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esquizofrênico. Então, também tem esse aspecto. Quem é que é doente mental,
quem é esquizofrênico? É o pobre. Porque se for o filho do deputado, o filho do
empresário, o médico não vai falar que ele é esquizofrênico, vai falar que ele está
com pelagra, que ele está com um distúrbio de comportamento. Mas sendo pobre,
ele é diagnosticado como esquizofrênico e vai ser tratado como tal. (COELHO,
2004)
A revolução científica na psicofarmacologia permitiu a produção em laboratórios de
drogas mais eficazes, além de refutar a doutrina vitalista
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. A partir da década de 1950, as
novas drogas fabricadas passaram a agir sobre a atividade psíquica e mental do indivíduo e
sobre o seu comportamento. Nessa ocasião, outros medicamentos se revelaram importantes na
terapêutica da doença mental, auxiliando substancialmente os psiquiatras na Clínica.
Segundo Madalena (1981) e Sabattini (2007), a clorpromazina foi a primeira de uma
série de antipsicóticos que revolucionaram a Psiquiatria. Logo em seguida vieram a
flufenazina (Moditen, 1956) e o haloperidol (Haldol, em 1958). A teoria predominante sugere
que essas drogas, também chamadas de neurolépticos ou tranqüilizantes maiores, atuam ao
nível dos receptores do neurotransmissor dopamina, no cérebro. A dopamina também é muito
importante no controle do sistema motor extrapiramidal, principalmente ao nível dos gânglios
basais. Assim, os primeiros neurolépticos foram ministrados em altas doses diárias (cerca de
800 mg/dia para a clorpromazina), afetando extremamente o sistema nervoso, resultando em
doenças degenerativas de distúrbio do movimento, principalmente quando seu uso é contínuo.
Tal procedimento provoca as chamadas discinesias. Por causa disso, uma das principais metas
para o desenvolvimento de novos neurolépticos ou tranqüilizantes consistia na minimização
desses efeitos colaterais e na diminuição da dose antipsicótica aplicado nos pacientes. Para
minimizar esses efeitos, surgiram os chamados antipsicóticos atípicos, como a clorpromazina
(Clozaril, 1965), a risperidona (Risperdal, 1992), a olanzapina (Zyprexa, 1997), entre outros.
O médico e cirurgião-geral Eloy Henrique Dutra Câmara explica como as drogas
psicoativas
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, ou seja, aquelas que agem sobre o sistema nervoso central e o psiquismo do
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Segundo Sabbatini (2007), a corrente vitalista, do século XIX, defendida por muitos cientistas, como o
fisiologista Johannes H. Müller, afirmava que a física e a química dos organismos vivos tinham um „princípio
vital‟, que permeava tudo, impedindo a possibilidade da síntese direta de moléculas orgânicas. Essa assertiva foi
refutada quando o químico alemão Friedrich Wöhler surpreendeu o mundo científico, em 1828, ao sintetizar uma
sustância orgânica presente na urina, a uréia (um isômero do cianato de amônia), a partir de moléculas
inorgânicas. A partir de então, outras substâncias foram sintetizadas.
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Segundo Sabattini (2007), as drogas psicoativas podem ser encontradas nas plantas, como a papoula, o
estramônio, a mandrágora, fungos e cogumelos, etc. No século XIX, as drogas psicoativas começaram a ser
sintetizadas, em laboratórios. Foram produzidos o hidrato de cloral e o paraldeído - um tipo de hipnótico-
sedativo que passou a ser utilizado para combater a insônia e na cura do deliruim tremens. Posteriormente, foram
sintetizados outros componentes como o barbital (ácido dietilbarbitúrico), fenobarbital, popularmente
conhecidos como Veronal e Luminal, respectivamente. Ambos são indicados para promover uma ação soporífera
e relaxante nos usuários.