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RESUMO
Deformidades dentofaciais (DDF) são modificações graves esqueletais e
dentoalveolares que requerem tratamentos combinados com cirurgia ortognática
(CO). Portadores dessas deformidades podem apresentar assimetrias musculares,
desvios funcionais e disfunções temporomandibulares (DTM). O objetivo do presente
estudo foi nvestigar as características funcionais e presença de DTM em indivíduos
portadores de DDF, assim como sua evolução após correção cirúrgica e reabilitação
miofuncional orofacial, além de verificar se existem diferenças dessas características
e de sua evolução de acordo com a variação da DDF. Foi realizado estudo
longitudinal por meio de levantamento de dados de 129 prontuários e avaliações
miofuncionais realizadas durante os procedimentos de avaliação pré CO e
reavaliações pós-cirúrgicas. Critérios de inclusão: pacientes que realizaram todas as
etapas propostas para essa pesquisa. Exclusão: déficits neurológicos, cognitivos;
síndromes genéticas, traumas faciais e alteração morfológica da ATM. Participaram
60 sujeitos, ambos os sexos, média de idade 28 anos. A investigação dos dados
referentes às queixas, DTM e funções estomatognáticas ocorreu em três momentos:
avaliação miofuncional prévia à cirurgia, reavaliação pós-cirúrgica imediata (10 a 20
dias pós) e em reavaliação quatro meses após realização da cirurgia ortognática e
reabilitação fonoaudiológica. Para verificação das diferenças entre os tipos de DDF,
os sujeitos foram agrupados conforme características craniofaciais, constituindo-se 3
grupos. GA: 22 sujeitos Classe II Esquelética, GB: 22 sujeitos Classe III Esquelética;
GC: 16 sujeitos com laterognatismo. Foi realizada estatística descritiva e testes
específicos. As queixas iniciais principais foram: dificuldades funcionais,
sintomatologia de DTM e estética. Todos os participantes apresentaram alteração
das funções estomatognáticas analisadas e presença de DTM em 75% da amostra.
Após os tratamentos verificou-se redução das queixas, melhora das funções para a
maioria da população estudada (p<0,001) e remissão da DTM em 88,3 dos
participantes (p< 0,001). Constatou-se semelhança quanto à presença de DTM,
entre os três grupos no momento pré-cirúrgico. Após os tratamentos, GB apresentou
100% de remissão da DTM, com diferença estatisticamente significante quando
comparando aos outros dois grupos (p=0,004). GA foi o único grupo com média de
amplitude máxima de abertura menor que o limite mínimo de referência (p<0,001).
No pré CO observou-se mastigação unilateral para todos os grupos, em GA
predominou deslize anterior da mandíbula na mastigação e na fala, GB movimentos
mastigatórios verticalizados e maior porcentagem de distorções fonéticas e GC
poucos ciclos mastigatórios. Após tratamentos GA apresentou maior porcentagem
de manutenção do padrão de mastigação unilateral, GB apresentou remissão de
todas as alterações de deglutição e adequação da fala para os três grupos.
Indivíduos com DDF apresentam alterações miofuncionais referentes às funções
estomatognáticas, assim como DTM. Os tratamentos, cirúrgico e fonoaudiológico,
produziram modificação miofuncional verificando-se correção dos padrões funcionais
referentes às funções estomatognáticas, assim como redução de DTM. Os três
grupos de DDF analisados não se diferenciaram, em geral, quanto à presença de
alterações funcionais e de DTM pré CO, porém tais diferenças ficaram evidentes
após os tratamentos.
Palavras-chave:
Transtornos da Articulação Temporomandibular, prognatismo,
retrognatismo, mastigação, deglutição, fala, cirurgia e reabilitação.