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No período de taxa constante (trecho BC da Figura 2.10) o material apresenta
elevada umidade, com formação de um filme de água sobre toda a superfície de secagem
(regime de saturação, Figura 2.9). Nesta condição, a remoção do líquido se assemelha à
evaporação da água de uma superfície líquida livre (ARNOSTI JUNIOR;
INNOCENTINI; PANDOLFELLI, 1999; PACHECO, 2002; SCHERER, 1990;
SHEROOD, 1930). O rápido deslocamento do fluido por meio da capilaridade mantém a
superfície externa saturada evitando sua exposição e, conseqüentemente, um aumento da
energia do sistema (MOYERS; BALDWIN, 1997; SCHERER, 1990). Como nesta fase
os poros estão cheios, a tensão desenvolvida no líquido é baixa e o raio de curvatura do
menisco é grande, idêntico para poros de diferentes dimensões e permanece na superfície
líquida do corpo (SCHERER, 1990; URSO; LAWRENCE; ADAMS, 1999;
SCHEIDEGGER, 1960). Entretanto, à medida que o processo de evaporação avança, os
poros permanecem parcialmente cheios de líquido, o número de pontes intersticiais se
eleva, o menisco torna-se curvo, movendo-se em direção ao interior dos poros
(SCHERER, 1990; HEIM et al., 2006). É durante o período de taxa constante que ocorre
a maior parte do processo de contração dos sólidos e as tensões de secagem aumentam ao
máximo (SCHERER, 1990).
O final do PTC e início do primeiro período de taxa decrescente (PTD1, trecho CD
da Figura 2.10) é marcado por insuficiente volume de água na superície de secagem,
denominado de “ponto crítico” ou “ponto de umidade crítica” (ponto X
C
) (ARNOSTI
JUNIOR; INNOCENTINI; PANDOLFELLI, 1999; LEWIS, 2000; MOYERS;
BALDWIN, 1997; SCHERER, 1990). Após o “ponto crítico” o líquido passa a ser
removido dos poros de maiores diâmetros, com o objetivo de suprir a superfície externa e
os poros de menores dimensões (SCHERER, 1990). Os vazios oriundos da perda de água
são substituídos por ar, as partículas cicundadas por uma delgado filme se tocam e a
contração do corpo cessa (FOUST et al., 1960; MOYERS; BALDWIN, 1997). A medida
que o processo de evaporação avança, o raio do menisco recua para o interior dos poros
(condição funicular, Figura 2.9), reduzindo a área disponível para troca de massa
(LEWIS, 2000; PACHECO, 2002; RAHAMAN, 2003a; SHEROOD, 1930).