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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA
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DECOMPOSIÇÃO DO CRESCIMENTO
ECONÔMICO BRASILEIRO: 1983-2007
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Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 2008
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DECOMPOSIÇÃO DO CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO: 1983-2007”
RODRIGO VIEIRA VENTURA
Dissertação apresentada ao curso de
Mestrado Profissionalizante em Economia
como requisito parcial para obtenção do
Grau de Mestre em Economia.
Área de Concentração: Economia
Empresarial
ORIENTADOR: FERNANDO AUGUSTO ADEODATO VELOSO
Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 2008
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DECOMPOSIÇÃO DO CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO: 1983-2007”
RODRIGO VIEIRA VENTURA
Dissertação apresentada ao curso de
Mestrado Profissionalizante em Economia
como requisito parcial para obtenção do
Grau de Mestre em Economia.
Área de Concentração: Economia
Empresarial
Avaliação:
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
Professor Dr. FERNANDO AUGUSTO ADEODATO VELOSO (Orientador)
Instituição: IBMEC RJ
_____________________________________________________
Professor Dr. ALEXANDRE BARROS DA CUNHA
Instituição: IBMEC RJ
_____________________________________________________
Professor Dr. VICTOR GOMES E SILVA
Instituição: Universidade de Brasília (UnB)
Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 2008
339
V468
Ventura, Rodrigo Vieira.
Decomposição do crescimento econômico brasileiro: 1983-2007 /
Rodrigo Vieira Ventura - Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec, 2008.
Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Economia das Faculdades Ibmec,
como requisito parcial necessário para a obtenção do título de
Mestre em Economia.
Área de concentração: Economia empresarial.
1. Macroeconomia. 2. Crescimento econômico - Brasil. 3.
Produtividade.
v
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Bete e Humberto, que sempre
fizeram da educação de seus filhos a principal prioridade
de suas vidas.
vi
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Bete e Humberto, que me educaram e formaram diariamente nos
últimos 25 anos, fazendo-me acreditar que o futuro é algo que pode ser constrdo com
trabalho, dedicação, otimismo e superação.
Ao meu irmão Ricardo, pela amizade incondicional que o seu melhor amigo pode
lhe oferecer.
À Paula, pelo carinho, pelo presente e pelo futuro.
À Macroplan, em especial a Claudio Porto, pela confiança, pela formação, pelas
oportunidades e pelo apoio no financiamento do curso de Mestrado.
Ao Professor Fernando Veloso, pela orientação ao longo deste trabalho.
vii
RESUMO
Esta dissertação tem por objetivo analisar o crescimento econômico brasileiro entre
1983 e 2007, buscando evidenciar os determinantes do crescimento (capital físico, capital
humano e Produtividade Total dos Fatores) com maior importância relativa em cada período
por meio de um método denominado decomposição do crescimento. Os resultados
demonstram que o capital humano (educação) consistiu no principal responsável pelo
crescimento do produto por trabalhador no Brasil durante os últimos 25 anos. Além disso,
evidencia-se que a trajetória de queda da PTF nos anos 80 é sucedida por sua substancial
recuperação na década seguinte. Este movimento de recuperação da PTF mostra-se mais
acentuado entre 2003 e 2007, sendo este componente o principal responsável pela aceleração
do crescimento econômico registrada no período.
viii
ABSTRACT
This dissertation explores the Brazilian economic growth performance between 1983
and 2007. It empirically shows the most important determinants of economic growth (capital,
education and Total Factor Productivity) for the Brazilian economy in several periods of the
last 25 years, in a method called growth decomposition. The growth decomposition exercises
shows that the human capital (education) performance was the main responsible for the
Brazilian economic growth from 1983 and 2007. In addition, we conclude that the downfall in
productivity in the 80s was succeeded by its recuperation in the 90’s. This increasing TFP
growth becomes stronger from 2003 to 2007 and stimulates the accelerated economic growth
occurred in this period.
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Taxa de Crescimento da Produtividade e Outras Estatísticas ....................... 27
Tabela 2 Decomposição Logarítmica do Crescimento - Método 1: População
Economicamente Ativa (PEA) ............................................................................................. 29
Tabela 3 Decomposição Logarítmica Alternativa do Crescimento - Método 1:
População Economicamente Ativa (PEA) ........................................................................... 30
Tabela 4 Decomposição Logarítmica do Crescimento - Método 2: População Ocupada
(PO) ........................................................................................................................................ 32
Tabela 5 Decomposição Logarítmica Alternativa do Crescimento - Método 2:
População Ocupada (PO) ..................................................................................................... 33
Tabela A1 Taxa de Crescimento da Produtividade e Outras Estatísticas para Períodos
Adicionais ............................................................................................................................... 42
Tabela A2 – Decomposição Logarítmica do Crescimento para Períodos Adicionais -
Método 1: População Economicamente Ativa (PEA) ........................................................ 43
Tabela A3 Decomposição Logarítmica Alternativa do Crescimento para Períodos
Adicionais - Método 1: População Economicamente Ativa (PEA) ................................... 44
Tabela A4 – Decomposição Logarítmica do Crescimento para Períodos Adicionais -
Método 2: População Ocupada (PO) ................................................................................... 45
Tabela A5 Decomposição Logarítmica Alternativa do Crescimento para Períodos
Adicionais - Método 2: População Ocupada (PO) ............................................................. 46
x
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
2
REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................... 4
2.1
GOMES, PESSÔA E VELOSO (2003) .................................................................................. 4
2.2
BUGARIN, ELLERY JR., GOMES E TEIXEIRA (2004) ...................................................... 8
2.3
BACHA E BONELLI (2005) ...............................................................................................10
2.4
FERREIRA, ELLERY JR. E GOMES (2008) ......................................................................12
3
METODOLOGIA E BASE DE DADOS .................................................................... 15
3.1
FUNÇÃO DE PRODUÇÃO
...................................................................................................16
3.2
DECOMPOSIÇÕES DO CRESCIMENTO ..........................................................................20
4
RESULTADOS ............................................................................................................ 23
4.1
EVOLUÇÃO DA PTF NO BRASIL ....................................................................................24
4.2
DECOMPOSIÇÃO DO CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO .............................28
5
CONCLUSÕES ........................................................................................................... 37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 40
APÊNDICE ........................................................................................................................ 42
1
1 INTRODUÇÃO
Esta dissertação tem por objetivo analisar o crescimento do produto por
trabalhador da economia brasileira nos últimos 25 anos, avaliando, para diversos sub-
períodos, a contribuição relativa dada por cada um dos determinantes do crescimento:
produtividade total dos fatores (PTF), estoque de capitalsico e estoque de capital
humano.
A decomposição do crescimento e o comportamento da PTF no Brasil em
distintos períodos são objeto de estudo de diversos artigos. Gomes, Pessôa e Veloso
(2003) apontam que a PTF foi o principal determinante de crescimento do produto por
trabalhador da economia brasileira no período 1950-2000. Além disso, evidenciam que,
entre 1976 e 1992, a produtividade da economia brasileira registrou queda substancial,
recuperando-se no período seguinte – 1992 a 2000.
Bugarin, Ellery Jr., Gomes e Teixeira (2004) tamm analisam a evolução do
crescimento econômico brasileiro nas décadas de 70, 80 e 90. O estudo aponta que,
entre 1971 e 1974, o comportamento da PTF constituiu-se no principal determinante do
crescimento do PIB per capita brasileiro. Entre 1975 e 1998, o acúmulo de capital se
transformou no principal determinante do crescimento, enquanto que a contribuição da
PTF ao crescimento tornou-se negativa. A partir de 1989, no entanto, o artigo aponta
2
evincias do incremento da contribuição da PTF para o crescimento do PIB per capita
no período.
O comportamento do crescimento econômico brasileiro nas décadas de 80 e 90
também é analisado em Bacha e Bonelli (2005). O estudo revela que a poupança, por si
só, é insuficiente para explicar o colapso da acumulação de capital e do crescimento do
PIB brasileiro após 1980. Até o início dos anos 80, a taxa de poupança foi a principal
fonte de dinamismo do estoque de capital. O colapso do crescimento do estoque de
capital após 1984, no entanto, é explicado principalmente pelo comportamento adverso
do preço relativo do investimento.
Ferreira, Ellery Jr. e Gomes (2008) discutem o comportamento da PTF no Brasil
entre 1970 e 1998, buscando identificar o quanto de sua queda pode ser explicada a
partir de mudanças na forma tradicional de cálculo do estoque de capital físico. O estudo
conclui que, ao comparar as diversas medidas, percebe-se a robustez do grande declínio
da PTF no Brasil de 1970 a 1998.
A dissertação segue a mesma metodologia empregada por Gomes, Pessôa e
Veloso (2003), estendendo a análise relacionada ao cálculo da PTF e à decomposição do
crescimento econômico até 2007. Adicionalmente, estima a PTF com a utilização de
medidas alternativas para o cálculo do fator de produção trabalho, obtendo-a a partir da
população economicamente ativa (PEA) e, alternativamente, a partir da população
ocupada. Cabe ressaltar que a variável de capital humano utilizada nesta dissertação é
calculada a partir dos dados de escolaridade do Ipeadata, enquanto que Gomes, Pessôa e
Veloso (2003) utilizam dados de escolaridade de Barro e Lee (2000).
3
Os resultados encontrados indicam que as conclusões acerca do comportamento
do crescimento econômico brasileiro nos últimos 25 anos não são influenciadas por
modificações na forma de mensuração do fator de produção trabalho. Para ambas as
séries PEA e populão ocupada –, a evincia mostra que, entre 1983 e 2007, a
economia brasileira registrou queda da PTF.
Entre 1983 e 1992, essa queda foi mais acentuada, mantendo-se relativamente
estável entre 1992 e 2001. No período 2001-2007, a produtividade da economia
brasileira registrou trajetória de crescimento, que, por seu turno, mostrou-se mais intensa
a partir de 2003.
No que se refere à decomposição do crescimento, os resultados encontrados são
de que a acumulação de capital humano determinado pela ampliação da escolaridade
da força de trabalho brasileira consistiu no principal determinante do crescimento
econômico do País no período 1983-2007. Em particular, uma parcela expressiva da
acumulação de capital físico ao longo do período pode ter sido induzida pelo
crescimento do capital humano e da PTF.
A dissertação está organizada em cinco capítulos, incluindo esta introdução. No
capítulo 2 é apresentada a revisão da literatura econômica relacionada a este tema. No
capítulo 3 apresentamos a descrição da base de dados e da metodologia utilizada. No
capítulo 4 são apresentados os resultados obtidos, seguidos da concluo no capítulo 5.
.
4
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 GOMES, PESSÔA E VELOSO (2003)
O estudo analisa a evolução da PTF para a economia brasileira de 1950 a 2000.
Primeiramente, o artigo faz uma análise comparativa da PTF utilizando uma amostra de
países desenvolvidos e em desenvolvimento, buscando confrontar o observado para o
Brasil com o ocorrido em outros países. Essa análise permite que se identifique até que
ponto a evolução da PTF no Brasil reflete características específicas da economia
brasileira como poticas econômicas e as instituições que moldam a estrutura de
incentivos da economia – ou fatores comuns a outras economias.
Os autores subdividem a PTF em duas parcelas. A primeira consiste em uma taxa
calibrada de progresso tecnológico, suposta constante e comum a todas as economias.
Denominada de evolução da fronteira tecnológica”, ela é calculada com base no
comportamento de longo prazo do produto por trabalhador da economia norte-
americana. a segunda parcela corresponde à diferença entre a evolução da PTF e a
fronteira tecnológica, sendo denominada por evolução da produtividade total dos fatores
descontada (PTFD). Nesse sentido, entende-se por PTFD a componente de
produtividade específica ao país, enquanto que a fronteira tecnológica corresponde ao
5
crescimento da produtividade resultante da ligação da economia com as demais
economias de mercado.
Os métodos de cálculo da PTF utilizados no artigo permitem que se avalie até que
ponto a trajetória de uma determinada economia reflete dinâmica de transição ou
crescimento balanceado. Para tal, a evolução da PTFD é investigada para um conjunto
de 30 países selecionados e divididos nos seguintes grupos: América Latina, Europa
Continental, Países de Língua Inglesa, Países Ibéricos e Leste Asiático.
O estudo utiliza duas bases de dados. Para os dados de produto por trabalhador,
população economicamente ativa (PEA) e investimento, é empregada a Penn-World
Table (PWT) versão 6.1 base de dados que contém informações sobre 23 variáveis
para 168 países. A vantagem proporcionada pela PWT é que as estatísticas das Contas
Nacionais são calculadas a preços internacionais, segundo o conceito de paridade de
poder de compra, que corrige os efeitos de diferenças sistemáticas de custo de vida entre
as economias.
Já os dados referentes aos anos médios de escolaridade da PEA foram obtidos em
Barro e Lee (2000), onde constam os anos dios de escolaridade da PEA a cada cinco
anos para uma grande amostra de países entre 1960 e 2000.
A produção agregada é representada pela função de produção, dada pela
especificação Cobb-Douglas:
αα
λ
=
1
)(
titititit
hkAy
6
onde
it
y é o produto por trabalhador da i-ésima economia no instante t,
it
A é a PTFD,
it
k é o capital por trabalhador,
it
h é o capital humano (educação) por trabalhador e
t
λ
representa a evolução da fronteira tecnológica.
O capital humano é calculado a partir dos anos médios de escolaridade da PEA e
da taxa de retorno da escolaridade sobre a produtividade do trabalho. O estoque de
capital sico por trabalhador é calculado a partir do método do inventário perpétuo,
utilizando-se o investimento bruto e o estoque de capital agregado para cada ano, além
de uma taxa de depreciação constante e igual a 3,5% a.a. no período 1950-2000.
Nesta abordagem, a PTFD para cada economia a cada ano, dada por
it
A , é
calculada a partir da função de produção:
αα
λ
=
1
)(
titit
it
it
Hk
y
A
Por fim, para obter o valor da taxa de progresso tecnológico foi ajustada uma
tendência exponencial à série do produto por trabalhador dos EUA entre 1950 e 1972,
corrigindo pelo aumento da escolaridade dia da força de trabalho. Usando esse
procedimento, foi obtida uma taxa anual de progresso tecnológico de 1,53% a.a..
O cálculo da decomposição de crescimento permite determinar, para cada
intervalo de tempo, qual a contribuição quantitativa de cada um desses quatro
componentes capital humano, capital sico, PTFD e fronteira tecnológica para a
evolução do produto por trabalhador. A decomposição logarítmica do crescimento entre
dois instantes de tempo é dada pela seguinte equação:
7
)(
)(
,,,
,
ln)1(lnln)1(lnln
it
Nti
h
h
it
Nti
t
Nt
it
Nti
it
Nti
e
e
k
k
A
A
y
y
φ
φ
αα
λ
λ
α
+
+++=
+
+
++
Em seguida, o artigo apresenta uma decomposição alternativa do crescimento, na
qual a contribuição do capital é mensurada utilizando-se a relação capital-produto em
vez da relação capital-trabalho. A idéia por trás desse procedimento é que, como em
crescimento balanceado a razão capital-produto é constante, a acumulação de capital
induzida pelo progresso tecnológico será atribuída corretamente ao aumento da PTF e da
escolaridade, o que o ocorre na contabilidade tradicional do crescimento. A
decomposição alternativa do crescimento é dada por:
it
Nti
h
h
it
Nti
t
Nt
it
Nti
it
Nti
e
e
A
A
y
y
(
)(
,,,
,
lnln
1
lnln
1
1
ln
φ
φ
κ
κ
α
α
λ
λ
α
+
+
++
=
+
+
++
onde
it
κ
representa a relação capital-produto da economia.
Como conclusões, o estudo aponta que, entre 1950 e 1967, a trajetória da
economia brasileira apresenta as características de uma trajetória de crescimento
balanceado. Entre 1967 e 1976, por sua vez, evidência de crescimento da PTF além
da evolução da fronteira tecnológica. entre 1976 e 1992, a PTF cresceu a uma taxa
inferior à taxa de crescimento da fronteira tecnológica, registrando taxas negativas
durante a década de 1980. Por fim, entre 1992 e 2000, a trajetória da economia
brasileira, mais uma vez, apresenta características de uma trajetória de crescimento
balanceado.
8
Outro importante resultado obtido é que a PTF foi o principal determinante de
crescimento do produto por trabalhador da economia brasileira no período 1950-2000.
No entanto, o estudo sugere que esse crescimento da PTF deveu-se exclusivamente à
evolução da fronteira tecnológica à qual a economia brasileira teve acesso em função de
sua ligação com as demais economias de mercado. Para a década de 1990, por sua vez,
grande parte do crescimento do produto por trabalhador foi fruto da elevação da
escolaridade da PEA.
Por fim, os resultados mostram que o crescimento da PTF em relação à evolução
da fronteira tecnológica, observada no Brasil entre 1967 e 1976, não se verificou em
outros países. Por outro lado, embora a queda da PTF no Brasil entre 1976 e 1992
também tenha se verificado em outros países, a intensidade e a duração dessa queda
encontram paralelo em países da América Latina. Tal evidência sugere que as variações
da PTF nesses períodos possivelmente refletem características próprias da economia
brasileira e de outras economias da América Latina, como a qualidade da potica
econômica e do ambiente institucional.
2.2 BUGARIN, ELLERY JR., GOMES E TEIXEIRA (2004)
O estudo analisa a evolão da economia brasileira nas últimas décadas, buscando
descrever os principais determinantes do crescimento do PIB per capita em dois sub-
períodos distintos: a década de 70 período conhecido como “milagre econômicoe
os anos 80 e 90, quando o PIB per capita brasileiro registrou estagnação. Em linhas
gerais, o estudo busca estimar a contribuição do progresso tecnológico, medido pela
PTF, ao crescimento econômico brasileiro em cada um desses períodos.
9
Aplicando o modelo Cass-Koopmans para dados da economia brasileira relativos
ao período de 1970 a 1998, o estudo revela uma brusca mudança de comportamento do
crescimento econômico nos dois sub-períodos avaliados. Entre 1970 e 1979, o Brasil
cresceu pouco acima de 5% a.a., enquanto que entre 1981 e 1998 este crescimento
despencou para menos de 0,3% a.a..
Adicionalmente, traz luz ao fato de que, mesmo dentro de cada um dos sub-
períodos analisados – 1971 a 1980 e 1981 a 1998 –, o perfil do crescimento econômico é
distinto, com os determinantes da expansão do PIB per capita oscilando no decorrer do
tempo. Para tal, o estudo utiliza como metodologia a função de produção agregada, onde
o fator de produção trabalho é calculado a partir do número de horas trabalhadas
obtido por meio de dados agregados da PNAD e a eficiência da economia é medida
pela PTF. O estoque de capital, por sua vez, é medido utilizando-se dados da formação
bruta de capital físico (FBKF) presente nas Contas Nacionais.
O estudo revela que o Brasil cresceu de maneira contínua ao longo da década de
70, com o PIB per capita registrando expansão média de 5,05% a.a. entre 1970 e 1979.
No entanto, o principal determinante do crescimento econômico é diferente no decorrer
do período. Entre 1971 e 1974, quando o PIB per capita cresceu, em média, 9,24% a.a.,
o comportamento da PTF constituiu-se no principal determinante deste crescimento,
contribuindo com 5,48 pontos percentuais deste total.
A partir do primeiro choque do petróleo, o ambiente internacional se deteriorou e
a natureza do crescimento econômico brasileiro, conseqüentemente, se modificou.
Assim, visando a sustentar as elevadas taxas de crescimento econômico do período
antecedente, foi implantado pelo Governo o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II
10
PND). Responsável pela expansão dos investimentos totais, o Plano contribuiu para que,
entre 1975 e 1980, o acúmulo de capital se transformasse no principal determinante do
crescimento econômico brasileiro. Enquanto isso, a contribuição da PTF ao crescimento
tornou-se negativa.
O segundo sub-período analisado, 1981-1998, também retrata a mudança do
padrão de crescimento da economia brasileira. Entre 1981 e 1998, o PIB per capita
cresceu, em dia, 0,28% a.a. e foi estimulado, principalmente, pelo acúmulo de
capital. Contudo, a contribuão da PTF à expansão da economia, que decresceu
continuadamente entre 1981 e 1992, torna-se o principal determinante do crescimento
econômico nos anos seguintes (1993 a 1998). Entre 1981 e 1988, a contribuição da PTF
à expansão do PIB per capita é negativa e equivalente a 1,63 pontos percentuais, se
reduz para -5,41 pontos percentuais entre 1989 e 1992 e, entre 1993 e 1998, sobe
abruptamente para 2,02 pontos percentuais.
2.3 BACHA E BONELLI (2005)
O estudo analisa a experiência brasileira de crescimento, em especial buscando
investigar a razão da drástica desaceleração do crescimento do PIB do Brasil a partir de
1980. Sua característica distintiva, no entanto, é uma nova maneira de expressar a
igualdade entre poupança e investimento como forma de organizar a contabilidade do
crescimento brasileiro.
Utilizando dados para o Brasil para o período 1941-2002, o estudo,
primeiramente, encontra uma associão positiva e robusta entre as séries históricas das
taxas de crescimento do PIB e do capital utilizado (correlação igual a 0,83). Em seguida,
11
o foco é dado à análise dos principais determinantes da taxa de crescimento do estoque
de capital: preço relativo do investimento, produtividade do capital e grau de utilização
da capacidade instalada. Para tal, estima o modelo AK onde a acumulação de capital é
o único fator responsável pelo crescimento do PIB para dados brasileiros em vários
períodos.
No modelo, as variáveis determinantes da acumulação de capital, medida pela
taxa de crescimento do estoque de capital, são o investimento bruto real, o estoque de
capital existente e a taxa de depreciação. Ademais, o modelo mostra que o impacto da
taxa de poupança na taxa de crescimento do estoque de capital é condicionado pelo
preço relativo do investimento, a capacidade instalada e a produtividade do capital.
Nesse sentido, observa-se que o crescimento do estoque de capital avançou a taxas
muito elevadas até meados dos anos 80, atingindo pico de 8,5% a.a. durante o período
do “milagre econômico” (1964-74). O comportamento de seus componentes, entretanto,
mudou de forma substancial nas diferentes fases consideradas. Entre 1942 e 1974, a
utilização média de capacidade permaneceu em níveis elevados, em 97%. Depois disso,
no período 1974-1984, declinou fortemente. A produtividade medida pelo inverso da
relação capital-produto –, por seu turno, caiu durante toda a história, tendo sua tendência
declinante acentuada no período 1974-1984. o preço relativo do investimento
aumentou continuadamente em todos os períodos, e de forma particularmente forte a
partir de 1984.
Dentre seus resultados, o estudo revela que a poupança, por si , é insuficiente
para explicar o colapso da acumulação de capital e do crescimento do PIB brasileiro,
sobretudo após 1980. De fato, até o início dos anos 80 a taxa de poupança foi a principal
12
fonte de dinamismo do estoque de capital. O colapso do crescimento do estoque de
capital após 1984, no entanto, é explicado principalmente pelo comportamento adverso
do preço relativo do investimento. Em resumo, a principal razão da depressão na
acumulação de capital no Brasil nos últimos 20 anos parece ter sido o aumento no preço
relativo do investimento, que reduziu fortemente o poder de compra da poupança.
Assim, para uma descrição mais completa da acumulação de capital no Brasil é
preciso levar em conta, além da poupança, as mudanças no preço relativo do
investimento, a produtividade do capital e o grau de utilização da capacidade instalada.
2.4 FERREIRA, ELLERY JR. E GOMES (2008)
Usualmente, a PTF é calculada a partir de estimativas para o estoque de capital e
de horas trabalhadas, bem como de uma função de produção agregada. As estimativas
de estoque de capital são construídas geralmente através da acumulação do
investimento, porém este todo apresenta uma série de problemas como descrito em
Pritchett (2000). De maneira análoga, problemas relacionados ao uso do capital
costumam ser desconsiderados no cálculo da PTF em vários trabalhos aplicados.
É com este espírito que o artigo discute o comportamento da PTF no Brasil,
buscando identificar o quanto de sua queda pode ser explicada a partir de mudanças na
forma tradicional de lculo desta variável. Tendo o problema da mensuração de
insumos em mente, no trabalho são feitos vários cálculos da PTF de forma a considerar
diversas medidas alternativas da produtividade.
O caso base para análise da PTF utiliza dados de capital e trabalho comuns na
literatura sobre ciclos econômicos e crescimento. O produto é medido pelo Produto
13
Nacional Bruto (PNB), o estoque de capital é constrdo a partir da série de
investimento do IBGE – assumindo taxa de depreciação de, aproximadamente, 9% – e o
fator de produção trabalho é calculado a partir da série de total de horas trabalhadas,
obtida na PNAD.
Utilizando séries temporais para o Brasil no período entre 1970 e 1998, o estudo
analisa a PTF em termos relativos tal como em Gomes, Pessôa e Veloso (2003) –,
utilizando a PTF norte-americana como norma, dado que foi a economia dos EUA a
líder de crescimento econômico no século XX. Primeiramente, analisa o caso-base de
medida da PTF para o Brasil e, em seguida, realiza estimativas da produtividade
considerando a utilização do capital, a semana de uso do capital e, também, medindo o
capital a partir do consumo de energia.
Após apresentar uma estimativa da PTF com capital humano, o estudo analisa
medidas alternativas de mensuração do estoque de capital no Brasil para o lculo da
produtividade. Na primeira, o capital é composto apenas por máquinas e equipamentos,
e na segunda é constrdo um estoque de capital onde são adicionadas as construções
o-residenciais às séries de máquinas e equipamentos.
O principal resultado do artigo é que, ao comparar as diversas medidas, percebe-
se a robustez do grande declínio da PTF no Brasil de 1970 a 1998. Modificações no
modelo básico não foram suficientes para mudar este resultado. Isto significa que
considerar fatores como uso do capital, medidas alternativas para mensuração do capital
e usar ou o uma medida de capital humano não levam a mudanças significativas no
comportamento da PTF no decorrer do peodo.
14
De fato, a única estimação que se diferencia em termos quantitativos ocorre
quando a PTF é corrigida por movimentos no pro relativo do investimento em relação
ao produto e, mesmo neste caso, o resultado qualitativo o declínio da produtividade
nos anos 80 – permanece. Diante disso, a conclusão do estudo é que mudanças na forma
de lculo da PTF o geram mudanças importantes no fato de que seu comportamento
explica de forma significativa o comportamento do PIB per capita brasileiro.
15
3 METODOLOGIA E BASE DE DADOS
A metodologia utilizada para a decomposição do crescimento é a mesma descrita
por Gomes, Pessôa e Veloso (2003), onde foi utilizado o modelo neocssico de
crescimento. O emprego da mesma metodologia torna possível, portanto, a
comparabilidade dos resultados aqui apresentados com aqueles obtidos pelos autores.
Três bases de dados foram utilizadas. Para os dados de escolaridade, PIB e
investimento, utilizou-se as séries históricas do Ipeadata. para a composição da série
histórica relacionada ao fator de produção trabalho, foram utilizados dois dados de
fontes distintas.
Primeiramente, foi empregada a série da PEA encontrada na atualização 6.1 da
Penn World Table (PWT), base de dados internacional que contém informações sobre
23 variáveis para 168 países. Além disso, como método alternativo para elaboração da
série histórica de trabalho, foram utilizados os dados da população ocupada presentes na
base do Banco Central.
16
3.1 FUNÇÃO DE PRODUÇÃO
As possibilidades de produção da economia podem ser descritas pela seguinte
função:
),(
tttt
hkfAy =
onde
t
y é o produto por trabalhador no instante t,
t
A é a PTF,
t
k é o capital por
trabalhador e
t
h é o capital humano por trabalhador.
A hitese assumida é a de que (.)f tem as propriedades de uma função de
produção neoclássica: homogeneidade de grau e produtividade marginal positiva e
decrescente nos fatores de produção.
Neste trabalho, é adotada uma forma funcional específica para a função de
produção, dada pela especificação Cobb-Douglas:
α
α
=
1
tttt
hkAy
onde α é a elasticidade do produto em relação ao capital, o equivalente à participação do
capital na renda em equilíbrio competitivo. Neste trabalho, assim como em Gomes,
Pessôa e Veloso (2003), supõe-se α
igual a 0,40 valor que descreve a participação do
capital na renda durante a segunda metade da década de 1990.
17
3.1.1 Produto
A variável de produto foi construída utilizando-se os dados do Ipeadata para o
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro a preços de 2007.
3.1.2 Capital Humano
A educação afeta o capital humano de acordo com a seguinte função:
)(
t
s
t
eh
φ
=
onde
t
s
denota a escolaridade média, medida em anos de estudo, da população adulta
brasileira. A evidência empírica, descrita em Psacharopoulos (1994), mostra que a
função
(.)
é côncava, o que estabelece que há uma relão decrescente entre a
escolaridade média e a sua taxa de retorno. Bils e Klenow (2000) sugerem a seguinte
especificação funcional:
ψ
ψ
θ
φ
=
1
1
)( ss
onde
θ
> 0 e 0 <
ψ
< 1.
Os parâmetros utilizados neste trabalho são aqueles sugeridos em Bils e Klenow
(2000) e utilizados em Gomes, Pessôa e Veloso (2003):
θ
= 0,32 e
ψ
= 0,58.
Os dados relacionados à escolaridade média da população adulta brasileira foram
obtidos no Ipeadata, onde podem ser encontrados os anos médios de estudo dos
18
brasileiros com 25 anos ou mais de idade. A escolaridade média consiste na razão entre
o somatório do número de anos de estudo completados pelas pessoas que tem 25 ou
mais anos de idade e o número de pessoas nessa faixa etária.
Para os anos de 1991, 1994 e 2000, em que não havia observações dispoveis,
fez-se uma interpolação linear dos dados existentes. Além disso, dado que a série
histórica do indicador se estende apenas até 2005, para o período 2006-2007 utilizou-se
uma extrapolação da tendência evidenciada nos cinco anos anteriores.
3.1.3 Capital Físico
O estoque de capital sico por trabalhador é obtido a partir do método do
inventário perpétuo, descrito pela seguinte equação:
ttt
IKK
+=
+
)1(
1
δ
onde
δ
é a taxa de depreciação sica do capital,
I
t
é o investimento bruto em t e
K
t
é o
estoque de capital agregado. A taxa de depreciação utilizada neste trabalho é constante é
igual àquela calculada por Gomes, Pesa e Veloso (2003): 3,5% a.a..
Este procedimento requer um valor inicial para o estoque de capital, K
0
. Nesse
sentido, utiliza-se como estoque inicial o mesmo valor empregado por Gomes, Pessôa e
Veloso (2003) no ano de 1950, extraído do Ipeadata. É a partir deste valor que se
calcula a série histórica de capital sico para o período de análise 1983-2007.
Os investimentos totais em cada ano são obtidos no banco de dados do Ipeadata a
partir da série de investimento a preços constantes de 2007, medido pela formação bruta
19
de capital fixo. Ademais, o estoque de capital é dividido por uma medida de trabalho
para a construção da série histórica do capital por trabalhador.
3.1.4 Trabalho
Para elaborar a série de trabalho, foram utilizados dois métodos alternativos.
Primeiro, foi construída para o Brasil a mesma série da PEA utilizada em Gomes,
Pessôa e Veloso (2003), obtida na PWT. Outra medida utilizada do número de
trabalhadores é a força de trabalho ocupada. Nesse sentido, foi construída a partir de
dados do Banco Central (BCB) uma série para a população ocupada brasileira – número
de pessoas que declararam estar ocupadas na semana de referência. Para os anos de
1994 e 1997, em que não havia observações disponíveis, fez-se uma interpolação linear
dos dados existentes.
3.1.5 Produtividade Total dos Fatores (PTF)
Uma das contribuições desse trabalho é descrever a dinâmica da PTF na economia
brasileira. Calculada a partir da função de produção, a PTF da economia brasileira a
cada ano,
t
A
, é dada por:
α
α
=
1
tt
t
t
hk
y
A
20
3.2 DECOMPOSIÇÕES DO CRESCIMENTO
A partir dos elementos que fazem parte da função de produção, é possível calcular
a decomposição do crescimento econômico brasileiro entre 1983 e 2007. Isto é, pode-se
determinar, para cada intervalo de tempo, qual a contribuição quantitativa de cada um
dos três componentes PTF, capital humano e capitalsico para a evolução do
produto por trabalhador.
São considerados dois métodos para a decomposição do crescimento: a
decomposição logarítmica do crescimento e a decomposição logarítimica alternativa do
crescimento.
3.2.1 Decomposição Logarítmica do Crescimento
A decomposição logarítmica do crescimento é comumente encontrada na
literatura. Pode-se calcular a varião logarítmica da PTF, do capital físico e do capital
humano entre dois instantes
t
e
t+N
a partir da equação a seguir:
)(
)(
ln)1(lnlnln
t
Nt
h
h
t
Nt
t
Nt
t
Nt
e
e
k
k
A
A
y
y
φ
φ
αα
+
++=
+++
A importância relativa para o crescimento do produto por trabalhador de variações
na PTF, acumulação de capital físico por trabalhador e variação da escolaridade média
da força de trabalho é dada por:
21
t
Nt
h
h
t
Nt
t
Nt
t
Nt
t
Nt
y
y
e
e
y
y
k
k
y
y
A
A
t
Nt
++
+
+
+
+
ln
ln)1(
,
ln
ln
,
ln
ln
)(
)(
φ
φ
α
α
A decomposição descrita acima corresponde à contabilidade tradicional do
crescimento
1
.
3.2.2 Decomposição Logarítmica Alternativa do Crescimento
A decomposição logarítmica alternativa do crescimento difere da primeira por
descontar da contribuição do capital aquela parcela que é induzida pelo progresso
tecnológico e elevação da escolaridade. A decomposição logarítmica alternativa do
crescimento é dada pela seguinte equação:
)(
)(
lnln
1
ln
1
1
ln
t
Nt
h
h
t
Nt
t
Nt
t
Nt
e
e
A
A
y
y
φ
φ
κ
κ
α
α
α
+
+
+
=
+++
onde
t
κ
é a relação capital-produto da economia brasileira no instante t.
Esse procedimento implica que, como em crescimento balanceado a razão capital-
produto é constante, a acumulação de capital induzida pelo progresso tecnológico será
atribuída corretamente ao aumento da PTF e da escolaridade, o que não ocorre na
contabilidade tradicional do crescimento
2
.
1
Barro (1998) descreve a contabilidade tradicional do crescimento.
2
Uma discussão da decomposição alternativa do crescimento é encontrada em Romer (2001, Cap. 3).
22
A importância relativa para o crescimento do produto por trabalhador de variações
na PTF, acumulação de capital físico e variação da escolaridade média da força de
trabalho é dada por:
t
Nt
h
h
t
Nt
t
Nt
t
Nt
t
Nt
y
y
e
e
y
y
y
y
A
A
t
Nt
++
+
+
+
+
ln
ln
,
ln
ln
1
,
ln
ln
1
1
)(
)(
φ
φ
κ
κ
α
α
α
A vantagem da decomposição alternativa em relação à contabilidade tradicional
do crescimento é que ela, além de calcular corretamente a importância relativa da PTF,
também permite que se avalie até que ponto a trajetória da economia reflete uma
dinâmica de transição ou trajetória de crescimento balanceado. Isso se deve ao fato de
que o modelo neoclássico prevê que, em crescimento balanceado, a importância relativa
do capital é nula. Portanto, dependendo do valor da importância relativa da relação
capital-produto, pode-se avaliar até que ponto a trajetória da economia captura uma
dinâmica de transição ou de crescimento balanceado.
23
4 RESULTADOS
Neste capítulo, são apresentados os resultados obtidos para a economia brasileira
no período 1983-2007, utilizando-se as diferentes especificações de decomposição do
crescimento. Além disso, são apresentados os resultados para as duas séries temporais
construídas para o fator de produção trabalho, com a análise das diferenças encontradas
entre eles.
Os resultados são apresentados para diferentes períodos. Além da análise do
comportamento do crescimento econômico brasileiro em todo o período de estudo,
1983-2007, é dada atenção especial aos seguintes sub-períodos:
1983-1992, período de baixo crescimento da economia brasileira, durante
o qual houve a crise do endividamento e elevadas taxas de inflação;
1992-2001, período de baixo crescimento econômico, mas durante o qual,
a partir do sucesso do Plano Real, em 1994, o País conquistou a
estabilidade monetária após uma década de hiperinflação;
24
2001-2007, período de crescimento econômico mediano e que apresenta
uma atualização dos resultados encontrados por Gomes, Pessôa e Veloso
(2003) à luz dos dados mais recentes; e
2003-2007, período para o qual se observou aceleração do crescimento
econômico.
Adicionalmente, é feita a decomposição do crescimento para três sub-períodos
complementares. O primeiro consiste no período 1983-1993, marcado pela
hiperinflação. Os demais períodos, 1994-2002 e 2002-2007, coincidem com os períodos
de mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso e do Presidente Luís Inácio Lula
da Silva, respectivamente.
Cabe ressaltar que, embora o primeiro ano do Governo Fernando Henrique
Cardoso tenha sido 1995 e o do Governo Lula tenha sido 2003, na decomposição
logarítmica o crescimento dos anos 1995 e 2003 faz parte dos períodos 1994-2002 e
2002-2007, respectivamente. Os principais resultados para estes períodos adicionais são
destacados ao longo desta seção, e as tabelas completas com os resultados encontrados
constam no Apêndice desta dissertação. A seguir, são apresentados o cálculo da PTF
para o Brasil e os resultados das duas decomposições de crescimento: logarítmica e
alternativa.
4.1 EVOLUÇÃO DA PTF NO BRASIL
Conforme reportado nas seções anteriores, a PTF é calculada a partir da função de
produção Cobb-Douglas. No Gráfico 1 é mostrada a evolução da PTF no Brasil para o
25
período 1983-2007. O gráfico apresenta a PTF emvel calculada a partir de duas
formas alternativas de mensuração do fator de produção trabalho: a partir da PEA,
utilizando-se a base de dados da PWT [PTF (PEA)]; e a partir da população ocupada,
com os dados disponibilizados pelo BCB [PTF (PO)].
Para ambas as séries, a evincia mostra que, entre 1983 e 2007, a economia
brasileira registrou queda da PTF. A PTF calculada a partir dos dados da PWT
apresentou queda de 12% em todo o período, enquanto que a produtividade medida pela
população ocupada caiu 15%.
Gráfico 1 – Evolução da PTF: 1983-2007 (Base 1983=100)
70,0
75,0
80,0
85,0
90,0
95,0
100,0
105,0
110,0
PTF (PEA) PTF (PO)
Entre 1983 e 1992, essa queda foi mais acentuada. Usando-se a série de trabalho
da PWT, registra-se uma queda acumulada de 16%. Quando a PTF é calculada a partir
da população ocupada, a redução total é de 18%. Adicionalmente, os resultados
26
apontam que nos anos de hiperinflação, 1983-1993, a PTF apresentou a maior redução
de todo o período analisado.
De 1992 a 2001, a PTF manteve-se relativamente estável. Medida a partir da PEA,
a produtividade oscilou negativamente em 0,2% a.a., à razão que, calculada a partir da
população ocupada, subiu 0,1% a.a.. Nesse aspecto, um ponto importante encontra-se
no fato de que a economia brasileira não conseguiu recuperar os níveis de produtividade
observados no início dos anos 80, inclusive permanecendo com a PTF em nível abaixo
ao observado no auge da crise do endividamento, em 1987, quando se deu a moratória
da dívida brasileira.
Entre 2001 e 2007, a produtividade da economia brasileira registra trajetória de
crescimento. A PTF se expandiu em 1,1% a.a. medida pela PEA e 0,6% a.a. medida
pela população ocupada. Essa trajetória de recuperação da produtividade mostra-se mais
intensa a partir de 2003, quando se observou a aceleração do crescimento econômico.
De 2003 a 2007, a PTF cresceu cerca de 2% a.a., calculada com as ries de trabalho da
PEA e da população ocupada.
A Tabela 1 sintetiza a evolução da PTF e dos outros determinantes do crescimento
para o Brasil no período 1983-2007.
27
Tabela 1 – Taxa de Crescimento da Produtividade e Outras Estatísticas
Período
Taxa anual de crescimento
y
k
h
A
1983-1992
-0,3% 1,9% 1,3% -1,9%
(-0,8%) (1,4%) (1,3%) (-2,2%)
1992-2001
0,9% 0,7% 1,5% -0,2%
(1,5%)
(1,3%) (1,5%) (0,1%)
2001-2007
2,0% 0,7% 1,1% 1,1%
(1,3%)
(-0,1%) (1,1%) (0,6%)
2003-2007
2,9% 0,9% 0,9% 2,0%
(3,1%)
(1,1%) (0,9%) (2,1%)
1983-2007
0,7% 1,2% 1,3% -0,5%
(0,6%)
(1,0%) (1,3%) (-0,6%)
Obs: Os resultados entre parênteses são aqueles obtidos a partir da série de trabalho construída
com a população ocupada. Em negrito são os resultados obtidos com a rie de PEA da PWT.
Dentre os resultados encontrados, evidencia-se ainda que durante o Governo
Fernando Henrique Cardoso, quando o produto por trabalhador da economia brasileira
cresceu próximo a 0,5% a.a., a produtividade registrou ligeira desaceleração. Medida
tanto pela PEA quanto pela população ocupada, a PTF apresentou taxa de crescimento
negativa, equivalente a -0,6% a.a..
Durante o Governo Lula, quando a taxa de crescimento do produto por
trabalhador situou-se pouco acima de 2% a.a., a PTF consistiu no componente que
apresentou crescimento mais acentuado. A produtividade registrou crescimento anual
médio de 1,3%, medida pela PEA, e de 1,4%, medida pela população ocupada. A
Tabela A1, localizada no Apêndice desta dissertação, traz os resultados completos da
evolução da taxa de crescimento da PTF e dos demais determinantes do crescimento
para os sub-períodos relacionados aos mandatos presidenciais.
28
O comportamento da PTF no Brasil em distintos períodos é objeto de estudo de
diversos artigos, incluindo Bonelli e Fonseca (1998), Silva Filho (2001), Pinheiro et alli
(2001) e Gomes, Pessôa e Veloso (2003). De maneira geral, tais artigos encontram taxa
negativa de crescimento para a PTF na década de 1980 e uma reversão dessa tendência
na década de 90, com a taxa de crescimento atingindo, inclusive, valores positivos.
Como evidencia a Tabela 1, os resultados aqui demonstrados são consistentes com
as evidências para o Brasil encontradas na literatura econômica. A taxa de crescimento
da PTF é, em média, negativa no período 1983-1992, e apresenta reversão no período
1992-2001, oscilando em torno de zero e atingindo, eventualmente, valores positivos. A
tendência de crescimento positivo da PTF se consolida a partir de 2001.
4.2 DECOMPOSIÇÃO DO CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO
Nesta seção são apresentados os resultados da contabilidade do crescimento da
economia brasileira ao longo do período 1983-2007. Os resultados foram obtidos com a
utilização dos dois métodos para a construção da série de trabalho retratados nas seções
anteriores – a partir da PEA e, complementarmente, com o uso da população ocupada.
Adicionalmente, são apresentados os resultados encontrados para os dois
procedimentos de contabilização do crescimento descritos: a decomposição logarítmica
do crescimento e a decomposição logarítmica alternativa do crescimento.
Primeiramente, apresentamos os resultados obtidos a partir do uso da série de trabalho
calculada com a PEA.
A Tabela 2 apresenta os resultados da decomposição logarítmica do crescimento
do produto por trabalhador para a economia brasileira. Ela destaca que a acumulação de
29
capital humano consistiu no principal determinante do crescimento econômico do País
no período 1983-2007, com uma contribuição de 108%. A PTF, por seu turno, ofereceu
contribuição negativa ao crescimento dos últimos 25 anos, na magnitude de 71%.
Tabela 2 – Decomposição Logarítmica do Crescimento
Método 1: População Economicamente Ativa (PEA)
Taxa de crescimento
Contribuição do Fator
Período
y
Anual
k
h
A
1983-1992
-0,3% 0,8% 0,8% -1,9%
(-232,0%) (-246,0%) (578,0%)
1992-2001
0,9% 0,3% 0,9% -0,2%
(30,0%) (93,0%) (-23,0%)
2001-2007
2,0% 0,3% 0,7% 1,1%
(14,0%) (33,0%) (53,0%)
2003-2007
2,9% 0,4% 0,5% 2,0%
(13,0%) (18,0%) (70,0%)
1983-2007
0,7% 0,5% 0,8% -0,5%
(62,0%) (108,0%) (-71,0%)
Obs: Os resultados entre parênteses são percentuais e correspondem à fração aproximada do
crescimento do produto por trabalhador atribuído ao fator em questão.
Como discutido anteriormente, uma forma possivelmente mais apropriada de
fazer a decomposição do crescimento é dada pela decomposição alternativa do
crescimento. Isto implica que, como em crescimento balanceado a razão capital-produto
é constante, a acumulação de capital induzida pelo progresso tecnológico será atribuída
corretamente ao aumento da PTF e à elevação da escolaridade, o que não ocorre na
contabilidade tradicional do crescimento. A Tabela 3 traz os resultados da
decomposição alternativa do crescimento para a economia brasileira entre 1983 e 2007.
30
Tabela 3 – Decomposição Logarítmica Alternativa do Crescimento
Método 1: População Economicamente Ativa (PEA)
Taxa de crescimento
Contribuição do Fator
Período
y
Anual
κ
h
A
1983-1992
-0,3% 1,5% 1,3% -3,2%
(-453,0%) (-411,0%) (964,0%)
1992-2001
0,9% -0,2% 1,5% -0,4%
(-17,0%) (155,0%) (-38,0%)
2001-2007
2,0% -0,9% 1,1% 1,8%
(-43,0%) (55,0%) (88,0%)
2003-2007
2,9% -1,3% 0,9% 3,4%
(-45,0%) (29,0%) (116,0%)
1983-2007
0,7% 0,3% 1,3% -0,9%
(37,0%) (180,0%) (-117,0%)
Obs: Os resultados entre parênteses são percentuais e correspondem à fração aproximada do
crescimento do produto por trabalhador atribuído ao fator em questão.
Como mostra a Tabela 3, a contribuição do capital para o crescimento do produto
por trabalhador no período 1983-2007 se reduziu de 62% para 37% em relação à
contabilidade tradicional do crescimento. Isso sugere que uma parcela expressiva da
acumulação de capital no período foi induzida pelo crescimento do capital humano e
pela variação da PTF.
De fato, levando-se em conta este efeito sobre a acumulação de capital, a Tabela 3
confirma que a acumulação de capital humano foi o principal componente responvel
pelo crescimento do produto por trabalhador na economia brasileira durante o período
1983-2007, com uma contribuição de 180%.
31
As Tabelas A2 e A3 localizadas no Apêndice desta dissertão trazem os
resultados da decomposição do crescimento para os sub-períodos relacionados aos
mandatos presidenciais, utilizando-se a PEA como método de mensuração do fator de
produção trabalho.
Evidencia-se que o acúmulo de capital humano consistiu no principal
determinante do crescimento do produto por trabalhador durante período do Governo
Fernando Henrique Cardoso. durante os anos do Governo Lula, a evolução da PTF
caracterizou-se como o principal determinante do crescimento econômico no período.
Para ambos os períodos, observou-se a redução da contribuição do capital físico para o
crescimento econômico quando utilizada a decomposição logarítmica alternativa em
substituição à contabilidade tradicional.
Na seqüência, apresentamos os resultados obtidos a partir do uso da série de
trabalho calculada com a população ocupada. As conclusões obtidas a partir da análise
dos resultados encontrados para a população ocupada são similares àquelas derivadas da
PEA.
A Tabela 4 apresenta os resultados da decomposição logarítmica do crescimento,
destacando que a acumulação de capital humano consistiu no principal determinante do
crescimento econômico do País no período 1983-2007, com uma contribuição de 142%.
A PTF ofereceu contribuição negativa de -112% no período.
32
Tabela 4 – Decomposição Logarítmica do Crescimento
Método 2: População Ocupada (PO)
Taxa de crescimento
Contribuição do Fator
Período
y
Anual
k
h
A
1983-1992
-0,8% 0,6% 0,8% -2,2%
(-66,0%) (-96,0%) (262,0%)
1992-2001
1,5% 0,5% 0,9% 0,1%
(33,0%) (58,0%) (8,0%)
2001-2007
1,3% 0,0% 0,7% 0,6%
(-2,0%) (53,0%) (48,0%)
2003-2007
3,1% 0,4% 0,5% 2,1%
(14,0%) (17,0%) (69,0%)
1983-2007
0,5% 0,4% 0,8% -0,6%
(69,0%) (142,0%) (-112,0%)
Obs: Os resultados entre parênteses são percentuais e correspondem à fração aproximada do
crescimento do produto por trabalhador atribuído ao fator em questão.
Os resultados obtidos a partir da série de trabalho construída com a população
ocupada também sugerem que parcela expressiva da acumulação de capital no período
foi induzida pelo crescimento do capital humano e da PTF. Como mostra a Tabela 5, a
contribuição do capital para o crescimento do produto por trabalhador no período 1983-
2007 se reduziu de 69% para 49% em relação à contabilidade tradicional do
crescimento.
33
Tabela 5 – Decomposição Logarítmica Alternativa do Crescimento
Método 2: População Ocupada (PO)
Taxa de crescimento
Contribuição do Fator
Período
y
Anual
κ
h
A
1983-1992
-0,8% 1,5% 1,3% -3,7%
(-177,0%) (-160,0%) (437,0%)
1992-2001
1,5% -0,2% 1,5% 0,2%
(-11,0%) (97,0%) (13,0%)
2001-2007
1,3% -0,9% 1,1% 1,0%
(-70,0%) (89,0%) (80,0%)
2003-2007
3,1% -1,3% 0,9% 3,6%
(-43,0%) (28,0%) (115,0%)
1983-2007
0,5% 0,3% 1,3% -1,0%
(49,0%) (237,0%) (-186,0%)
Obs: Os resultados entre parênteses são percentuais e correspondem à fração aproximada do
crescimento do produto por trabalhador atribuído ao fator em questão.
As Tabelas A4 e A5 trazem os resultados para os sub-períodos relacionados aos
mandatos presidenciais, utilizando-se, desta vez, a população ocupada para mensurar o
fator de produção trabalho. As principais evidências encontradas são as mesmas
observadas para a PEA: durante o Governo Fernando Henrique Cardoso, o capital
humano consistiu no principal determinante do crescimento econômico, função esta que
foi desempenhada pela evolução da produtividade nos anos do Governo Lula. Mais uma
vez, para ambos os mandatos presidenciais, registrou-se a contração da contribuão do
capital físico para o crescimento do produto por trabalhador quando utilizada a
metodologia de cálculo da decomposição logarítmica alternativa.
34
As diferenças entre os resultados obtidos a partir das duas metodologias de
cálculo do fator de produção trabalho apresentadas anteriormente se devem ao fato de
que, entre 1983 e 2007, a PEA e a população ocupada registraram dinâmicas distintas.
Nos últimos 25 anos, a PEA cresceu, em média, 2% a.a., ritmo um pouco inferior ao
registrado pela população ocupada 2,3% a.a.. Com isso, as séries de produto por
trabalhador, capital por trabalhador e PTF construídas a partir da população ocupada são
subestimadas quando comparadas àquelas obtidas com a PEA.
Contudo, apesar da existência de algumas distinções, é possível evidenciar
similaridades entre os diversos resultados encontrados. A principal delas é a de que, em
resumo, os resultados mostram que o acúmulo de capital humano determinado pela
ampliação da escolaridade da força de trabalho brasileira foi o principal determinante
do crescimento do produto por trabalhador da economia brasileira no período 1983-
2007. Em particular, uma parcela expressiva da acumulão de capital físico ao longo
do período pode ter sido induzida pelo crescimento do capital humano e pelo aumento
da PTF.
Adicionalmente, os resultados encontrados evidenciam os seguintes aspectos para
os sub-períodos definidos:
Entre 1983 e 1992, a PTF registrou forte queda e foi a principal
responsável pela redução do crescimento econômico no período.
A perda de eficiência alocativa dos fatores de produção da economia
brasileira desencadeada pela hiperinflação e pela crise do endividamento
pode ter contribuído para o pífio desempenho do produto por trabalhador
35
na década de 1980. Nos anos de hiperinflação, 1983-1993, a PTF consistiu
no fator de produção que apresentou queda mais acentuada.
Entre 1992 e 2001, a escolaridade média da população adulta aumentou de
4,9 para 6 anos de estudo. Este aspecto permitiu que a acumulação de
capital humano se consolidasse como o principal determinante do
crescimento do produto por trabalhador brasileiro ao longo da década de
1990.
Os resultados encontrados para os primeiros anos da década de 2000
permitem diferentes interpretações. Utilizando-se as variáveis construídas
a partir da PEA, evidencia-se que, entre 2001 e 2007, a PTF foi o principal
determinante do crescimento econômico no período. Por outro lado, com
os dados da população ocupada, a acumulação de capital humano revela-se
como o principal determinante deste crescimento. Conforme mencionado
anteriormente, isso se deve ao fato de que a utilização da população
ocupada no cálculo da PTF subestima esta variável quando comparada ao
emprego da PEA.
Entre 2003 e 2007, período para o qual se observou a aceleração do
crescimento econômico, registra-se que a PTF consistiu no principal
determinante deste crescimento.
Por fim, no que se refere aos sub-períodos relacionados aos mandatos
presidenciais, os resultados sugerem que durante o Governo Fernando
Henrique Cardoso o capital humano consistiu no principal determinante do
36
crescimento econômico no período. Já durante o Governo Lula, a evolução
da PTF foi aquela que ofereceu maior contribuição ao crescimento do
produto por trabalhador da economia brasileira.
37
5 CONCLUSÕES
Essa dissertação teve como objetivos mensurar o comportamento da PTF da
economia brasileira e apresentar a decomposição do crescimento do seu produto por
trabalhador ao longo do período 1983-2007. Os resultados encontrados indicam que
alterações na forma de mensuração do fator de produção trabalho o implicam
alterações na conclusão principal acerca do comportamento da PTF nos últimos 25 anos.
Para ambas as formas de mensuração do trabalhoPEA ou população ocupada –,
a evidência mostra que a economia brasileira registrou queda da PTF ao longo do
período. Entre 1983 e 1992, essa queda foi mais acentuada, sobretudo nos anos
marcados por hiperinflão. De 1992 a 2001, a PTF manteve-se relativamente estável. A
produtividade da economia brasileira registra trajetória de crescimento entre 2001 e
2007, e essa trajetória de recuperação mostra-se mais intensa a partir de 2003, quando se
observou a aceleração do crescimento econômico.
Nesse aspecto, um ponto importante encontra-se no fato de que a economia
brasileira não conseguiu recuperar os níveis de produtividade observados no início dos
anos 80, inclusive permanecendo com a PTF em nível abaixo ao observado no auge da
crise do endividamento. Os resultados aqui demonstrados são consistentes com as
evidências para o Brasil encontradas na literatura. A taxa de crescimento da PTF é, em
38
média, negativa no período 1983-1992 e apresenta reversão no período 1992-2001,
oscilando em torno de zero e atingindo, eventualmente, valores positivos. A tendência
de crescimento positivo da PTF se consolida a partir de 2001.
Os resultados da decomposição logarítmica do crescimento do produto por
trabalhador para a economia brasileira destacam que a acumulação de capital humano
consistiu no principal determinante do crescimento econômico do País no período 1983-
2007. A PTF, por seu turno, ofereceu contribuição negativa ao crescimento dos últimos
25 anos.
Entre 1983 e 1992, a PTF registrou forte queda e foi a principal responsável pela
redução do crescimento econômico no período. A perda de eficiência alocativa dos
fatores de produção da economia brasileira desencadeada pela hiperinflação e pela crise
do endividamento pode ter contribuído para o pífio desempenho do produto por
trabalhador na década de 1980. Entre 1992 e 2001, a acumulação de capital humano se
consolidou como o principal determinante do crescimento do produto por trabalhador
brasileiro, decorrente da ampliação da escolaridade média da população adulta, que
aumentou de 4,9 para 6 anos de estudo.
Os resultados encontrados para os primeiros anos da década de 2000 permitem
diferentes interpretões. Utilizando-se as variáveis construídas a partir da PEA,
evidencia-se que, entre 2001 e 2007, a PTF foi o principal determinante do crescimento
econômico no período. Por outro lado, com os dados da população ocupada, a
acumulação de capital humano revela-se como o principal determinante deste
crescimento. Por fim, entre 2003 e 2007, período caracterizado pela aceleração do
39
crescimento econômico, observa-se que a PTF consistiu no principal determinante deste
crescimento.
No que se refere aos anos relacionados aos mandatos presidenciais, os resultados
sugerem que durante o Governo Fernando Henrique Cardoso o capital humano consistiu
no principal determinante do crescimento econômico brasileiro. Durante o Governo
Lula, a evolução da PTF foi aquela que ofereceu maior contribuição ao crescimento
econômico.
40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BACHA, E. E BONELLI, R. “Uma Interpretação das Causas da Desaceleração Econômica do
Brasil”. Revista de Economia Potica, vol.25, nº 3 (99), pp. 163-189, 2005.
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Implications”. NBER Working Paper, n. 7.911, 2000.
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1995.
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v.90, n.5, p. 1.160-1.183, 2000.
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(1970-2000): Declínio Robusto e Fraca Recuperação”. Estudos Econômicos, v.38, p. 31-53,
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GOMES, V; PESSÔA, S. E VELOSO, F. “Evolução da Produtividade Total dos Fatores na
Economia Brasileira: Uma Análise Comparativa”. Pesquisa e Planejamento Econômico
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41
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Effort) is not Capital”. Journal of Economic Growth, v.5, p. 361-84, 2000.
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ROMER, D.Advanced Macroeconomics”. 2nd ed. McGraw-Hill, New York, 2001.
SILVA FILHO, T. N. T. “Estimando o Produto Potencial Brasileiro: Uma Abordagem de
Função de Produção”. Banco Central do Brasil, Trabalhos para Discussão 17, 2001.
SOLOW, R. M. “A Contribution to the Theory of Economic Growth”. Quarterly Journal of
Economics, v.70, p.65-94, 1956.
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Disaster: The Brazilian Economy in The Last 30 Years”. In: I Seminário de Economia de
Belo Horizonte, Belo Horizonte, 2004.
42
APÊNDICE
Tabela A1 Taxa de Crescimento da Produtividade e Outras Estatísticas
para Períodos Adicionais
Período
Taxa anual de crescimento
y
k
h
A
Hiperinflação
1983-1993
0,0% 1,8% 1,5% -1,6%
(-0,5%) (1,4%) (1,5%) (-1,9%)
Governo
FHC
1994-2002
0,5% 0,5% 1,4% -0,6%
(0,5%)
(0,5%) (1,4%) (-0,6%)
Governo
Lula
2002-2007
2,2% 0,8% 1,1% 1,3%
(2,4%)
(1,0%) (1,1%) (1,4%)
1983-2007
0,7% 1,2% 1,3% -0,5%
(0,6%)
(1,0%) (1,3%) (-0,6%)
Obs1: Os resultados entre parênteses são aqueles obtidos a partir da rie de trabalho construída
com a população ocupada. Em negrito são os resultados obtidos com a rie de PEA da PWT.
Obs2: Embora o primeiro ano do Governo FHC tenha sido 1995 e o do Governo Lula tenha sido
2003, na decomposição logarítmica o crescimento econômico referente aos anos de 1995 e 2003
faz parte dos períodos 1994-2002 e 2002-2007, respectivamente.
43
Tabela A2 Decomposição Logarítmica do Crescimento para Períodos
Adicionais
Método 1: População Economicamente Ativa (PEA)
Taxa de crescimento
Contribuição do Fator
Período
y
Anual
k
h
A
Hiperinflação
1983-1993
0,0% 0,7% 0,9% -1,6%
(-1.808,0%) (-2.191,0%) (4.099,0%)
Governo
FHC
1994-2002
0,5% 0,2% 0,8% -0,6%
(43,0%) (178,0%) (-122,0%)
Governo Lula
2002-2007
2,2% 0,3% 0,7% 1,3%
(14,0%) (30,0%) (56,0%)
1983-2007
0,7% 0,5% 0,8% -0,5%
(62,0%) (108,0%) (-71,0%)
Obs1: Os resultados entre parênteses são percentuais e correspondem à fração aproximada do
crescimento do produto por trabalhador atribuído ao fator em questão.
Obs2: Embora o primeiro ano do Governo FHC tenha sido 1995 e o do Governo Lula tenha sido
2003, na decomposição logarítmica o crescimento econômico referente aos anos de 1995 e 2003
faz parte dos períodos 1994-2002 e 2002-2007, respectivamente.
44
Tabela A3 – Decomposição Logarítmica Alternativa do Crescimento para
Períodos Adicionais
Método 1: População Economicamente Ativa (PEA)
Taxa de crescimento
Contribuição do Fator
Período
y
Anual
κ
h
A
Hiperinflação
1983-1993
0,0% 1,2% 1,5% -2,7%
(-3.079,9%) (-3.651,7%) (6.831,6%)
Governo
FHC
1994-2002
0,5% 0,0% 1,4% -1,0%
(5,4%) (297,5%) (-202,9%)
Governo Lula
2002-2007
2,2% -1,0% 1,1% 2,1%
(-44,0%) (50,4%) (93,6%)
1983-2007
0,7% 0,3% 1,3% -0,9%
(37,0%) (180,0%) (-117,0%)
Obs1: Os resultados entre parênteses são percentuais e correspondem à fração aproximada do
crescimento do produto por trabalhador atribuído ao fator em questão.
Obs2: Embora o primeiro ano do Governo FHC tenha sido 1995 e o do Governo Lula tenha sido
2003, na decomposição logarítmica o crescimento econômico referente aos anos de 1995 e 2003
faz parte dos períodos 1994-2002 e 2002-2007, respectivamente.
45
Tabela A4 Decomposição Logarítmica do Crescimento para Períodos
Adicionais
Método 2: População Ocupada (PO)
Taxa de crescimento
Contribuição do Fator
Período
y
Anual
k
h
A
Hiperinflação
1983-1993
-0,5% 0,5% 0,9% -1,9%
(-109,0%) (-177,0%) (386,0%)
Governo
FHC
1994-2002
0,5% 0,2% 0,8% -0,6%
(43,0%) (185,0%) (-128,0%)
Governo Lula
2002-2007
2,4% 0,4% 0,7% 1,4%
(16,0%) (28,0%) (56,0%)
1983-2007
0,5% 0,4% 0,8% -0,6%
(69,0%) (142,0%) (-112,0%)
Obs1: Os resultados entre parênteses são percentuais e correspondem à fração aproximada do
crescimento do produto por trabalhador atribuído ao fator em questão.
Obs2: Embora o primeiro ano do Governo FHC tenha sido 1995 e o do Governo Lula tenha sido
2003, na decomposição logarítmica o crescimento econômico referente aos anos de 1995 e 2003
faz parte dos períodos 1994-2002 e 2002-2007, respectivamente.
46
Tabela A5 – Decomposição Logarítmica Alternativa do Crescimento para
Períodos Adicionais
Método 2: População Ocupada (PO)
Taxa de crescimento
Contribuição do Fator
Período
y
Anual
κ
h
A
Hiperinflação
1983-1993
-0,5% 1,2% 1,5% -3,2%
(-248,0%) (-294,0%) (643,0%)
Governo
FHC
1994-2002
0,5% 0,0% 1,4% -1,0%
(6,0%) (308,0%) (-214,0%)
Governo Lula
2002-2007
2,4% -1,0% 1,1% 2,3%
(-40,0%) (46,0%) (94,0%)
1983-2007
0,5% 0,3% 1,3% -1,0%
(49,0%) (237,0%) (-186,0%)
Obs1: Os resultados entre parênteses são percentuais e correspondem à fração aproximada do
crescimento do produto por trabalhador atribuído ao fator em questão.
Obs2: Embora o primeiro ano do Governo FHC tenha sido 1995 e o do Governo Lula tenha sido
2003, na decomposição logarítmica o crescimento econômico referente aos anos de 1995 e 2003
faz parte dos períodos 1994-2002 e 2002-2007, respectivamente.
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