalpia do padrão Índio (156,6ºC ± 0,3) (28,58J/g ±
0,3) e o ponto de fusão do padrão Zinco (419,5ºC ± 0,3), sob as mesmas condições
para as amostras.
Os dados termoanaliticos foram analisados usando um software TASYS da
Shimadzu.
Resultados e Discussão
As curvas termoanalíticas da glibenclamida são apresentadas na Fig. 1A. Na
curva TG/DTG observa-se que a glibenclamida é estável termicamente até 186,78°C
e apresenta três etapas de decomposição térmica entre 186,78 e 659,97°C (m
1
=
28,06% e T
pico
DTG = 212,62°C; m
2
= 48,91% e T
pico
DTG = 379,35°C; m
3
= 20,98%
e T
pico
DTG = 629,36°C). A curva DTA para a glibenclamida mostra um pico
endotérmico correspondente a temperatura do tempo de fusão em 172,08ºC e calor
de reação de -91,53J/g, correspondente ao ponto de fusão relatado na literatura
(Fig. 1A).
As curvas TG do fármaco glibenclamida e das misturas binárias
fármaco:excipiente (1:1) são apresentadas na Fig. 1B.
Aplicação de Técnicas Termoanalíticas no Estudo de Pré-Formulação de Comprimidos de Glibenclamida SANTOS, A. F. O.
Recife, 2006.
61
Fig. 1. A Curvas TG/DTG e DTA da glibenclamida; B Curvas TG da glibenclamida e misturas
binárias.
Na curva TG da mistura binária glibenclamida:estearato de magnésio (1:1),
verificou-se três etapas de decomposição. Na primeira (29,03 135,42ºC), ocorreu
uma perda de massa de 2,56%, equivalente a volatilização da água. Na segunda
etapa (183,08 552,73ºC), a perda de massa foi a maior, 71,89%, correspondendo
a etapa principal. Na terceira e última etapa de decomposição, iniciada na
temperatura de 552,73ºC e finalizada em 617,21ºC, ocorreu uma perda de massa
correspondente a 19,44%. O resíduo mineral no intervalo de temperatura estudado
foi de 6,11% (Fig. 1B).
O perfil termogravimétrico dinâmico da mistura binária glibenclamida:MC101®
(1:1) apresentou quatro etapas de decomposição. A primeira se deu no intervalo de
29,03 135,42ºC, ocorrendo uma perda de massa de 1,51%, referente a
volatilização da água. Na segunda (190,15 258,57ºC) ocorreu uma perda de
massa de 12,43%. A terceira etapa de decomposição térmica, a principal dessa
mistura, ocorreu no seguinte intervalo: 258,57 529,23ºC, com perda de massa de
61,28%. A quarta e ultima etapa, apresentou uma perda de massa de 23,35%,
iniciando na temperatura de 529,32ºC e finalizando em 697,86ºC. Na faixa de
temperatura: 27,22 697,86ºC, foi obtido um resíduo mineral de 1,53% (Fig. 1B).
Na curva TG da mistura binária glibenclamida:PVP (1:1), verificou-se a
ocorrência de quatro etapas de decomposição. A primeira, equivalente a
volatilização da água, ocorreu na faixa de temperatura: 34,24 95,21ºC, e houve
uma perda de massa de 0,13%. Na segunda etapa (175,26 323,21ºC) ocorreu uma
perda de massa de 15,42%. A terceira etapa de decomposição térmica, a principal
dessa mistura, na qual ocorreu a maior perda de massa, 57,85%, aconteceu no
seguinte intervalo: 323,21 521,03ºC. Na quarta e última etapa de decomposição,
iniciada na temperatura de 521,03ºC e finalizada em 716,40ºC, ocorreu uma perda
de massa correspondente a 22,28%. O resíduo mineral no intervalo de temperatura
estudado foi de 1,93% (Fig. 1B).
O perfil termogravimétrico dinâmico da mistura binária glibenclamida:amido
(1:1) apresentou quatro etapas de decomposição. A primeira se deu no intervalo de
29,36 140,06ºC, ocorrendo uma perda de massa de 3,71%, referente a
volatilização da água. Na segunda (190,50 297,35ºC) ocorreu uma perda de
massa de 13,21%. A terceira etapa de decomposição, considerada a principal,
devido a maior perda de massa, 52,02%, foi iniciada em 296,68ºC e finalizada em
472,31ºC. Na quarta e última etapa de decomposição (472,31 695,42ºC) ocorreu
uma perda de massa correspondente a 29,29%. A decomposição é então finalizada
em torno de 695,42ºC, apresentando um resíduo mineral de 1,77%, que
1 Glibenclamida
2
Gb:Estearato de Mg
3
Gb:MC101
4 Gb:PVP
5
Gb:Amido
6
Gb: Croscarmelose
7
Gb:Glicolato de amido sódico
2
1
3
4
5
6
7
1 Glibenclamida
2
Gb:Estearato de Mg
3
Gb:MC101
4 Gb:PVP
5
Gb:Amido
6
Gb: Croscarmelose
7
Gb:Glicolato de amido sódico
2
1
3
4
5
6
7
DTA
DTG
TG
A B
1 Glibenclamida
2
Gb:Estearato de Mg
3
Gb:MC101
4 Gb:PVP
5
Gb:Amido
6
Gb: Croscarmelose
7
Gb:Glicolato de amido sódico
2
1
3
4
5
6
7
1 Glibenclamida
2
Gb:Estearato de Mg
3
Gb:MC101
4 Gb:PVP
5
Gb:Amido
6
Gb: Croscarmelose
7
Gb:Glicolato de amido sódico
2
1
3
4
5
6
7
DTA
DTG
TG
A B
Aplicação de Técnicas Termoanalíticas no Estudo de Pré-Formulação de Comprimidos de Glibenclamida SANTOS, A. F. O.
Recife, 2006.
62
corresponde ao teor de cinzas da amostra, referente ao intervalo de temperatura de
29,36 695,42ºC (Fig. 1B).
A curva TG da mistura binária glibenclamida:croscarmelose (1:1), apresentou
cinco etapas de decomposição. Na primeira (29,44 158,78ºC), houve uma perda
de massa de 4,88%, equivalente a volatilização da água. Na segunda etapa, iniciada
em 183,97ºC e finalizada em 254,31ºC, ocorreu uma perda de massa de 12,96%. A
terceira etapa de decomposição térmica ocorreu no seguinte intervalo: 254,31
521,29ºC com perda de massa, 49,70%. Na quarta etapa (521,29 719,85ºC)
ocorreu uma perda de massa de 17,81%. Na quinta e última etapa de
decomposição, iniciada na temperatura de 719,85ºC e finalizada em 876,38 ºC,
observou-se uma perda de massa correspondente a 7,96%. O resíduo mineral no
intervalo de temperatura estudado foi de 6,69% (Fig. 1B).
O perfil termogravimétrico dinâmico da mistura binária glibenclamida:glicolato
de amido sódico (1:1) apresentou cinco etapas de decomposição. A primeira,
referente a volatilização da água, ocorreu no intervalo de 30,39 150,50ºC, com
uma perda de massa de 4,09%. A segunda etapa de decomposição aconteceu
numa faixa de temperatura de 183,55 283,11ºC, apresentando uma perda de
massa de 14,15%. A terceira, considerada a principal, devido a maior perda de
massa, 48,97%, ocorreu na seguinte faixa de temperatura: 283,11 485,14ºC. Na
quarta etapa, com início em 485,14ºC e término em 664,69ºC, teve uma perda de
massa correspondente a 21,95%. A quinta etapa, a última, apresentou uma perda de
massa de 4,10%, iniciando na temperatura de 664,69ºC e finalizando em 873,11ºC.
Na faixa de temperatura: 30,39 873,11ºC, foi obtido um resíduo mineral de 6,74%
(Fig. 1B).
Através da técnica DTA foi possível avaliar que a glibenclamida e suas
respectivas misturas binárias, com exceção da glibenclamida:e stearato de
magnésio, não apresentaram interações significativas em relação ao calor de reação
e a temperatura do ponto de fusão. A fusão caracteriza-se por ser um fenômeno
físico, o qual pode ser detectado através das curvas DTA ou DSC, apresentando-se
como um evento endotérmico [6]. Em se tratando da mistura glibenclamida:e
stearato de magnésio observou-se uma diminuição em relação a temperatura de
fusão do fármaco, a medida que ocorreu um aumento na proporção do estearato na
mistura. No entanto quando a proporção do fármaco é superior a do excipiente essa
interação não é visualizada (Fig. 2).
Fig. 2. Curvas DTA da glibenclamida (1) e da mistura
bin
ária, glibenclamida:estearato de magnésio, em
diferentes proporções: 2:8 (2), 3:7 (3), 1:1 (4), 7:3 (5),
8:2 (6).
1
2
3
4
5
6
1 G lib e n c lam id a
2
G b :Es te a rato d e M g 2 :8
3
G b :Es te a rato d e M g 3 :7
4
G b :Es te a rato d e M g 1 :1
5
G b :Es te a rato d e M g 7 :3
6
G b :Es te a rato d e M g 8 :2
1
2
3
4
5
6
1 G lib e n c lam id a
2
G b :Es te a rato d e M g 2 :8
3
G b :Es te a rato d e M g 3 :7
4
G b :Es te a rato d e M g 1 :1
5
G b :Es te a rato d e M g 7 :3
6
G b :Es te a rato d e M g 8 :2
Aplicação de Técnicas Termoanalíticas no Estudo de Pré-Formulação de Comprimidos de Glibenclamida SANTOS, A. F. O.
Recife, 2006.
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Conclusão
Os estudos termoanalíticos para glibenclamida e misturas binárias mostraram
que os excipientes utilizados não apresentaram interações significativas, com
exceção do estearato de magnésio nas proporções: 2:8, 3:7 e 1:1, uma vez que foi
evidenciado um pequeno deslocamento em relação a temperatura do ponto de fusão
do fármaco. Conclui-se com isso que essas proporções não são usuais, visto que o
limite estabelecido para a utilização do estearato de magnésio em formas
farmacêuticas sólidas o ultrapassa 1,0%. Contudo, o estearato de magnésio
continua sendo o excipiente de escolha pela industria farmacêutica, quando se trata
de um agente lubrificante.
Agradecimentos
Os autores agradecem a CAPES pelo suporte técnico e financeiro.
Referências
[1] R. O. Macedo; T. G. do Nascimento. Thermochim. Acta. v. 85, p. 392-393, 2002.
[2] A. C. D. de Medeiros, I. A. de Medeiros; R. O. Macedo. Thermochim. Acta. v. 93,
p 392-393, 2002.
[3] D. Giron. Pharm. Science & Technology Today. (6) (1998) 262.
[4] F. S. de Souza; A. P. G. Barreto; R. O. Macedo. J. Thermal Anal. Cal. 64 (2001)
739.
[5] H. H. El_Shattawy. Drug Development and Industrial Pharmacy, 8(6), p. 819-
831, 1982.
[6] M. A. S. Silva & G. C. Bazzo. Journal of Pharmaceutical Sciences, 41 (3)
(2005) 315.
CAPÍTULO V
ARTIGO IV
Título: Desenvolvimento e Validação de Método Cromatográfico de
Quantificação de Metformina+Glibenclamida
A ser submetido para publicação no Journal of Pharmaceutical and Biomedical
Analysis
DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UM MÉTODO CROMATOGRÁFICO DE
QUANTIFICAÇÃO DE METFORMINA+GLIBENCLAMIDA
Ana Flávia Oliveira Santos
1
, Fábio S. de Souza
2
, Antonilêni F. D. Medeiros
1
, Márcia Ferraz Pinto
2
,
Davi P. de Santana
1
, Rui O. Macêdo
2
1
Depto. de Ciências Farmacêuticas Universidade. Federal de Pernambuco - UFPE, Av. Prof.
Moraes Rego, 1235, - Cidade Universitária, CEP: 50670-901, Recife PE.
2
Laboratórios Unificados de Desenvolvimento e Ensaios de Medicamentos LUDEM Universidade
Federal da Paraíba - UFPB, Campos 1, CEP 58059-900, João Pessoa - PB.
E-mail: affarmacia@yahoo.com.br e ruiomacedo@yahoo.com.br
Resumo
No intuito de controlar a qualidade dos produtos elaborados pela indústria
farmacêutica, o desenvolvimento de novos métodos analíticos é um fator chave para
avaliar a qualidade de uma formulação. Com base nisso, essetrabalho teve como
objetivo desenvolver e validar um método de Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência (CLAE) para quantificação de MET+Gb em associação. No processo de
validação os seguintes parâmetros foram avaliados: especificidade, linearidade,
limite de detecção e quantificação, precisão e exatidão. A metodologia desenvolvida
mostrou-se adequada para a quantificação dos fármacos em estudo, resultando em
respostas rápidas, precisas e seguras, sendo uma alternativa para a indústria
farmacêutica.
Palavras chave: Metformina+Glibenclamida, CLAE, Método analítico.
1. Introdução
A associação metformina+glibenclamida (MET+Gb) foi a primeira e, segue
sendo, a mais freqüente combinação utilizada no tratamento do Diabetes Mellitus
tipo 2. Essa associação é a mais efetiva em reduzir a hemoglobina glicosilada e a
glicemia de jejum. Geralmente, trata-se de pacientes que por suas características,
peso normal ou moderado sobrepeso, receberam no inicio do tratamento
sulfoniluréia e, após aproximadamente 5 anos com essa terapia, por não ter obtido
um bom controle metabólico foi associado a metformina (MET) [1].
A análise de produtos contendo fármacos em associação geralmente
necessita de métodos analíticos que quantifiquem os analitos de maneira rápida e
precisa, uma vez que tais métodos podem ser usados em análises de rotina,
principalmente, quando métodos farmacopéicos inexistem [2]. Embora existam
inúmeras metodologias por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) para a
determinação de MET e Glibenclamida isoladas e para a quantificação de MET+Gb
em fluidos biológicos [3], se faz necessário o desenvolvimento de novos métodos
analíticos rápidos e seguros para quantificação desta associação em comprimidos.
Dessa forma o presente trabalho tem por objetivo desenvolver e validar um
método por CLAE para determinação simultânea de MET+Gb em formas
farmacêuticas sólidas.
2. Experimental
2.1 Materiais
Metformina; Glibenclamida; Glucovance (Merck Santé); Fosfato de Potássio
Dibásico Anidro (KH
2
PO
4
); Hidróxido de Sódio; Dodecil Sulfato de Sódio; Acetonitrila
e Metanol, grau HPLC; Membranas filtrantes de 0,45µm (Millipore).
Desenvolvimento e Validação de um Método Cromatográfico de Quantificação de Metformina+Glibenclamida SANTOS,
A. F. O. Recife, 2006.
66
2.2 Instrumental
O cromatógrafo utilizado foi um HPLC da Shimadzu, constituído de: uma
bomba (LC-10ATvp); um forno para a coluna (CTO 10ASvp); um sistema controlador
(SCL-10Avp); e um detector com arranjo de diodos (SPD-M10Avp). O software para
aquisição e processamento dos dados foi o Class-VP, versão 6.1, também da
Shimadzu.
2.3 Condições Cromatográficas
O HPLC foi configurado para detecção por ultravioleta (scan na faixa de 190 à
400nm e um canal de detecção configurado para 225 e 232nm). Como fase
estacionária foi utilizada uma coluna fase reversa C
18
250 X 4,6mm, 5µ (Shimadzu).
A fase móvel, constituída de Dodecill Sulfato de Sódio, Acetonitrila (37,5%) e Fosfato
de Potássio Dibásico Anidro (62,5%), foi bombeada numa razão de fluxo 1mL/min., e
o pH ajustado para 7,3, usando Hidróxido de Sódio. A preparação da fase móvel foi
submetida a filtração em filtros Millipore de 0,45µm e desgaseificada em ultra-som
antes da utilização. Baseado no espectro UV, a MET e Gb foram detectadas nos
seguintes comprimentos de onda: 232 e 225nm, respectivamente.
2.4 Preparação das Amostras
Para preparação da solução padrão, foi utilizada MET e Gb, de modo a obter
concentração final de 150,0µg/mL (MET) e 1,50µg/mL (Gb). A MET foi solubilizada
em fase móvel, enquanto que a Gb, em Metanol. A partir do padrão das substâncias
isoladas, foi obtido um padrão de trabalho contendo MET+Gb associadas,
solubilizado em fase móvel, de forma a obter as mesmas concentrações.
Foram utilizados comprimidos de MET+Gb 500mg (Glucovance
) para o
desenvolvimento e validação do método de quantificação, utilizando as
concentrações de 150,0µg/mL (MET) e 1,50µg/mL (Gb) para todos os estudos,
exceto nos ensaios de recuperação realizados com o comprimido, nos quais foram
adicionados padrões das substâncias, de modo a obter concentrações de
300,0µg/mL (MET) e 3,00µg/mL (Gb).
2.5 Parâmetros de Validação do Método
2.5.1 Especificidade
A especificidade foi avaliada com fundamento na capacidade do método
analítico em diferenciar um analito(s) em relação aos possíveis interferentes.
2.5.2 Curvas de Calibração e Linearidade
A curva de calibração foi obtida para as duas substâncias isoladas, utilizando
padrões de trabalho. Para a MET as concentrações utilizadas foram: 10,0; 20,0;
40,0; 80,0; e 200,0µg/mL; e para Gb: 1,25; 2,50; 5,00; 10,0; e 25,0µg/mL
A linearidade foi avaliada com os dados obtidos na curva: inclinação da reta,
intercepto e coeficiente de correlação.
2.5.3 Limite de Detecção e Quantificação
O limite de detecção (LD) e o limite de quantificação (LD) foram calculados
seguindo as equações abaixo [4]:
LD = 3,0 * DP
a
/ IC (Equação 1)
LQ = 10,0 * DP
a
/ IC (Equação 2)
Desenvolvimento e Validação de um Método Cromatográfico de Quantificação de Metformina+Glibenclamida SANTOS,
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67
Onde: DP
a
é o desvio padrão obtido a partir da curva de calibração do
fármaco em estudo; IC é a inclinação da curva.
2.5.4 Precisão
A precisão foi avaliada a partir da repetibilidade (precisão intradia e interdia).
2.5.5 Parâmetros de Exatidão
A recuperação foi calculada como porcentagem de recuperação da
quantidade conhecida do analito adicionada à amostra. A exatidão foi determinada
em relação ao valor experimental e o valor teórico dos padrões.
3. Resultados e Discussão
3.1. Especificidade
Os cromatogramas das soluções padrão de MET e Gb mostraram uma boa
resolução, sendo o tempo de retenção da MET, em torno de 4,5 minutos, e a Gb, em
torno de 8,5 minutos (Fig. 1).
Fig. 1 Cromatogramas do padrão Metformina, 232nm (A) e do padrão Glibenclamida, 225nm (B).
As soluções da mistura MET+Gb apresentaram valores de resolução acima
de 2,0. Em relação as soluções individuais dos padrões, o método mostrou-se
seletivo devido a capacidade de distinguir ambas as substâncias através dos
diferentes comprimentos de onda (Fig. 2).
Fig. 2 Cromatogramas da mistura MET+Gb, 232nm (A) e da mistura MET+Gb, 225nm (B).
Avaliando os espectros uni e bi-dimensional das subst
âncias MET e Gb na
mistura nenhuma interferência de co-eluição foi observada nos comprimentos de
A
B
A
B
A
B
A
B
Desenvolvimento e Validação de um Método Cromatográfico de Quantificação de Metformina+Glibenclamida SANTOS,
A. F. O. Recife, 2006.
68
onda analisados. Este fato associado com a boa resolução entre as duas
substâncias comprova a especificidade do método para avaliar ambos os fármacos
na mesma corrida cromatográfica (Fig.3 e 4).
Fig. 3 Espectro unidimensional (A) e bi-dimensional (B) da Gb na mistura MET+Gb, 225nm (B).
Fig. 4 Espectro unidimensional (A) e bi-dimensional (B) da MET na mistura MET+Gb, 232nm (B).
3.2 Linearidade
A linearidade da resposta para MET e Gb foi determinada em uma faixa de
concentração de acordo com o método descrito na metodologia. Os resultados
representados graficamente nas Fig. 5A e 5B apresentaram uma linearidade na faixa
específica para ambas as substâncias (Critério de aceitação: coeficiente de
correlação não deveria ser menor que 0,99).
Fig. 5 Curvas de calibração da metformina (A) e glibenclamida (B).
A
B
A
B
B
A
B
A
Curva de Calibração da Glibenclamida
y = 56135x - 844,09
R
2
= 1
0
400000
800000
1200000
1600000
0 5 10 15 20 25 30
Conc. (µg/mL)
Área
Curva de Calibração da Metformina
y = 81894x + 162097
R
2
= 0,9999
0
4000000
8000000
12000000
16000000
0 50 100 150 200 250
Conc. (µg/mL)
Área
A
B
Curva de Calibração da Glibenclamida
y = 56135x - 844,09
R
2
= 1
0
400000
800000
1200000
1600000
0 5 10 15 20 25 30
Conc. (µg/mL)
Área
Curva de Calibração da Metformina
y = 81894x + 162097
R
2
= 0,9999
0
4000000
8000000
12000000
16000000
0 50 100 150 200 250
Conc. (µg/mL)
Área
A
B
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3.3 Limite de Detecção e Limite de Quantificação
O limite de detecção (LD) e quantificação (LQ) foram calculados a partir da
equação da reta de ambos os fármacos, obtendo-se valores da ordem de 0,84µg/mL
e 2,79µg/mL para MET, 0,09µg/mL e 0,30µg/mL para Gb, respectivamente.
3.4 Precisão
3.4.1 Precisão do Sistema
As soluções padrão de MET e Gb foram injetadas cinco vezes no sistema
cromatográfico. Os resultados mostrados na Tabela 1 indicam um nível de precisão
aceitável para o sistema analítico. (Critério de aceitação: o desvio padrão (DP) deve
ser não mais que 2%).
Tabela 1 Precisão do sistema.
Injeção
Área da MET
(µV*seg.)
Área da Gb
(µV*seg.)
1 13579053 88093
2 13522501 88005
3 13766676 86425
4 13551882 85483
5 13771831 84124
Média 13638388,60 86426
DP 121138,94 1692,67
CV(%) 0,88 1,9
3.4.2 Precisão do Método
O ensaio foi realizado em quintuplicata, em três dias consecutivos, tomando
como amostra vinte comprimidos da associação MET+Gb (Glucovance
) de acordo
com o método proposto. Os valores percentuais de ambos os fármacos na
associação o mostrados nas Tabelas 2 e 3. O valor do DP indica que o método
tem um nível de precisão aceitável (Critério de aceitação: DP não dever ser maior
que 5%).
Tabela 2 Precisão intradia do método.
Metformina Glibenclamida
Amostra
1º dia %
2º dia % 3º dia %
1º dia %
2º dia %
3º dia %
1 103,43
103,98
102,87 101,11 100,82 100,97
2 102,11
102,47
101,75 101,12 98,41 99,76
3 102,23
102,91
101,55 100,87 101,61 101,24
4 103,98
104,47
103,49 104,07 102,75 103,41
5 105,38
103,75
106,35 104,58 101,59 103,08
Média 103,43
103,52
103,20 102,35 101,04 101,69
DP 1,35
0,81
1,93 1,81 1,62 1,53
CV% 1,31
0,79
1,87 1,77 1,60 1,50
Desenvolvimento e Validação de um Método Cromatográfico de Quantificação de Metformina+Glibenclamida SANTOS,
A. F. O. Recife, 2006.
70
Tabela 3 Precisão interdia do método.
Amostra % de MET % de Gb
1 103,43 100,97
2 102,11 99,76
3 102,23 101,24
4 103,98 103,41
5 105,16 103,08
Média 103,38 101,69
DP 1,27 1,53
CV 1,23 1,50
3.5 Parâmetros de Exatidão
3.5.1.Recuperação
Quantidades conhecidas de MET foram adicionadas, individualmente, em
uma solução de concentração conhecida de 5,0mg, correspondente a dosagem de
Gb na associação, de modo a obter concentração final de 40,0; 80,0; 120,0; 160,0; e
200,0µg/mL para MET, e de 2,0µg/mL para Gb. As amostras foram analisadas pelo
método proposto e os resultados são apresentados nas Tabelas 4, 5 e 6, indicando
que o método tem um nível de recuperação aceitável (Critério de aceitação: %
recuperação média na faixa de 95-105%).
Tabela 4 Recuperação do método em diferentes níveis de concentração de MET na mistura.
Metformina Glibenclamida
Qtd. ad.
(mg)
Qtd. rec.
(mg) **
% rec. **
Qtd. ad.
(mg)
Qtd. rec.
(mg) **
% rec. **
100,0 99,78
99,78
5,0 4,80 95,93
200,0
203,04 101,52
5,0 4,82 96,44
300,0
303,72 101,24
5,0 4,80 96,07
400,0
399,18 99,79
5,0 4,76 95,16
500,0
479,85 95,97
5,0 4,77 95,45
* rec. (recuperada); Qtd. (quantidade); ad. (adicionada). ** n = 3.
Tabela 5 Recuperação do método para comprimidos de MET+Gb (MET 500mg; Gb 5,0mg),
para o nível de recuperação de 100%.
Metformina Glibenclamida
Nível de
rec.
Qtd. MET.
(mg) **
Qtd. rec.
(mg) **
% rec.
**
Qtd. Gb.
(mg) **
Qtd. rec.
(mg) **
% rec. **
100% 500,0 487,18 97,44 5,0 4,83 96,70
100% 500,0 494,88 98,88 5,0 4,91 98,20
100% 500,0 494,04 98,81 5,0 4,95 99,02
Média 492,03 98,41 Média 4,90 97,97
DP 4,23 0,85 DP 0,06 1,18
CV (%) 0,86 0,86 CV (%) 1,20 1,20
* rec. (recuperada); Qtd. (quantidade); ad. (adicionada). ** n = 3.
Desenvolvimento e Validação de um Método Cromatográfico de Quantificação de Metformina+Glibenclamida SANTOS,
A. F. O. Recife, 2006.
71
Tabela 6 Recuperação do método para comprimidos de MET+Gb (MET 500mg; Gb 5,0mg)
para o nível de recuperação de 200%.
Metformina Glibenclamida
Nível de
rec.
Qtd. ad.
(mg) **
Qtd. rec.
(mg)**
% rec.
**
Qtd. ad.
(mg) **
Qtd. rec.
(mg)**
% rec. **
200% 1000,0 886,00 88,60 10,0 9,67 96,66
200% 1000,0 899,15 89,92 10,0 9,77 97,74
200% 1000,0 900,15 90,01 10,0 9,79 97,90
Média 895,10 89,51 Média 9,74 97,43
DP 7,89 0,79 DP 0,07 0,68
CV (%) 0,88 0,88 CV (%) 0,69 0,69
* rec. (recuperada); Qtd. (quantidade); ad. (adicionada). ** n = 3.
*** Os valores calculados foram determinados com base no teor adicionado.
3.5.2 Exatidão do Método
A exatidão foi determinada utilizando quinze amostras, visando avaliar o grau
de acurácia do método frente ao valor teórico do padrão de MET e Gb. Os valores
obtidos, apresentados na Tabela 7, estão de acordo com as exigências
estabelecidas pela RE 899/2003, da ANVISA, visto ter mostrado valor experimental
de 516,91mg para MET e 5,08mg para Gb, estando próximos aos valores
verdadeiros, 500,0mg e 5,00mg, respectivamente, com erro absoluto e relativo de
0,034; 3,40% para MET e 0,017; 1,70% para Gb.
Tabela 7 Exatidão do método.
Amostras Metformina (mg) Glibenclamida (mg)
1
517,15 5,06
2
510,55 5,06
3
511,15 5,04
4
519,90 5,20
5
526,90 5,23
6
519,90 5,04
7
512,35 4,92
8
514,55 5,08
9
522,35 5,14
10
518,75 5,08
11
514,35 5,05
12
508,75 4,99
13
507,75 5,06
14
517,45 5,17
15
531,75 5,15
Média
516,91 5,08
Erro absoluto
0,034 0,017
Erro relativo (%)
3,40 1,70
4. Conclusão
O método cromatográfico desenvolvido apresentou-se adequado para a
quantificação em comprimidos de MET e Gb associados, capaz de gerar resultados
rápidos e confiáveis do ponto de vista analítico.
Desenvolvimento e Validação de um Método Cromatográfico de Quantificação de Metformina+Glibenclamida SANTOS,
A. F. O. Recife, 2006.
72
Agradecimentos
Os autores agradecem o financiamento da CAPES/CNPq/ANVISA-MS/FINEP
como suporte técnico e financeiro para esta pesquisa.
5. Referências
[1] GARBER, A. J.; DONOVAN, D. S.; DANDONA, P. Jr. et al. The Journal of
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[2] RAO, N. R.; NAGARUJU, V. Journal of Pharmaceutical and Biomedical
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[3] ABURUZ, S.; MILLERSHIP, J.; McELNAY, J. Journal of Chromatography B. v.
817, p. 227-286, 2005.
[4] BRASIL, Ministério da Saúde. Anvisa. Resolução RE 899, de 29 de maio de
2003. Determina a publicação do Guia para Validação de Métodos Analíticos e
Bioanalíticos. DOU de 02 de junho de 2003.
CONCLUSÕES
Dissertação de Mestrado - Desenvolvimento de Métodos Analíticos para a Associação de Metformina + Glibenclamida em
Comprimidos SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
74
5 CONCLUSÕES
Os dados térmicos mostraram que os excipientes avaliados foram
compatíveis quimicamente com os fármacos, exceto amido e lactose.
O método cromatográfico desenvolvido e validado foi satisfatório para
determinação simultânea dos dois fármacos.
PERSPECTIVAS
Dissertação de Mestrado - Desenvolvimento de Métodos Analíticos para a Associação de Metformina + Glibenclamida em
Comprimidos SANTOS, A. F. O. Recife, 2006.
76
PERSPECTIVAS
Formular os comprimidos de Metformina 500mg+Glibenclamida 5mg
para obtenção de três lotes do medicamento, na forma farmacêutica sólida.
Realizar estudos de equivalência farmacêutica.
Realizar estudos de biodisponibilidade relativa.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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[40] BRASIL, Ministério da Saúde. Anvisa. Resolução RE 899, de 29 de maio de
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