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número considerável de participantes, e na base está a classe média, com a maior
representatividade do mercado. Essa divisão de classes será comentada mais adiante
relacionada aos seus aspectos motivacionais.
Segundo o estudo Risc
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2000, na Europa, os clientes ocasionais- compradores de
uma a três marcas de luxo no ano - representam 42% dos consumidores, enquanto a
clientela regular – compradores de quatro marcas de luxo ou mais – representa 18%.
Assim, o total dos clientes do luxo eleva-se, hoje, a 60%, enquanto era de 52% em 1998
e de 40% em 1994. Daí em diante, o luxo é acessível para a maioria dos europeus, e são
os clientes ocasionais que mais progridem. Ainda de acordo com o estudo Risc 2000, na
Europa, a nova clientela do luxo é cada vez mais jovem e dotada de altos rendimentos.
De fato, 37% dos clientes europeus ocasionais e 46% dos clientes regulares têm
atualmente menos de 35 anos. Seus valores dominantes traduzem uma busca
diversificada de prazeres. Para as consumidoras, os estudos sublinham a importância
crescente da audácia, do desenvolvimento pessoal, dos prazeres, da mobilidade, da
interatividade e da multiplicidade. (ROUX, 2005, p. 134)
Destarte, o processo de democratização dos produtos de luxo trouxe um novo
conceito: o “consumidor-multifacetado” ou o “consumidor-camaleão” que é aquele que
tem mais de um estilo de vida, ou seja, a mesma pessoa que adquire um artigo de luxo,
na mesma semana ou até no mesmo dia, consome algo considerado artigo de massa.
(LIPOVETSKY 2005; CASTARÈDE, 2005; DUBOIS, 2001)
É importante salientar que a caracterização dos clientes de luxo não é somente
determinada por estratificações de poder econômico de compra, mas também por
elementos culturais. De acordo com D`Ángelo (2006), é necessário um capital cultural
superior para se consumir o luxo. O consumidor além de deter um conjunto de
conhecimentos, gostos, habilidades, informações, e referenciais culturais acumulados ao
longo da vida, precisa conhecer os detalhes e a peculiaridades dos produtos de luxo.
Poder-se dizer que o luxo serve a propósitos diferentes de um público
relativamente heterogêneo. A diversidade na oferta do luxo nada mais é do que reflexo
da diversidade da sociedade, reafirmando, mais uma vez, que cultura e consumo estão
sempre interligados. (D`ÁNGELO, 2006)
Considerado um fenômeno social, o mercado de luxo é geralmente pautado pela
divisão de classes econômicas, as quais classificam e segmentam o mercado. Porém o
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Risc (Research Instituto n Social Change), Estudo Imagem, sobre asrepresenrações e o consumidor de
luxo, outubro de 1993, 1995, 2000 e 2001)