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TEXTO 2
Expansão Marítimo-comercial
A expansão marítimo-comercial européia no período de 1400 a 1600 foi um dos mais grandiosos acontecimentos da época
moderna. Constituiu um dos aspectos básicos da transição do feudalismo para o capitalismo nascente. Como resultado dessa
expansão, continentes inteiros foram conquistados e explorados pelos europeus. Vários fatores contribuíram para a expansão
marítimo-comercial européia. Vejamos:
CRISE ECONÔMICA: FOME E DOENÇAS: O final da Idade Média foi marcado por grave crise econômica. A população das
principais cidades aumentara. As terras agrícolas de boa qualidade tornaram-se insuficientes. E as velhas técnicas do sistema
feudal não permitiam aumentar a produção. O resultado foi a falta de alimentos.
Para atender às necessidades gerais da população, era preciso conquistar novos mercados, fora da Europa, que
fornecessem alimentos e também matéria-prima para incrementar as atividades econômicas. Assim, a expansão ultramarina
apresentou-se como uma solução para a crise econômica.
UMA NOVA ROTA PARA O ORIENTE: No século XV, a vida mercantil européia estava centrada no comercio de.
Especiarias (cravo, canela, pimenta, noz-moscada) e de artigos de luxo (porcelanas, tecidos de seda, marfim, perfumes).
Todos esses produtos vinham do Oriente (Ásia e África) e chegavam aos portos do Mediterrâneo através de mercados,
principalmente árabes. Nesses portos, sobretudo no de Constantinopla, comerciantes de Gênova e Veneza compravam as
mercadorias orientais e, depois, as revendiam na Europa cobrando preços elevadíssimos. Assim, o lucrativo comércio de
especiarias e artigos de luxo era praticamente monopolizado pelos comerciantes italianos. Em Portugal, a burguesia queria
romper esse monopólio dos genoveses e venezianos. Para isso era preciso descobrir rotas alternativas ao Mediterrâneo, que
conduzissem ao Oriente. Lá poderiam comprar diretamente dos produtores as cobiçadas mercadorias. Esse desejo deu origem
á expansão marítimo-comercial pelo Atlântico.
Quando os turcos tomaram Constantinopla, proibindo o comércio por essa região, chegou-se a afirmar que esse seria a
principal razão que motivou a expansão o que não é verdade já que esse fato ocorreu em 1453 e os portugueses já haviam
iniciado suas navegações em 1415.
NECESSIDADE DE NOVOS MERCADOS: O artesanato e as manufaturas urbanas precisavam ganhar novos
consumidores. Do contrário, permaneceriam estagnados, atendendo apenas às modestas necessidades de consumo das
populações locais. Esse projeto de crescimento só poderia ser desenvolvido com a conquista de mercados fora da Europa.
FALTA DE METAIS PRECIOSOS: As minas de ouro e prata existentes na Europa já não produziam o suficiente para a
cunhagem de moedas. Esses metais se esgotaram porque, em grande parte, tinham sido utilizados na compra de especiarias e
artigos de luxo. Para resolver o problema da falta de moedas, os europeus precisavam descobrir jazidas de metais preciosos
em outras regiões.
ESTADOS NACIONAIS E SEUS INTERESSES: A expansão marítimo-comercial também está ligada à formação dos Estados
nacionais, foram eles que, com governos centralizados e objetivos mercantis, impulsionaram a expansão. O rei queria
aumentar seus poderes, a nobreza seus lucros. E a expansão marítima atendia a todos esses interesses.
PROPAGAÇÃO DA FÉ CRISTÃ: Os líderes da expansão marítima procuravam justificar a expansão dizendo que era preciso
propagar a fé cristã, conquistar e converter os povos não-cristãos do mundo.
EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA: A expansão se concretizou graças ao desenvolvimento científico-tecnológico, que
possibilitou a navegação a grandes distâncias. Ilustram esse desenvolvimento: o uso da bússola, a invenção da caravela pelos
portugueses, o aperfeiçoamento dos mapas geográficos, e o estabelecimento do conceito de que a Terra é redonda.
NAVEGAÇÕES PORTUGUESAS
Portugal foi o primeiro país da Europa a se lançar às grandes navegações no século XV. Muitos fatores contribuíram para
esse pioneirismo, entre eles:
*CENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: a centralização administrativa de Portugal permitiu que o monarca governasse de
forma mais sintonizada com os projetos da burguesia.
*MERCANTILISMO: Com a centralização política Portugal assumiu características de um Estado Absolutista. E a política
econômica adotada por esse Estado era o mercantilismo, essa prática atendia tanto aos interesses do rei, que desejava
fortalecer o Estado para aumentar seus poderes, como da burguesia, que desejava aumentar seus lucros e acumular capitais.
*AUSÊNCIA DE GUERRAS: no século XV, Portugal era um país sem guerras. Vários outros países europeus estavam
envolvidos em conflitos militares, isso acabou atrasando a entrada desses países na história das grandes navegações.
POSIÇÃO GEOGRÁFICA: a posição geográfica de Portugal, banhado em toda costa oeste pelo oceano Atlântico, facilitou sua
expansão por mares nunca antes navegados.
NAVEGAÇÕES ESPANHOLAS
Enquanto Portugal desenvolvia a navegação marítima e expandia seu comércio para novas regiões, a Espanha enfrentava
o problema de expulsar os mouros que ocupavam seu território. Envolvida com a guerra de reconquista, não pôde se lançar à
navegação marítima pelo Atlântico na mesma época que Portugal. Somente em 1492 quando conseguiram expulsar os mouros
de seus territórios que os reis espanhóis iniciam o processo de navegação, dera atenção aos planos do navegador genovês
Cristóvão Colombo.
Colombo apresentou aos reis espanhóis um novo plano para atingir as Índias. De modo bem diferente dos portugueses,
que pretendiam chegar às Índias contornando a costa da África, Colombo planejava atingir as Índias viajando a partir da
Europa no sentido oeste, isto é, dando a volta em torno do mundo. O plano de Colombo baseava-se na idéia de que a Terra
era redonda, contrariando, assim, velhas crenças, segundo as quais a Terra era quadrada ou tinha forma de um disco plano,
terminando subitamente num imenso precipício.