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No relatório de atividades da 4
a
DR, está descrito todo o funcionamento da Escola
Normal Clara Camarão, que foi criada pela Portaria n
o
. 233/69 da Presidência da FUNAI por
sugestão da Chefia da 4
a
DR, e inaugurada em 19 de fevereiro na área do Posto Indígena de
Guarita, próximo à Vila São João, município de Redentora. A seguir, temos a descrição do
estabelecimento e do corpo docente:
O estabelecimento, cujas atuais instalações são provisórias, se compõe de 5
pavilhões de madeira, destinados a sala de aula com dormitório masculino,
sala de aula com dormitório feminino, residência de professora, além de uma
enfermaria de 20 leitos, com farmácia, sala de curativos e demais
dependências, tendo sido investidos nas construções, móveis, utensílios,
enxovais, uniformes e material didático mais de 40 mil cruzeiros.
A capacidade inicial do estabelecimento é de 40 alunos, estando, todavia,
matriculados 36 indígenas, com o curso primário completo, oriundos dos
Postos Indígenas de Guarapuava, Palmas, Mangueirinha, Rio das Cobras,
Tamarana, Ibirama, Xapecó, Guarita, Nonoai, Ligeiro e Carreteiro.
O corpo docente está sob a direção da professora Dr. Ursula Wiesemann,
antropóloga e linguista que também lecionou nessa escola, além de duas
professoras diplomadas pela Faculdade de Filosofia e por duas professoras
normalistas de grau colegial, algumas das matérias que se constitui o currículo
das 4 séries, estão as matérias de Kaingáng, Guarani e Português, elementos
de antropologia cultural, estudos sociais brasileiros, educação moral e cívica,
metodologia e prática do ensino primário. A escola funciona em regime de
internato, com horários para as atividades curriculares e complementares, o
estudo e a recreação
173
.
Em outro relatório do CTPCC
174
aparece que a escola consegue contratar a professora
Elaine Lopes de Araújo para lecionar matemática, já que havia falta de professor nesta
disciplina, entretanto não foi contratado por um semestre letivo um técnico agrícola, ficando
sem professor na disciplina de conhecimentos agro-industriais.
Dos 36 alunos citados acima, formaram-se 19 monitores bilíngues, sendo a 1
a
turma
em 1971. Os próximos dados sobre as turmas que frequentaram essa escola foram retirados de
um jornal elaborado pelos próprios alunos do CTPCC chamado “O Mensageiro Indígena”
(anexo 3). Não temos conhecimento se houve mais um número desse jornal, mas acreditamos
que não, pois este foi produzido pela última turma. O jornal fala sobre a escola, esportes e a
terceira turma que foi quem produziu esse primeiro exemplar. O mesmo tinha por objetivo
servir como vínculo de informação entre o CTPCC, monitores que já estão formados e que
173
Relatório de atividades - 4
a
DR – Curitiba, abril de 1970. Documentos da Regional da FUNAI de
Paranaguá/PR.
174
Relatório de atividades do Centro de Treinamento Profissional Clara Camarão, de agosto a 19 de
dezembro de 1975. Documentos da Regional da FUNAI de Paranaguá/PR.