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II - O LUGAR E OS CAMINHOS DE UMA FICÇÃO
Há espíritos simplistas, que acham que têm uma explicação para tudo.
É que explicada a coisa, foi-se o mistério!
Principalmente esses que insistem em demonstrar os poemas, como se
quisessem desmascarar o poeta.
Eles me fazem lembrar aquelas pessoas “espertas” de certas
cidadezinhas do interior, as quais, indo assistir à função de um mágico,
puseram-se a bradar no meio do espetáculo:
“Isso é truque! Não pega! É truque! É truque!”
Mas, para alívio das almas compassivas, acrescento que o pobre
mágico sempre conseguiu escapar com vida por trás dos bastidores...
(Mário Quintana, Mágica & Mistério)
2.1 – O autor e seu legado
Erico Verissimo
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inscreve-se, no cenário da literatura brasileira,
como um de seus grandes nomes. Com uma produção artística que
abrange período superior a 40 anos, o autor elege o romance como seu
gênero preferencial. Embora faça parte da estudada geração de 30 da
ficção brasileira, a qual inclui nomes como Jorge Amado e Graciliano
Ramos, de marcado recorte regionalista, distingue-se por iniciar o que
Flávio Loureiro Chaves (1981) definiu como uma longa investigação que
busca ver o homem na sua dinâmica social e o indivíduo na sua
humanidade.
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Com isso traz à literatura sul-rio-grandense, já na década de
30, a sua mais profunda renovação, optando pelo estilo realista de
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Erico Verissimo (Cruz Alta, RS, 1905 – Porto Alegre, 1975). Obras de ficção: Fantoches
(1923); Clarissa (1933); Música ao Longe (1935); Caminhos Cruzados (1935); Um Lugar
ao Sol (1936); Olhai os Lírios do Campo (1938); Saga (1940); As Mãos de Meu Filho
(1942); O Resto é Silêncio (1943); Noite (1954); O Tempo e o Vento, I. O Continente
(1949); O Tempo e o Vento, II. O Retrato (1951); O Tempo e o Vento, III. O Arquipélago
(1961); O Senhor Embaixador (1965); O Prisioneiro (1967); Incidente em Antares (1971);
Solo de Clarineta (memórias) 2vols(1973-1976). Fonte: BOSI, Alfredo. História Concisa da
Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1999.