Download PDF
ads:
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS AMBIENTAIS
JOCILENE FERREIRA DA COSTA
DESEMPENHO DE WETLANDS CONSTRUÍDAS (BANHADOS
CONSTRUÍDOS) NO TRATAMENTO DE MANIPUEIRA
CAMPO GRANDE/MS
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS
AMBIENTAIS
JOCILENE FERREIRA DA COSTA
DESEMPENHO DE WETLANDS CONSTRUÍDAS (BANHADOS
CONSTRUÍDOS) NO TRATAMENTO DE MANIPUEIRA
Dissertação apresentada para obtenção
do grau de Mestre no Programa de Pós-
Graduação em Tecnologias Ambientais
da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, na área de concentração
em Saneamento Ambiental e Recursos
Hídricos.
ORIENTADOR: Prof.ª Dr.ª Paula Loureiro Paulo
Aprovada em:
Banca Examinadora:
Prof.ª Dr.ª Paula Loureiro Paulo
Orientadora – UFMS
Prof. Dr. Carlos Nobuyoshi Ide Drª. Matildes Blanco
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Campo Grande, MS
ads:
3
2009
Ficha catalográfica preparada pela
COORDENADORIA DA BIBLIOTECA CENTRAL/UFMS
Costa, Jocilene Ferreira.
Desempenho de wetlands construídas (banhados construídos) no
tratamento de manipueira / Jocilene Ferreira da Costa – Campo
Grande, 2009.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul, 2009.
Orientador: Profª. Drª. Paula Loureiro Paulo
1. biomassa verde. 2. fecularia. 3. tangola.
4
DEDICATÓRIA
Ao meu pai, Crescêncio U. da Costa
(in memorian), meu Anjo eterno, meu
primeiro e grande professor, infelizmente
não foi possível estar ao meu lado em mais
essa vitória, mas tenho certeza de que está
sempre ao meu lado, cuidando de mim.
A minha mãe Leonina F. da Costa, meu
maior exemplo, minha grande rainha, sei
que suas orações sustentam meu espírito e
me fazem suportar os momentos difíceis da
vida.
DEDICO
iii
5
AGRADECIMENTOS
A Profª Drª Paula Loureiro Paulo, mais que uma orientadora neste
trabalho, me ensinou a enxergar as coisas da vida de uma forma mais ampla, me
fez confiante e com a certeza de que é possível continuar no caminho quando se
tem um objetivo. Obrigada pela paciência e pela excelente orientação.
A Deus que tudo pode e que nos dá a condição, de alcançarmos nossos
objetivos.
A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul pela infra-estrutura
disponibilizada.
Ao Prof. Dr. Carlos Nobuyoshi Ide, prestativo nos momentos de dúvidas
e pronto a colaborar a qualquer momento, sempre transmitindo seus
conhecimentos.
Ao Secretário de Estado de Meio Ambiente, das Cidades, do
Planejamento, da Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul, Engº
Carlos Alberto Negreiros Said Menezes, pelo apoio, sua preciosa ajuda foi muito
importante para a realização das análises do solo desta pesquisa.
Aos funcionários do Laboratório de Solos do Departamento de
Hidráulica e Transporte do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da UFMS,
pela ajuda e atenção dispensadas.
Aos técnicos do Laboratório de Qualidade Ambiental – LAQUA pelo
apoio técnico prestado.
Ao Prof. Mestre José Luiz Gonçalves pelas sugestões e pela colaboração
nas amostras do capim Tangola e do solo da Chácara Águia.
A Estagiária aluna do curso de Engenharia Ambiental Aline da Silva
Ribeiro pela amizade e auxílio proporcionado.
A todos os professores, colegas e funcionários do PGTA pelo apoio.
Ao Arquiteto Wilson Vieira Felipe, pelo companheirismo, pelo ombro
amigo, por enxugar minhas lágrimas nos momentos de tristeza, pelo amor
doado, pela alegrias que me proporcionou e incentivo, principalmente, nos
momentos de incertezas.Me deu confiança e fortaleza na condução de minha
vida.
A minha amiga irmã de coração Engª Florestal Adriana dos Santos
Damião pelos momentos de alegrias, pelo apoio e força estimuladora. Que a
nossa amizade seja eterna.
6
Ao Gerente de Licenciamento Ambiental do IMASUL Engº Paulo
Roberto Aquino pela amizade, compreensão e auxílio.
Ao Prof. Natálio Abrão Metereologista da UNIDERP pela
disponibilização dos dados climatológicos.
A amiga Psicóloga Marley Abdo, pelos conselhos nos momentos difíceis
na fase da pesquisa, por me fazer acreditar que posso e que sou uma grande
mulher.
Aos meus pais Crescêncio (in memorian) e Leonina, exemplos de
trabalho, pelo amor dado, pelos ensinamentos, perseverança e fé em Deus,
valores estes, que alicerçaram minha vida.
Aos meus irmãos Jocinele, Joélcio, Jonilce e Joilson, pela nossa união,
mesmo longe de mim são fontes inesgotáveis de amor, carinho, apoio e presença
constante em minha vida.
Aos meus sobrinhos Vaniélcio, Bruno, Douglas, Vinícius, Jayane, e a
pequena Vitória Helena, que mesmo distante, seus beijos e abraços são constante
fonte de motivação e entusiasmo.
Aos meus cunhados e cunhadas pela amizade e torcida
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta
pesquisa.
iv
7
"A ecologia rasa é antropocêntrica, ou
centralizada no ser humano. Ela
vê os seres humanos como situados
acima ou fora da natureza, como a fonte
de todos os valores, e atribui apenas um
valor instrumental, ou de "uso", à
natureza. A ecologia profunda não
separa seres humanos - ou qualquer
outra coisa – do meio ambiente natural.
Ela vê o mundo não como uma coleção
de objetos isolados, mas como uma rede
de fenômenos que estão
fundamentalmente interconectados e são
interdependentes. A ecologia reconhece
o valor intrínseco de todos os seres
vivos e concebe os seres humanos
v
8
apenas como um fio particular na teia
da vida”.
CAPRA, (1996).
SUMÁRIO
vi
9
DEDICATÓRIA ....................................................................................................................... iii
AGRADECIMENTOS ..............................................................................................................iv
EPÍGRAFE ...............................................................................................................................vi
SUMÁRIO............................................................................................................................... vii
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................. viii
LISTA DE TABELAS...............................................................................................................ix
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS.................................................................................x
LISTA DE SÍMBOLOS.......................................................................................................... xiii
RESUMO.................................................................................................................................xiv
ABSTRACT.............................................................................................................................xiv
CAPÍTULO I ..............................................................................................................................1
1.INTRODUÇÃO GERAL ........................................................................................................1
1.1.Industrialização da mandioca..............................................................................................1
1.1.1Processos Produtivos ........................................................................................................1
1.1.1.1.Processo de obtenção da fécula de mandioca .............................................................1
1.1.1.2.Processo de obtenção de farinha de mandioca............................................................2
1.1.1.3.Fecularias e Farinheiras no Mato Grosso do Sul.........................................................3
1.2.Manipueira ............................................................................................................................4
1.3.Possibilidades de tratamento para uma manipueira..............................................................5
1.4.Wetlands construídos ............................................................................................................5
1.4.1.Tipos de wetlands ...........................................................................................................7
1.4.2.Vegetações utilizadas em wetlands .................................................................................8
1.5.Remoção de poluentes em sistemas de wetlands .................................................................9
1.6.Relação Solo-Planta ...........................................................................................................10
1.6.1.Nutrientes ......................................................................................................................11
1.7.Evapotranspiração ..............................................................................................................12
CAPÍTULO II - Artigo ............................................................................................................14
Introdução ................................................................................................................................14
Material e Métodos ..................................................................................................................16
Resultados e Discussão ............................................................................................................22
Conclusão/Referências Bibliográficas .....................................................................................30
LISTA DE FIGURAS
vii
10
Figura 1
Fluxograma geral do processo produtivo de fecularias.......................
2
Figura 2 Fluxograma geral de uma farinheira.....................................................
3
Figura 1-Art. Perspectiva das wetlands construídas –
Vegetadas..............................................................................................
17
Figura 2 Corte longitudinal dos wetlands construídos – vegetados.................... 18
Figura 3 Relação do volume evapotranspirado, volume aplicado e média de
crescimento...........................................................................................
23
Figura 4 Média de macronutrientes foliares nos
períodos.................................................................................................
26
Figura 5 Média de micronutrientes foliares nos períodos.................................... 27
Figura 6 Média de macronutrientes no solo (substrato) nos períodos.................
27
Figura 7 Média de micronutrientes no solo (substrato) nos períodos. .................
28
LISTA DE TABELAS
viii
11
Tabela 1 Fecularias do Estado de Mato Grosso do Sul com respectivas
capacidades nominais de produção por safra .....................................
3
Tabela 1-Art. Condições da manipueira aplicada, crescimento, precipitação,
parâmetros físico-químicos na entrada e saída das wetlands
construídas e percentagem de remoção (todos média dos
períodos).............................................................................................
22
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ix
12
ABAM - Associação Brasileira de Produtores de Mandioca
ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
APHA - American Public Health Association
B - Boro
BRANCO - Banhado não vegetado (sem Tangola)
(BR
1
/ BR
2
/ BR
3
)
Ca - Cálcio
CH - Carga Hidráulica
g.CaCo
3
L
-1
- Gramas Carbonato de Cálcio por Litros
CCET - Centro de Ciências Exatas e Tecnologia
Cl - Cloro
Cm - Centímetro
CN - Cianeto
Cu - Cobre
DBO
5
- Demanda Bioquímica de Oxigênio, encubada por cinco dias a
20ºC
DQO - Demanda Química de Oxigênio
DHT - Departamento de Hidráulica e Transportes
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPA - United States Environmental Protection Agency
ETE - Estação de Tratamento de Esgoto
Eto - Evapotranspiração de Referência
Fe - Ferro
g. L
-1 -
Gramas por Litros
g.d
-1
- Gramas por Dia
h - Hora
H - Hidrogênio
ha .d-¹ - Hectare Dia
-1
hab. d
-1
- Habitante Dia
-1
HAGR - Hargreaves
HCN - Ácido Cianídrico
IAGRO - Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal
K - Potássio
x
13
Kc - Coeficiente de Cultura
kg - Quilograma
kg. ha
-1 -
Quilogramo por Hectare
L.t
-1 -
Litros por Toneladas
LAQUA - Laboratório de Qualidade Ambiental do DHT/CCET/UFMS
m - Metros
mm - Milímetros
m³. t
-1 -
Metro Cúbico por Tonelada
mg.L
-1
- Miligrama por Litro
Mg - Magnésio
mg.SST.L
-1 -
Miligrama Sólidos Suspensos Totais por Litros
mg.PO
4
2
.L
-1 -
Miligrama Fosfato por Litros
Mn - Manganês
MO - Matéria Orgânica
MS - Mato Grosso do Sul
N - Nitrogênio
N
2
- Gás Nitrogênio
NaHCo
3 -
Bicarbonato de Sódio
NO
2
-
-
Nitrito
NO
3
- -
Nitrato
OH
- -
Hidroxila
P - Fósforo
PE - Pernambuco
PET - Polietileno Tereftalato
pH - Potencial Hidrogeniônico
PVC - Policloreto de Vinila
RJ - Rio de Janeiro
S - Enxofre
SO
4
-2
- Sulfato
SEPLANCT - Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia
SEPROTUR - Secretaria de Estado da Produção e Turismo
SIC - Superintendência de Indústria e Comércio
SST - Sólidos Suspensos Totais
TDH - Tempo de detenção hidráulica
xi
14
t.ha
-1
- Toneladas por Hectare
UASB - Digestor Anaeróbio de Fluxo Ascendente
UNT - Unidade Nefelométrica de turbidez
UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
USEPA - United States Environmental Protection Agency
Zn - Zinco
W
1
W
2
W
3 -
Wetlands construídas vegetadas com Tangola
WCFS - Wetlands construídas de Fluxo Superficial
WCFSS - Wetlands construídas de Fluxo Subsuperficial
WCFV - Wetlands construídas de Fluxo Vertical
µS. cm
-1
- Microsiemens por Centímetros
LISTA DE SÍMBOLOS
xii
15
% - Porcentagem
Ø - Diâmetro
ºC - Graus Celsius
xiii
16
RESUMO
O objetivo da presente pesquisa foi avaliar a possibilidade da aplicação de wetlands
construídas (banhados construídos) de fluxo subsuperficial visando diminuir a carga
poluidora de efluentes de fecularia (Manipueira) e produzir biomassa verde. O estudo
foi realizado em escala de laboratório, em (4) quatro unidades de vidro, usando areia
fina como substrato, onde 3( três) unidades foram plantadas com a gramínea Tangola
(híbrido Brachiaria arrecta (Tanner) x Brachiaria mutica (Angola)). A manipueira foi
aplicada em diferentes condições, sendo que no Período I (91 dias de duração) com
Demanda Química de Oxigênio (DQO) (16 g.L
-1
), com pH de 4,29;no Período II,
manipueira tratada em reator anaeróbio em pH neutro (153 dias) e, no Período III foi
feita a adição de bicarbonato de sódio (pH em torno de 6) em manipueira diluída a 6
g.L
-1
(31 dias) e 16 g.L
-1
(67 dias).As wetlands construídas, no Período I, considerado
com as condições mais desfavoráveis para o desempenho do sistema (inverno, baixa
precipitação, alta carga orgânica e baixo pH) apresentaram uma remoção considerável
de DQO (42%), sólidos suspensos (92%), turbidez (95%), nitrogênio (78%) e fósforo
(97%).No Período II não houve saída de efluentes para coleta de amostras.No Período
III (maiores precipitações,pH 6, DQO
média
em torno de 6g.L
-1
apresentou-se remoção de
DQO(68%),Alcalinidade(23%),Turbidez(73%),Salinidade(2,5%). A produção da
biomassa verde variou com as condições climáticas e características da manipueira
aplicada, bem como as concentrações de macro e micronutrientes foliares e no
substrato. O período de maior produtividade foi o período III, com média de 1,03 g.d
-1
.
Palavras-Chave: biomassa verde, filtros plantados, fecularia, gramínea, tangola,
nutrientes.
ABSTRACT
The objective of this research was to assess the possibility of applying subsuperficial
flow constructed wetlands to lower the pollution load from cassava processing
wastewater (cassava wastewater) and to produce Green biomass. The study was
performed at lab-scale by using 4 glass units, with fine sand as substrate, where 3 units
were cultivated with Tangola grass (hybrid Brachiaria arrecta (Tanner) x Brachiaria
mutica (Angola)). The cassava wastewater was applied in different conditions: in Period
I (91 days duration time) conditions were a high chemical oxygen demand (COD) of 16
g.L
-1
and a pH of 4,29; Period II, the cassava wastewater was previously treated in a
anaerobic reactor and presented a slightly basic pH (153 days) and, Period III, the
addition of sodium bicarbonate (pH around 6) in diluted cassava wastewater to 6 g.L
-1
of COD (31 days) and 16 g.L
-1
COD (67 days). In Period I, which was the period with
the most adverse conditions (winter time, low rainfall, high organic loading rate and low
pH), the constructed wetlands showed considerable removal of COD (42%), suspended
solids (92%), turbidity (95%), nitrogen (78%) and phosphorus (97%). The production
and quality of the green biomass varied according to climatic conditions and the
characteristics of the cassava wastewater as well as the concentration of macro and
micronutrients present in the leaves and substrate. The period with the highest
production was period III with mean 1,03 g.d
-1
.
Key-words: green biomass, cultivated filters, cassava processing industry, grass,
tangola, nutrients.
xiv
1
CAPÍTULO I
1. INTRODUÇÃO GERAL
O Estado de Mato Grosso do Sul (MS) não apresenta problemas relacionados a água de
ordem quantitativa, mas, principalmente, de ordem qualitativa e ocorre, em função de diversas
formas de poluição, afetando tanto as águas superficiais quanto as subterrâneas de áreas
urbanas, exigindo tratamentos cada vez mais complexos, e nem sempre eficientes (PEREIRA
& BALTAR, 2000). A predominância da agroindústria no Mato Grosso do Sul, tem
contribuído para poluição industrial e é um dos principais fatores responsáveis pela
degradação dos recursos hídricos do Estado, pois muitos desses empreendimentos não contam
com um sistema de tratamento para efluentes com eficiência para atender as legislações
ambientais brasileiras e as de Mato Grosso do Sul (MS).
1.1 Industrialização da mandioca
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma planta tropical, perene e lenhosa, cultivada
tradicionalmente em solos de baixa fertilidade e com pouco uso de insumos, pode ser
propagada por meio de estacas ou de sementes. A raiz da mandioca é um dos alimentos
básicos da população brasileira, principalmente para a de baixa renda. Porém, mais do que
isso, a indústria de beneficiamento da raiz vem apresentando um significativo
desenvolvimento, garantindo a presença dos seus subprodutos como matéria-prima em uma
série de indústrias, tanto alimentícias quanto não-alimentícias (GAMEIRO, 2002).
1.1.1 Processos produtivos
1.1.1.1 Processo de obtenção da fécula de mandioca
Segundo PARIZOTTO (1999), as raízes da mandioca, ao chegarem à indústria, são pesadas e
posteriormente verificado o teor de amido através de um lavador de raízes de laboratório e de uma
balança hidrostática. Em seguida, as raízes são descarregadas mecanicamente em moegas. A
lavagem é feita debaixo d’água por meio de pás de ferro revestidas com borracha. O “leite de
fécula” livre das fibras contém, ainda, outros componentes solúveis como proteínas, lipídeos e
açúcares que serão separados na etapa de refinação, juntamente com a água. Esta suspensão é
denominada “água vegetal”, (também chamada de manipueira), conforme figura 1. Para a
purificação são utilizadas centrífugas que apresentam discos cônicos dentro do rotor. A fécula
refinada segue para um filtro rotativo a vácuo visando remoção parcial da umidade (40-45%) e,
2
após esta etapa, passa por um secador pneumático onde, em tempo bastante curto, é desidratada de
acordo com o teor de umidade final desejado (VILELA & FERREIRA, 1987).
Figura 1 - Fluxograma geral do processo produtivo de fecularias.
Descascament o
Pi cador
Ext r ação
Concentrão e Refinament o
do Amido ( Centrífuga)
Secagem
Penei r amento (Classificão)
Embalagem
Água
Retirada de Impur ezas
Desidratação 2ª Centrífuga
Moagem
Água
Ca sca s
Água Vegetal
Água Vegetal
Desidrat ação
Peneiras Cônicas Rotativas
Água
Água proveniente da 1ª centrífuga
Água proveniente da 2ª centrífuga
Fonte: Adaptado de VILPOUX (2003).
1.1.1.2 Processo de obtenção da farinha de mandioca
Devido ao elevado teor de umidade das raízes de mandioca recém-colhidas, este produto é
classificado como perecível (FERREIRA NETO et al., 2003). Desta forma, a utilização por
períodos de tempo mais longos se dá através de produtos desidratados, principalmente as
diversas farinhas de mandioca (VILELA & Jr., 1987). As raízes vêm do campo
acompanhadas de terra. As mesmas devem ser lavadas para eliminar a terra aderida à sua
casca. O descascamento elimina as fibras presentes nas cascas, as substâncias tânicas, que
escurecem a farinha, e parte do ácido cianídrico (HCN) que se concentra em maior proporção
nas entrecascas. A ralação é feita para que as células das raízes sejam rompidas, liberando os
grânulos de amido e permitindo a homogeneização da farinha. A torração é uma operação
delicada, talvez a que mais influa na qualidade do produto final. Durante a torração e
esfriamento, há sempre a formação de aglomerados, devido à gelificação da fécula. A
operação de trituração deve ser feita de forma a desintegrar corretamente a farinha, sem
pulverizá-la. Após a trituração a farinha é passada por peneiras, conforme figura 2, com a
finalidade de separar as partes não trituradas e promover uma classificação (LIMA, 1982;
CEREDA & VILPOUX, 2003).
3
Figura 2 - Fluxograma geral de uma farinheira
Descascamento e Lavagem
Água com areia
Ralação ou Moagem
Prensagem
Esfarelamento
Peneira Vibratória
Crueira
TorraçãoTrituração
Peneiramento (Classificação)
Embalagem
Água
Casca
Água da prensa
Fonte: Adaptado de CEREDA & VILPOUX (2003).
1.1.1.3 Fecularias e Farinheiras no Mato Grosso do Sul
Uma das agroindústrias que vem se destacando no Brasil são as fecularias e farinheiras, sendo
o Estado de Mato Grosso do Sul estratégico nessa produção. O Estado tem apresentado maior
crescimento no setor de industrialização de amido de mandioca, sendo o segundo produtor
brasileiro conforme estatísticas da ABAM (Associação Brasileira dos Produtores de Amido
de Mandioca). Nos últimos três meses do ano de 2006 houve valorização no plantio de
mandioca em cerca de 74,4%. As fecularias instaladas em operação no Estado são
apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1: Fecularias do Estado de Mato Grosso do Sul com respectivas capacidades nominais
de produção por safra, em toneladas.
Unidade Município Capacidade nominal Prevista (T)
1. Amidos Yamakawa Nova Andradina 30.000
2. Incol Ivinhema 10.000
3. Pantanal Ivinhema 8.000
4. Santa Rosa Ivinhema 6.000
5. Santa Rosa Angélica 3.000
6. Amilfar – Pilão Amidos Deodápolis 16.000
7. Nevada – Pilão Amidos Sete Quedas 10.000
8. N K R Itaquiraí 10.000
9. Cassava Glória de Dourados 10.000
10. Novo Três Passos Novo Horizonte do Sul 5.000
11. Boito & Boito Amambaí 4.000
12. Brasamid Bataguassú 10.000
13. Fecularia Seriema Coronel Sapucaia 3.000
14. *Amidos Naviraí Naviraí 10.000
15. *Pilão Amidos Química Naviraí 12.500
16. *Pilão Amidos Química Tacuru – a 5.000
17. Fecularia Mundo Novo Mundo Novo 5.000
Total 157.500 T
Unidades em Implantação e / ou Reativação
1. Agroindustrial Festal Paranhos 6.000
2. Pilão Amidos - reativação Itaquiraí – b 10.000
3. Pilão Amidos – nova unidade Tacuru – c 10.000
4. Liza Alimentos Corumbá – c 4.500
5. Indama S/A Três Lagoas 12.000
Total 42.500 T
Fonte: SEPROTUR / SIC – Fevereiro / 2008 – Informações do Engº Agrônomo Eduardo Corrêa.
* Amidos quimicamente modificados
a – Não implantou
b – Parada
c – Obra parada
4
1.2. Manipueira
Nos processos de industrialização da mandioca, para fins de obtenção de farinha ou fécula,
são gerados resíduos sólidos de descarte, partes lenhosas e deterioradas das raízes, crueira,
porções fibrosas retidas em peneiras, bagaços e resíduos líquidos da água de lavagem das
raízes e manipueira (FERNANDES Jr. & CEREDA, 1996). Dentre esses, destaca-se a
manipueira líquida resultante da prensagem da massa ralada utilizada para a produção de
farinha e do processo de extração e purificação da fécula (TAKAHASHI, 1987). A
manipueira é o resíduo mais problemático por possuir elevada carga de poluente e efeito
tóxico, devido ao glicosídeo cianogênico linamarina, causando sérios problemas ao ambiente
quando lançado em cursos d'água (BARANA & CEREDA, 2000). Esse problema agrava-se
em virtude da concentração das indústrias estarem na região Sul do País e no Mato Grosso do
Sul (LEONEL & CEREDA, 1998). ANRAIN (1983) afirmou serem as indústrias de fécula
causadoras de impactos ao meio ambiente, com a demanda química de oxigênio (DQO) na
água de lavagem em torno de 25.000 mg.L
-1
, o que corresponderia, em termos comparativos à
poluição causada por 460 hab/dia. Segundo CEREDA (2001), os resíduos líquidos do
processamento de mandioca são: (1) água de lavagem das raízes; (2) manipueira ou água
vegetal; (3) água da extração de fécula, no caso da fecularia. Na fabricação de farinha de
mandioca, a quantidade de manipueira gerada em média é de 0,36 m
3
.T
-1
de raiz processada
(DEL BIANCHI, 1998).
De acordo com CEREDA (2001), os volumes de resíduos líquidos gerados em média nas
unidades de processamento de fécula são: para água de lavagem das raízes, 2,62 m
3
.T
-1
de
raízes e água de extração da fécula 3,68 m
3
.T
-1
de raízes. A quantidade e a qualidade dos
resíduos gerados no processo de extração de amido de mandioca variam devido a vários
fatores como, idade do tubérculo, tempo de armazenamento e tipo de processo utilizado
(TORRES et al., 2003).
O íon cianeto(CN
-
) encontra-se presente na mandioca, associado a um açúcar, como parte de
um composto cianogênico, solúvel em água, denominado de linamarina. O cianeto (CN)
produzido é um dos mais violentos venenos conhecidos que, apesar de volátil, pode dissociar-
se quando dissolvido em águas com pH igual ou maior que 8, formando (HCN) ou cianeto
livre. A toxidade do CN
-
é muito maior do que a do HCN. Nos cursos d’água natural, o
cianeto deteriora-se ou é decomposto por ação bacteriana, diminuindo as concentrações
excessivas ,com o tempo (FIORETTO, 2001).
5
1.3. Possibilidades de tratamentos para a manipueira
A análise dos carboidratos solúveis da manipueira aponta a presença de glicose e maltose e
muitas vezes apenas glicose, com concentração entre 40 e 45g.L
-1
que explica em parte a
dificuldade de reter carga biodegradável por processo físico sendo, de acordo com CEREDA
(2000), para o tratamento o processo biológico é mais indicado. FERNANDES Jr. (1989),
estudou as causas da instabilidade em reatores de mistura completa para tratar a manipueira e
medidas para seu controle. Como recomendação, indicou a utilização de sistemas com
separação de fases, como alternativa para a biodigestão de resíduos líquidos da indústria da
farinha de mandioca, confirmando a sugestão de CEREDA et al. (1986). Uma abordagem
interessante é feita por LETTINGA (1995), que ressalta a necessidade de implementação de
sistemas integrados de proteção ambiental, que conciliem o tratamento de esgotos com a
recuperação e o reuso de seus subprodutos. RODRIGUES (2001), estudando águas
residuárias de laticínios e frigoríficos, evidenciou que as mesmas são fontes de matéria
orgânicas e nutrientes minerais e podem contribuir para o aumento na produção de alimentos
e na melhoria da qualidade ambiental.
Por fim cita-se que para minimizar os riscos das águas residuárias, reduzindo também a
contaminação microbiológica, as wetlands construídas (banhados construídos), podem
constituem bons sistemas de pós tratamento, na remoção de poluentes. Outras vantagens
desses sistemas são o baixo custo de construção e operação; eles podem ser implementados no
próprio local onde os esgotos são gerados; e podem ser mantidos por pessoas relativamente
sem treinamento (CAMPOS et al.,2002).
Nas wetlands construídas, os mecanismos de retenção do fósforo contidos nas águas
residuárias incluem processos físicos, químicos e biológicos, envolvendo fenômenos de
precipitação, sedimentação e, principalmente, adsorção (PHILIPPI & SEZERINO, 2004).
1.4. Wetlands Construídas (Banhados Construídos)
A utilização de wetlands construídas como tratamento complementar na remoção de
nutrientes vem sendo estudada desde a década de 80, do século passado.
O maior mecanismo de remoção de nitrogênio orgânico nas wetlands construídas é a
seqüência dos processos de amonificação, nitrificação e desnitrificação, (IWA Specialist
Group on Use of Macrophytes (2000); COOPER et al. (1996); KADLEC & KNIGHT
(1996)).
6
As wetlands construídas para tratamento de efluentes são sistemas desenhados e construídos
para utilizar processos naturais na remoção de poluentes do efluente (KIVAISI, 2001). Os
principais processos biológicos que regulam as remoções de nitrogênio e fósforo do efluente
são a absorção direta pela macrófita, mineralização microbiológica e transformações como
desnitrificação e amonificação (USEPA, 2000).
Os principais processos abióticos que atuam nas remoções denitrogênio e fósforo do efluente
são a sedimentação, precipitação química e adsorção. A sedimentação também é importante
na remoção de material particulado do efluente (BRASKERUD, 2002).
As wetlands construídas são consideradas como um método de tratamento que utiliza
tecnologia simples, de fácil operação e custo baixo (COSTA et al., 2003). O termo é utilizado
internacionalmente para identificação do sistema que, no Brasil tem variadas denominações.
Alguns pesquisadores usam o termo Zona de Raízes, sendo este traduzido do termo em inglês
“Root Zone” muito utilizado na Europa. Os termos terras úmidas construídas, filtros plantados
e banhados também são utilizados.
Nas wetlands construídas ocorre principalmente: 1) boa ciclagem de nutrientes, 2) remoção de
matéria orgânica, 3) transferência de oxigênio para o substrato, por meio do sistema radicular
e dos rizomas, 4) inibição do crescimento de algas sobre o substrato, causada pela sombra
provida pelas folhas e 5) suporte ao crescimento de biofilmes, os quais são formados junto aos
rizomas, raízes e serrapilheira (SHUTES, 2001). Dentre os numerosos mecanismos que
causam essa remoção, destacam-se a decantação (causada pelo biofilme microbiano aderido
às raízes e ao substrato), o predatismo e a competição entre outros microrganismos, além das
eventuais substâncias tóxicas produzidas pelas plantas sendo liberadas através de suas raízes
(BRIX, 1994).
O nitrogênio é muito abundante na forma gasosa como N
2
, representando cerca de 80% dos
constituintes da atmosfera. Contudo, esta forma não é disponível para as plantas, sendo
necessária sua fixação biológica. O nitrito (NO
2
-
) é pouco comum por ser bastante tóxico em
baixas concentrações e facilmente oxidado para nitrato (NO
3
-
) (WELCH, 1995). O nitrogênio
é um dos contaminantes considerados importantes na remoção por sistemas de wetlands
construídas, sendo relacionados aos processos de: crescimento da planta e outros organismos;
amonificação, nitrificação e desnitrificação e volatilização da amônia (BRIX, 1993 citado por
ZHU, 1995).
7
1.4.1 Tipos de Wetlands Construídas
As wetlands construídas podem ser utilizadas nos tratamento secundário e terciário de águas
residuárias de origem domiciliar, industrial e rural; no tratamento de águas subterrâneas e de
águas para reuso; no manejo de lodo, de águas de drenagem pluvial e contaminada com
substâncias tóxicas; e na produção de biomassa (BAVOR et al., 1995; KADLEC, 1995).
Wetlands construídas são classificadas como de fluxo superficial, de fluxo subsuperficial e de
fluxo vertical, de acordo com as seguintes características (USEPA, 1988; VYMAJAL, 1998):
- Wetlands construídas de fluxo superficial: Em banhados de fluxo superficial, o efluente
corre através de uma base rasa em contato com o sedimento subjacente, que fornece
condições de desenvolvimento para as plantas, sendo que a água flui superficialmente a uma
pequena profundidade (0,1 a 0,3m). Seus melhores resultados são como tratamento terciário.
Fonte: SILVESTRE & JESUS (2002)
- Wetlands construídas de fluxo subsuperficial: São essencialmente filtros horizontais
preenchidos com brita ou areia como meio suporte onde as raízes das plantas se desenvolvem.
O efluente é mantido abaixo da superfície do substrato, geralmente granular. Este sistema
mostrou-se eficiente no tratamento secundário de águas residuárias (ROSTON, 1994; SOUZA
& BERNARDES, 1996; MANSOR, 1998; VALENTIM, 1999), porém com baixa taxa de
nitrificação.
8
Fonte: SILVESTRE & JESUS (2002)
- Wetlands construídas de fluxo vertical: Filtros de escoamento vertical intermitente
preenchido com brita ou areia. São os mais empregados na promoção da etapa de oxidação
biológica do nitrogênio - a nitrificação, devido, principalmente, a incorporação de oxigênio
via convecção e difusão atmosférica e transporte pelas macrófitas no solo reconstituído e
rizosfera (PLATZER, 1999; BRIX, 1997).
Fonte: SILVESTRE & JESUS (2002)
1.4.2 Tipo de vegetação utilizada em wetlands construídas
Existem vários termos para definir estas plantas utilizadas devido à ambiguidade nas
definições e à complexidade de sua classificação, sendo os termos usuais: hidrófitas,
macrófitas aquáticas, hidrófitas vasculares, plantas aquáticas e plantas aquáticas vasculares
(GUNTENSPERGEN et al., 1988). Várias são as espécies testadas para o uso em processos
de tratamento de água. As espécies mais utilizadas para pesquisa tem sido a Phragmites
australis (Caniço-comum), a Typha latifólia (Taboa, Junco), Heliconia psittacorum
(Helicônia-papagaio), Gladiolus hortulanus (Gladíolo, Palma, Palma-de-santa-rita) e a Scirpus
lacustris (Bunho) , Brachiaria mutica (capim Angola) e mais recentemente o capim-tangola
9
que é um híbrido natural entre Brachiaria mutica (capim Angola) e Brachiaria arrecta
(Tanner Grass). É uma gramínea agressiva, adaptada a solos de baixa fertilidade,
desenvolvendo-se, bem tanto em locais secos, como em locais úmidos. Tolera solos
encharcados ou sujeitos a alagamentos periódicos. Sua propagação é feita por meio vegetativo
(
DIAS FILHO, M.B. , 2005). Embora não provoque sintomas de intoxicação com a
intensidade observada no capim Tanner Grass, existem relatos de intoxicações leves em
bovinos pastejando capim-Tangola (ARONOVICH & ROCHA, 1985; SOARES FILHO,
1996). Outro problema potencial dessa espécie é a sua suscetibilidade ao ataque do percevejo-
das-gramíneas (Blissus antillus) (VALÉRIO, 2000). Este híbrido foi coletado em 1972, em
uma fazenda no Vale do Itabapoana, município de Campos - RJ, onde levantou-se a hipótese
de tratar-se de um híbrido entre o capim Angola e Tanner Grass, já que foi encontrado entre
pastos formados pelos dois capins, apresentando características morfológicas de ambos. Uma
amostra deste capim foi coletada e introduzida, na ocasião, no Campo de Introdução da Seção
de Agrostologia da Estação Experimental de Itaguaí e, posteriormente, comprovada como
sendo um híbrido interespecífico entre o capim Angola e o Tanner Grass (SOUTO, 1977).
Alguns resultados referentes ao estabelecimento de pastagem com Tangola em solos de baixa
fertilidade, no município de Itaguaí, divulgados nos Anais da XIV Reunião da Sociedade
Brasileira de Zootecnia, realizada em 1977, Recife - PE mostraram que, dentre 25 cultivares
de Brachiaria estudadas no período chuvoso, a maior taxa de crescimento inicial (52,5 kg de
matéria seca.ha.
-1
dia
-1
) foi a do capim Tangola, aliada a uma rápida cobertura do solo, através
da sua maior capacidade estolonífera (SOUTO, 1977). IDE et al. (2000), em um trabalho
sobre reuso de efluentes de lagoas de estabilização na produção de biomassa verde, avaliaram
um sistema de wetlands construídas utilizando a gramínea Tangola, onde menciona a
possibilidade da colheita da biomassa verde com produções médias de 26,0 t.ha
-1
a cada três
meses, o que corresponde a aproximadamente 289,0 kg.ha
-1
.dia
-1
. Comparando estes, aos
dados obtidos por SOUTO (1977), conferida ao capim Tangola taxa de maior crescimento
inicial de 52,5 kg de matéria seca.ha
-1
.
dia em períodos chuvosos, IDE et al. (2000)
concluíram que a produção obtida nesse sistema de banhados é de duas vezes a produção
citada, comprovando, assim, a função da fertirrigação promovida pelo efluente tratado de
matadouro.
1.5. Remoção de poluentes em sistema de wetlands
Segundo BERTHOLDO (1999), a ecotecnologia tem sido indicada como uma alternativa de
baixo custo e fácil manutenção para controle de diversos tipos de efluentes líquidos. Essa
10
autora estudou a eficiência de tratamento por wetlands construídas de fluxo horizontal
subsuperficial para dois sistemas distintos: como pós-tratamento de efluente de um Reator
Anaeróbio de manta de Lodo (UASB) em escala real em uma ETE. Em ambos os casos,
foram usadas espécies de macrófitas emergentes (Typha subulata e Zizaniopsis bonariensis),
em diversas combinações e densidades. Os resultados obtidos para os sistemas vegetados
foram: eficiência média para a remoção da DQO de 49,9% e 52,2%, nitrogênio amoniacal
46,9% e 38%, fosfato 76,2% e 62,8%, sólidos suspensos 59,8% e 63,7% . Dentre os metais
analisados, a remoção de zinco para as duas cargas foi de 43,6% e 28,8% , Segundo
VALENTIM. (2003), apesar do baixo valor de afluente de pH (5,6), as wetlands construídas o
atenuaram apresentando valores efluentes em torno de 6,5, indicando que a substância que
estava no afluente foi principalmente neutralizada pelos leitos ou degradadas (ácidos
orgânicos). ZHU & SIKORA (1995), associaram a remoção de N amoniacal à biomassa
radicular: quanto maior a raiz, maior a absorção de N pelo vegetal. Em nota técnica SOUZA
et al., (2004), pesquisando com sistema wetland utilizando juncus ssp, constaram que a
eficiência da remoção de nutrientes foi satisfatória (60 e 80% de nitrogênio e fósforo,
respectivamente), provavelmente devido aos fenômenos de adsorção, complexação e
precipitação das formas de fósforo e da acumulação de lodo nas frações dos vazios da areia,
no experimento, a remoção de fósforo em sistema wetland contendo areia lavada como
substrato diminuiu, à medida que aumentou o tempo de operação do sistema. Na pesquisa a
eficiência da remoção de matéria carbonácea, expressa como DQO, variou de 70 a 86%, não
se observando diferenças significativas entre os sistemas wetland vegetados e o não vegetado.
1.6. Relação solo – planta
Segundo o Manual de Solos e Fertilização, o conceito de solo como meio para o crescimento
vegetal
é uma noção antiga desde os primórdios da agricultura. De fato, as características
físicas e químicas dos solos condicionam o crescimento vegetal, ao fazer variar a capacidade
de retenção de água, a solubilidade dos elementos minerais, as transformações minerais e
bioquímicas, a lixiviação dos nutrientes e o pH. Pesquisas visando à adaptação de plantas em
solos com diferentes disponibilidades hídricas são, também, importantes. Nesse aspecto, têm-
se os resultados obtidos por LIMA FILHO et al., (1992), com o plantio de Leucaena sob
deficiência hídrica, e os de SEIFFERT & THIAGO (1983), que relatam a tolerância da
leucena à seca e à má drenagem. O solo e o clima são os fatores mais determinantes na
distribuição e produção de plantas, porém, as espécies forrageiras adaptam-se a diversas
11
situações. Algumas espécies forrageiras são capazes de crescer em solos em condições
adversas, no entanto, respondem favoravelmente a boas práticas de manejo, e as adubações,
de maneira geral, oferecem oportunidades de melhores produtividades (FAGERIA et al.,
1991). O capim Tangola pode ser uma opção de fácil adaptação para as condições
proporcionada no solo pela aplicação da manipueira, que pode ser utilizada como fertilizante,
aproveitando e reciclando os nutrientes do solo, por exemplo, a predominância do íon potássio
(K) entre os constituintes minerais da manipueira tem implicação direta no desequilíbrio dos
cátions básicos no solo, devido ao aumento de saturação desse elemento e da predisposição à
lixiviação de cálcio e magnésio (BARANA, 2000).
1.6.1 Nutrientes
Para um crescimento e desenvolvimento adequados das culturas, com a obtenção de
rendimentos elevados e de produtos de qualidade, é necessário que os nutrientes essenciais às
plantas (macro e micronutrientes) se encontrem no solo em determinadas quantidades e
proporções (DIAS, 2000; INIA, 2000). Do ponto de vista quantitativo segundo o Manual de
Adubação (1971) os nutrientes são classificados como macronutrientes (N, P, S, Ca, Mg e K)
e micronutrientes (Fe, Cu, Mn, Zn, Mo e B e Cl). A concentração de nutrientes, em plantas
expressa com base na matéria seca é afetada por vários fatores, incluindo espécies e cultivar,
idade e órgão da planta, interação com outros nutrientes e fatores ambientais, como
precipitação, temperatura e luminosidade (FAGERIA et al., 1991). Conforme MALAVOLTA
et al., (1989), quanto maior a disponibilidade de nutrientes no solo, maior será a absorção pela
planta. O nitrogênio tem função estrutural na planta, sendo fundamental para o crescimento
vegetativo e produção (KLIEMANN et al., 1986; BAUMGARTNER, 1987). O potássio está
presente na planta na forma iônica, atuando como ativador enzimático e participando de
vários processos (MALAVOLTA et al., 1989). Segundo GALETI (1989) o fósforo é
encontrado em todos os órgãos das plantas; possui fundamental importância no processo de
reprodução, multiplicação e crescimento. A deficiência de um micronutriente nas plantas pode
desorganizar os processos metabólicos e causar a deficiência de um macronutriente
(EMBRAPA, 1996). Relações inadequadas entre os nutrientes, ou uma condição de
desequilíbrio entre os minerais no solo, podem acarretar prejuízos na nutrição das plantas
forrageiras limitando, assim, a sua produção vegetal.
12
1.7. Evapotranspiração de cultura
As estimativas das lâminas de água a serem aplicadas e a frequência de irrigação das culturas
são de grande importância para evitar a redução nos rendimentos, provocados pelo excesso ou
déficit de umidade no solo e salinização, devido à drenagem deficiente e à compactação por
excesso de umidade durante as operações de preparo do solo (SILVA et al., 1981).
Praticamente, toda a água de que as plantas necessitam é extraída pelo sistema radicular e
perdida para a atmosfera, por meio do processo de evapotranspiração.
Na ausência de equipamentos de medidas evapotranspiradas da cultura lança-se mão de
estimativas baseadas na evapotranspiração de referência (Eto) e no coeficiente de cultura
(Kc). A Eto definida por diversos autores representa uma extensão da definição original
enunciada por PENMAN (1956), para o termo evapotranspiração potencial, que pode ser
definida assim: é a quantidade de água evapotranspirada, na unidade de tempo, por uma
vegetação rasteira, de altura uniforme, em crescimento ativo, cobrindo completamente o solo
e sem limitação de água.
Várias pesquisas têm mostrado a importância da troca de água, em várias fases, no sistema
solo-planta-atmosfera, destacando-se entre elas, aquelas que envolvem a radiação solar,
tensão de vapor e vento. Informações a respeito da evapotranspiração de referência e da
evapotranspiração máxima daquela cultura permitem determinar o coeficiente de cultivo (Kc),
que de acordo com DOORENBOS & PRUITT (1975), variam com o estágio de
desenvolvimento da cultura, velocidade do vento e umidade relativa do ar. Fazendo uma
comparação das vazões obtidas na entrada e na saída do wetland plantado com gramínea, se
faz notável a redução entre seus valores. Tal redução é devido essencialmente à evaporação da
água interceptada pelas folhas dos vegetais e diretamente a partir da superfície mineral do
solo, função da ação da incidência solar, a qual fornece energia para manter o processo de
evaporação líquida (SOARES, 2000). A transpiração realizada pela vegetação, ou seja, a
evaporação d’água das células vivas dos tecidos vegetais, através dos estômatos (poros de
respiração das plantas) também contribui para a perda de líquido nos sistemas de wetlands
construídas (SOARES, 2000).
O presente trabalho consiste em avaliar o desempenho, o comportamento e a possibilidade de
aplicação de wetlands construídas, de fluxo subsuperficial, cultivado com a gramínea
Tangola, utilizando manipueira diluída sem prévio tratamento e pré-tratada, identificando a
eficiência do substrato, avaliando os efeitos fertilizantes dos efluentes, através da
13
produtividade da gramínea produzida nas wetlands construídas a condição da biomassa verde
e analisando a qualidade química e nutricional em relação aos macro e micronutrientes.
14
CAPÍTULO II - ARTIGO
1
Desempenho de wetlands construídas no Tratamento de Manipueira
INTRODUÇÃO
De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos da América (EPA),
cerca de 10% do total de efluentes tem origem industrial. Neste campo, a agroindústria é
responsável por boa parte dos dejetos. A quantidade e a concentração dos despejos variam
amplamente, dependendo dos processos de fabricação empregados e dos métodos de controle
dos efluentes (BRAILE & CAVALCANTI, 1993).
As agroindústrias que se destacam na economia do Mato Grosso do Sul (MS), são indústrias
baseadas em produtos agropecuários, como por exemplo, os laticínios, matadouros,
frigoríficos, abatedouro de aves, farinheiras e fecularias de mandioca, entre outras
(SEPLANCT, 2007).
No início dos anos de 1980, existia apenas uma fecularia, gerando aproximadamente 70
postos de trabalho; e 18 farinheiras, gerando 101 empregos. Nos anos 1990, o quadro se altera
para 13 fecularias, com capacidade nominal de 127.000 toneladas de fécula, com maior
capacidade tecnológica instalada. Por outro lado, no decorrer dos anos houve uma expressiva
redução do número de farinheiras (MICHELS I. et al.2004). Foi criado em 2002 a Câmara
Setorial da Mandioca de Mato Grosso do Sul, visando propiciar uma integração das políticas
dos diversos setores envolvidos, tanto os públicos como os privados.
No MS, geralmente, ocorre a acumulação da água de lavagem da mandioca e da manipueira
(separadamente), em séries de lagoas de decantação. Estes efluentes são posteriormente
utilizados para a irrigação da própria cultura da mandioca ou, simplesmente, tem seu volume
reduzido pela evaporação e eventual infiltração, o que pode vir a causar, assim como nas
demais regiões, a contaminação do lençol freático, além do mau odor que exala das lagoas
(CEREDA, 2000). A manipueira é um resíduo resultante do processamento da mandioca, e é
rica em potássio, fósforo e matéria orgânica. FEIDEN (2001), em seu estudo sobre tratamento
de águas residuárias de indústria de fécula de mandioca através de biodigestor anaeróbio com
separação de fases em escala piloto, utilizou o efluente bruto de uma fecularia que apresentou
uma Demanda Química de Oxigênio (DQO) de 11.484 mg.L
-1
, mais diluída que de uma
farinheira. A carga orgânica da manipueira de indústria de farinha de mandioca, expressa na
1
Este artigo foi redigido de acordo com o formato da Revista Engenharia Sanitária e Ambiental da ABES.
15
forma de DQO, é considerada em média na faixa de 60.000 mg.L
-1
(FERNANDES Jr, 1989;
CEREDA, 1994). Comparando-se tal valor com a carga orgânica de um esgoto sanitário
típico com DQO de aproximadamente 400 mg.L
-1
, pode-se observar o potencial poluidor da
manipueira, fato este agravado com o grande volume gerado. Para FIORETTO (2001), uma
indústria que processa 1 t.Dia
-1
de mandioca causa uma poluição equivalente a uma população
de 230 a 300 hab.Dia
-1
.
Resultados de pesquisas mostram que cerca de 60 % da carga orgânica da manipueira é
composta de partículas de material oxidável, capazes de passar por poros de 0,05 a 0,005 mm,
o que dificulta seu tratamento por processos físicos. Um estudo realizado por MOTTA &
CEREDA (1985), determinou a possibilidade do uso de manipueira, adicionada de casca de
mandioca em diferentes proporções, na alimentação de reatores. Segundo o autor, observou-se
velocidade acentuada de acidificação do substrato, o que ocasionou acúmulo de ácidos
orgânicos voláteis no reator e, com isso, a instabilidade no processo. Também, CEREDA et
al. (1986), avaliaram os grupos fisiológicos de microrganismos acidogênicos e metanogênicos
e sugeriram a avaliação da digestão anaeróbia com separação de fases para o tratamento da
manipueira. Após ampla revisão de literatura constatou-se a não existência de estudos
contemplando o tratamento de manipueira por wetlands construídas, pesquisas comprovaram
a sua eficiência em remoções de poluentes de esgotos domésticos e até mesmo de outra
tipologia industrial. A utilização do sistema de wetlands construídas no tratamento de
efluentes de laticínios se mostrou eficiente quanto à remoção de poluentes, tendo redução
superior ao método de ultrafiltração e filtro biológico (PRADO M.C.do et al., 2008).
ZACARKIM, C. E. (2006), pesquisaram um sistema de wetlands construídas com macrófitas
aquáticas Eicchornia crassipes no pós-tratamento de efluente de um curtume de acabamento.
O sistema apresentou resultados promissores em termos de remoção a baixo custo
operacional, com reduções de 73,41% a 79,91% de DQO, 48,94% a 83,51% de Fósforo total,
59,24% a 67,93% de Nitrogênio total, 73,6% a 87,7% Cromo, 26,5% a 52% de Enxofre, 60 a
78% para o Ferro e 58,5% a 80,4% para o Alumínio.
Nas wetlands construídas, por estarem preenchidos por água, predominam as condições
anaeróbias, sendo três os principais mecanismos responsáveis pela transferência do oxigênio
atmosférico para o meio: i) transferência pela raiz; ii) difusão do oxigênio no meio durante a
percolação do efluente e, iii) convecção do oxigênio atmosférico por diferença de pressão. O
escape de oxigênio pelas raízes favorece crescimento de bactérias nitrificantes e a inativação
de compostos que seriam tóxicos para as raízes (USEPA, 1988; ARMSTRONG et al., 1990;
BRIX, 1994).
16
A gramínea Tangola é um híbrido natural de capim-angola com Tanner grass. É
moderadamente exigente em fertilidade e adapta-se bem em solos de várzea, suportando
inundações. Também, é conhecido como capim tango, sendo bem aceito pelos equinos e
bovinos (EMBRAPA GADO DE CORTE, 1997). IDE et al. (2000), em um trabalho sobre
reuso de efluentes de matadouro em lagoas de estabilização na produção de biomassa verde,
avaliaram um sistema de wetlands construídas utilizando a gramínea Tangola, onde se obteve
valores de redução de 49,1% para DQO e 40,3% para DBO
5
,
20
com valores iniciais médios
de DQO de 418,1mg.L
-1
e DBO
5,20
de 68,3 mg.L
-1
aplicando um Tempo de Detenção
Hidráulica (TDH) de 2,4 dias Tais remoções são consideradas significativas, tendo em vista
que processos de pós-tratamento, sempre processam matéria orgânica de mais difícil
degradação. No que diz respeito à remoção de nutrientes houve a remoção de 37,8% para P
total. Portanto as alternativas de valorização de resíduos através do aproveitamento em
diversas atividades têm sido muito incentivadas, já que podem contribuir positivamente para a
minimização da poluição ambiental, bem como permitir a valorização econômica desses
resíduos. Neste contexto torna-se necessário o aprimoramento de sistemas simplificados e de
baixo custo, tais como: tanques sépticos, lagoas de estabilização, reatores anaeróbios, reuso e
disposição no solo, wetlands construídas e outros.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho e o comportamento de wetlands
construídas de fluxo subsuperficial cultivados com a gramínea Tangola sob a aplicação de
manipueira em diferentes condições, visando à produção de biomassa verde com descarga
zero de efluente, avaliando a qualidade química e nutricional em relação aos macro e
micronutrientes.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram realizados com manipueira proveniente de farinheira, diluída para
simular o efluente de fecularia, de acordo com FEIDEN (2001). A manipueira era coletada na
caixa de retenção, localizada abaixo das prensas da massa ralada, na farinheira. O lote era
transportado até o laboratório de efluentes do DHT/CCET/UFMS em Campo Grande
imediatamente após a coleta, e permanecia em decantação por 2 h para a remoção do amido
residual. O sobrenadante era armazenado em garrafas do tipo PET e congelado à temperatura
de -18 °C. A diluição era realizada imediatamente após o descongelamento antes de sua
utilização, na proporção de suas características em relação à DQO da fecularia (DQO de
aproximadamente 16.000mg.L
-1
).
17
O experimento foi realizado em escala de bancada na Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul no município Campo Grande – MS, em 4 (quatro) unidades de wetlands construídas
em vidro (Figuras 1 e 2).
Figura 1 – Perspectiva das wetlands construídas - vegetadas
Para o dimensionamento estabeleceu-se tempo de detenção hidráulica (TDH) em torno de
4,5d e operação com fluxo subsuperficial (nível do líquido 10 cm abaixo da superfície). As
dimensões das células eram as seguintes: 1,00m de comprimento, 0,30m de largura e 0,60m
de altura. As unidades (W1, W2, W3 e Branco) foram preenchidas com areia fina (0,1% de
matéria orgânica e pH 5,9) e faixas de brita zero, na entrada e na saída, para distribuir o fluxo
ao longo de toda seção transversal da unidade.
18
Figura 2 – Corte longitudinal das wetlands construídas - vegetadas
A areia serviu como meio suporte (substrato) para a gramínea Tangola (híbrido de Brachiaria
arrecta (Tanner) x Brachiaria mutica (Angola). Na saída de cada unidade, utilizou-se um
tubo de PVC de φ 32 mm perfurado, ao longo da secção transversal, enrolado com Bidim
®
(manta geossintética), de modo a não permitir o arraste de substrato para fora do sistema. As
unidades W1, W2 e W3 foram cultivados com três fileiras de gramíneas, com espaçamento de
12 cm entre as plantas, com profundidades entre 2,5 cm e 4 cm. Foram plantados um total de
27 estolões da gramínea por unidade. Estes propágulos foram coletados aleatoriamente em
uma das células da ETE Lago do Amor da UFMS (Oliveira, 2008). O Branco foi utilizado
como testemunha.
As wetlands construídas foram instaladas em posição onde as gramíneas ficaram mais
expostas ao sol no período da manhã, e as laterais foram cobertas com papel alumínio,
passando a refletir a luz solar evitando assim a incidência direta dos raios solares nas raízes
das gramíneas e a proliferação de algas.
Através de teste realizado onde cada unidade foi preenchida com água até altura de 0,40 m, ou
0,10 m da superfície, encontrou-se um volume de vazios (volume útil) de aproximadamente
6,0 L, sendo assim, considerando a vazão afluente de cada unidade igual a 1,8 L.d
-1
, as
wetlands construídas passaram a operar com as seguintes características: Tempo de Detenção
Hidráulica (TDH), de 3,33 dias e Carga Hidráulica (CH) de1,5 cm.d
-1
.
TDH = V
útil
/ Q
af
(eq. 1)
19
Onde:
V
útil
= volume útil;
Q
af
= vazão do afluente;
TDH = 6,0 L / 1,8 L.d
-1
= 3,33 dias.
A carga hidráulica (CH) foi obtida através da vazão afluente pela área de aplicação (equação
2).
CH = Q
af
/ A
s
(eq. 2)
Onde:
CH = carga hidráulica;
Q
af
= vazão afluente, em cm
3
.dia
-1
;
A
s
= área da superfície do leito (área transversal), em cm
2
.
Portanto
CH = 1800 cm
3
.d
-1
/ (30 cm x 40 cm) = 1,5 cm.d
-1
.
Nos primeiros 54 dias de operação, as wetlands construídas foram alimentadas somente com
água para adaptação das mudas. Durante 191 (cento e noventa e um) dias foram alimentadas
sistematicamente, por 181(cento e oitenta e um) dias e com concentrações variadas com
efluente (manipueira) diluído proveniente de um sistema de tratamento anaeróbio em duas
fases (calha horizontal seguida de um reator UASB), descrito em OLIVEIRA et al. (2006) e
BEZERRA (2007). Esta fase representou o período de adaptação das gramíneas ao tipo de
efluente objetivo da pesquisa. Após essa etapa de adaptação o desempenho das wetlands
construídas foi monitorado ao longo de 384 dias, em diferentes condições operacionais, e
dividido em 03 (três) períodos, denominados de Período I, II e III. A aplicação de 1,8 L por
unidade era feita diariamente e manualmente em todos os períodos. Os períodos foram
divididos como segue: Período I – manipueira diluída sem prévio tratamento com DQO de 16
g.L
-1
(duração de 91 dias); Período II - efluente do reator UASB (duração de 153 dias) e
Período III - dividido em duas fases: 1) utilizando manipueira diluída sem prévio tratamento
com adição de 5 g.L
-1
de NaHCO
3
para ajuste de pH com DQO de 6g.L
-1
(janeiro/2008) e com
DQO de 16 g.L
-1
(duração:98 dias) e 2) no final do período, por 42 dias, não foi lançado
nenhum tipo de efluente, tendo como alimentação apenas águas pluviais, para fazer uma
comparação com o período de alimentação com efluentes citados anteriormente.
No Período I houve problema de colmatação durante a pesquisa, devido a alta concentração
de sólidos encontrada na manipueira e a existência de sólidos oriundos da fase anterior, sendo
necessária a realização da lavagem das britas presentes na seção de entrada, após 34 dias do
início do experimento.
20
Amostras simples foram coletadas da entrada e saída das wetlands construídas para controle e
avaliação da eficiência nos períodos I e III. Os parâmetros analisados foram: Temperatura,
condutividade, salinidade, pH, turbidez, alcalinidade e DQO. As análises foram realizadas no
Laboratório de Qualidade Ambiental (LAQUA) da UFMS, de acordo com as técnicas
preconizadas no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 21
th
ed
(APHA, 2005). Diariamente, era monitorado o pH do efluente a ser aplicado nas wetlands
construídas.
Ao final de cada período, foram coletadas amostras do substrato (20 cm de profundidade)
com auxílio de “trado tipo cavadeira”. Foram retiradas três amostras simples (uma em cada
extremidade e uma do meio), em cada wetland construída. Nas três wetlands construídas
vegetadas com Tangola, as amostras simples foram transformadas em amostras compostas,
onde foram misturadas todas as amostras simples da extremidade da entrada, saída e meio,
para obter amostras compostas (foram denominadas de W
E
1, W
S
2, W
M
3) e três amostras
simples do Branco (BR1, BR2 e BR3). Os parâmetros analisados foram: pH, matéria
orgânica, potássio, cálcio, magnésio, alumínio, ferro, manganês, zinco, cobre. As análises
seguiram a metodologia do Manual de Análises do Solo da EMBRAPA/CENTRO
NACIONAL DE PESQUISA DE SOLOS (1997). As análises de solo foram realizadas no
Laboratório de Análise de Fertilidade de Solos do Departamento de Inspeção e Defesa
Agropecuária de Mato Grosso do Sul (IAGRO).
As gramíneas foram coletadas para diagnóstico foliar e para verificação do estado nutricional
das plantas, ao final de cada período. A poda foi realizada a uma altura de 30 cm do substrato.
As análises de macronutrientes (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre) e
micronutrientes (ferro, manganês, zinco, cobre) foram realizadas no Laboratório de Análise
SOLOS – Consultoria e Informática Ltda. Para se fazer uma relação de resultados das
wetlands construídas e servir como background, foram realizadas análises de solo e foliares
de gramíneas de mesma espécie, cultivadas sem uso de fertilizantes, coletados na Chácara
Águia, localizada no município de Campo Grande/MS.
As amostragens foliares ocorreram juntamente com a poda total das gramíneas de cada
unidade e foram secas em estufa à 60º C. Após a secagem as amostras foram pesadas em
balança eletrônica, obtendo-se o peso da matéria seca. A pesagem e secagem foram realizadas
no Laboratório de Solos do Departamento de Hidráulica e Transportes do Centro de Ciências
Exatas e Tecnologia da UFMS.
No acompanhamento do crescimento das gramíneas, a medição foi realizada com régua
simples. Foram etiquetadas cinco gramíneas de cada parte das wetlands construídas
21
(extremidades e meio) e, em seguida, feita a média de crescimento. A evapotranspiração de
referência (Et
o
) foi estimada em períodos mensais, conforme a disponibilidade de dados, pelo
método Hargreaves (HAGR). O cálculo das estimativas da evapotranspiração de referência foi
efetuado com o programa computacional (software), ”Reference Evapotranspiration
Calculator” REF-ET, desenvolvido por ALLEN (1991).
22
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Desempenho das wetlands construídas
Durante o período de monitoramento desta pesquisa, foram realizadas apenas 4 (quatro),
coletas de amostras sendo três no período I e uma no período III, conforme Tabela 1.
Tabela 1 - Condições da manipueira aplicada, crescimento, precipitação, parâmetros
físico-químicos na entrada e saída das wetlands construídas e percentagem de
remoção (média dos períodos).
Período I
(duração = 91dias)
Período II
1
(duração =153 dias)
Período III
(duração = 140
dias)
Condições da
manipueira aplicada
Diluída, sem tratamento
DQO
média
= 16g.L
-1
pH
médio
= 4,29
Tratada em reator
anaeróbio
DQO
média
= 2,7 g.L
-1
pH
médio
= 7,11
Diluída, sem
tratamento,
adição de 5
gNaHCO
3
.L
-1
DQO
média
=
6g.L
-1
(2)
, 16g.L
-
1
pH
médio
= 6,00
Crescimento média
período (cm.d
-1
)
0,18 0,44 0,60
Precipitação média
período (mm.d
-1
)
10,35 10,85 7,00
Análises físico-químicas
Período I Período III
Parâmetros Entrada Saída % rem Entrada Saída %
rem
DQO (g.L
-1
)
16±1,3 (3) 9,29±1,70
42,0 5,8 (1)
1,9±1,04(1)
68,0
pH
4,18±0,08 4,8±0,07
- 6,8(1)
7,1±0,12(1)
-
Alcalinidade
(g CaCO
3
L
-1
)
NA NA NA 1,04(1)
0,8±0,2(1)
23,0
Sólidos Suspensos
Totais
(mg SST L
-1
)
1311±762(3) 99,2±56,2(3)
92,4 NA NA
NA
Condutividade
Elétrica
(µS.cm
-1
)
1031,4±902(3) 1,35±0,07(3)
- 2,27(1)
2,30±0,54(1)
-
Turbidez
(UNT)
1111,4±777(3) 58±6,6(3)
95,0 114(1)
31,1±6,5(1)
73,0
Salinidade (%)
0,9±0,28(3) 1,35±0,07(3)
- 1,2(1)
1,17±0,30(1)
2,5
Fósforo Total
mg PO
4
-2
L
-1
105,2±77,11(3) 2,7±0,94(3)
97,4 NA NA
NA
Nitrogênio Total
(mg N L
-1
)
243,5±35,5(3) 53,1±5,4(3)
78,0 NA NA NA
1
Não houve saída de efluentes no período
2
Valor de DQO aplicado durante 31dias do período III. Após, iniciou-se a aplicação de 16 g.L
-1
durante 67 dias.
Nos últimos 42 dias deste período não houve aplicação de manipueira.
( ) O Valor entre parênteses indica o número de amostras analisadas
NA – Não Analisado
23
Na Figura 3, observa-se que em todos os períodos os valores de evapotranspiração calculados
foram inferiores aos volumes de afluente aplicados diariamente nas wetlands construídas. Isto
indica que não houve falta de umidade para o desenvolvimento das gramíneas. Não foram
verificados vazamentos nas unidades.
Pela Figura 3 percebe-se que houve excesso do volume aplicado, por causa das precipitações,
nesse período houve saída de efluentes nas wetlands construídas, porém as amostras foram
descartadas não podendo ser realizadas análises físico-químicas por motivo da diluição do
efluente inicial pela água da chuva.
0
4
8
12
16
20
24
28
32
- 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400
Tempo acumulado (dias)
volume
0
2
4
6
8
10
12
crescimento
Volume evapotranspirado
Volume aplicado
Média de crescimento
Figura 3- Relação do volume evapotranspirado, volume aplicado e média de
crescimento.
O valor médio pH (4,18) observado no afluente aplicado no período I não se mostrou
favorável para o desenvolvimento das gramíneas na entrada das wetlands construídas, que
eram sujeitas ao contato direto com o efluente, durante a aplicação. Nesse período, houve
queima das partes mais baixas das plantas principalmente na entrada das wetlands
construídas.O mesmo ocorreu no período III, porém com menos intensidade, pois a média do
pH foi de 5,95, o que não afetou no desenvolvimento das gramíneas. No período II o valor do
pH se mostrou adequado, não provocando danos as gramíneas. Neste período pode-se
observar uma superação aos demais, quanto ao aspecto vegetativo. Visualmente nesse período
as gramíneas se desenvolveram com maior vigorosidade, apesar de que as médias de valores
na taxa de crescimento não foram significativas comparando-se com o período III.
OLIVEIRA (2008), em seu estudo, utilizando wetland construída vegetada com Tangola, para
o tratamento de efluente doméstico e hospitalar, encontrou bons resultados de crescimento da
vegetação com pH em torno da neutralidade.
A condutividade elétrica indica as concentrações de sais presentes no meio (PIVELI &
KATO, 2005). No período I, observou-se que houve aumento nos valores da salinidade
24
comparando-se o afluente e efluente, possivelmente, em função da atividade biológica que
degradou a matéria orgânica presente no sistema. Visualmente, constatou-se nas wetlands
construídas na superfície do substrato o acúmulo de sais, o que pode ter interferido no
desenvolvimento da Tangola, nesse período.
O valor médio de remoção de DQO foi de 42%, como média para as unidades. Deve-se levar
em consideração que a carga orgânica aplicada ao sistema, devido à inexistência de um pré-
tratamento, no período I, caracterizou-se por valores bastantes superiores aos encontrados na
literatura. Por exemplo, BERTHOLDO (1999) verificou a eficiência e viabilidade de wetlands
construídas para a remoção de poluentes de dois tipos de águas residuárias: os efluentes de
Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente e Manto de Lodo (UASB) utilizados no tratamento de
esgoto doméstico; e os efluentes oriundos de águas pluviais da drenagem urbana mista. É
importante ressaltar que, em termos de DBO
5
,
20
o pesquisador verificou a eficiência de
remoção de cerca de 87,4% a 90,3%, mantendo os valores abaixo de 5mg.L
-1
, ainda que a
entrada do sistema apresentasse variações de DBO
5
,
20
ao longo de todo o experimento.
A turbidez está relacionada com a quantidade de sólidos em suspensão presentes no afluente e
no efluente (PIVELI & KATO, 2005). Segundo TONIATO et al. (2005), sistemas de
tratamento por wetlands construídas são eficazes na remoção de sólidos em suspensão e,
consequentemente, da turbidez, pois o efluente passa por um processo de tamisação através
do substrato. Portanto, as wetlands construídas com Tangola também operam como um filtro,
através do seu substrato. No período I, no Branco obteve-se uma média de remoção de DQO
de 41,33% e de sólidos suspensos de 80%.
Produção de biomassa verde
A capacidade individual das plantas em aumentar o seu crescimento e, assim, competir por
luz, água, e nutrientes minerais determinam em grande parte, o seu sucesso em diferentes
ambientes (MELO et al., 2005). Conforme a Tabela 1, pode-se notar que a menor média de
crescimento desta pesquisa ocorreu no período I, período de baixa pluviosidade. As maiores
médias de crescimento e de precipitação ocorreram no período II e III. Para o período III, a
média de pH foi de 6,0, ou seja, sofreu um tamponamento podendo ter auxiliado na
disponibilidade de alguns nutrientes importantes para o desenvolvimento vegetal através do
favorecimento das reações de conversão dos mesmos para a forma assimilável pelas plantas.
Verifica-se que, no período III houve uma elevação de N foliar (16,06 g. kg
-1
) e o mesmo
ocorreu com o elemento K (24,7 g.kg
-1
), enquanto que no período I o valor de N foliar
25
observado foi de 10,40g.kg
-1
, de K foliar foi de 9,09 g.kg
-1
. O pH ácido pode ter influenciado
na pouca absorção de K pelas plantas nesse período. Também observou-se que as margens
das folhas das gramíneas enrolaram-se e houve murchamento. Foi constatado no mesmo
período, principalmente nas entradas das wetlands construídas nas partes baixas das
gramíneas e nas folhas mais velhas, amarelamento que estava evoluindo para necrose
,provavelmente pelo contato com o efluente ácido,causando a deficiência do K e,
consequentemente, pouco desenvolvimento na planta (ANDA, 1971).
A matéria orgânica no solo influencia no crescimento das plantas através do seu efeito nas
propriedades químicas, físicas e biológicas do solo (STEVENSON, 1994). O valor de 16 g.L
-1
de DQO, aliados aos valores elevados ( 1311,0 mg.L
-1
)de sólidos suspensos e 1111,4 UNT
de turbidez do efluente aplicado, pode ter contribuído para a não formação de microrregiões
aeróbias nas vizinhanças das raízes, impossibilitando a ocorrência de reações aeróbias
necessárias para a conversão de amônia aplicados a nitrato, para sua posterior absorção pelas
plantas e/ou conversão a nitrogênio gasoso pelo processo de desnitrificação, justificando o
baixo valor de produção de biomassa verde observado no período I. Deve-se ressaltar que
nesse período as gramíneas ainda estavam se adaptando a manipueira diluída para 16 g.L
-1
,
pois, anteriormente, ao início da pesquisa as wetlands construídas recebiam efluentes de um
sistema de tratamento anaeróbio em duas fases (calha horizontal seguida de um reator
UASB), com frequência indeterminada, devido à descontinuidade de saída desse efluente.
Torna-se importante considerar que, nos primeiros 31 dias do período III, foi aplicada
manipueira diluída para 6 g.L
-1
podendo-se observar um ligeiro crescimento das gramíneas,
com média de 0,4 cm.d
-1
. A partir disso, durante 67 dias foi aplicada manipueira diluída
(16g.L
-1
),
observando-se média de crescimento de 0,6 cm.d
-1
. Nos últimos 42 dias deste
período a aplicação do efluente foi paralisada e as wetlands construídas operaram sendo
alimentadas somente com água da chuva, atingindo média de crescimento de 0,8 cm.d
-1
.
Pode-se observar que durante as diferentes fases desse período, houve uma progressão no
crescimento das gramíneas.Constatou-se que a não aplicação de efluentes não interferiu no
desenvolvimento da Tangola.Este fato pode ser explicado pela verificação visual nas
wetlands construídas onde houve queima das partes mais baixas das plantas em todo o
período, com menos intensidade que no período I, principalmente na seção de entrada das
wetlands, onde o contato com o afluente era maior.Essa peculiaridade ocorrida pode estar
relacionada com o método de aplicação do afluente adotado ( por batelada). A média da
matéria orgânica no substrato nos períodos II e III foi de 0,3%, enquanto que do Período I foi
0,23%. Este valor é semelhante à média da matéria orgânica encontrada no Branco neste
26
período que, também, foi de 0,23%, demonstrando que o pH ácido do efluente aplicado pode
ter influenciado na quantidade de matéria orgânica no substrato. A concentração H+ e OH,
contida nas águas de irrigação, pode exercer influência na disponibilidade e absorção de
nutrientes por parte das plantas, na estrutura e propriedades do solo (DUARTE et al., 2008).
0
5
10
15
20
25
30
123
Períodos
(g/kg)
P foliar
K foliar
Ca foliar
Mg Foliar
S foliar
Figura 4 - Média de macronutrientes foliares nos períodos
No período II onde a aplicação de efluentes nas wetlands construídas foi realizada com
manipueira tratada em reator anaeróbio com DQO de 2,7 g.L
-1
, média de pH do efluente 7,11
e do substrato de 8,00, sendo que a média de precipitação de 10,85 mm.d
-1
, verificou-se que
a média de crescimento foi de 0,44 cm.d
-1
, sendo que visualmente as folhas das gramíneas
recuperaram sua coloração verde normal e apresentaram-se mais vigorosas que nos demais
períodos, com média de Nitrogênio foliar de 14,24 g.kg
-1
. Pela figura 4, observa-se pouco
fósforo nas folhas quando comparado com os outros períodos.Provavelmente as plantas não
absorveram o P do substrato (Figura 6), talvez devido a presença do ferro (Figura 7), em
maior concentração, que pode ter afetado o transporte desse nutriente. Para uma comparação
em termos nutricionais, utilizou-se valores disponíveis na literatura para estimar a proporção
de NPK em manipueira gerada em uma farinheira (DAMASCENO, et al., 1999; CEREDA,
2000; FERNANDES Jr., 1995; BARANA, 1996; BARANA, 2000b e RIBAS & BARANA,
2003). Nos fertilizantes comerciais, a proporção de NPK recomendado para gramíneas é de
20:10:15. O valor encontrado para a manipueira baseado na concentração média de farinheiras
foi de 2,52:0,25:2,38. Estes valores indicam que a proporção de fósforo não é a indicada,
27
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
123
Períodos
(g/kg)
Fe foliar
Mn foliar
Cu foliar
Zn foliar
ficando abaixo do recomendado enquanto que para nitrogênio e potássio o valor é bem
próximo do adequado.
Figura 5 - Média de micronutrientes foliares nos períodos
Os diferentes tipos de aplicação de manipueira nas wetlands construídas utilizada nessa
pesquisa teve efeito direto no pH do substrato, cujo valor inicial na areia foi de 5,9 e a média
no substrato ficou na faixa de 8,0. Os macronutrientes( N, P, K, Ca, Mg e S), encontram-se
mais disponíveis em solos de pH mais elevado (OLIVEIRA et al 2005). Na figura 7, nota-se
carência de Zn no substrato, que aparece com maior valor nas folhas, (Figura 5), fato que
pode ter sido influenciado pela presença de maior valor de P no substrato nos períodos, pois
há um efeito interiônico entre esses elementos, com inibição não competitiva
(MALAVOLTA, 1997).
0,0000
0,0500
0,1000
0,1500
0,2000
0,2500
0,3000
123
Períodos
(g/Kg)
P solo
Ca solo
Mn solo
S solo
K solo
Figura 6 - Média de macronutrientes no solo (substrato) nos períodos
28
Observou-se através da diagnose foliar que, nos três períodos, foi encontrado maior proporção
de Ca nas folhas do que nos substratos das wetlands construídas, pode-se perceber que a
toxicidade do Mn não interferiu no teor de Ca. Comparando-se com uma gramínea da mesma
espécie cultivada em um solo de pH 5,2, sem adição de fertilizantes comerciais ou efluentes, o
Ca foliar foi de 3,69 g.kg
-1
.
Observou-se que a diferença de valor médio de Ca foliar das wetlands construídas (3,5 g.kg
-
1
) não foi significativa. Porém, o valor deste elemento na média dos substratos das wetlands
construídas (0,10g.kg
-1
) reduziu relativamente quando comparado ao valor da areia utilizada
no substrato 0,20 g.kg
-1
e do Branco 0,15 g.kg
-1
, demonstrando que as plantas absorveram o
Ca, principalmente, no período I, quando aplicava manipueira diluída sem prévio tratamento.
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
123
Períodos
(g/kg)
Fe solo
Mn solo
Cu solo
Zn solo
Figura 7 - Média de micronutrientes no solo (substrato) nos períodos
O valor médio de Mg nos substratos das wetlands construídas foi de (0,06g.kg
-1
) uma
diferença mínima para o solo sendo considerado natural, ou seja, sem adição de fertilizantes
ou efluentes (0,05g.kg
-1
) e Mg foliar das gramíneas das wetlands construídas (3,46 g.kg
-1
) e
das gramíneas cultivadas em solo natural (2,8 g.kg
-1
). Isso pode-se explicar pela acidez do
solo natural e pela presença de alumínio (0,063 g.kg
-1
), o que pode ter causado, também, o
baixo valor do Fósforo (0,0011 g.kg
-1
). De acordo com FOY (1984), a toxicidade de alumínio
é o principal fator limitante ao estabelecimento de diferentes culturas em solos ácidos.
A presença do mineral Enxofre nas folhas foi maior no período III e menor no período I, o
baixo teor neste período pode estar relacionado com o pH do efluente lançado (4,29), podendo
ser um agravante na diminuição da disponibilidade do S às plantas. A matéria orgânica é,
29
também, fundamental para a manutenção de teores de enxofre adequados as gramíneas, o que
pode ter ocorrido no período I, foi que a porcentagem de matéria orgânica no substrato foi de
0,23%, agronomicamente considerado baixo. Comparando-se com a gramínea do solo natural
que, apesar do pH do solo ser de 5,2, os valores do enxofre nas folhas foi relativamente
pequeno no do período III.Provavelmente a presença da matéria orgânica no solo natural de
cerca de 1,42% pode ter influenciado no valor do S foliar. Em solos sob vegetação natural,
considera-se que a matéria orgânica está em estado estacionário, ou seja, não há variação no
seu teor (BAYER & MIELNICZUK, 1999).
Em termos de produção da massa verde, o período III obteve a maior produção (1,03 g.d
-1
),
provavelmente, pelo maior crescimento em todo período, considerando os últimos 42 dias,
teve média de crescimento de 0,60 mm.d
-1
. Certamente por ter obtido maior valor de N e K
foliar, elementos importantes para o crescimento das plantas, com valores de 10,40 g.Kg
-1
e
9,09 g.Kg
-1
respectivamente e menor valor de precipitação nesse período, consequentemente
menor lixiviação. Segundo estudo feito por PAUL & CLARK em 1996 apud MOREIRA &
SIQUEIRA (2002), os autores estimaram que as perdas por desnitrificação e lixiviação são os
principais processos de perdas de N do solo e juntos contribuem com 72% desta. Os autores
também estimaram valores para os principais fluxos de N, abrangendo os processos mais
importantes de adição e perdas de N no solo.
30
CONCLUSÃO
A produtividade da biomassa verde e concentrações de macro e micronutrientes variou de
acordo com as condições climáticas e com as diferentes condições de aplicação da
manipueira.Verificou-se visualmente que, com valores de pH pouco acima da neutralidade
(7,11), média precipitação e baixa concentração de matéria orgânica (2,7g.L
-1
) no afluente, as
folhas das gramíneas recuperaram as partes queimadas e consequentemente sua coloração
verde normal e apresentaram-se mais vigorosas com boa média de N foliar. Wetlands
vegetadas com Tangola alimentadas com manipueira diluída sem tratamento com média de
DQO = 16g.L
-1
e pH
médio = 4,29 apresentaram as seguintes remoções de matéria orgânica
(DQO) (42,0%), sólidos suspensos Totais (92,4%), turbidez (95,0%), fósforo total (97,4%)e
nitrogênio total (78,0%). Fazendo uma comparação em termos de remoção de matéria
orgânica (DQO) com as wetlands vegetadas com Tangola alimentadas com manipueira
diluída sem tratamento com média de DQO = 16g.L
-1
e 6g.L
-1
e pH
médio = 6,0 , estas,
apresentaram maiores remoções de matéria orgânica (DQO) (68,0%), nesse período houve
um aumento na condutividade, do efluente em relação ao afluente.O valor de 16 g/L de
DQO, aliados a altos valores de sólidos suspensos e de turbidez do afluente aplicado,
contribui para baixo valor de produção de biomassa verde.
O pH ácido pode ter influenciado na pouca absorção de K pelas plantas, ocasionando
murchamento, amarelamento e enrolamento das margens das folhas das gramíneas.
As concentrações de macro e micronutrientes tiveram variações significativas tanto foliares
como no substrato para os diferentes tipos de condições de aplicação da manipueira. Logo
pode-se concluir, que as wetlands construídas atendem eficazmente ao princípio de remoção
de poluentes contidos na manipueira e o aprofundamento da pesquisa dimensionará o seu
valor real.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABAM - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE MANDIOCA.
PRODUÇÃO, MERCADO CONSUMIDOR E EXPORTAÇÕES DO AMIDO.
Disponível em: http://www.abam.com.br. Acesso em 23 de janeiro 2009.
ANDA - ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA DIFUSÃO DE ADUBOS. Manual de
Adubação, 1 ed. São Paulo,1971.265 p.
ANRAIN, E. Tratamento de efluentes de fecularia em reator anaeróbio de fluxo ascendente e
manta de lodo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHERIA SANITÁRIA E
31
AMBIENTAL, 12,1983, Balneário Camburiú :Fundação de Amparo à Tecnologia e ao
Meio Ambiente, 1983.p.1-21.
APHA; AWWA; WEF. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater.
21
th
edition. Washington DC: American Public Health Association, 953p,2005.
ARONOVICH, S.; ROCHA, G.L. Gramíneas e leguminosas forrageiras de importância no
Brasil Central Pecuário. Informe Agropecuário, v.11, n.132, p.3-13, 1985.
BARANA, A.C. Estudo de carga de manipueira em fase metanogênica em reator anaeróbio
de fluxo ascendente e leito fixo. Botucatu, 1996. 80p. Dissertação (Mestrado) –
Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista.
_____________ Avaliação de tratamento de manipueira em biodigestores fase acidogênica e
metanogênica. Botucatu, 2000b. 95p. Tese (Doutorado) – Faculdade de Ciências
Agronômicas, Universidade Estadual Paulista.
BARANA, A. C., CEREDA, M. P. Casssava wastewater (manipueira) treatment using a two-
phase anaerobic biodigestor. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.20, n.2, p.183-186,
2000.
BAUMGARTNER, J.G. Nutrição e adubação. In: RUGGIERO, C. ed. Maracujá. Ribeirão
Preto, UNESP, SP: 1987. p.86-96.
BAVOR, H. J.; ROSER, D. J. & ADCOCK, P. W. Challenges for the development of
advanced constructed wetlands technology. Water Science and Technology, v. 32, n. 3,
p. 13-20, 1995.
BAYER, C.; MIELNICZUK, J. Dinâmica e função da matéria orgânica. In: SANTOS, G. A.;
CAMARGO, F. A. O. (Ed.). Matéria orgânica do solo: fundamentos e
caracterização. Porto Alegre: Gênesis, 1999. p. 9-26.
BERTHOLDO, D. T. Eficiência de banhados construídos no tratamento de águas
provenientes da drenagem urbana e no pós-tratamento de efluentes líquidos tratados
por processo anaeróbio (Reator UASB) e no tratamento de drenagem urbana.
Farroupilha - RS. Porto Alegre, 1999. 115p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental) Universidade Federal do Rio Grande do
Sul.
BRAILE, P. M.; CAVALCANTI, J. E. W. A. Curtumes. In: ____. Manual de tratamento de
águas residuárias industriais. São Paulo: CETESB, 1993. p. 233-278.
BRASKERUD, B.C. Factors affecting nitrogen retention in small constructed
wetlands treating agricultural non-point source pollution. Ecological Engineering, 18: 351-
370,2002.
BRIX, H. Wastewater treatment in contructed wetlands: system design, removal processes
and treatment perfomance. In: Contructed Wetland for a Water Quality Improvement,
Moshiro, G. A. (ed.), p. 9-12, 1993.
32
BRIX, H. Function of macrophytes in constructed wetlands. Water Science and Technology,
vol 29, n. 4, p. 71-78, 1994.
BRIX, H. Macrophytes play a role in constructed treatment wetlands? Wat. Sci. Tech., v.35,
n.5, pp. 11-17, 1997.
CAMPOS, J.C., FERREIRA, J.A., MANNARINO, C.F., SILVA, H.R., BORBA, S.M.P.
Tratamento do chorume do aterro sanitário de Piraí (RJ) utilizando wetlands. In: VI
Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Anais, Vitória-ES:
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2002.
CEREDA, M.P.; VILPOUX, O. Farinhas e derivados. In: CEREDA, M.P. (Coord.) Série:
Culturas de Tuberosas Amiláceas Latino Americanas V.3 - Tecnologia, usos e
potencialidades de tuberosas amiláceas latino Americanas. v.3. São Paulo: Fundação
Cargill, p.576-621, 2003.
CEREDA, M.P. Caracterização dos subprodutos da industrialização da mandioca. In:
CEREDA, M.P. (Coord.) Série: Culturas de Tuberosas Amiláceas Latino Americanas
V.4 - Manejo, uso e tratamento de subprodutos da industrialização da mandioca. São
Paulo: Fundação Cargill, p.13-37, 2000.
CEREDA, M.P.; FLORS, A.; VALLÉS, S.; ALBEROLA, J. Tratamiento anaerobio en dos
fases de suspensiones amiláceas. I - Fase acidogênica. Revista Agroquímica de
Tecnologia de Alimentos, v. 26, p. 101-108, 1986.
COOPER, P.F., JOB, G.D., GREEN, M.B. E SHUTES, R.B.E. (1996). Reed Beds and
Constructed Wetlands for Wastewater Treatment. Swindon: WRc plc. 184p.
COSTA, C.S.B.; MARANGONI, J.C. & AZEVEDO, A.M.G. 2003. Plant zonation in
irregularly flooded salt marshes: relative importance of stress tolerance and biological
interactions. Journal of Ecology, 91(6): 951-965.
DAMASCENO, S.; CEREDA, M.P.; PASTORE, G.M. Desenvolvimento de Geotrichum
fragrans em manipueira. Energia na Agricultura, v.14, n.2, p.7-14, 1999.
DEL BIANCHI, V. L. Balanço de massa e de energia do processamento de farinha de
mandioca em uma empresa de médio porte do Estado de São Paulo. Botucatu, SP: USP,
1998. Tese de Doutorado, Faculdade de Ciências Agronômicas.
DIAS FILHO, M.B. Opções forrageiras para áreas sujeitas a inundação ou alagamento
temporário. In: PEDREIRA, C.G.S.; MOURA, J.C. de; DA SILVA, S.C.; FARIA, V.P.
de (Ed.). 22º Simpósio sobre manejo de pastagem. Teoria e prática da produção animal
em pastagens. Piracicaba: FEALQ, 2005, p.71-93. 14
DIAS, J. C. S. A fertilização e a qualidade dos produtos alimentares de natureza vegetal.
Investigação Agrária N.º 2, pp 50-51,2000.
33
DOORENBOS, J., PRUITT, W.O. Guidelines for predicting crop water requirements.
Irrigation and Drainage Paper, 24, Roma FAO, 144p. 1975.
DUARTE S. C., LINHARES G. F. C., ROMANOWSKI T.N., NETO O.J.S., BORGES
L.M.F. Assessment of primers designed for the subspecies-specific discrimination
among Babesia canis canis, Babesia canis vogeli and Babesia canis rossi by PCR assay.
Vet Parasitol 152: 16-20, 2008.
EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Manual de
análises do solo. Rio de Janeiro: EMBRAPA/CENTRO NACIONAL DE PESQUISA
DE SOLOS. 212p, 1997.
EMBRAPA - CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE ARROZ E FEIJÃO. Informações
técnicas para o cultivo de feijão. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1996. 32p.
FAGERIA, N.K.; BALIGAR, V.C.; JONES, C.A. Growth and mineral nutrition of field
crops. New York : M. Dekker, 1991. 476p.
FEIDEN, A. Tratamento de águas residuárias de indústria de fécula de mandioca
através de biodigestor anaeróbio com separação de fases em escala piloto. Botucatu,
2001, 80p. Tese (Doutorado em Agronomia/Energia na Agricultura). Faculdade de
Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista.
FERNANDES JÚNIOR, A.; CEREDA, M.P. Influência do tempo de retenção hidráulica
(TRH) sobre a fase acidogênica da digestão anaeróbia de manipueira. Energia na
Agricultura, Botucatu, v.11, n.3, p.1-7, 1996.
FERNANDES JR., A. Digestão anaeróbia de manipueira em separação de fases: cinética da
fase acidogênica. Botucatu, 1995. 139p. Tese de Doutorado - Faculdade de Ciências
Agronômicas, Universidade Estadual Paulista (UNESP).
FERNANDES Jr, A. Ocorrência de instabilidade e forma de seu controle na digestão
anaeróbia de manipueira, em reator de bancada de mistura completa. Botucatu, 1989.
118p. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade
Estadual Paulista.
FERREIRA NETO, C. J.; FIGUEIREDO, R. M. F.; QUEIROZ, A. J. M. Avaliação
físicoquímica de farinhas de mandioca durante o armazenamento. Revista Brasileira de
Produtos Agroindustriais, v. 5, n. 1, p. 25-31, 2003.
FIORETTO, R. A. Uso direto da manipueira em fertirrigação. Série: Culturas de Tuberosas
Amiláceas Latino Americanas - Manejo, uso e tratamento de subprodutos da
industrialização da mandioca. v 4. Fundação Cargill. São Paulo, 2001.
FOY, C.D. Physiological effects of hydrogen, aluminum and manganese toxicities in acid
soil. In: ADAMS, F., ed. Soil acidity and liming 2.ed. Madison, Soil Science Society of
America, 1984. p.57-97.
34
GALETI P.A. 1989. Guia do Técnico Agropecuário: Solos. 1a . ed. Instituto Campineiro de
Ensino Agrícola. 41 p.
GAMEIRO, A.H. Mandioca: de alimento básico à matéria-prima industrial. Piracicaba:
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Universidade de São Paulo, 2p. 2002.
Disponível em: <http://www.cepea.esalq.usp.br/imprensa>.
GUNTENSPERGEN, G. R., STEARNS, F. & KADLEC, J. A. Wetland vegetation. Anais: 1
st
International Conference on Constructed Wetlands for Wastewater Treatment,
Chattanooga – Tennessee/USA, vol. I, n. 5, p. 73-88, junho/1988.
IDE, C.N.; BARBEDO, A.G.A.; ROCHE, K.F.; IMOLENE, L.M.; VAL, L.A.A. do. Reuso
de efluentes de lagoas de estabilização na produção de biomassa verde. In: XXVII
CONGRESO INTERAMERICANO DE INGENIERIA SANITARIA Y AMBIENTAL,
2000, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: AIDIS/ABES, 2000.
INIA - Manual de fertilização das culturas. INIA – Laboratório Químico Agrícola Rebelo da
Silva, Lisboa,2000.
IWA - Constructed Wetlands for Pollution Control; Processes, Design and Operation.
Scientific and Technical Report No. 8. London, England: IWA Publishing. 156p, 2000.
KADLEC, R. H. “Overview: surface flow constructed wetlands”. Wat. Sci. and Tech., v. 32, n
3, p. 1-12, 1995.
KADLEC, R.H. e KNIGHT, R.L. Treatment Wetlands. Boca Raton, Florida: Lewis
Publishers. 893p.1996.
KIVAISI, A. K. The potential for constructed wetlands for wastewater treatment and reuse in
developing countries: a review. Ecological Engineering, nº.16, p.545 - 560, 2001.
KLIEMANN, H.J.; CAMPELO JUNIOR, J.H.; AZEVEDO, J.A. de; GUILHERME, M.R.;
GEN, P.J. de C. Nutrição mineral e adubação do maracujazeiro (Passiflora edulis Sims).
In: HAAG, H.P., ed. Nutrição mineral e adubação de frutíferas tropicais no Brasil.
Campinas, SP: Fundação Cargill, 1986. p.245-284.
LEONEL, M.; CEREDA, M.P. Avaliação técnico-econômica da produção de etanol de farelo
de mandioca, utilizando pectinase como enzima complementar. Energia na Agricultura,
Botucatu, v.13, n.2, p.1-14, 1998.
LETTINGA, G. Anaerobic and wastewater treatment systems. Antonie van leeuwenhoek,
Dordrecht, v.67, p.3-28, 1995.
LIMA FILHO, J.M.P.; DRUMOND, M.A.; MACENO, D. da S. Comportamento fisiológico
de Leucena e Albizia sob condições semi-áridas. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v.27, n.4, p.537- 542, abr. 1992.
LIMA, U. A. Manual técnico de beneficiamento e industrialização da mandioca. São Paulo:
Secretaria de Ciência e Tecnologia, 1982. 56 p. (Programa Adequação).
35
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. de. Avaliação do estado nutricional das
plantas: princípios e aplicações. Piracicaba, SP: POTAFOS, 1989. 201p.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional das
plantas. princípios e aplicações. 2 ed. Piracicaba/SP: Potafos, 1997, p.319.
MANSOR, M.T.C. Uso de leito de macrófitas no tratamento de águas residuárias. 1998.
Dissertação (mestrado Engenharia Agrícola/Água e Solo) – Faculdade de Engenharia
Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1998. 106p.
MANUAL DE SOLOS, FERTILIZAÇÃO - elaborado por João Cunha – Disponível em
<www.forma-te.com/.../1527-manual-solo-e-fertilizacao.html>.Acessado em
20/12/2008.
MELO, P. T. B. S. Quando a semente faz a diferença. Revista Seed News. Pelotas, 2005. p.08-
09. Disponível em: <http:// www.seednews.com.br>.Acessado em 20/12/2008.
MICHELS, I. CARVALHO, M. da C. MENDONÇA, C. G. Mandioca. Campo Grande,
MS:Ed. UFMS, 2004, 190p.
MOREIRA, F.M.S. & SIQUEIRA J.O. Transformações bioquímicas e ciclos dos
elementos do solo. In: MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA J. O. (Ed.). Microbiologia e
bioquímica do solo. Lavras: editora UFLA, 2002. p. 626.
MOTTA, L.C. & CEREDA, M.P. Utilização de manipueira da mandioca em digestão
anaeróbia. Botucatu, 1985, 119p. Tese (Mestrado em Agronomia/Energia na Agricultura,)-
Faculdade de ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 1985.
OLIVEIRA A. dos S., Desempenhos de banhados construídos vegetados com tangola, no
pós-tratamento de efluentes de reatores anaeróbios. [Monografia]. Campo Grande:
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2008.
PAUL, E.A. & CLARK, F.E. Soil Microbiology and Biochemistry. California:
Academic Press, 340 p. ,1996.
PARIZOTTO, A.A. Eficiência de lagoas de sedimentação na remoção de cargas orgânicas,
nutrientes e coliformes totais em despejos industriais de fecularias. 1999. 113 f.
Dissertação (Mestrado em Recursos Hídricos e Meio Ambiente) - Universidade
Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 1999.
PRADO M.C.do, e CABANELLAS C.F.G. - Eficiência do Sistema Alagado Construído no
Tratamento de Efluentes de Laticínios em Relação a Ultrafiltração e Filtro Biológico. I
Jornada Científica e VI FIPA do CEFET - Bambuí/MG -2008.
PENMAN, H. L. Evaporation : an Introductory Survey. Neth. J. Agric. Sci, n. 4, p.9-29.1956.
PEREIRA, D. S. P. e BALTAR, L. A. A. Saneamento e recursos hídricos: os desafios da
integração e a urgência da prioridade. In: MUÑOZ, H.R. (org). Interfaces da gestão de
36
recursos hídricos - Desafios da Lei de Águas de 1997. Brasília: Ministério do Meio
Ambiente/Secretaria dos Recursos Hídricos, 2000.
PIVELI, R. P., KATO, M. T. Qualidade das águas e poluição: aspectos físico-químicos.
Editora ABES. 2005, 285 p.
PHILIPPI, L. S., SEZERINO, P. H. Aplicação de sistemas tipo wetlands no tratamento de
águas residuárias: utilização de filtros plantados com macrófitas. Florianópolis, Santa
Catarina. 1ª Edição. 2004.
PLATZER, C. Design recomendation for subsurface flow constructed wetlands for
nitrification and denitrification. Wat.Sci. Tech., v. 40, n. 3, pp. 257-263,1999.
RIBAS & BARANA - Start up adjustmente of a plug – flow digestor for Cassava Wastewater
(manipueira) treatment – UNESP/CERAT.Piracicaba, Brazil, Vol.60, Apr/june – 2003.
RODRIGUES, M. B. Efeito da fertirrigação com águas residuárias de laticínios e frigorífico
em Latossolos Roxo Eutrófico.Cascavel, Paraná, 2001, Dissertação (Mestrado)-
Universidade do Oeste do Paraná.
ROSTON, D. M. Uso de várzeas artificiais para tratamento de efluente de tanque séptico, In:
XXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, Anais...
Campinas - SP, julho/1994, n. 94-7-210.
SEIFFERT, N.F.; THIAGO, L.R.L. de. Legumineira - cultura forrageira para produção de
proteína. Campo Grande: Embrapa-CNPGC, 1983. 52p. (Embrapa-CNPGC. Circular
técnica, 13).
SHUTES, R. B. E. Artificial wetlands and water quality improvement. Environment
International, v.26, n.5-6, May/2001. p.441- 447
SILVA, M.A.; CHOUDHURY, E.N.; GUROVICH, L.A.; MILLAR, A.A. Metodologia para
determinar as necessidades de água das culturas irrigadas. Petrolina: EMBRAPA-
CPATSA, 1981. 85 p. (Boletim de Pesquisa, 4)
SILVESTRE, A; JESUS M.P. Tratamento de Águas Residuais Domésticas em Zonas
Húmidas Artificiais, Lisboa, Portugal, 2002. Originalmente apresentado como trabalho
final de curso em Licenciatura em Engenharia do Ambiente, Instituto Superior Técnico,
2002.
SOARES FILHO, C.V. Brachiaria – espécies e variedades recomendadas para diferentes
condições. Campinas: CATI, 1996. 26p. (CATI. Boletim Técnico, 226).
SOARES, João Vianei. Introdução a Hidrologia de Florestas. São José dos Campos: Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais, 2000.
SOUTO, S.M.; MONTEIRO, M.C.C da, LUCAS, E.D. Estudo de seis espécies forrageiras do
gênero Brachiaria. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Série Zootecnia. Rio de Janeiro.
v. 9, p. 17-20, 1977.
37
SOUZA, J. T. de, HAANDEL, A. V., LIMA, E. P. da C., HENRIQUE, I. N. – Utilização de
Wetlands construído no pós - tratamento de esgotos domésticos pré - tratados em reator
UASB – Engenharia Sanitária e Ambiental – Anais... Vol. Nº 4 , p 285-290, out/dez
2004.
SOUZA, L. E. L. & BERNARDES, R. S. Avaliação do desempenho de um RAFA no
tratamento de esgotos domésticos, com pós-tratamento através de leitos cultivados. In:
SIMPÓSIO ITALO-BRASILIANO DE INGENIERÍA SANITARIA-AMBIENTALE,
Gramado/RS, v. I, n. 9, junho/1996.
STEVENSON, F.J. Humus Chemistry: Genesis, Composition, Reactions. 2.ed. New York:
John Wiley, 1994.496p
TAKAHASHI, M. Aproveitamento da manipueira e de resíduos do processamento da
mandioca. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.13, n.145, p.83-7, 1987.
TONIATO M.T.Z; LEITÃO-FILHO, H.F. & RODRIGUES R.R. Fitossociologia de um
remanescente de Floresta higrófila (mata de brejo) em Campinas, SP. Revista Brasileira
de Botânica, v.21, n.2, p.197-210, 1998.
TORRES, P.; RODRÍGUES, J.A.; URIBE, I.E. Tratamiento de águas residuales del proceso
de extracción de almidón de yuca en filtro anaerobio: influencia del medio de soporte.
Scientia et Technica, Pereira - Colombia, v.29, n.23, p.75-80, 2003
U.S.E.P.A. Design manual on constructed wetlands and aquatic plant systems formunicipal
wastewater treatment, EPA/625/1-88/022, CERI, Cincinnati, OH, 1988
VALENTIM, M. A. A. - Desempenho de leitos cultivados (Constructed wetland) para
tratamento de esgoto: contribuições para concepção e operação - Campinas, SP: [s.n.],
2003.
VALENTIM, M. A. A. Uso de leitos cultivados no tratamento de efluente de tanque séptico
modificado. FEAGRI – Faculdade de Engenharia Agrícola – UNICAMP,
Campinas/SP, 1999. 119 p. (Dissertação de Mestrado).
VALÉRIO, J.R. Percevejo-das-gramíneas: Blissus leucopterus ou Blissus antillus ? Campo
Grande: Embrapa Gado de Corte, 2000. 4p. (Embrapa Gado de Corte Divulga, 43).
VILELA, E. R.; JUSTE JUNIOR, E. S. G. Tecnologia da farinha de mandioca. Informe
Agropecuário, v. 145, n. 13, p.60-62, 1987.
VILELA, E.R., FERREIRA,M.E. Tecnologia de produção e utilização do amido de mandioca
.Informativo Agropecuária, v.13, n. 145, p. 69-74,1987.
VILPOUX, O.F. Processos de produção de fécula de mandioca: comparação Brasil, Tailândia
e China. In: CEREDA, M.P. e VILPOUX, O. F. Tecnologia, Usos e Potencialidades de
Tuberosas Amiláceas Sul Americanas. São Paulo, 2003. v. 3., Cap. 7, p. 143 - 175.
38
VYMAJAL, J. Types of Constructed Wetlands for Wastewater Treatment. Proceedings: 6TH
INTERNATIONAL CONFERENCE ON WETLAND SYSTEMS FOR WATER
POLLUTION CONTROL, pp. 150-160, Águas de São Pedro/SP, out/1998.
ZACARKIM C. E. –Uso de sistema de wetland construído no pós-tratamento de efluente de
curtume - Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Marechal Cândido Rondon –
Centro de Ciências Agrárias – Programa de pós graduação em agronomia –mestrado-
setembro 2006.Paraná.
ZHU, T. & SIKORA, F.J.. “Ammonium and nitrate removal in vegetated and unvegetaded
gravel bed microcosm wetlands”, Wat. Sci. and Tech., vol 32, no 3, pp. 219-218,1995.
WELCH, R. M. Micronutrient nutrition of plants. Critical Reviews in Plant Nutrition, v. 14,
p. 49-87, 1995.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo