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demográfico nas cidades e suas diferentes espacializações, à vulnerabilidade
socioambiental a desastres e às mudanças e extremos climáticos.
Aproximadamente até a metade do século XX, o Brasil tinha sua economia
baseada, essencialmente, na produção rural. A partir da década de 1930 o país
começou a sofrer um processo de mecanização rural e de industrialização dos
processos de produção que, somado ao próprio crescimento vegetativo da
população, impulsionou a migração populacional para as cidades, resultando no seu
acelerado crescimento (CARVALHO, 2006). A respeito dessa migração que se
confirma no processo de urbanização brasileira, Santos (1996) aponta dois
momentos importantes: primeiro, a partir da metade do século XIX, a produção do
café impulsionou mudanças no cenário social e econômico; e um segundo momento,
a partir da década de 1930, no qual novas condições políticas possibilitaram o
crescimento da industrialização e do mercado interno, que permitiu uma nova lógica
econômica e territorial
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Esse processo de urbanização foi cada vez mais confirmado pelo acelerado
crescimento da população urbana ao longo do século XX: nos anos de 1920, apenas
16,6% da população do país residia nas cidades; em 1940, este número cresceu
para 31,2% e nos anos de 1960 a população urbana passou a ser maior que aquela
residente na área rural. Nos anos de 1980, a população urbana passa a representar
67,6%, e em 2000, 81,2% (FARIA, 1976 apud CARVALHO, 2006).
.
A velocidade e complexidade com que ocorre o processo de urbanização,
confirmadas pelos números que o evidenciam, leva a que diversos autores estudem
a urbanização e a influência da industrialização nesse processo. Carvalho (2006,
p.7), por exemplo, afirma que “Com o avanço da industrialização e dos serviços
modernos a estrutura produtiva do país tornou-se mais dinâmica, complexa e
diversificada, com uma expansão e diferenciação do mercado de trabalho, das
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Num primeiro momento, a partir da produção do café, o Estado de São Paulo se torna um pólo que
abrange “os estados mais ao sul”, parte do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Traz benefícios como
na implantação de infra-estrutura (estradas de ferro, melhoria dos portos, meios de comunicação
etc.) que “atribuem uma nova fluidez potencial a essa parte do território brasileiro”. A partir daí,
começam a se instalar novas formas capitalistas de produção, trabalho, intercâmbio, consumo,
mesmo que limitadas a uma parcela do território. No segundo momento citado (a partir da década
de 30), a lógica da industrialização prevalece, principalmente a partir dos anos 1940-50: formação
de um mercado nacional, integração do território, expansão do consumo e ativação do processo de
urbanização. A nova base econômica passa a situar-se em escala nacional; “por isso, a partir daí
uma urbanização cada vez mais envolvente e mais presente no território dá-se com o crescimento
demográfico sustentado das cidades médias e maiores [...]” (SANTOS, 1996, p. 26-27).